18:26
C.H. Spurgeon
E dizia Jesus: Pai, perdoa-lhes, porque não sabem o que fazem. E, repartindo as suas vestes, lançaram sortes – Lucas 23.34

Nosso  Senhor estava  sofrendo naquele momento as primeiras dores da crucificação; os carrascos tinham acabado de pregar suas mão e pés na cruz com pregos. Além disso, Ele devia estar tremendamente cansado e reduzido a uma condição de extrema debilidade pela agonia da noite no Getesêmani e pelos açoites,  ofensas e insultos que tinha recebido de Caifás, Pilatos,  Herodes e dos guardas pretorianos durante toda aquela manhã. No entanto, nem a fraqueza do que havia passado nem a dor do presente o impediram de continuar em oração. O Cordeiro de Deus guardava silêncio com os homens mas não com Deus. Mudo como uma ovelha diante dos seus tosquiadores, e não tinha nenhuma palavra para dizer em defesa própria diante de homem algum, mas continuava clamando a Seu Pai em Seu coração, e nem a dor e a debilidade puderam calar Suas santas súplicas.

Amados, que grande exemplos nos apresenta nosso Senhor neste ponto! Temos de continuar orando enquanto nosso coração continuar batendo; nenhum sofrimento, por maior que seja, deve nos separar do trono da graça, mas deve nos aproximar mais dele:

“Os cristãos devem orar enquanto viverem,
Pois só quando oram, vivem”

Parar de orar é renunciar as consolações que nosso caso requer. Em todas as tribulações do espírito e opressões do coração, grande Deus, ajuda-nos a continuar orando, e que nossos pés não se afastem do propiciatório levados pelo desespero.

Nosso bendito Redentor perseverou em oração quando o ferro cruel rasgava seus nervos sensíveis e os repetidos golpes do martelo abalavam todo Seu corpo em agonia; e essa perseverança é explicada pelo fato dEle ter um hábito tão profundo de orar que não podia deixar de fazê-lo; Ele havia adquirido uma poderosa constância na intercessão que o impedia de desistir ou parar. As longas noites que Ele havia passado nas colinas frias da montanha em solidão, as abundantes palavras que elevava ao céu, desenvolveram nEle um hábito tão enraizado que nem mesmo os mais severos tormentos podiam sua força deter.

No entanto, era algo mais que um hábito. Nosso Senhor batizado no espírito de oração; vivia nesse espírito e esse espírito vivia nele; chegando a ser um elemento de Sua Natureza. Ele era como uma especiaria preciosa que ao ser feria não deixa de exalar ser perfume e que produz em maior abundância e medida que os golpes aumentam, pois sua fragrância não é uma qualidade externa e superficial, mas uma virtude interior e essencial da sua natureza, que é revelada mais e mais pelos golpes sobre seu corpo e  que revelam a secreta doçura de sua alma.

Como um feixe de mirra produz seu aroma e como os pássaros cantam porque não podem fazer outra coisa, assim também Jesus ora. A oração cobria sua própria alma como se fosse um manto, e seu coração aparece vestido dessa maneira. Eu repito que esse deve ser o nosso exemplo e não devemos cessar de orar nunca, em nenhuma circunstância, por mais severa que seja a tribulação e por mais deprimente que seja uma dificuldade.

Além disso, prestem atenção na oração que estamos considerando, que nosso Senhor permanece na força da fé no que diz respeito a sua condição de Filho. A extrema prova que lhe acometia naquele instante não podia impedir de se apegar firmemente a Sua condição de Filho. Sua oração começa assim: “Pai”. Não foi desprovido de significado que Ele nos  ensinou a dizer quando orarmos: “Pai nosso”, pois nossa vitória na oração dependerá muito de nossa confiança em nosso relacionamento com Deus. Sob o peso enorme de grandes perdas e cruzes, somos inclinados a pensar que Deus não está tratando conosco como um pai para com seu filho, mas como um juiz severo com um criminoso condenado; mas o clamor de Cristo quando é conduzido a extrema dor que nós nunca experimentaremos, não mostra nenhuma hesitação no espírito de sua condição de Filho.

Quando o suor de sangue caiu abundantemente sobre o solo do Getsêmani, Seu clamor mais amargo começou assim: “Meu Pai”, pedindo que se fosse possível o Cálice passasse dEle; argumentava com o Pai como Seu Pai, tal como lhe chamou outra vez naquela escura e triste noite. Aqui Ele diz outra vez, nesta primeira frase das sete que pronunciou quando expirava: “Pai”. Oh! Que o Espírito que nos faz clamar: “Abba, Pai,” nunca deixe de operar em nós! Nós jamais seremos levados a escravidão espiritual por Sua operação: “Se és Filho de Deus”, se o tentador nos assedia, podemos triunfar como o fez Jesus faminto no deserto.

Que o Espírito que clama: “Abba, Pai!”, expulse todo medo incrédulo. Quando somos disciplinados, como temos de ser ( “porque que filho há a quem o pai não disciplina?), que possamos estar em amorosa sujeição ao Pai de nossos espíritos, e viver, sem nunca nos tornarmos cativos de um espírito de servidão, para duvidar do amor do nosso Pai misericordioso, ou duvidar de nossa adoção.

Mas notável porém, é o fato de que a oração de nosso Senhor a Seu Pai não pedia nada para si mesmo. É certo que na cruz Ele continuou orando por si mesmo, e que Sua palavra de lamento: “Deus meu, Deus meu, por que me desamparaste?”, mostra a personalidade de Sua oração; mas a primeira das sete grandiosas frases pronunciadas na cruz não tem sequer uma escassa referência indireta a Si mesmo. Ele disse: “Pai, perdoa-lhes.” A petição é inteiramente para os outros, e embora se ache uma alusão as atrocidades que lhe estavam impondo, no entanto, você notará que Ele não diz: “Eu os perdôo” – não podemos perder de vista aqui o fato de que em Sua mente o Mal que estava sendo feito era ao Pai, o insulto que estavam lançando sobre o Pai na Pessoa de Seu Filho; ou seja, não pensava em si mesmo nem nisso. O clamor: “Pai, perdoa-lhes” é completamente desinteressado. Ele mesmo é na oração como se não fosse, tão completa é sua aniquilação que perde de vista a Sua pessoa e Sua aflição.

Meus irmãos, se houve um momento na vida do Filho do Homem quando Ele poderia limitar estritamente sua oração a si mesmo sem merecer qualquer crítica por fazê-lo, seguramente teria sido quando estava começando suas angústias de morte. Se um homem é jogado em uma fogueira ou pregado numa cruz, não  pode ser surpresa se suas primeira oração e até sua última, e todas as orações fossem petições pessoais de apoio dentro de uma tribulação tão grave.

Porém, veja, o Senhor Jesus começou Sua oração pedindo por outros. Não vemos que um grande coração é revelado aqui? Que alma de compaixão havia no Crucificado! Quão semelhante a Deus, quão divino! Houve em algum tempo alguém como Ele, que em suas próprias angústias da morte ofereceu sua primeira oração em intercessão de outros? Esse mesmo espírito de abnegação deve estar em vocês também, meus irmãos. Que  ninguém olhe para suas próprias coisas, antes porém, todo homem deve olhar para as necessidades dos demais. Amem os seus semelhante como a si mesmos, como Cristo colocou diante de vocês este excelente modelo de abnegação, procurem seguir os passos de Jesus.

No entanto, há uma jóia suprema na coroa do amor glorioso. O Sol da Justiça se oculta no Calvário em um grande esplendor; mas em meio as brilhantes cores que glorificam Sua partida, há um em particular: A oração não era só pelos outros, mas pedia por seus inimigos mais cruéis. E temos que considerar algo mais. Não era uma oração por inimigos que lhe haviam feito mal anos antes, mas aqueles que estavam ali assassinando-o naquele momento. Não foi com a cabeça fria que nosso Salvador orou, depois de ter passado muito tempo e poder então perdoar mais facilmente, mas foi no momento em que as primeiras gotas de sangue manchavam suas mãos quando as pregavam na cruz, quando o martelo estava sendo salpicado com as gotas  vermelhas como carmesim,  seus lábios benditos pronunciaram a fresca  e cálida oração: “Pai, perdoa-lhes, porque não sabem o que fazem”.

Digo que esta oração não está limitada aos seus carrascos imediatos. Eu creio que é uma oração de grande alcance que incluía os escribas e os fariseus, a Pilatos e a Herodes, os judeus e os gentios, sim, a toda a raça humana num certo sentido, pois todos estávamos envolvidos naquele assassinato; mas certamente as pessoas imediatas sobre as quais foi pronunciada essa oração como um precioso perfume de nardo, eram aqueles que estavam ali naquele momento cometendo o ato brutal de cravá-lo no madeiro maldito.

