12:11


“Os sofrimentos desta vida longe estão de obstruir nossa salvação; antes, ao contrário, são seus assistentes. (...) Embora os leitos e os réprobos se vejam expostos, sem distinção, aos mesmos males, todavia existe uma enorme diferença entre eles, pois Deus instrui os crentes pela instrumentalidade das aflições e consolida sua salvação (...) As aflições, portanto, não devem ser um motivo para nos sentirmos entristecidos, amargurados ou sobrecarregados, a menos que também reprovemos a eleição do Senhor, pela qual fomos predestinados para vida, e vivamos relutantes em levar em nosso ser a imagem do Filho de Deus, por meio da qual somos preparados para glória celestial.”

João Calvino

11:56

A força e autoridade compulsiva de qualquer mandamento em particular reside sempre em sua ameaça penal; se nenhuma punição seguir a violação de uma lei, então a lei é meramente uma sugestão. Não se exige que uma pessoa aja de certa forma a menos que sua desobediência seja seguida pela aplicação de uma sanção penal.

Lei sem sanções não é lei. Aqui a obrigação mútua de lei e autoridade política torna-se muito óbvia. Embora a autoridade política exista por causa da Lei, a Lei é real somente se reforçada por meio da autoridade política. Embora a lei não receba sua validade, ela recebe seu poder da autoridade política, e o governo não deve portar a espada em vão. [1]

A lei de Deus contém contém tanto demandas positivas como sanções penais; ela não somente ordena a plena execução de seus preceitos, mas também a imposição da penalidade apropriada por todas as infrações. Ambos os elementos devem ser atendidos ou então a lei de Deus não estará sendo guardada.


Sanção Dupla

Deus entregou não somente mandamentos com respeito a como devemos nos comportar, mas também mandamentos para o magistrado civil especificando o que deve ser feito quando não o fazemos. A lei de Deus contém uma sanção dupla: penalidade deve ser infligida para guardar a justiça e ordem do Estado, e penalidade eterna deve ser infligida para garantir a santidade e justiça de Deus. Por isso existem os detalhes vetero-testamentários de penalidades civis (até mesmo execução para crimes capitais) para violações da lei de Deus que se aplica à sociedade; todavia, é plenamente reconhecido também que a penalidade por violar um mandamento de Deus se estende além dessa sanção temporal, indo até o castigo eterno de Deus. Há um reconhecimento de uma vida após a morte (e.g., Gn 5.24; Lv 19.28; Nm 16.30; Dt 26.14; Sl 55.15), que o próprio Senhor julgará a iniquidade (e.g., Sl 1.5ss; 96.13; 98.9; Ec 12.14; cf. 11.9), e que seu julgamento poderia levar à condenação eterna (Jó 18; Sl 49.12-15, 19; 69.28; 104.35; Pv 11.7; 14.32; 15.24; Is 33.14; 66.24; Dn 12.2; Ml 4.1). Todavia, o Antigo Testamento também demanda punição civil para malfeitores, até mesmo a execução — reconhecimento plenamente que outro castigo seguirá a esta vida. Visto que uma violação da lei de Deus tem efeito negativo tanto sobre o bem-estar da sociedade como sobre o bem-estar espiritual do ofensor, a punição de acordo com a lei era apropriadamente de dois gumes: civil e divina. Talvez seja útil distinguir entre “pecado” e “crime”. [2] Embora todo crime seja pecaminoso, nem todo pecado é um crime. Uma ofensa contra a lei de Deus é um crime quando ela é um delito social punível pelas autoridades governamentais; o pecado, por outro lado, sempre é julgado e punido por Deus. O magistrado não pode ousar punir o pecado de um homem, mas ele é obrigado a reforçar as sanções penais contra o crime de um homem. Dessa forma, um crime deve sofrer duas punições: um diante do magistrado (como um delito social), um diante do próprio Deus (como um pecado). A lei de Deus designa quais são as sanções penais nas duas áreas. A lei de Deus lida com santidade na sociedade bem como com santidade na vida pessoal. Deus está preocupado que um homem ande corretamente diante dele bem como na sociedade. Por isso as punições sociais detalhadas na palavra de Deus são autoritativas como qualquer outro mandamento que ele estabeleceu para ser obedecido. Sanção intrínseca pertence à retribuição civil como um ditame da justiça divina.


Fonte: Greg L. Bahnsen, Theonomy in Christian Ethics, p. 421-422.
Fonte: http://monergismo.wordpress.com

[1] – George W. Forell, “The State as Order of Creation,” God and Caesar: A Christian Approach to Social Ethics, ed. Warren A. Quanbeck (Minneapolis: Augsburg Publishing House, 1959), p. 50.

[2] Cf. J. B. Shearer, Hebrew Institutions, Social and Civil (Richmond: Presbyterian Committee of Publication, 1910), p. 144.

00:24 4
Precisamos dar-nos conta de que estamos na presença de Deus. Que significa isso? Significa a percepção de algo de quem Deus é e do que Ele é. Antes de começar a proferir palavras, devemos sempre  proceder assim.

Devemos dizer-nos a nós mesmos: «Estou entrando agora na sala de audiências daquele Deus, o Todo-poderoso, o absoluto, o eterno e grande Deus, com todo o Seu poder, força e majestade, aquele Deus que é fogo consumidor, aquele Deus que é luz, e não há nele treva nenhuma, aquele perfeito, absoluto e Santo Deus.

É isso que estou fazendo» . . . Mas, acima de tudo, nosso Senhor insiste em que devemos aperceber-nos de que, além de tudo aquilo, Ele é nosso Pai. Oh, que compreendamos essa verdade! Se tão-somente entendêssemos que este Deus onipotente é nosso Pai mediante o Senhor Jesus Cristo! Se tão-somente compreendêssemos que . . .toda vez que oramos é como um filho dirigindo-se a seu pai! Ele sabe todas as coisas que nos dizem respeito; Ele conhece cada uma de nossas necessidades antes que Lhas contemos.

Ele deseja abençoar-nos muitíssimo mais do que desejamos ser abençoados. Ele tem opinião formada a nosso respeito, Ele tem um plano e um programa para nós, Ele tem uma ambição a favor de nós, digo-o com reverência, uma inspiração que transcende o nosso mais elevado pensamento e imaginação. . .

