Lutero contemplando a Cruz – Michael Johnson

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Aqui, passamos a conhecer a Deus e a nós mesmo.
Meditemos um instante sobre a paixão de Cristo… a verdadeira contemplação é aquela em que o coração é esmagado e a consciência é ferida… Você deve ser dominado pela terrível ira de Deus, que odeia tanto o pecado que não poupou o seu Filho Unigênito. Se o Filho amado foi tão afligido, o que será do pecador? Deve ser um desejo indescritível e insuportável que faz com que o Filho de Deus a si mesmo se entregue para o sofrimento. Reflita sobre isso e você vai tremer, e quanto mais você refletir, o mais profundo você vai tremer.
O valor da meditação nos sofrimentos de Cristo reside no fato de que o homem deve chegar ao conhecimento de si mesmo, afundar-se e tremer. Se você está tão endurecido a ponto de não tremer, então você tem motivos para temer. Peça a Deus que amoleça seu coração e faça frutificar a sua meditação sobre o sofrimento de Cristo, porque nós mesmos somos incapazes de uma reflexão adequada, se Deus não incutir-la. O mais maravilhoso é a excelência do seu amor em contraste com a pequenez de sua forma, o ódio e a dor da paixão.

Aqui, passamos a conhecer a Deus e a nós mesmos. Ele é belo em si mesmo, e através disso aprendemos a conhecê-lo. Sua falta de formosura exterior e paixão são também as nossas, e nelas podemos conhecer a nós mesmos, porque ele sofreu na carne, devemos sofrer no espírito. Ele tem, na verdade, as marcas e feridas que deveriam ser nossas. Aqui, então, o vemos claramente como um espelho. Reconheça que por causa de seus pecados você está tão feio e mutilado como ele. Deveríamos sofrer mil vezes, e de novo, mil vezes mais do que Cristo, porque Ele é Deus e nós somos pó e cinza, mas aconteceu o inverso. Ele, que não tinha a menor necessidade de sofrer, tomou para si, mil vezes, e novamente, mil vezes o nosso sofrimento. Nenhum conhecimento pode explicar, nenhuma língua pode expressar, nenhuma escrita pode gravar, apenas lidando com nosso interior podemos compreender o que está envolvido nos sofrimentos de Cristo.
Originalmente adaptado de Martin Luther’s Easter Book, Roland Bainton, ed. (Minneapolis, MN: Augsburg Fortress, 1981).

Tradução: Alisson Pedrosa
FONTE: Desiring God