Quão sublime é esta oração quando é considerada debaixo dessa luz. Ela é única e está sobre um monte de glória solitário. Nenhuma outra oração como essa havia sido pronunciada antes. É certo que Abraão, Moisés e os profetas haviam orado pelos perversos; mas não por homens perversos que haviam perfurado suas mãos e pés. É certo que os cristãos tem oferecido essa mesma oração desde aquele dia, tal como Estevão clamou: “Não lhes imputes esse pecado”, e as palavras de muitos mártires na fogueira tem sido palavras de piedosa intercessão por seus perseguidores, mas vocês sabem onde eles aprenderam isto. Mas desejo perguntar-lhes: “Onde Ele Aprendeu?”. Não foi Jesus o original divino? Ele não aprendeu em nenhuma parte, brotou de sua própria natureza semelhante ao Pai. Uma compaixão peculiar a si mesmo ditou a originalidade desta oração; a realeza íntima de Seu coração cheio de amor lhe sugeriu uma intercessão tão memorável que pode servir de modelo, mas da qual não havia nenhum modelo anterior. Penso que seria melhor neste momento me ajoelhar diante da cruz do meu Senhor do que estar parado neste púlpito dirigindo-me a vocês. Quero adorar-lhe, quero venerá-lo em meu coração por esta oração, e não considerar nada mais exceto esta oração, devo adorar-lhe, pois essa súplica sem par pedindo misericórdia me convence da deidade de quem a ofereceu de maneira completamente contundente, e enche meu coração de reverente carinho e amor.

Desta maneira eu apresentei a primeira oração em voz alta do nosso Senhor sobre a Cruz. Agora, com a ajuda do Espírito Santo de Deus, vou dar a vocês uma aplicação. Primeiro veremos como uma frase ilustrativa da intercessão de nosso Salvador; em segundo lugar, consideraremos o texto como instrução para toda a igreja; e em terceiro lugar, a consideraremos como sugestão para os não convertidos.

I.  Em primeiro lugar, meus queridos irmãos, vejamos este texto tão maravilhoso como uma ILUSTRAÇÃO DA INTERCESSÃO DE NOSSO SENHOR.

Ele orou intercedendo por Seus inimigos e continua orando por Seus inimigos agora; o passado na cruz foi um sinal do presente no trono. Ele está agora em um lugar mais nobre e numa condição mais elevada, mas Sua ocupação é a mesma; ele continua diante do trono eterno prestando súplicas a favor de homens culpados, clamando: “Pai, perdoa-lhes”. Toda Sua intercessão é, em certa medida, como a intercessão no Calvário, e as palavras do Calvário podem nos ajudar a prever o caráter de toda a Sua intercessão no céu.

O primeiro ponto em que podemos ver  o caráter de sua intercessão é este: É tremendamente misericordioso. Aqueles por quem nosso Senhor orou, de acordo com o texto, não mereciam Sua oração. Não haviam feito nada que  pudesse motivar nEle uma benção como recompensa por seus esforços em servi-Lo; pelo contrário, eram pessoas totalmente indignas que haviam conspirado para sentenciá-lo a morte. O haviam crucificado, e o tinham feito injustificadamente e malignamente; estavam naquele momento tirando Sua vida inocente. Homens que longe de merecerem algo, eram completamente indignos de um só bem do coração do salvador. Eles certamente nunca lhe pediram que orassem por eles; o último pensamento de suas mentes era dizer a Ele: “Intercede por  nós, moribundo Rei! Oferece petição em nosso favor, Filho de Deus!” Atrevo-me a crer que a própria oração, quando foi escutada por eles, foi ignorada e passou com depreciativa indiferença, e talvez foi tomada como um objeto de escárnio. Admito que pode parecer demasiado severo para com a humanidade supor que é possível que esta oração foi objeto de riso e zombarias, mas sabemos que em tornos da cruz outras coisas igualmente brutais aconteceram, e então podemos imaginar que isto pode ter acontecido também. Sem demora nosso Salvador orou por pessoas que não mereciam sua oração, pelo contrário, mereciam uma maldição; eram pessoas que não solicitaram a oração e debocharam quando a ouviram. Da mesma forma o grandioso Sumo Sacerdote está no céu orando por homens culpados: Por homens culpados, queridos ouvintes.

Nunca peça nada a Deus baseado num pressuposto merecimento. Cristo está intercedendo como o Justo a favor dos injustos. Nunca ore como se fosse alguém justo, senão como que “se alguém pecar, temos um Advogado junto ao Pai”.

Lembre-se também que nosso grandioso Intercessor suplica por aqueles que nunca lhe pediram que intercedessem por eles. Seus eleitos são objetos de Suas preciosas e compassivas intercessões quando estavam mortos em delitos e pecados, enquanto riam do seu Evangelho, Seu coração de amor estava implorando o favor do céu para eles. Veja então, amados, se tal coisa é verdade, quão seguros estão de ter êxito com Deus aqueles que pedem sinceramente ao Senhor Jesus Cristo que interceda por eles. Alguns de vocês, com muitas lágrimas e muita veemência, tem estado pedindo ao Salvador que seja seu advogado. Por acaso Ele recusaria? É lógico pensar que pode fazê-lo? Ele intercede por aquele que rejeitam Suas súplicas; com muito mais razão orará por ti que as valorizam muito mais do que o ouro.

Lembre-se, meu querido ouvinte, que se não há nada de bom em ti e que  tudo que concebes é maligno e mau, nada disso pode ser uma barreira para impedir que Cristo exerça o ofício de Intercessor por ti. Ele suplicará inclusive por você. Vamos, ponha teu caso em Suas mãos, pois Ele encontrará súplicas que tu não poderias descobrir por si mesmo, e apresentará teu caso diante de Deus como o fez por Seus assassinos: “Pai, perdoa-lhes”.

O segundo atributo de sua intercessão é: Seu espírito cuidadoso. Eu noto isso em sua oração: “Pai, perdoa-lhes, porque não sabem o que fazem”. Por assim dizer, nosso salvador examinou a Seus inimigos para encontrar neles algo que pudesse ser argumentado a favor deles; porém não conseguiu ver nada, até que seus olhos amorosos descansaram sobre sua ignorância: “...não sabem o que fazem”. Quão cuidadosamente  examinou as circunstâncias e a personalidade daqueles que o atormentavam! O mesmo acontece agora no céu. Cristo não é um advogado negligente para com Seu povo. Ele conhece  o seu estado exato neste momento o estado do teu coração em relação a tentação que estás atravessando; na verdade Ele vê a tentação que está á frente, e em Sua  intercessão abrange os acontecimentos futuros: “Satanás os tem pedido para cirandar como o trigo, porém já intercedi para que vossa fé não fraqueje”

Ah! A ternura condescendente do nosso grandioso Sumo Sacerdote! Ele nos conhece melhor que nos conhecemos. Ele entende cada dor e cada gemido secreto. Não necessitas se preocupar com a fraseologia de tuas orações, pois Ele revisa e ratifica teu texto. E mesmo quando o teu entendimento não pode expressar a oração de maneira exata, quando orares Ele entenderá, Ele não pode falhar, pois conhece a mente de Deus e também conhece o que está em teu coração. Ele pode discernir qualquer razão para ter piedade de ti que tu mesmo não poderia detectar; e quando tudo está tão escuro e nublado na tua alma que não podes discernir o ponto de apoio para uma oração que deves solicitar diante do céu, o Senhor Jesus tem preparado as súplicas que devem ser formuladas,  e tem os pedidos redigidos, e pode apresentá-los de maneira aceitável diante do propiciatório. Observem então  que Sua intercessão é muito graciosa e em segundo lugar, muito ponderada e equilibrada.

Continuando, devemos perceber a sua veemência. Quem lê estas palavras: “Pai, perdoa-lhes, porque não sabem o que fazem.” Não pode duvidar que elas traspassaram o céu em seu fervor.

Irmão, vocês podem ver, mesmo sem pensar muito, que Cristo era terrivelmente veemente em sua oração. Mas há um argumento para deixar isto mais claro. As pessoas veementes são geralmente  inteligentes e rápidas em descobrir qualquer  coisa que as ajude em seu propósito. Se você está pedindo por sua vida, e se lhe solicitarem algum argumento para serem perdoadas, lhes garanto que pensariam em várias maneira de como dizê-lo.

Agora, Jesus estava tão ávido pela salvação de Seus inimigos que recorreu a um argumento  para a misericórdia que um espírito menos ávido não teria  podido conceber: “Não sabem o que fazem”. Vamos, senhor, isso foi, a mais restrita justiça possível, uma escassa razão para a misericórdia;  e m verdade, a ignorância, se deliberada, não atenua de forma alguma o pecado,  e  a ignorância de muitos que estavam ao redor da cruz era deliberada. Eles deveriam saber que Ele era o Senhor da glória. Por acaso Moisés não tinha sido o suficiente claro? Por acaso Isaías não fora de estrema coragem e clareza em sua mensagem? Não eram tão claros os sinas que duvidar dos argumentos de que Jesus era o Messias era o mesmo que duvidar e questionar que o sol está no céu? No entanto, apesar de tudo isso, o Salvador, com maravilhosa veemência e grande habilidade, converte isso em um argumento quando não podia ser um argumento, e o expressa assim: “Pai, perdoa-lhes, porque não sabem o que fazem”. Oh! Então quão poderosa deve ser sua veemência e seus argumentos no céu! Não suponha que Seu entendimento é menos rápido lá, e que suas petições são menos intensas em veemência. Não, meus irmãos, o coração de Cristo trabalha arduamente com o Deus eterno. Ele não é um intercessor sonolento, antes, por causa de Sião, não se cala e nem descansa, nem descansará, para que resplandeça Sua justiça, e Sua salvação se acenda como uma tocha.

É interessante notar, em quarto lugar, que a oração oferecida ali no Calvário, nos ajuda a julgar Sua intercessão no céu no tocante a sua persistência, perseverança e perpetuidade. Como eu disse antes, se nosso Salvador teve uma oportunidade de fazer uma pausa em sua oração intercessora, certamente foi quando o pregavam no madeiro; quando eram culpados de atos diretos de violência mortal contra Sua divina pessoa, podia então cessar de apresentar petição em favor deles. Mas o pecado não pôde amarrar a língua do nosso Amigo Intercessor. Oh!, quanto consolo há aqui!