Ele cuida de nós. Ele já contou os cabelos de nossa cabeça. Ele disse que nada nos pode suceder fora dEle. Depois, é preciso que lembremos o que Paulo declara tão gloriosamente em Efésios 3. Ele é «poderoso para fazer infinitamente mais do que tudo quanto pedimos,, ou pensamos». Esse é o verdadeiro conceito da oração, diz. Cristo. Não se trata de ir fazer girar a roda de orações.

Não basta contar as contas. Não diga: «Devo passar horas em oração; decidi-me a fazê-lo e tenho que fazê-lo»  Temos que despojar-nos dessa noção matemática da oração. O que devemos fazer, antes de tudo, é dar-nos conta de quem é Deus, do que Ele é, e de nossa relação com Ele.

Studies in the Sermon on the Mount, ii, p. 30,1.

Fonte: http://www.martynlloyd-jones.com

00:19 3
Onde o Espírito do Senhor está. - Paulo nos informa como Cristo imprime vida à lei, a saber, concedendo-nos o seu Espírito. A palavra 'espírito' tem aqui um significado diferente daquele do último versículo. Ali ela significa alma, e se aplica metaforicamente a Cristo, mas aqui ela significa o Espírito Santo que Cristo mesmo nos concede. Cristo, ao regenerar-nos, dá vida à lei e se revela como a fonte da vida, assim como a alma é a fonte da qual emanam todas as funções vitais do homem. Portanto, Cristo é, por assim dizer, a alma universal de todos os homens (universalis omnium anima), não no tocante à sua essência, mas no tocante à sua graça. Ou, pondo de outra forma, Cristo é o Espírito porque ele nos vivifica com o poder gerador de vida do seu Espírito.

Paulo menciona também o beneficio que deste fato recebemos, ao dizer: há liberdade. Pelo termo 'liberdade' não entendo como sendo só o livramento da escravidão do pecado e da carne, mas também a confiança que recebemos de seu testemunho acerca de nossa adoção. Isto concorda com Romanos 8.15: "Porque não recebemos outra vez o espírito à e escravidão para temor etc." "Nesta passagem Paulo menciona escravidão e temor, e temos os opostos destes, que são liberdade e confiança.

Assim podemos, com propriedade, seguir Agostinho, ao inferir desta passagem que somos, por natureza, escravos do pecado e libertos através da graça da regeneração. Porque, onde houver a letra nua da lei, aí estará presente o senhorio do pecado. Porém, como já disse, interpreto o "termo 'liberdade' num sentido mais amplo. Seria possível restringir a graça do Espírito, especialmente no que toca aos ministros, a fim de que esta declaração corresponda ao início do capítulo, de haver nos ministros uma graça espiritual diferenciada e uma liberdade diferenciada da que há nos demais. Porém, a primeira interpretação me agrada mais, ainda que não tenho qualquer objeção em aplicar isto a todos segundo a medida do seu dom. Mas é bastante observarmos que Paulo está realçando a eficácia do Espírito que todos nós, os que fomos regenerados por meio da sua graça, experimentamos para a nossa salvação.

FONTE: http://www.ocalvinista.com

00:10
Por Josemar Bessa - Dezembro de 2011

Há poucos dias estava debatendo com pessoas que pensavam estar defendendo a Verdade de Deus contra toda mentira que tem sido pregada em nossos dias, todo misticismo sincrético do evangelho atual, toda ganância em nome de Deus... Mas ao tentar defender a Verdade, estavam caindo em outra grande mentira. (Como se levantar contra qualquer heresia se eu abrigar outras no meu coração?) Estavam diminuindo a glória de Cristo. Não se combate o erro com outro erro. Não se combate um mal com outro mal. Não se combate a mentira na igreja matando a igreja ao invés de matar a mentira. Não podemos falar da humanidade de Jesus diminuindo a sua Divindade. Isso não O aproximará mais do homem, mas sim o afastará, já que Ele só se manifesta na Verdade. Isso não põe fim ao misticismo vigente. O que faz isso?

Como (Jesus) foi sempre tremendamente cuidadoso ao mostrar sua identificação conosco em sua humanidade, mas sempre enfatizando sua posição única como Deus. Ao falar em “meu Pai” e “vosso Pai”. Ele jamais diz “nosso Pai” – JAMAIS! Diz: “Meu Pai” – Quando ensina seus discípulos e todos aqueles que através da história seriam inseridos na igreja através do seu sacrifício a orar – ele ensina o “Pai Nosso” – mas nunca se inclui entre eles e nós.

Ele sempre se empenha ao máximo em ressaltar essa diferença que devia ser óbvia, mas que pude perceber que mesmo hoje entre pessoas que querem defender a Verdade, não é. Cristo sempre ressalta essa diferença – que Ele é o Filho do Homem. É homem e, não obstante, NÃO É APENAS HOMEM (Mt 11.27; Jo 14.6).

Deliberadamente ele se levanta, chocando sua geração, como Mestre possuidor de autoridade única – “ouvistes que foi dito aos antigos... EU PORÉM VOS DIGO...” – Ele profere esse “EU” como autoridade. Essa característica única dEle que o põe em contraste com os profetas... Estes foram grandes personalidades usadas por Deus – Mas nunca nenhum deles, nenhum sequer usou esse “EU”.

Como os profetas começavam sua mensagem? “Assim diz o Senhor” – Jesus não, ele diz: “EU vos digo”. Com isso Ele estabelece de uma vez por todas a DIFERENÇA radical com todos os demais, porque mais que tenham sido canais da revelação divina. Havia chegado e era a hora da “autoridade final” – Ele está dizendo. Deus falou “de muitas maneiras pelos profetas...” – mas agora Ele nos falou em seu Filho. Aí está o fim de toda “nova revelação” – Cristo era a exata expressão do Deus Pai. Deus que o Pai se expressou no Filho, nada mais pode ser acrescentado.

Cristo salienta isso em todo o Sermão do Monte, e quando chega a seu final Ele faz e afirma as mais grandiosas e espantosas palavras já ditas na Terra: “Todo aquele, pois, que ouve as minhas palavras e as pratica, será comparado a um homem prudente, que edificou a sua casa na rocha...” – Como podemos ver claramente toda a sua ÊNFASE está e é dada a “estas minhas palavras” – Ele se arroga aí a AUTORIDADE FINAL. É quando colocamos Cristo no lugar que Ele realmente ocupa que mostramos todo engano de novas revelações e misticismos, sincretismos... Se ao combatermos esse mal nós tirarmos Cristo do lugar que só ele ocupa, fazemos e trabalho do inimigo. A própria Pessoa de Cristo e a autoridade do que ele diz põe abaixo toda nova revelação, misticismo, sincretismo... tão comuns em nossos dias, não o oposto.

Cristo se arroga a autoridade final. E se é possível acrescentar algo a esse postulado, ELE o fez quando disse: “Passará o céu e a terra, porém as MINHAS PALAVRAS não passarão”. Mais nada precisa ser dito. Não há nada que vá além disso. Amém!!!

Soli Deo Gloria!!

FONTE: http://www.ocalvinista.com

00:16 4
É Deus quem disse: De trevas resplandecerá luz (2Co 4.6)

Compreendo que é possível explicar esta passagem de quatro formas distintas.

Primeiro, Deus ordenou à luz que brilhasse do meio da trevas, ou seja, ele trouxe a luz do evangelho ao mundo através d ministério dos homens que são, por sua própria natureza, filho das trevas.

Segundo, Deus produziu a luz do evangelho para substituir a lei que estava oculta em sombras escuras, e daí trouxe luz das trevas. Os que são amantes de sutilezas podem facilmente aceitar tais explicações, mas todo aquele que penetre a questão de forma mais profunda prontamente reconhecerá que elas não expressam o pensamento do apóstolo.

A terceira explicação é a de Ambrósio, e é como segue: Quando todos se achavam envoltos em densas trevas, Deus acendeu a luz de seu evangelho. Os homens se achavam submersos nas trevas da ignorância quando, repentinamente, Deus brilhou sobre eles por intermédio de seu evangelho.

A quarta explicação é a de Crisóstomo, que acreditava existir aqui uma alusão à criação do mundo. Deus, que através de sua Palavra criou a luz, fazendo-a, por assim dizer, surgir das trevas, agora nos iluminou espiritualmente, quando estávamos sepultados nas trevas. Esta analogia (anagoge) entre a luz que é visível e física e a luz que é espiritual produz uma interpretação mais agradável, e não há nela nada forçado, ainda que a tradução de Ambrósio seja também plenamente adequada. Todos podem fazer uso de seu próprio tirocínio.

Resplandeceu em nossos corações. Devemos observar cuidadosamente a dupla iluminação a que ele faz aqui referência. Porque, em primeiro lugar, há a iluminação do evangelho, e então vem a iluminação secreta, que toma assento em nossos corações.

Porque, assim como em sua criação do mundo Deus derramou sobre nós a resplandecência do sol e também nos muniu de olhos para que pudéssemos contemplá-la, também, em nossa redenção, ele resplandeceu sobre nós na pessoa de seu Filho, por intermédio de seu evangelho, mas que seria tudo em vão, uma vez que somos cegos, a não ser que ele iluminasse também as nossas mentes, por intermédio de seu Espírito. De forma que o seu pensamento é que Deus abriu os olhos de nosso entendimento.

Na face de Jesus Cristo. Paulo já declarou que Cristo é a imagem do Pai; e ao dizer aqui que em sua face a glória de Deus nos é revelada, o seu pensamento é o mesmo. Esta passagem é muito importante, donde aprendemos que Deus não deve ser visto por trás de sua inescrutável majestade (pois ele habita em luz inacessível), mas deve ser conhecido na medida em que ele se nos revela em Cristo. De modo que as tentativas humanas de conhecer Deus fora de Cristo são efêmeras, porque tateiam no escuro. É verdade que à primeira vista Deus em Cristo parece ser pobre e abjeto; porém sua glória desponta para aqueles que têm a paciência de se transpor da cruz para a ressurreição. Vemos uma vez mais que na palavra pessoa - aqui traduzida 'face' - há referência a nós, porque nos é mais proveitoso contemplar Deus como ele aparece em seu Filho unigênito do que investigar sua essência secreta.

FONTE: http://www.ocalvinista.com

00:21 1
Olhe para ele e veja o que o mundo é. Tome aqueles que são considerados os grandes homens do mundo, nos quais nos gloriamos e dos quais nos orgulhamos. Coloquem-nos no lugar de Jesus e nada há. Ele os condena a todos. Que criaturas débeis são quando comparadas a ele.

Mas vamos, dê mais uma olhada. Se você quer saber como este mundo é, olhe para o que fizeram a ele. Lá estava o Filho de Deus. Ele deixou o trono dos céus, veio e se humilhou, entregou-se para curar e instruir as pessoas. Ele jamais causou dano a alguém. Ele veio fazer o bem. Mas qual foi a resposta do mundo? Ele foi odiado, perseguido e rejeitado. O mundo preferiu um assassino a ele, crucificando-o e executando-o. E lá na cruz, Jesus expôs o mundo como ele é. Mas os homens inteligentes deste século estão rindo, zombando e ironizando a cruz, estão caçoando do sangue de Cristo, em uma tentativa de ridicularizá-lo. Eles estão apenas repetindo o que os seus arquétipos fizeram no século I. Eis como o mundo sempre o tratou.

Porém, há um outro aspecto. Toda a sua ênfase constituiu-se no exato oposto da ênfase do mundo. Como temos visto, o mundo enfatiza a cobiça da carne, a cobiça dos olhos e a soberba da vida. O que Jesus enfatizou? Ele enfatizou algo a respeito do que o mundo jamais falou, ou seja, a alma.