Tu tens pecado crente, tu tens entristecido o Espírito, mas não tens detido essa poderosa língua que intercede por ti. Tu não tens dado fruto, talvez, meus irmão, és como uma árvore estéril, mereces ser cortado; mas tua falta de fertilidade não tem tirado o Intercessor do Seu lugar. Ele intervém neste momento clamando: “Deixa-o mais este ano”. Pecador, tu tens provocado a Deus ao rejeitar a sua misericórdia por tanto tempo e está indo de mal a pior, mas nem a blasfêmia, nem sua injustiça, nem tua infidelidade são capazes de deter ao Cristo de Deus de pleitear o caso dos principais dos pecadores. Ele vive, e como vive, certamente Ele intercede; e enquanto houver um pecador na terra que deva ser salvo, haverá um intercessor no céu que argumente em favor dele. Estes são apenas uns fragmentos de pensamentos, mas vai ajudá-los a entender, espero, a intercessão do seu Grandioso Sumo Sacerdote.

Além disso, pensem que esta oração do nosso Senhor na terra é semelhante a sua oração no céu, em razão de sua sabedoria. Ele busca o melhor e o que mais necessitam àqueles que são o alvo da sua intercessão. “Pai, perdoa-lhes”. Este foi um grande ponto entre muitos, eles necessitavam desesperadamente do perdão de Deus. Ele não disse: “Pai, ilumina-os, pois não sabem o que fazem”, pois a simples iluminação e entendimento não criaria nada a não ser a tortura da consciência e teria acelerado o inferno deles; mas Ele clama: “Pai, perdoa-lhes” – e quando usou a Sua voz, as preciosas gotas de sangue que estavam fluindo das feridas produzidas pelos cravos, estavam intercedendo também, e Deus ouviu, e sem dúvida, perdoou.

A primeira grande necessidade dos pecadores culpados é o perdão dos pecados. Cristo ora sabiamente pela benção mais necessária. O mesmo sucede no Céu; Ele intercede sábia e prudentemente. Fique tranqüilo; Ele sabe o quê e como pedir à mão divina. Vá tu ao propiciatório e derrame ali teus desejos da melhor maneira que puderes, mas quando tiver feito isso, fale sempre assim: “Oh! Meu Senhor Jesus, não respondas qualquer desejo meu se não está de acordo com tua sabedoria, e se em algo que tenho pedido está algo que de fato eu não necessito, mude minha súplica, pois tu és infinitamente mais sábio que eu”. Oh!  É bom ter uma amigo na corte que melhore nossos pedidos antes que eles cheguem ao grande Rei.

Eu creio que a única coisa que é apresentada a Deus agora, é uma perfeita oração; quero dizer que diante do grandioso Pai de todos nós, nenhuma oração do Seu povo sobe de maneira imperfeita; nada se perde, e não porque as orações dos Seu povo foram originalmente tão perfeitas em si, mas porque o Mediador as tornam perfeitas em sua infinita sabedoria e misericórdia, e sobem diante do propiciatório moldadas de acordo com a vontade do próprio Deus, e Ele responderá com certeza essas orações.

Além disso, esta oração memorável de nosso Senhor crucificado era semelhante a sua intercessão universal em matéria do Seu domínio. Aqueles por quem orou foram, muitos deles, perdoados. Vocês se lembram o que Ele disse a seus discípulos quando lhes ordenou a pregar: “Começando em Jerusalém”, e naquele dia quando Pedro se pôs de pé com os onze e acusou o povo de que com mãos ímpias haviam crucificado e imolado o Salvador, três mil pessoas que foram ali justamente acusadas de Sua crucificação, se converteram em crentes em Jesus e foram batizadas em Seu Nome? Essa foi uma resposta a oração de Jesus. Os sacerdotes estavam por trás do assassinato do nosso Senhor e eles eram os maiores culpados, mas é dito que: “Muitos dos sacerdotes obedeciam a fé”.

Aqui está outra resposta a oração. Uma vez que todos os homens participaram representativamente, gentios e judeus, na morte de Jesus, o Evangelho foi pregado prontamente aos judeus e num breve espaço de tempo foi pregado também aos gentios. Não foi esta oração: “Pai, perdoa-lhes”, como uma pedra lançada num lago, que forma primeiro um estreito círculo, e logo em seguida um anel maior, e outro, até que todo o lago é coberto com ondas em círculos?

Uma oração como esta, lançada sobre todo o mundo, criou primeiro um pequeno anel de judeus e sacerdotes convertidos, e logo um círculo mais amplo daqueles que estavam debaixo da influência romana; e hoje sua circunferência é tão ampla como o globo inteiro, de tal forma que dezenas de milhares são salvos por meio do predomínio desta clara intercessão: “Pai, perdoa-lhes”. Sucede exatamente assim com Ele no céu; Ele nunca intercede em vão. Com mãos sangrentas Ele teve êxito; com pés cravados no madeiro, foi vitorioso; desamparado por Deus e desprezado pelo povo, triunfou com Seus argumentos; quanto mais agora com a coroa em sua cabeça, sustentando na mão o cetro universal e Seus pés calçados com sandálias de prata, como Rei dos reis e Senhor dos senhores!  Se as lágrimas e os clamores produzidos pela debilidade são onipotentes, muito mais poderosas tem de ser – se fosse possível – essa sagrada autoridade que, como Sacerdote ressuscitado, intercede estando diante do trono do Pai mencionando o pacto que o Pai fez com Ele.

Oh! Vocês, trêmulos crentes, confiem a Ele suas preocupações! Venham, vocês que são culpados, e peçam a Ele que interceda por vocês. Oh! Vocês, que não podem orar, vamos, peçam que Ele interceda por vós. Corações partidos, cabeças e peitos desconsolados, acerquem-se daquele que porá Seus méritos no incensário de ouro, e que logo colocará as suas orações junto aos seus méritos, de tal forma que se elevarão como incenso de perfume, e como uma nuvem chegará ao nariz do Senhor Deus dos Exércitos, que vai sentir um aroma doce, e aceitar suas orações no Amado. Temos aberto neste instante um espaço mais que suficiente para suas meditações em casa esta tarde, e, portanto, deixamos este primeiro ponto. Recebemos uma ilustração da oração de Cristo na cruz, e de como sempre são Suas orações no céu.

II. Em segundo lugar, o texto é INSTRUTIVO PARA A OBRA DA IGREJA.

Como foi Cristo, assim deve ser Sua igreja neste mundo. Cristo veio a este mundo não para ser servido, e sim para servir, não para ser honrado e sim para salvar a outros. Sua igreja, quando entende sua obra, perceberá que está aqui não para acumular riqueza e honra, ou para buscar qualquer engrandecimento e posição temporal; a igreja está aqui para viver abnegadamente, e se for necessário, para morrer abnegadamente pela libertação das ovelhas perdidas, para a salvação dos homens perdidos.

Irmãos, eu lhes disse que a oração de Cristo na cruz foi completamente desinteressada. Ele não estava incluído nela. Assim deveria ser a vida de oração da igreja, a ativa intercessão da igreja em favor dos pecadores. Não viver para os seus ministros ou para si mesma, mas sim para os filhos perdidos dos homens. Você imagina que as igrejas foram feitas para manter ministros? Concebem vocês que a igreja existe na terra para que simplesmente se possa dar um certo salário aos bispos, diáconos, e regalias a paróquias e outras coisas mais? Seria melhor, meus irmãos, que a instituição fosse abolida se esse fosse seu único objetivo. O objetivo da igreja não é prover alivio externo para os filhos mais jovens da realeza; quando estes não tem cérebro suficiente para ganhar de outra maneira o seu sustento, eles deviam então ficar na casa de suas famílias. As igrejas não foram estabelecidas para que os homens de palavra fácil se ponham de pé nos domingos e falem, e assim obtenham de seus admiradores seu pão diário.

Além disso, há outro fim e objetivo distintos deste. Estes lugares de adoração não são construídos para que vocês possam se sentar aqui confortavelmente e ouvir algo  que lhes faça passar seus domingos prazerosamente. Uma igreja em Londres que não exista para fazer o bem aos homens mais humildes e as casas mais pobres da cidade, é uma igreja que não tem como justificar a sua existência por mais tempo. Uma igreja que não existe para salvar do paganismo, para lutar contra o mal, para destruir o erro, para derribar a falsidade, uma igreja que não existe para se colocar ao lado dos menos favorecidos, denunciar toda espécie de injustiça e sustentar bem alto a justiça de Deus, é uma igreja que não tem o direito de existir.

Não é para si, oh! Igreja, que você existe, como também Cristo não viveu aqui para si mesmo. Sua glória consiste em que ele deixou de lado Sua glória, e a glória da igreja se dá quando ela deixa de lado sua respeitabilidade e dignidade, e considera que sua glória é atrair os mais sujos, e que sua mais excelsa honra é buscar, em meio ao que é mais imundo, as jóias pelas quais Jesus derramou Seu Sangue. Sua ocupação celestial é resgatar do inferno as almas e conduzi-las a Deus, a esperança, ao céu. Oh!, que a igreja esteja sempre bem! Que tenha seus ministros e seus pregadores, que sejam mantidos e que tudo seja feito decentemente e em ordem para Cristo, mas que seja considerado sempre a conversão dos perdidos, a instrução dos ignorantes, a ajuda aos necessitados, a manutenção do bem, redução do mal e a sustentação a qualquer risco da coroa e reinado de nosso Senhor Jesus Cristo.