Jesus disse: "Que aproveita ao homem ganhar o mundo inteiro e perder a sua alma?" (Mc 8.36). E se você fosse o ser humano mais belo que o mundo já conheceu, se estivesse sempre trajado com as roupas mais deslumbrantes, se morasse no mais suntuoso palácio ou possuísse a maior coleção de automóveis e tudo o mais? Se você tivesse o mundo todo, mas perdesse a sua própria alma? Eis o que Jesus afirma sobre o mundo, principalmente lá na cruz: "Que daria um homem em troca de sua alma?" (Marcos 8.37). Por que ele morreu? Jesus morreu pelas almas dos homens, não pelo nosso bem-estar material, não pela reforma deste mundo, mas para salvar nossas almas. "Porque o Filho do homem veio buscar e salvar o perdido" (Lucas 19.10). É a alma que está perdida. Aquilo sobre o que o mundo nada conhece, mas está em você e em todos nós, esta coisa imortal em nós que vai além da morte e do fim. Não, ele expôs a mentira deste mundo, mostrando como ele realmente é. Jesus contou uma parábola sobre o rico e Lázaro. O rico vivia em seu palácio, vestido garbosamente, em trajes maravilhosos, comendo na companhia de seus felizes amigos até fartar-se, enquanto o pobre mendigo permanecia sentado diante do portão, com os cães a lamber suas feridas. Bem, o Senhor disse, com efeito, não julgue superficialmente, este não é o fim da história. Jesus nos descreve a imagem de Lázaro ao lado de Abraão, enquanto o rico padecia em tormento no inferno. E possível ver a diferença entre a mente e a perspectiva do mundo, e a mente e a perspectiva do Pai e do Filho de Deus. Ele expõe o mundo como ele é.

Fonte: [Martyn Lloyd-Jones]

01:22 1
Todos concordamos em que devemos examinar-nos a nós mesmos, mas também concordamos em que a introspecçâo e a morbidez são ruins. Mas, qual a diferença entre examinar-nos a nós mesmos e nos tornarmos introspectivos? Entendo que cruzamos a fronteira entre o auto-exame e a introspecção quando, em certo sentido, nada mais fazemos senão examinar-nos, e quando esse auto-exame se torna o fim -dominante e principal da nossa vida. É de esperar que periodicamente procedamos a um exame de nós mesmos; mas se o fazemos sempre, sempre pondo, por assim dizer, nossa alma em um recipiente para dissecá-la, isto é introspecção. E se passamos o tempo todo falando aos outros de nós e de nossos problemas e inquietações, e se vamos toda a vida a eles com uma carranca, dizendo: «Estou com um grande problema», isso bem pode significar que ficamos o tempo todo centralizados em nós mesmos. Isso é introspecção e, por sua vez, leva-nos à condição conhecida como morbidez

Eis aqui, pois, o ponto de que devemos partir. Conhecemo-nos a nós mesmos? Conhecemos o perigo específico de cada um de nós? Sabemos bem a que estamos especialmente sujeitos? A Bíblia está repleta de ensinamentos sobre isso. A Bíblia nos exorta a que sejamos cuidadosos quanto à nossa força e à nossa fraqueza. Pensemos, por exemplo, em Moisés. É-nos dito que ele era o homem mais manso que o mundo já conhecera; e contudo. . . seu grande fracasso teve ligação precisamente com esse tema. Afirmou sua própria vontade e se zangou. Temos que vigiar nosso ponto forte, e temos que vigiar nosso ponto fraco. . . Se sou naturalmente introvertido, tenho que tomar cuidado com isso, e devo alertar-me a mim mesmo, não seja o caso de que inconscientemente venha a deslizar para a condição de morbidez.

O extrovertido deve, do mesmo modo, conhecer-se e estar vigilante contra a tentação peculiar à sua natureza. Alguns, por sua natureza e tipo de personalidade que os caracterizam, são mais dados a esta . . .depressão espiritual do que outros. Pertencemos ao mesmo grupo de Jeremias, João Batista, Paulo, Lutero e muitos outros. Grandiosa companhia! Sim. . . mas você não pode fazer parte dela sem estar sujeito a essa exata provação.

Spiritual Depression, p. 17,18.

FONTE: http://www.martynlloyd-jones.com/

03:21 7
Embora, de fato, todo cristão, deva lutar pela preservação da vida, isso não quer dizer que ele não possa desejar partir e estar com Cristo. O apóstolo Paulo é um exemplo disso.

A sua vida foi marcada por grande sofrimento em favor do Evangelho (1Co 11.16-33). Ele estava preso quando escreveu aos filipenses e, ao que parece, percebia que o final de sua carreira se aproximava.

É possível que ele estivesse se sentindo cansado, desejando que o fim logo chegasse para que pudesse descansar. O apóstolo não estava pensando somente em si mesmo, visto que declara estar constrangido e dividido, pois, de um lado, desejava partir e estar com Cristo, o que era incomparavelmente melhor, mas de outro, desejava permanecer para auxiliar seus irmãos.

Paulo diz que para ele o viver é Cristo e o morrer é lucro. Isso é verdade para todo crente. A morte, para todo crente, deixa de ser um inimigo, pois Cristo, por meio de sua morte e ressurreição, destruiu o poder da morte. Para o crente, morrer é lucro, pois implica em descansar na presença do Salvador.

As Escrituras falam da morte do crente de um modo bastante consolados. Hendriksen destaca que:

A morte do crente é ‘agradável aos olhos do Senhor’ (Sl 116.15);
É ‘ser levado pelos anjos para o seio de Abraão’ (Lc 23.43);
É ‘habitar na casa de muitas moradas’ (Jo 14.2);
É ‘uma bem aventurada partida’ (Fp 1.23; 2 Tm 4.6);
É ‘estar presente com o Senhor’ (2 Co 5.8);
É ‘lucro’ (Fp 1.23);
É algo ‘muitíssimo melhor’ (Fp 1.23);
É ‘dormir no Senhor’ (Jo 11.11; 1 Ts 4.13)”.

Considerando as propriedades benfazejas da morte para o crente, não é errado o crente desejar fazer parte do rol de membros da igreja triunfante. Esse é um desejo legítimo.

 Fonte: Revista “Nossa Fé” A Igreja e o Mundo, fls47 ECC.
Autor: Valdemar Alves da Silva Filho
FONTE SECUNDÁRIA: http://reformandome.blogspot.com.br/

03:05 2

Segundo a mitologia grega, Narciso era um caçador de Thespia famoso por sua beleza. Seu inimigo, Nemesis, atraiu o arrogante Narciso para uma piscina de água onde ele olhou para seu próprio reflexo e se tornou absolutamente encantado com a imagem na piscina, não percebendo que era o seu próprio reflexo. Extasiado com ele próprio, Narciso não podia escapar a beleza de seu próprio reflexo e acabou suicidando-se por afogamento.