Agora, a oração de Cristo tem uma grande espiritualidade de propósito. Vocês notaram que não se busca nada para essas pessoas exceto aquilo que é concernente a suas almas: “Pai, perdoa-lhes”. E eu acredito que a igreja faria bem em lembrar que não luta com a carne e o sangue, mas contra principados e potestades e com as hostes espirituais da maldade, e que o que deve oferecer não é a lei e a ordem pela qual os juízes e magistrados podem ser apoiados e existem, ou para que as tiranias sejam demolidas, senão o governo espiritual por meio do qual os corações são conquistados para Cristo e os pensamentos são sujeitos a verdade. Eu creio que quanto mais se esforçar a igreja de Deus, diante de Deus, pela salvação dos pecadores, e quanto mais em suas orações ansiar pelos pecadores que estão no pecado, pregando que o sangue de Cristo os livra do inferno e que garante o céu para todos os que são purificados, quanto mais se apegar a isso, melhor será.

Prossigam como um só homem, meus irmãos, para assegurar a raiz da questão no perdão dos pecados. E quanto a todos os males que afligem a humanidade, custe o que custar, participe da luta contra eles; a temperança deve ser mantida, a instrução deve ser apoiada; as reformas políticas e eclesiásticas tem de ser levadas adiante na medida do tempo e do esforço disponível, mas a primeira preocupação de cada cristão e de cada cristã está no coração e nas consciências dos homens no que diz respeito a sua posição diante do Deus eterno. Oh! Que nada os aparte de sua divina obrigação para com as alma eternas. Este deve ser o único negócio: Devem dizer aos pecadores que o pecado os condenará, que só Cristo pode remover o pecado, e devem fazer disto a única paixão de suas almas: “Pai, perdoa-lhes, perdoa-lhes! Que eles saibam como podem ser perdoados. Que sejam realmente perdoados, e que eu não descanse a menos que seja um instrumento para conduzir os pecadores a serem perdoados, inclusive os  mais culpados deles”.

A oração de nosso Salvador ensina a igreja que, se é certo que seu espírito deve ser a abnegação e seu propósito deve ser espiritual, o alcance de sua missão deve ser ilimitado, para todos. Cristo orou pelos ímpios, malvados, e eu digo que foi pelos malvados dos malvados, essa multidão obscena que cercou a sua cruz” Ele orou pelos ignorantes. Ele não disse: “Não sabem o que fazem?” Ele orou por seus perseguidores; as próprias pessoas que estavam na mais profunda inimizade contra Ele, estavam mais perto do Seu coração.

Igreja de Deus, tua missão não é direcionada aos poucos seres respeitáveis que se congregam em torno de seus ministros para escutar respeitosamente suas palavras; tua missão não é para a elite e para os ecléticos, os inteligentes que criticam tuas palavras e fazem julgamento de cada sílaba de seu ensino, sua missão não é para aqueles que te tratam amavelmente, generosamente, afetuosamente, quero dizer, não somente para estes, mas certamente é para todo o resto, a tua ordem e para o ladrão, blasfemo, bêbado, prostitutas e os mais depravados e pervertidos.

Embora ninguém mais se preocupe com eles, a igreja deve sempre fazê-lo, e se alguém devia ocupar o primeiro lugar em suas orações, deveriam ser aqueles que geralmente são os últimos em nossos pensamentos. Devemos  considerar diligentemente os ignorantes. Não basta que o pregador pregue de tal maneira que  aqueles que são instruídos desde sua juventude possam entender; tem que pensar naqueles para quem as frases mais comuns da verdade teológica são tão carentes de significado como a gíria de um linguajar desconhecido; ele deve pregar da melhor forma para conseguir o entendimento dos ignorantes, e se muitos ignorantes não nos entende, devemos fazer todo esforço de incluí-los, para fazê-los entender as boas-novas. O Evangelho é dirigido também aqueles que perseguem a verdade; mire as pontas das flechas do amor no coração dos seus inimigos. Se há alguns a quem devemos buscar primeiro para levá-los a Jesus, dever ser justamente aqueles que estão longe e mais contrários ao Evangelho de Cristo. “Pai, perdoa-lhes, embora não perdoe a nada mais, agrada-te em perdoá-los”.

De alguma maneira a igreja deve ser veemente como Cristo foi; e se fosse, se apegaria a qualquer base de esperança naqueles com quem trata, e observaria qualquer argumento que possa usar para sua salvação.

Deve ser cheia de esperança também, e certamente nenhuma igreja na história jamais teve uma atmosfera mais propícia do que a igreja da época presente. Se a ignorância é um argumento diante de Deus, olhem os pagãos deste tempo; milhões deles nunca ouviram o nome do Messias. Perdoa-os grandioso Deus, na verdade eles não sabem o que fazem. Se a ignorância é uma base para alguma esperança e intercessão, há então esperança suficiente na grande cidade de Londres, pois, não temos milhares para quem a verdade mais simples do evangelho é uma grande novidade?

Irmãos, é triste pensar que este país ainda está sob um manto de ignorância, mas mesmo algo tão terrível assim pode ser coberto pela esperança, quando lemos corretamente a oração do Salvador ela nos ajuda a esperar enquanto nós clamamos: “Perdoa-lhes, porque não sabem o que fazem”. A atividade da igreja tem de buscar os mais caídos e os mais ignorantes, e buscá-los perseverantemente. Nunca deve deter sua mão de fazer o bem. Se o Senhor voltará em breve não há razão para que vocês, pessoas cristãs, se convertam em meros oradores e leitores, reunindo-se apenas para consolo mútuo, esquecendo-se das miríades de almas que estão perecendo. Se for certo que esse mundo pode se despedaçar em algumas semanas e que Napoleão é a besta apocalíptica, ou se não for, não me importa em absoluto, isso não modifica meu dever em nada, não muda meu serviço. Que meu Senhor venha quando desejar, pois meu trabalho é para Ele, e estou pronto para sua vinda. O propósito da igreja continua sendo alcançar a salvação das almas. Mas se quiser ver as coisas como os profetas modernos fazem, se entregando a interpretações especulativas, faria bem em temer a vinda do Senhor; mas se continua fazendo seu trabalho, com a força constante de quem busca as jóias do Senhor, não será envergonhado quando vir o esposo.

Meu tempo foi muito curto para um assunto tão vasto como o abordado hoje, mas desejaria poder pronunciar palavras que fossem tão fortes como um trovão, com uma veemência  tão poderosa como um raio. Quisera poder motivar a cada cristão aqui presente, e avivar uma idéia correta do que é o seu trabalho como parte da igreja de Cristo.

Meus irmãos, não é viver para vocês mesmos, para o acúmulo de dinheiro, a educação de seus filhos, a construção de casas, a obtenção de seu pão diário, tudo isso deve ser feito até certo ponto, mas tem que haver um propósito maior do que isso se tiverem que ser mensageiros de Cristo como devem ser, pois foram comprados com o sangue de Jesus. Comecem a viver  para os outros, evidencie para todos os homens que  vocês não são o fim de tudo em suas existências, mas que se gastam integralmente para trazer as almas perdidas a Deus, e que o fazem para que Deus seja glorificado e Cristo veja em vocês a Sua própria imagem e fique satisfeito.

III. Meu tempo está esgotado, mas o meu último ponto é uma palavra de ADVERTÊNCIA AOS NÃO CONVERTIDOS.

Escutem com atenção estas palavras. Falarei o mais condensado possível. Alguns dos que estão aqui não são salvos. Agora, alguns de vocês tem sido muito ignorantes, e quando pecaram não sabiam o que faziam. Vocês sabiam que eram pecadores, sabiam disso, mas não conheciam o grande alcance da culpa dos seus pecados. Não tem estado na casa de oração por muito tempo, não tem lido sua Bíblia, não tem pais cristãos.

Agora estão começando a ficar ansiosos por suas almas. Lembrem-se que sua ignorância não é desculpa, casa contrário não seria necessário Cristo dizer: “Perdoa-lhes, porque não sabem o que fazem” – tinham que ser perdoados inclusive aqueles que não sabiam o que estavam fazendo; porque são culpados individualmente; mas sua ignorância era e trazia um pequeno raio de esperança. “Mas Deus, não tendo em conta os tempos da ignorância, anuncia agora a todos os homens, e em todo o lugar, que se arrependam; Porquanto tem determinado um dia em que com justiça há de julgar o mundo, por meio do homem que destinou; e disso deu certeza a todos, ressuscitando-o dentre os mortos”. – Que se arrependam e produzam frutos dignos do arrependimento. O Deus que tens esquecido ignorantemente está disposto a perdoar e pronto a absolver. O Evangelho é justamente isso: confiem em Jesus Cristo que morreu por homens culpados, e serão salvos. Oh! Que Deus os ajude a fazer isto nesta manhã, e se convertam em homens novos e novas mulheres; uma mudança acontecerá em vocês como um novo nascimento; serão novas criaturas em Cristo Jesus.

Mas, há! Meus amigos, há alguns presentes para quem mesmo Cristo não poderiam fazer esta oração, ao menos em um sentido mais amplo: “Pai, perdoa-lhes, porque não sabem o que fazem”. Pois vocês sabem o que fazem, e cada sermão que ouvem, e especialmente cada impressão que está gravada em seu entendimento e em sua consciência pelo Evangelho, aumenta sua responsabilidade, e tira de vocês a desculpa de não saber o que fazem. Ah! Senhores, vocês sabem  o que é estar no pecado e estar em Cristo e que não pode ter ambos. Vocês sabem o que é estar no pecado e estar em Deus, e que não podem servir a ambos. Vocês sabem quais são os prazeres do mal e os prazeres do céu, e que não podem ter os dois. Oh! A luz que Deus tem dado a vocês, que se uma ao Seu Espírito também e lhes ajude a escolher aquilo que a verdadeira sabedoria os induz escolher. Decidam hoje por Deus, por Cristo, pelo céu. Que o Senhor possa levá-los a decidir isso por causa de Seu Nome. Amém.

Sermão nº 897 Pregado na manhã de Domingo,  24 de Outubro de 1869
Por Charles Haddon Spurgeon

No Tabernáculo Metropolitano, Newington, Londres
(Tradução – charleshaddonspurgeon.com)

FONTE: http://www.charleshaddonspurgeon.com

04:06

E, começando a submergir, gritou: Salva-me, Senhor!

 Mateus 14.30
 i ara os servos do Senhor Jesus, os tempos em que eles submergem são ocasiões para orarem. Pedro negligenciou a oração no início de sua jornada venturosa. Mas, quando ele começou a afundar, seu perigo o tornou um suplicante. Seu clamor, embora tarde, não foi proferido tarde demais...

FONTE: http://www.josemarbessa.com

01:05
Série - A Escravidão do Arbítrio - Martinho Lutero (01)

Série - A Escravidão do Arbítrio - Martinho Lutero (02)

Série - A Escravidão do Arbítrio - Martinho Lutero (03)

Série - A Escravidão do Arbítrio - Martinho Lutero (04)

Série - A Escravidão do Arbítrio - Martinho Lutero (05)

Série - A Escravidão do Arbítrio - Martinho Lutero (06)

Série - A Escravidão do Arbítrio - Martinho Lutero (07)

Martinho Lutero escreveu "A Escravidão da Vontade" como reação aos ensinamentos de Desidério Erasmo. Nascido em Rotterdam, na Holanda entre 1466 e 1469, Erasmo foi monge agostiniano durante sete anos, antes de viajar para a Inglaterra, onde foi motivado a aprofundar seu conhecimento do grego, chegando a produzir um texto crítico do Novo Testamento Grego (1516). Erasmo continuava na Igreja de Roma, apesar de inicialmente ser simpático a Reforma, e, como era um erudito, cedeu à pressão de sua igreja para defender o ensino do "livre-arbítrio". Desafiando a solicitação de Lutero para que não fizesse tal coisa, Erasmo publicou sua "Discussão Sobre o Livre-Arbítrio", em 1524, tendo escrito a Henrique VIII nestes termos: "Os dados foram lançados. O livreto sobre o 'livre-arbítrio' acaba de ver a luz do dia''. O livro agradou ao Papa e ao Sacro Imperador Romano, e foi elogiado por Henrique VIII. Este fato levou Lutero a declarar que Erasmo era um adversário da fé evangélica. Deus controlou soberanamente a intensa luta entre esses dois homens, para vantagem de seu reino. O conflito produziu uma grandiosa declaração da doutrina evangélica que tem enriquecido a Igreja de Cristo desde então, a saber, o livro de Lutero, "A Escravidão da Vontade".

FONTE: http://www.josemarbessa.com/

00:39
Que tuas temas misericórdias venham sobre mim, para que eu viva;
pois tua lei é meu deleite. Salmos 119.77

Que tuas ternas misericórdias venham sobre mim, para que eu viva. Ele se sentia tão deprimido, que se via ante a porta da morte, caso Deus não o socorresse. Ele carecia não só de misericórdia, mas de misericórdias, e estas deveriam ser de um gênero mui gracioso e obsequioso; sim, ternas misericórdias, pois ele sofria com suas dolorosas feridas. Esses ternos favores são provenientes do Senhor, pois nada menos seria suficiente; e devem todos Vir' ao coração do sofredor, pois ele não era capaz de sair em busca deles; tudo o que ele podia fazer era vislumbrá-los de longe e rogar: "Oh, que eles venham!" Se o livramento não viesse logo, ele sentia como já a expirar; e todavia nos disse em apenas um versículo que havia muito que esperava na palavra do Senhor.

Quão genuína é essa viva esperança quando a morte parece estar escrita em todos os lugares! Disse um pagão: "dum spiro spero" — enquanto respiro, espero. O cristão, porém, pode dizer: "dum expiro spero" — mesmo quando expiro ainda espero a bênção. Não obstante, nenhum genuíno filho de Deus pode viver sem a terna misericórdia do Senhor; ver-se sob o desprazer de Deus lhe é morte. Observe outra vez a feliz combinação das palavras de nossas versões. Há, porventura, um som mais doce do que este: "ternas misericórdias"? Aquele que tem sido gravemente afligido, e todavia socorrido com ternura, é o único ser humano que conhece o significado da escolha de tal linguagem.

Quão realmente vivemos quando somos atingidos pelas ternas misericórdias de Deus! Então não existimos meramente, mas vivemos; somos lépidos, cheios de vida, vivazes e vigorosos. Não saberemos o que é vida enquanto não conhecermos a Deus. Há quem diz que a visitação de Deus o faz morrer; nós, porém, dizemos que ela nos faz viver.

Pois tua lei é meu deleite. Oh, ditosa fé! Ele não quis dizer que o crente se regozija na lei mesmo quando seus preceitos transgredidos o fazem sofrer. Deleitarmo-nos na Palavra quando ela nos repreende é prova de que extraímos proveito dela. Seguramente esta é uma súplica que prevalecerá diante de Deus, por mais amargas sejam nossas tristezas; se ainda nos deleitamos na lei do Senhor, ele não permitirá que morramos; ele deseja e quer lançar sobre nós sua ternura e confortar nossos corações.

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FONTE: http://www.charleshaddonspurgeon.com

00:28
“Porque diz a Moisés: Terei misericórdia de quem me aprouver ter misericórdia e
terei compaixão de quem me aprouver ter compaixão”. Romanos 9:15

A partir destas palavras deduzimos que o Senhor pode e tem o pleno direito de dar e retirar a sua misericórdia em conformidade com a Sua espontânea vontade. Os homens obrigam, Deus dá a quem entende que vai usar da Sua misericórdia para se arrepender e não para se corromper. Tal como o livre arbítrio dum monarca sobre a vida de todos os seus súbitos, assim faz Deus também, condenando e absolvendo todos os que são ou culpados ou inocentes a Seus olhos, mediante a Suas leis.

Os homens, pelos seus pecados excluíram-se da Sua graça e Boa-vontade. Merecem perecer. No inferno não terão porque se queixar do caminho que escolheram – era o que queriam, foi aquilo que escolheram! Se por acaso o Senhor sair do Seu caminho para salvar alguns perdidos, Ele pode fazê-lo desde que nunca comprometa as Suas próprias leis de justiça eterna. Se por acaso entender que deve deixar as pessoas perecer, é em conformidade com aquilo que estas merecem – nada demais do que aquilo que já têm sobre si, isto é, culpa eterna diante de Deus. Caso Deus deixe os culpados seguirem em seus caminhos de condenação voluntária, estará exercendo apenas Seus direitos de Justo Juiz. Se um Juiz terreno aplica uma qualquer sentença justa, nenhum homem porá objecções a tal feito.

A misericórdia aufere o direito, também, de interferir na vida particular de quem é culpado para que se dê tempo para se transformar quem ainda pode vir a sê-lo. A interferência é justa também. Mas tolos serão todos aqueles que põem os homens sob a mesma tutela condenatória. Ignorantes são todos aqueles que discriminam e argumentam sobre a aplicação da graça, pois é da vontade de Deus que todos os homens se salvem. Devem ser tidos como mais que ignorantes até, pois, fala assim quem não quer salvar para se usar de falatórios sobre Deus para proveito próprio. As suas contendas não estão apenas viradas para quem tem doutrinas, mas sim contra o Deus de toda a misericórdia. Mas é de esperar que, quando vemos a nossa ruína intransigente, neste malogrado deserto que é a vida de quem vive longe das fontes de água – da vida eterna cá na terra e não só – saibamos também que Deus não tem nenhuma obrigação para connosco a não ser pela misericórdia. Quando murmurarmos apenas porque Ele escolhe outros, porque não escolhemos antes salvar-nos desta perversa geração para alcançarmos misericórdia desse jeito?

Se Ele escolher um sítio, uma congregação onde começar a trabalhar para a salvação de muitos mais, tratar-se-á apenas dum simples acto de bondade sobre o qual nenhum ser humano tem direito e o qual Deus tem o direito e livre arbítrio de dar e conceder a quem quer, como quer e a Seu devido tempo. Daí extrai louvor e glória de todos os Seus, pois sabem que nunca buscariam Deus por eles, sem intervenção Sua. Imagine-se o tamanho do pecado de quem ainda assim rejeita esta graça! Não existe, porém, doutrina mais humilhante para um pecador que esta de ele não ter como se salvar sem Deus. Os crentes nunca devem temer, mas enaltecer esta graça divina, pois humilha quem será exaltado pela mesma acima nos céus, promovendo gratidão sem fim, santidade porque não podem nunca pensar que são escolhidos em detrimento de outros, mas sim pela bondade de Deus apenas. Poderiam estar a fritar no inferno e não estão, sendo pessoas de igual culpa, de igual pecado.