Somos todos como Narciso. Estamos encantados com nós mesmos - obsessão com a nossa própria imagem. No entanto, não estamos satisfeitos apenas para aquecer a nossa própria importância, queremos que todos à nossa volta sejam como nós mesmos, e, até mais, queremos que o próprio Deus se torne assim como nós e que os seus pensamentos girem em torno de nós como se fôssemos o centro e o fim último de todos os seus planos.

Nosso egoísmo é o coração do nosso orgulho e da fundação de nossa rebelião contra Deus. Nós não só queremos saber como Deus sabe, como também queremos informar a Deus o que Ele já sabe.

Em nossa arrogância natural, somos facilmente atraídos pelos nossos corações egoístas de olhar para dentro - em nossa sabedoria, nossas realizações, nossos bens - em vez de fixar nossos olhos em Deus.

Como resultado, começamos a desenvolver a nossa própria teologia personalizada, para fazer nós mesmos um deus à nossa imagem, moldando-o a ser tudo o que pensávamos que sempre quisemos em um deus - um deus que ama a quem amamos e odeia quem odiamos, um deus que é soberano sobre todas as coisas boas em nossas vidas, mas impotente e ignorante de todas as coisas ruins que acontecem a nós, um Deus que nos serve como se fosse o nosso mensageiro pessoal que vem rastejando ao menor toque de um sino.

Teologia individualista é, por natureza, não-aliança, não-familiar, e não eclesiástica. É uma teologia centrada em torno do que faz sentido para mim, o que parece justo para mim, que me faz feliz, e o que me faz sentir bem comigo mesmo.Simplificando, teologia  auto-centrada vê o homem grande e um Deus pequeno.

Mas Deus, em Seu amor soberano para conosco, fixou-nos os olhos como sua Noiva, habitou entre nós, viveu para nós, serviu-nos, e se entregou por nós - e Ele fez isso tudo para o nosso bem eterno e Sua glória eterna.


Por Burk Parsons by Ligonier
Traduzido e adaptado por Carlos Reghine
FONTE: http://reformandome.blogspot.com.br/

05:27 4
AQUELES QUE NEGLIGENCIAM AS ESCRITURAS, E PROCURAM REVELAÇÕES NOVAS, TRANSTORNAM TODOS OS PRINCÍPIOS DA PIEDADE

Certos homens tolos surgiram recentemente, os quais orgulhosamente fingem ser guiados pelo Espírito e desprezam a simplicidade daqueles que ainda se apegam à "letra morta — letra que mata". Gostaria que me dissessem qual é o espírito cujo sopro os leva a uma altura tão estonteante para que ousem menosprezar a doutrina das Escrituras como sendo infantil e desprezível. Se responderem que é o Espírito de Cristo, quão absurda é a sua presunção!  Eles mesmos devem reconhecer que os apóstolos e os crentes primitivos foram -iluminados por aquele Espírito; no entan¬to, nenhum deles aprendeu dEle a desprezar a Palavra de Deus; mas todos a consideravam com a mais profunda reverência. E isto concorda com a predição de Isaías: "O meu Espírito, que está sobre ti e as minhas palavras, que pus na tua boca, não se desviarão da tua boca nem da boca da tua posteridade, nem da boca da posteridade da tua posteridade, diz o Senhor, desde agora e para todo o sempre" (Is. 59:21).

O profeta predisse, portanto, que no reino de Cristo seria a mais alta felicidade da Sua Igreja ser guiada tanto pela Palavra quanto pelo Espírito de Deus. Logo, concluímos que estes zombadores ímpios separam aquilo que o profeta juntara por um vínculo sagrado. Além disso, em¬bora Paulo tenha sido arrebatado até ao terceiro céu, não cessou de fazer uso proveitoso da lei e dos profetas, e exortou Timóteo a dar atenção à leitura. Ademais, ele atribui honra singular às Escrituras ao dizer que são úteis "para o ensino, para a repreensão, para a correção, para a educação na justiça, a fim de que o homem de Deus seja perfeito e perfeitamente habilitado para toda boa obra" (2 Tim. 3:16-17). Certamente é o máximo da maldade e da loucura atribuir um uso rápido e temporário àquelas Escrituras que guiam os filhos de Deus até ao fim da sua viagem. Aqueles fanáticos teriam bebido de um espírito diferente daquele que o Senhor prometeu aos Seus próprios discípulos? Por mais loucos que sejam, dificilmente ousa¬rão dizer assim. Mas que tipo de Espírito o Senhor prome¬teu? Um que não falaria de Si mesmo, mas sim relembraria o que o próprio Cristo ensinara verbalmente. Portanto, não é o papel do Espírito prometido dar revelações estranhas e esquisitas, ou fabricar algum novo tipo de doutrina para nos desviar do evangelho que recebemos; pelo contrário, a função do Espírito é selar em nossos corações aquela mesma doutrina que o evangelho de Cristo nos entregou.

É claro, portanto, que os que desejam receber proveito e bênção do Espírito de Deus devem ser diligentes em ler as Escrituras e em ouvir sua voz. Assim sendo, Pedro recomenda o zelo daqueles que prestam atenção à palavra da profecia, embora os escritos dos profetas pudessem ter sido considerados ultrapassados' pela nova luz do evangelho (2 Ped. 1:19). Se, por outro lado, alguém descarta a sabedoria da Palavra de Deus e impinge sobre nós uma outra doutrina, podemos suspeitá-lo, com justiça, de ser vaidoso e falso. O próprio Satanás se transforma em anjo de luz; como, pois, podemos curvar-nos diante da autoridade de qualquer espírito, a não ser que seja evidenciado por algum sinal como sendo o Espírito de Deus? Este sinal se manifesta na medida em que concorda com a Palavra do Senhor. Todavia, estes infelizes deliberadamente se desviam para sua própria ruína, procurando orientação do seu próprio espírito ao invés do Espírito do Senhor.

Argumentam que é uma indignidade ao Espírito de Deus que Ele — Ele que está acima de todas as coisas — seja sujeito às Escrituras. Mas, pergunto, é uma desonra ao Espírito Santo ser em todas as instâncias o que Ele é — sempre consistente, sempre imutável? Se, na realidade, procurássemos testar o Espírito por qualquer regra estabelecida pelos homens ou pelos anjos, haveria certa força nesta acusação para desonrá-lO; mas se O compararmos com Ele mesmo, como se pode dizer que O estamos desonrando? A verdade é que o Espírito se alegra em ser reconhecido pela semelhança que tem com Sua própria imagem imprimida por Ele sobre as Escrituras. Ele é o Autor das Escrituras e não pode mudar; logo, sempre deve permanecer tal qual Se revelou ali.

Quanto à objeção capciosa de que estamos escravizados à letra que mata, os que empregam tal linguagem são culpados de desprezarem a Palavra de Deus. Quando Paulo disse que a letra mata [2 Cor. 3:6), estava se opondo a certos falsos apóstolos que ainda se apegavam à lei e que teriam privado o povo do benefício da nova aliança, na qual Deus declara que colocará Sua lei nas mentes dos fiéis, e que a escreverá em seus corações. Segue-se, portanto, que a lei do Senhor é uma letra morta que mata quando ela é separada da graça de Cristo, e que simplesmente soa ao ouvido sem tocar no coração; por outro lado, se for poderosamente implantada no coração pelo Espírito e se proclama a Cristo, é a palavra da vida, a qual converte as almas dos homens e que dá sabedoria aos simples. No mesmo capítulo, Paulo chama sua própria pregação de o ministério do Espírito, significando assim que o Espírito Santo permanece na verdade que revelou nas Escrituras, e somente revela Seu poder àqueles que tratam Sua Palavra com a reverência e honra a ela devida. E isto não está em desacordo com aquilo que eu disse no capítulo anterior deste livro, que a Palavra de Deus não ganha nossa confiança, a não ser que seja confirmada pelo testemunho do Espírito; porque o Senhor ligou juntas, por um tipo de vínculo mútuo, a certeza da Sua Palavra e a autoridade do Seu Espírito. Reverência verdadeira à Palavra domina os nossos corações quando a luz do Espírito nos capacita a ver Deus nas Escrituras; e, por outro lado, damos boas-vindas sem temor de sermos enganados, àquele Espírito que reconhecemos peia Sua semelhança à Sua própria Palavra. Os filhos de Deus sabem que Sua Palavra é o instrumento mediante o qual Ele comunica ao entendimento deles a luz do Seu Espírito; e não reconhecem nenhum outro espírito senão o Espírito que habitava nos apóstolos e falava através deles.

FONTE: http://www.ocalvinista.com

02:25 2
Consideremos o caso dos que temem o futuro. . . condição muito comum, e é, de fato, coisa das mais extraordinárias observar como é que o inimigo tantas vezes produz o mesmo tipo fundamental de condição nas mesmas pessoas, mediante estes métodos que parecem ser diametralmente opostos. Quando você endireita a atitude delas, com relação ao passado, imediatamente começam a falar do futuro, resultando que estão sempre deprimidas no presente. Você conseguiu satisfazê-las quanto ao perdão dos pecados; sim, até daquele pecado específico, que achavam tão excepcional . . . E então dizem: «Ah, sim, mas. . .», e se põem a falar de temores concernentes ao futuro e ao que está lá adiante. . . Ora, está bem que pensemos no futuro. . .

Mas as Escrituras constantemente nos exortam a não ficarmos preocupados com o futuro. «Não vos inquieteis com o dia de amanhã», quer dizer: «Não sejais culpados de ansiosa preocupação com o amanhã». Não significa que não devemos pensar nele de modo algum. Caso contrário, o agricultor não usaria o arado e a grade, e nem semearia. Ele o faz olhando para o futuro, mas não passa o tempo todo perguntando e se afligindo quanto aos resultados finais do seu trabalho. Não; ele pensa nisso razoavelmente, e depois o deixa. . . embora esteja muito certo pensar no futuro, é muito errado deixar-se dominar por ele. . . Pensar é certo, mas ser manobrado pelo futuro é total-mente errado.

Pois bem, esse é um postulado fundamental, e o mundo descobriu isso. Ensina-nos que não devemos atravessar pontes antes de chegar nelas. Introduza isso nos seus ensinos cristãos, pois o mundo tem razão nesse ponto. . . muitas afirmativas escriturísticas que tratam do mesmo assunto tornaram-se proverbiais — «não vos inquieteis com o dia de amanhã», «basta ao dia o seu próprio mal» . . . Isso re-vela bom senso. . . Basta-me «um passo de cada vez» . . .não permita que seu futuro hipoteque seu presente, assim como você não deve permitir que seu passado hipoteque seu presente.

Spiritual Depression, p. 94,98,9-

Fonte: [Martyn Lloyd-Jones]

01:42
 - ( Rm 8.3 ) -

O Senhor nos justificou em Cristo, movido por sua soberana misericórdia. Tal coisa é impossível à lei fazer. Todavia, visto que esta cláusula é por demais notável, examinemos cada uma de suas partes.

O apóstolo afirma em termos claros que os nossos pecados foram expiados pela morte de Cristo, visto que era impossível que a lei nos conferisse a justiça. Daqui se infere que muito mais nos é ordenado na lei do que somos capazes de fazer. Se fôssemos capazes de cumprir a lei, não teria sido necessário buscar remédio em outra fonte. Portanto, é simplesmente absurdo medir a força humana pelos preceitos da lei, como se Deus, ao ordenar o que é justo, houvera considerado o caráter e a extensão de nossas faculdades.

No que estava enferma pela carne. Para que ninguém imaginasse que o apóstolo estava sendo irreverente, acusando a lei de enferma, ou restringindo-a às simples observâncias cerimoniais, ele expressamente afirma que esta defecção não era devido a alguma falha na lei, e, sim, às corrupções de nossa carne. E preciso admitir que, se alguém pudesse satisfazer a lei divina em termos absolutos, então o mesmo seria justo diante de Deus. Portanto, o apóstolo não nega que a lei seja suficiente para justificar-nos no que respeita à doutrina, visto que a mesma contém a norma perfeita de justiça. Contudo, visto que nossa carne não atinge essa justiça, todo o poder da lei falha e se desvanece. Por isso não é difícil refutar o erro ou, antes, a ilusão daqueles que imaginam que Paulo está privando somente as cerimônias da virtude de justificar. Porquanto Paulo expressamente põe a culpa em nós mesmos, e declara que ele não encontra falha na própria doutrina da lei.