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FONTE: http://www.charleshaddonspurgeon.com

00:57 1

Quais as características do insensato? A primeira é que ele vive com pressa. Os tolos estão sempre com pressa; querem fazer tudo de uma vez; não têm tempo para esperar. Quantas vezes a Escritura nos adverte contra isso! Ela nos fala que o homem piedoso e reto «não se precipitará». Ele nunca se rende à agitação, à excitação e à pressa.

FONTE: http://www.martynlloyd-jones.com/

00:51

Cristãos, cuja visão de mundo - cuja maneira de olhar o mundo - é decisivamente influenciada pela narrativa bíblica, não podem esquecer que nós, seres humanos, fomos feitos à imagem de Deus; que a nossa obrigação primária é reconhecer a nossa condição de criatura e, portanto, nosso prazeroso dever com o nosso Criador; que o pecado não é nada mais do que reduzir a divindade de Deus; de que a nossa dignidade como portadores da imagem de Deus é horrivelmente desfigurada por nossa rebelião; de que toda a raça, e toda a história humana, está correndo em direção a uma prestação de contas final perante este Deus que é tanto nosso Juiz quanto nosso Criador; que existe um novo céu e uma nova terra para se ganhar e um inferno para se temer; de que a nossa única esperança de reconciliação com este Deus é através dos meios que ele próprio estabeleceu em seu Filho; de que o povo de Deus é composto de seres humanos de todas as línguas, tribos e nações, e que, habilitados pelo Espírito de Deus, cresce na obediência pessoal e corporativa, e no amor, se alegrando por pertencer ao reino de Deus, na expectativa da consumação desse reino. Enquanto isso, somos intimados a fazer o bem a todos, e em especial - mas certamente não exclusivamente! - aos da família da fé. Em outras palavras, o Cristianismo não tem a pretensão de transmitir a verdade meramente religiosa, mas a verdade sobre TODA a realidade.

D. A. Carson
Truth About All Reality
FONTE: http://www.reformaerazao.com

03:23

Além do que foi dito, é necessário que o nosso bondoso Pai não somente trate preventivamente da nossa fraqueza, com vistas ao futuro, mas também que corrija as nossas faltas passadas, a fim de nos manter na obediência a ele. Por isso, assim que nos sobrevenha alguma aflição, devemos recordar a nossa vida passada. Procedendo dessa forma, certamente veremos que cometemos alguma falta merecedora do castigo recebido, se bem que não devemos considerar o reconhecimento do nosso pecado como o fator principal de estímulo à paciência e à perseverança. Pois a Escritura põe em nossas mãos uma consideração muito melhor dizendo que dessa maneira “somos disciplinados pelo Senhor, para não sermos condenados com o mundo”.

Autor: João Calvino
Fonte: As Institutas da Religião Cristã, edição especial, ed. Cultura Cristã

03:16

Todavia, não enxergaríamos a grande necessidade de prestar-lhe esta obediência, se não considerássemos quão grande é a intemperança da nossa carne, predisposta a arrojar de nós o jugo do Senhor, tão logo se vê tratada com brandura. Acontece com ela o que se dá com cavalos fogosos que, depois de serem deixados por algum tempo ociosos e descansados no estábulo, tornam-se indomáveis e desconhecem o seu dono, a quem antes se sujeitavam. Em resumo, o que o Senhor lamentava haver acontecido com o povo de Israel vê-se costumeiramente em todos os homens – que, engordando muito pelo trato generoso, voltam-se contra aquele que os tratou.

Certo é que convinha que a generosidade de Deus nos levasse a considerar e amar a sua bondade. Ma, visto que a nossa ingratidão é tão grande que, ao sermos beneficiados pela indulgência de Deus, somos mais corrompidos do que estimulados à prática do bem, é mais que necessário que ele nos freie com rédeas firmes e sempre nos mantenha sob algum tipo de disciplina, para que não deixemos atravessar a nossa petulância. Por essa causa, para que não fiquemos orgulhosos por uma grande abundância de bens, para que as honras não nos tornem arrogantes, e para que os ornamentos do corpo e da alma não gerem em nós alguma forma de atrevimento insolente, o Senhor intervém e impõe ordem, refreando e dominando, com o remédio da cruz, a loucura da nossa carne. E isso ocorre de diversas maneiras, conforme Deus considere benéfico e salutar em cada caso. Porque nem todos estamos tão enfermos como outros, nem padecemos o mesmo tipo de enfermidade. Portanto, não é necessário aplicar o mesmo tipo de cura a todos. Esse é o motivo pelo qual Deus faz uso de diferentes tipos de cruz, a uns e a outros. Todavia, como ele quer prover à saúde de todos, aplica remédios mais suaves a uns, e mais ásperos e rigorosos a outros, sem abrir nenhuma exceção, visto que sabe que todos estão enfermos.

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Autor: João Calvino
Fonte: As Institutas da Religião Cristã, edição especial, ed. Cultura Cristã

03:06

Assim como os filósofos tratam de algumas finalidades da honestidade e da retidão das quais deduzem os deveres particulares e todas as ações próprias de cada virtude, assim também a Escritura tem sua maneira de agir neste assunto, maneira aliás muito melhor e mais certa que a dos filósofos. A única diferença é que eles, se sua ambição, exibiram a perspicuidade ou clareza mais notável que puderam, para que se vissem a ordem e a disposição empregadas por eles e assim mostrassem a sua perspicácia. Ao contrário, o Espírito Santo ensina sem exibida ostentação, e nem sempre nem estritamente observa alguma ordem e algum método. Todavia, quando ocasionalmente os emprega, significa que não os devemos despreza.

(João Calvino)

05:28



O Senhor tem ainda outro motivo para afligir os seus servos, qual seja, provar sua paciência e ensinar-lhes a obediência. Não que eles possam ter outra obediência além da que lhes é dada; agrada ao Senhor, porem, mostrar e atestar as graças que dá aos seus que nele crêem, a fim de que não permaneçam ociosos e fechados em si mesmos. Por isso, quando ele fala da virtude da perseverança com que dotou seus servos, declara que prova a paciência deles. Disso procedem as expressões referentes ao fato de que ele provou Abraão e, viu sua piedade; visto que não se negou imolar seu filho para agradar ao Senhor. Pela mesma razão o apóstolo Pedro declara que a nossa fé não é menos provada pela tribulação que o ouro pelo fogo.

Ora, quem negará que é de toda conveniência que um dom tão excelente como esse, dado pelo Senhor aos seus servos, seja posto em uso, e assim se torne notório e manifesto? De outro modo, os homens jamais o apreciariam como convém. Ora, se o Senhor tem justa razão para dar importância às virtudes que colocou em seus servos, para que as exercitem e não fiquem fechados em si mesmos tornando-as inúteis, vemos que não é sem motivo que ele envia aflições, sem as quais seria nula sua paciência ou sua perseverança.

Digo também que a cruz ensina aos cristãos a paciência, pois assim aprendem a viver, não para agradar os desejos do seu coração, mas para agradar a Deus. É evidente que se todas as coisas lhes sucedessem como gostariam, nunca saberiam o que é seguir a Deus. Note-se que Sêneca, filósofo pagão, disse que antigamente, quando se queria exortar alguém a suportar pacientemente as adversidades, costuma-se citar este provérbio: “É necessário seguir a Deus”. Com isso os antigos queriam dizer que o homem se submete real e finalmente ao jugo do Senhor quando se deixa castigar e voluntariamente oferece mãos e costas aos seus açoites. Ora, se é razoável que nos façamos obedientes em todas as coisas ao Pai celestial, não devemos negar-nos a que ele nos acostume por todos os meios possíveis a prestar-lhe obediência.

Autor: João Calvino
Fonte: As Institutas da Religião Cristã, edição especial, ed. Cultura Cristã

05:00

É o que o apóstolo quer dizer quando declara que “a tribulação produz perseverança; e a perseverança, experiência”. Como o Senhor prometeu aos que nele crêem assisti-los nas tribulações, eles experimentam a realidade dessa promessa quando perseveram com paciência, sustentados por sua mão, cientes de que não o poderiam fazer por suas forças. A perseverança é, pois, uma prova de que Deus verdadeiramente presta o socorro que lhes prometeu, sempre que se faz necessário. Com isso é confirmada e fortalecida a sua esperança, considerando que seria uma grande ingratidão não confiar na veracidade futura de Deus, tendo já sido comprovada a sua firmeza e imutabilidade.



Já vemos aí, então, quantos benefícios nos provêm da cruz, como numa corrente ininterrupta. Destruindo a falsa opinião que naturalmente concebemos sobre a nossa própria virtude e capacidade, e desmascarando a nossa hipocrisia, que nos seduz e nos engana com suas lisonjas, a cruz elimina a confiança em nossa carne, confiança assaz perniciosa. Depois, havendo-nos humilhado dessa forma, ensina-nos a descansar em Deus que, sendo como é o nosso real fundamento, não nos deixa sucumbir nem desanimar. Dessa vitória segue-se a esperança. Pois visto está que o Senhor, tendo cumprido o prometido, estabelece como certa e segura a sua veracidade quanto ao futuro.