Além do mais, é preciso que entendamos a enfermidade da lei no sentido em que o apóstolo usualmente toma a palavra, a qual significa não simplesmente uma leve fraqueza, e, sim, impotência. Ele adota este sentido com o fim de enfatizar que não é absolutamente a função da lei conceder justiça. Vemos, pois, que estamos inteiramente excluídos da justiça de Cristo, visto que não pode haver justiça em nós mesmos. Tal conhecimento é especialmente necessário, porque jamais seremos vestidos com a justiça de Cristo, a menos que antes saibamos com certeza que não possuímos em nós qualquer justiça que mereça chamar-se nossa. A palavra carne é sempre usada no mesmo sentido, significando nós próprios. A corrupção, pois, de nossa natureza torna a lei de Deus de nenhuma utilidade para nós. Embora nos mostre o caminho da vida, ela não nos impede de nos precipitarmos de ponta cabeça na morte.

Isso fez Deus enviando seu próprio Filho. Ele agora mostra a maneira como nosso Pai celestial nos restaurou à justiça por intermédio de seu Filho. O Pai condenou o pecado na carne de Cristo, ou seja: ao cancelar o escrito de dívida [Cl 2.14], ele aboliu a culpa que nos mantinha condenados na presença de Deus. A condenação proveniente do pecado nos trouxe para a justiça, porque, visto que nossa culpa foi desfeita, estamos absolvidos, de sorte que Deus nos considera justos. Em primeiro lugar, contudo, Paulo afirma que Cristo foi enviado, a fim de lembrar-nos que a justiça de forma alguma reside em nós, já que devemos buscá-la nele. E em vão que os homens confiam em seus próprios méritos, porquanto são justos somente através do beneplácito de outro, ouse apropriam da justiça procedente da expiação que Cristo efetuou em sua carne. Cristo, diz ele, veio na semelhança de carne pecaminosa. Embora a carne de Cristo fosse incontaminada por qualquer mancha, ela tinha a aparência de pecaminosidade, visto que levava em si o castigo devido aos nossos pecados. Certamente, a morte manifestava, na carne de Cristo, cada partícula de seu poder, como se sua carne se sujeitasse [espontaneamente] à morte. Visto que nosso Sumo Sacerdote tinha que aprender, de experiência própria, o que significa participar da fraqueza [Hb 4.15], aprouve a Cristo carregar nossas enfermidades, a fim de poder inclinar-se para nós com mais compaixão. Neste aspecto, também, transpareceu nele uma certa semelhança [—imago] com a nossa natureza pecaminosa.

Fonte: [O Calvinista]

01:10
Morrer para a lei é renunciá-la (Gl 2) e libertar-se de seu domínio, de modo que não mais confiamos nela, e ela não mais nos mantém cativos sob o jugo de escravidão. Ou pode significar que, visto que ela entregou a todos nós à destruição, não encontramos nela vida alguma. Esse último ponto de vista se adequa melhor. Pois ele nega que Cristo seja o autor do mal, por que a lei é mais prejudicial do que útil. A lei traz em seu próprio âmago a maldição que nos mata. Daí, segue-se que a morte efetuada pela lei é verdadeiramente implacável. Com ela é contrastada outro tipo de morte, ou seja: na comunhão vivificante da cruz de Cristo. Ele diz que, por estar crucificado juntamente com Cristo, ele pode começar a viver. A pontuação comum desta passagem obscurece seu significado. Lê-se: 'Através da lei morri para a lei, para que eu pudesse viver para Deus." Mas o contexto flui mais polidamente assim: 'Através da lei, morri para a lei", e então separadamente: "Para que eu pudesse viver para Deus, estou crucificado com Cristo."

Para que eu pudesse viver. O apóstolo mostra que o tipo de morte que os falsos apóstolos lançavam mão como base para suas querelas pode ser solicitado. Pois ele quer dizer que estamos mortos para a lei, não que podemos viver para o pecado, e, sim, para Deus. "Viver para Deus" às vezes significa regular nossa vida segundo sua vontade, de modo que nada mais cogitamos em toda a nossa vida além de sermos aprovados por ele. Mas aqui significa viver, por assim dizer, a vida de Deus. Dessa forma a antítese se harmonizará. Pois seja qual for o sentido de morrermos para o pecado, no mesmo sentido vivemos para Deus. Em suma, Paulo nos diz que essa morte não é mortal, e, sim, a origem de uma vida melhor. Pois Deus nos resgata do naufrágio da lei e, mediante sua graça, nos restaura para outra vida. Nada direi de outras interpretações. Este me parece ser o significado real do apóstolo.

Ao dizer que fora crucificado com Cristo, ele está explicando como nós, que estamos mortos para a lei, vivemos para Deus. Enxertados na morte de Cristo, extraímos uma energia secreta dela, como os brotos [extraem vida] das raízes. Também Cristo cravou [em sua cruz] o manuscrito da lei, o qual nos era contrário. Portanto, sendo crucificados com ele, somos eximidos de toda a maldição e culpa [provenientes] da lei. Atacar e descartar esse livramento é fazer a cruz de Cristo algo vazio e fútil. Lembremo-nos, porém, que somos libertados do jugo da lei somente quando somos feitos um com Cristo, como os brotos extraem das raízes sua seiva somente pelo desenvolvimento de uma só natureza.