Com certeza, ainda que só houvesse essas razões, vê-se quão necessário é o exercício da cruz. Porquanto não é pequena bênção que o nosso amor a nós mesmos, amor que nos cega, seja extirpado, para que reconheçamos adequadamente a nossa debilidade; que tenhamos bom discernimento dela para aprendermos a desconfiar de nós mesmos; que, desconfiando de nós mesmos, ponhamos a nossa confiança em Deus; que nos apoiemos em Deus com segura e firme confiança, de coração, para que, mediante seu auxilio, perseveremos vitoriosos até o fim; que permaneçamos firmes em sua graça, e assim saibamos e reconheçamos que ele é verdadeiro e fiel em suas promessas; e que tenhamos como certas e manifestas as suas promessas, para que dessa forma a nossa esperança seja confirmada e fortalecida.

Autor: João Calvino
Fonte: As Institutas da Religião Cristã, edição especial, ed. Cultura Cristã

04:34

Lembremo-nos de que o Senhor Jesus não tinha necessidade nenhuma de levar a cruz e de sofrer tribulações, exceto para atestar e comprovar sua obediência a Deus, seu Pai. Mas por muitas razões nos é necessário sofrer perpétua aflição nesta vida.

Primeiro, como somos por demais inclinados por natureza a nos exaltar e atribuir tudo a nós mesmos, se a nossa fraqueza não for demonstrada de maneira patente, depressa avaliaremos exageradamente o nosso poder e virtude e não duvidaremos de que vamos permanecer invencíveis frente a todas as dificuldades que se nos anteponham. Daí sucede que nos elevamos firmados numa vã e estulta confiança na carne, o que a seguir nos incita a orgulhar-nos contra Deus, como se a nossa capacidade fosse suficiente para nós, sem a sua graça.

Não há melhor meio pelo qual ele põe abaixo a nossa arrogância do que mostrar-nos experimentalmente como somos fracos e frágeis. Por isso ele nos aflige, quer nos ocasionando afrontas vergonhosas, quer pela pobreza, ou doença, ou perda de parentes, quer por outras calamidades, de tal modo que logo sucumbimos, visto que não temos forças para resistir. Então, humilhados e agora humildes, aprendemos a implorar seu poder, a única força que nos habilita a subsistir e a manter-nos firmes sob o peso desses tão pesados fardos.
Até os mais santos, embora reconheçam que a sua firmeza se funda na graça do Senhor e não em seu próprio poder, ainda assim tenderiam a confiar demais em sua força e em sua constância, se o Senhor não os conduzisse a um conhecimento mais correto sobre si mesmos, provando-os pela cruz. E, no caso de se jactarem, concebendo a seu próprio respeito uma opinião de firmeza e perseverança quando tudo lhes vai bem, depois de passarem por alguma tribulação reconhecem que aquilo não passava de hipocrisia.
Temos aí, pois, a maneira pela qual os santos são advertidos de sua fraqueza por tais provações, para que aprendam a humilhar-se e a despojar-se de toda perversa confiança na carne e se rendam totalmente à graça de Deus. Então, havendo-se rendido, sentem a presença do poder de Deus, no qual encontram satisfatório refúgio e fortaleza.

Autor: João Calvino
Fonte: As Institutas da Religião Cristã, edição especial, ed. Cultura Cristã

17:58
Jean Cauvin, mais conhecido por nós como João Calvino, nasceu em Noyon, França, em 10 de Julho de 1509. Aos 14 anos foi estudar em Paris preparando-se para entrar na universidade. Estudou gramática, retórica, lógica, aritmética, geometria, astronomia e música. Em 1523 foi estudar no famoso Colégio Montaigu.

Em 1528, com 19 anos, iniciou seus estudos em Direito e, depois, em Literatura. Em 1532 escreveu seu primeiro livro, um comentário à obra De Clementia de Sêneca. Em 1533, na reabertura da Universidade de Paris, escreveu um discurso atacando a teologia dos escolásticos e foi perseguido. Possivelmente foi neste período 1533-34 que Calvino foi convertido pelo Senhor, por influência de seu primo Robert Olivétan.

Em 1536, a caminho de Estrasburgo, encontrou uma estrada obstruída, o que o fez passar a noite em Genebra. Como sua fama já o precedia, Farel o encontrou e o convenceu a permanecer em Genebra para implantarem a Reforma Protestante naquela cidade. Começou a escrever a obra magna da Reforma – As Institutas da Religião Cristã. Em 1538 foi expulso de Genebra e viajou para Estrasburgo, onde trabalhou como pastor e professor. Casou-se com uma viúva anabatista chamada Idelette de Bure. Em 1541 foi convidado a voltar a Genebra. Em 1559 escreveu a edição final das Institutas e, no decorrer de seus poucos anos de vida, escreveu tratados, centenas de cartas, e comentários sobre quase todos os livros da Bíblia.

Em 27 de Maio de 1564, com 55 anos de idade, foi ao encontro do Senhor. O grande Teológo da Reforma, usado por Deus, influenciou o mundo com seus escritos. Sua piedade e dedicação ao estudo da Palavra são inspiradores.

ACMJ
www.seminariojmc.br

João Calvino – Como ele foi? O que aprendemos dele?
No dia 10 de Julho de 2008 João Calvino completaria 499 anos. Ele é o nosso mais ilustre desconhecido. Ouvimos falar dele e de sua obra, mas sempre em citações passageiras e que muitas vezes descobriram-no como a pessoa que foi. Minha primeira impressão sobre ele era que fosse um homem brilhante, mas inflexível e rígido demais quanto a seus princípios; um professor muito inteligente, porém de difícil relacionamento. Contudo, ao vê-lo mais de perto, descobri que foi tanto brilhante como piedoso. Calvino é um exemplo de fé cristã para nós. Ele nos dá exemplo que precisamos aprender e seguir.
O período que viveu com exilado em Estrasburgo (1538-41) retrata bem para nós quem foi João Calvino.
Calvino foi um pastor: Pastoreou refugiados franceses na pequena igreja de S. Nicolas, situada junto ao muro sul da cidade. Celebrava o sacramento da Ceia, dedicava-se à visitação pastoral e pregava quatro sermões semanais. Traduziu vários salmos para a métrica francesa para serem usado no canto congregacional. A igreja era pequena, mas cantava alegremente sob o seu pastorado.
Calvino foi professor: Tornou-se conferencista das Sagradas Escrituras na escola secundária local, onde dava palestras três vezes por semana. Além disso, dava aulas particulares e advogava nas horas vagas. Seu salário era um florim semanal, que recebeu a primeira vez com seis meses de atraso, o que também o forçava a vender parte de seus livros para sobreviver.
Calvino foi um escritor: Reeditou e ampliou as Institutas em agosto de 1539, e em 1541 editou a sua primeira tradução francesa. Publicou o Comentário aos Romanos (1539). Outros três trabalhos desse período são muito importantes: A Resposta a Sodoleto, o primeiro tratado apologético da Reforma Protestante, que foi responsável por sua volta a Genebra em 1541. A Forma das Orações e Hinos Eclesiásticos (13 hinos), direcionados à liturgia, constava da metrificação de Salmos. Calvino acreditava que acima de tudo era importante cantar a Palavra. O Pequeno Tratado Sobre a Ceia, como o seu primeiro esforço por chegar a uma posição intermediária entre a posição memorial de Zwinglio e a consubstanciação de Lutero quanto à presença de Cristo na Ceia [Leia estudo: A Transubstanciação - R. C. Sproul].
Calvino foi um estadista da Igreja: Participou junto com Bucer e Capito, (reformadores contemporâneos) de várias tentativas para unificar os protestantes alemães e suíços. Inclusive encontros entre católicos e protestantes, visando a unidades em Frankfurt, Hagenau e Worms. Desses encontros nascera, sua amizades com Filipe Melanchthon (luterano) e suas inúmeras correspondências com Bullinger (zuingliano). Desistiu de encontros com católicos após 1541 quando percebeu a inflexibilidades católica quanto a seus dogmas e doutrinas não fundamentadas nas Escrituras.
Calvino foi marido e hospitaleiro pai de família. Casou-se com Idelete de Bure, uma holandesa, viúva de um anabatista convertidos à fé reformada por intermédio  do próprio Calvino. Ela tinha dois filhos de seu primeiro casamento. Era graciosa, porém de uma saúde muito precária, assim como Calvino também era. Dessa união nasceu Jacques, nascido prematuro e morto ainda antes de completar um mês de vida. Idelete faleceu prematuramente em 1546. Calvino nunca se casou novamente.

O que precisamos aprender com Calvino?
1. Fidelidades às Escrituras.
Deixou claro que a teologia não pode e não deve ser especulativa, mas submissa ao texto bíblico. O que o texto bíblico diz está acima de qualquer interesse pessoal.

2. Amor para com a Igreja.
Dedicou-se à unidade da Igreja enquanto via que era possível. Era amigo íntimo e conselheiro de vários reformadores, reis, nobres e membros perseguidos de várias igrejas.

3. Teologia engajada.
A teologia de Calvino não era uma teologia de gabinete, mas de um trabalho pastoral intenso. As Institutas não são apenas um manual de teologia, mas um manual para a igreja viver e de uma igreja viva que busca se expressar. A boa teologia é um guia para a vida!

4. Glória só a Deus.
Não se sabe com certeza onde foi sepultado, pois pediu sigilo, a fim de que o seu nome não fosse exaltado, mas o de Deus, que fizera toda a obra por seu intermédio.
Autor: Rev. Hélio de Oliveira Silva - http://revhelio.blogspot.com/  - Presbiteriano, bacharel em teologia pelo SPBC – Goiânia e mestre em história da Igreja pelo CPPGAJ.
Fonte: Jornal Brasil Presbiteriano, pg. 19, Ano 50, nº 645 – Julho de 2008.

Ele viveu cinqüenta e quatro anos, dez meses, e dezessete dias, e dedicou metade de sua vida ao sagrado ministério. Ele tinha estatura mediana; a aparência sombria e pálida; os olhos eram brilhante até mesmo na morte, expressando a agudez da sua compreensão.
Theodore Beza

Eu poderia feliz e proveitosamente assentar-me e passar o resto de minha vida somente com Calvino.
Carta de Karl Barth ao amigo Eduard Thurneysen, escrita em 8 de junho de 1922.

Calvino, falando das diversas calúnias que levantavam contra ele, partindo, inclusive, de falsos irmãos, diz:

Só porque afirmo e mantenho que o mundo é dirigido e governado pela secreta providência de Deus, uma multidão de homens presunçosos se ergue contra mim alegando que apresento Deus como sendo o autor do pecado. [...] Outros tudo fazem para destruir o eterno propósito divino da predestinação, pelo qual Deus distingue entre os réprobos e os eleitos.

O que nos chama a atenção na aproximação bíblica de Calvino é, primeiramente, o seu amplo e em geral preciso conhecimento dos clássicos da exegese bíblica, os quais cita com abundância, especialmente Crisóstomo, Agostinho e Bernardo de Claraval. Outro aspecto é o domínio de algumas das principais obras dos teólogos protestantes contemporâneos, tais como Melanchton – a quem considerava um homem de “incomparável conhecimento nos mais elevados ramos da literatura, profunda piedade e outros dons [e que por isso] merece ser recordado por todas as épocas" –, Bucer e Bullinger. Contudo, o mais fascinante é o fato de que ele, mesmo se valendo dos clássicos – o que, aliás, nunca escondeu –, conseguiu seguir um caminho por vezes diferente, buscando na própria Escritura o sentido específico do texto: a Escritura interpretando-se a si mesma.

Autor: Hermisten Costa
Fonte: Coleção Pensadores cristãos - Calvino de A a Z, Editora Vida, Compre este Livro em http://www.editoravida.com.br


As Institutas da Religião Cristã é obra mais influente da Reforma Protestante e depois das Escrituras Sagrada não há nada que se compare a ela. Veja ao lado direito duas edições das Institutas publicado pela Editora Cultura Cristã.
Thea B. Van Halsema¹ discorrendo a história de Calvino, quando no trecho que fala da obra prima de Calvino - As Institutas da Religião Cristã, ele escreve:
Foi assim que apareceu a poderosa obra que recolheu da Palavra de Deus um completo sistema doutrinário. As Institutas começaram com Deus, concluíram com Deus e encontraram todas as coisas em Deus, o Deus triúno. Calvino escreveu com clareza, com uma lógica de advogado. Escreveu eloqüentemente, como um autor que maneja com perícia as suas palavras. Escreveu brilhantemente, com uma mente que aprende a inteireza da verdade de Deus como é possível ao homem conhecê-la. Escreveu apaixonadamente, com um coração devotado inteiramente ao seu Senhor. E escreveu humildemente, porquanto sua vida tinha sido resgatada do lamaçal do pecado unicamente pela graça de Deus. Ninguém havia escrito assim anteriormente. E, posteriormente, ninguém conseguiu escrever de maneira a aproximar a magnificência com que Calvino expôs as "verdades da religião cristã".
¹Extraído de: Van Halsema, Thea B., João Calvino Era Assim (São Paulo: Editora Vida Evangélica, 1968).

Síntese biográfica do reformador João Calvino

João Calvino nasceu em Noyon, nordeste da França, no dia 10 de julho de 1509. Seu pai, Gérard Calvin, era advogado dos religiosos e secretário do bispo local. Aos 12 anos, Calvino recebeu um benefício eclesiástico cuja renda serviu-lhe de bolsa de estudos.

• Em 1523, foi residir em Paris, onde estudou latim e humanidades (Collège de la Marche) e teologia (Collège de Montaigu). Em 1528, iniciou seus estudos jurídicos, primeiro em Orléans e depois em Bourges, onde também estudou grego com o erudito luterano Melchior Wolmar. Com a morte do pai em 1531, retornou a Paris e dedicou-se ao seu interesse predileto - a literatura clássica. No ano seguinte publicou um comentário sobre o tratado de Sêneca De Clementia.

• Calvino converteu-se à fé evangélica por volta de 1533, provavelmente sob a influência do seu primo Robert Olivétan. No final daquele ano, teve de fugir de Paris sob acusação de ser o co-autor de um discurso simpático aos protestantes, proferido por Nicholas Cop, o reitor da universidade. No ano seguinte, voltou a Noyon e renunciou ao benefício eclesiástico. Escreveu o prefácio do Novo Testamento traduzido para o francês por Olivétan (1535).

• Em 1536 veio a lume primeira edição da sua grande obra, As Institutas ou Tratado da Religião Cristã, introduzidas por uma carta ao rei Francisco I da França contendo um apelo em favor dos evangélicos perseguidos. Alguns meses mais tarde, o reformador suíço Guilherme Farel o convenceu a ajudá-lo na cidade de Genebra, que acabara de abraçar a Reforma. Logo, os dois líderes entraram em conflito com as autoridades civis sobre questões eclesiásticas, sendo expulsos em 1538.

• Calvino foi para Estrasburgo, onde residia o reformador Martin Bucer. Atuou como pastor, professor, participante de conferências e escritor. Produziu uma nova edição das Institutas (1539), o Comentário da Epístola aos Romanos, a Resposta a Sadoleto (uma apologia da fé reformada) e outras obras. Casou-se com a viúva Idelette de Bure (falecida em 1549).

• Em 1541, Calvino retornou a Genebra por insistência dos governantes da cidade. Assumiu o pastorado da igreja reformada e escreveu para a mesma as célebres Ordenanças Eclesiásticas. Por catorze anos, enfrentou grandes lutas com as autoridades civis e algumas famílias influentes (os "libertinos"). Apesar de estar constantemente enfermo, desenvolveu intensa atividade como pastor, pregador, administrador, professor e escritor. Produziu comentários sobre quase toda a Bíblia.

• Em 1555, os partidários de Calvino finalmente derrotaram os "libertinos." Os conselhos municipais passaram a ser constituídos de homens que o apoiavam. A Academia de Genebra, embrião da futura universidade, foi inaugurada em 1559. Nesse mesmo ano, Calvino publicou a última edição das Institutas. O reformador faleceu aos 55 anos em 27 de maio de 1564.

Autor: Rev. Alderi Souza de Matos
Fonte: http://www.ipb.org.br/artigos/artigo_inteligente.php3?id=21

A Conversão de João Calvino
Não nos é possível precisar as circunstâncias e data da “súbita conversão” de Calvino: contudo, as evidências apontam para um período entre 1532-1534. Devemos estar atentos também para o fato de que a vida de Calvino, mesmo antes da sua conversão, não fora marcada por um comportamento dissoluto e imoral – já tão comum nos jovens de seu tempo -, antes, a sua conversão, como observa Schaff, “foi uma transformação do romanismo para o protestantismo, da superstição papal para a fé evangélica, do tradicionalismo escolástico para a simplicidade bíblica”[1].

Crê-se que o seu primo Olivétan – ainda que não isoladamente – teve uma participação importante na sua conversão ao protestantismo. Lembremo-nos de que Calvino não é muito pródigo ao falar da sua vida. No que se refere à sua conversão em 1539 diz:

“Contrariado com a novidade, eu ouvia com muita má vontade e, no inicio, confesso, resisti com energia e irritação; porque (tal é a firmeza ou descaramento com os quais é natural aos homens resistir no caminho que outrora tomaram) foi com a maior dificuldade que fui induzido a confessar que, por minha vida, eu estivera na ignorância e no erro” [2].

Na Introdução do seu comentário de Salmos (1557), diz que: “Inicialmente, visto eu me achar tão obstinadamente devoto às superstições do papado, para que pudesse desvencilhar-me com facilidade de tão profundo abismo de lama, Deus, por um ato súbito de conversão, subjugou e trouxe minha mente a uma disposição suscetível, a qual era mais empedernida em tais matérias do que se poderia esperar de mim naquele primeiro período de minha vida”[3].

Também na já citada carta ao Cardeal Sadoleto (01/09/1539), Calvino descreve as suas angústias espirituais no romanismo, resultantes do que a igreja pregava [4]. No entanto, em nenhum momento, Calvino menciona o instrumento humano usado por Deus.

Nota:
[1] – Philip Schaff, History of the Christian Church, Peabody, Massachusetts, Hendrickson Publishers, 1996, Vol. III, p. 310.
[2] Juan Calvino, Respuesta al Cardeal Sadoleto, 4ª ed. Barcelona, Fundación Editorial de Literatura Reformada, 1990, p. 63.
[3] João Calvino, O livro de Salmo, São Paulo, Parakletos, 1999, Vol 1, p. 38.
[4] Vd. Juan Calvino, Respuesta al Cardeal Sadoleto, pp.61-64.

Autor: Dr. Hermisten Maia Pereira da Costa
Fonte: Nota 1 da página 11, Vol I, As Institutas da Religião Cristã, edição especial, ed. Cultura Cristã, tradução Odayr Olivetti.


Monumento

Painel Central do Monumento à Reforma em Genebra.
Da esquerda para a direita veem-se Farel, Calvino, Beza e Knox.
Este monumento começou a ser erigido mediante subscrição internacional, em 1906 e foi inaugurado em 1917.

Reforma Radical

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