Não mais eu. O termo morte é sempre odioso ao espírito humano. Havendo dito que estamos pregados na cruz juntamente com Cristo, ele acrescenta que tal fato nos faz vi-vos. Ao mesmo tempo, ele explica o que quer dizer com "viver para Deus". Ele não vive através de sua própria vida, mas é animado pelo poder secreto de Cristo, de modo que se pode dizer que Cristo vive e cresce nele. Porque, assim como a alma energiza o corpo, também Cristo comunica vida a seus membros. Eis uma notável afirmação, ou seja, que os crentes vivem fora de si mesmos [fideles extra se vivere], isto é, em Cristo. Isso só se pode dar se mantiverem genuína e verdadeira comunicação com ele [veram cum ipso et substantialem communicationem]. Cristo vive em nós de duas formas. Uma consiste em ele nos governar por meio de seu Espírito e em dirigir todas as nossas ações. A outra consiste naquilo que ele nos concede pela participação em sua justiça, ou seja, que, embora nada possamos fazer por nós mesmos, somos aceitos por Deus, nele [Cristo]. A primeira se relaciona com a regeneração; a segunda, com a espontânea aceitação da justiça, e é assim que considero a passagem. Mas se alguém, ao contrário, quiser aplicá-la a ambas, de boa vontade concordarei.
E a vida que agora vivo na carne. Dificilmente exista aqui uma cláusula que não tenha sido rasgada por uma variedade de interpretações. Alguns explicam o termo 'carne' como sendo a depravação da natureza corrupta. Paulo, porém, pretende simplesmente significar a vida corporal De outra forma, poder-se-ia apresentar a seguinte objeção: "Você vive uma vida cor¬poral; e enquanto este corpo corruptível exercer suas funções, enquanto for sustentado por comida e bebida, esta não é a vida celestial de Cristo. Portanto, é um paradoxo irracional asseverar que, enquanto você estiver vivendo uma vida humana ordinária, sua vida não é propriamente sua." Paulo replica que ela consiste na fé, o que implica que ela é um segredo oculto dos sentidos humanos. A vida, pois, que obtemos pela fé, não é visível aos olhos, senão que é interiormente perceptível à consciência pelo poder do Espírito. E assim a vida corporal não nos impede de possuirmos a vida celestial, pela fé. "E, juntamente com ele, nos ressuscitou, e nos fez assentar nos lugares celestiais com Cristo Jesus" [Ef 2.6]. Também: "Assim, já não sois estrangeiros e peregrinos, mas concidadãos dos santos, e sois da família de Deus" [Ef 2.19]. Uma vez mais: "Pois a nossa pátria está nos céus, de onde também aguardamos o Salvador, o Senhor Jesus Cristo" [Fp 3.20]. Os escritos de Paulo estão saturados de afirmações afins, a saber: que tanto vivemos no mundo como também já vivemos no. céu; não só porque nossa Cabeça está lá, mas porque, em virtude da união [com ele], temos uma vida em comum com ele [Jo 14].

Que me amou. Esta cláusula é adicionada para expressar o poder da fé, pois imediatamente poderia ocorrer de alguém perguntar: "Quando a fé recebe tal poder para comunicar-nos a vida de Cristo?" Ele, pois, declara que o fundamento [hypostasis] sobre o qual a fé repousa é o amor e a morte de Cristo; pois é à luz desse fato que o efeito da fé deve ser julgado. Por que razão vivemos pela fé de Cristo? Porque ele nos amou e a si mesmo se deu por nós. Digo que o amor com que Cristo nos abraçou, o levou a unir-se a nós. E tal coisa ele completou através de sua morte. Ao doar-se por nós, ele sofreu em nossa pessoa[in nostra persona passus est]. Além do mais, a fé nos faz partícipes de tudo o que ela encontra em Cristo. Tal menção do amor significa o mesmo que João disse: "Nós amamos porque ele nos amou primeiro" [1 Jo 4.19]. Pois se algum mérito propriamente nosso o tivesse movido a redimir-nos, tal causa teria sido declarada. Agora, porém, Paulo atribui tudo ao amor; portanto, é gratuito. Observemos a ordem: "Ele nos amou e a si mesmo se deu por nós." É como se dissesse: "Ele não teve outra razão para morrer, senão porque nos amou", e isso se deu quando ainda éramos inimigos, segundo cie mesmo declara em Romanos 5.20.

A si mesmo se deu. Não há palavras que expressem perfeitamente o que tal coisa significa. Pois, quem poderá encontrar uma língua que possa declarar a excelência do Filho de Deus? Todavia, foi ele mesmo que a si mesmo se deu como o preço àz nossa redenção. A expiação, a purificação, a satisfação e todos os frutos que recebemos da morte de Cristo estão incluídos nas palavras: "a si mesmo se entregou".

Por mim é muito enfático. Não é suficiente considerar Cristo como havendo morrido pela salvação do mundo; cada pessoa deve reivindicar o efeito e a posse dessa graça para si pessoalmente.

Fonte: [O Calvinista]

00:43 3
Sempre una a auto-reflexão com a leitura e o ouvir da Palavra de Deus. Quando você ler a Bíblia ou ouvir sermões, reflita e compare os seus caminhos com o que você leu ou ouviu. Pondere que harmonia ou desarmonia existe entre a Palavra e os seus caminhos. A Bíblia testifica contra todo tipo de pecado e tem direções para qualquer responsabilidade espiritual, como escreveu Paulo: "Toda a Escritura é inspirada por Deus e útil para o ensino, para a repreensão, para a correção, para a educação na justiça, a fim de que o homem seja perfeito e perfeitamente habilitado para toda boa obra" (2Tm 3.16,17; ênfase acrescentada). Portanto, quando ler os mandamentos dados por Cristo e seus apóstolos, pergunte-se: Vivo de acordo com essas regras? Ou vivo de maneira contrária a elas?

Quando ler histórias da Bíblia sobre os pecados e sobre os culpados, faça uma auto-reflexão enquanto avança na leitura. Pergunte a si mesmo se é culpado de pecados semelhantes. Quando ler como Deus reprovou o pecado de outros e executou julgamentos por seus pecados, questione se você merece punição semelhante. Quando ler os exemplos de Cristo e dos santos, questione se você vive de maneira contrária aos seus exemplos. Quando ler sobre como Deus louvou e recompensou seu povo pelas suas virtudes e boas obras, pergunte se você merece a mesma bênção. Faça uso da Palavra como um espelho pelo qual você examina cuidadosamente a si mesmo — e seja um praticante da palavra (Tg 1.23-25).

Poucos são aqueles que fazem como deveriam! Enquanto o ministro testifica contra o pecado, a maioria está ocupada pensando em como os outros falham em estar à altura. Podem ouvir centenas de coisas em sermões que se aplicam adequadamente a eles; mas nunca pensam que o que pregador está falando lhes diz respeito. A mente deles está fixa em outras pessoas para quem a mensagem parece se encaixar, mas eles nunca julgam necessitar dessa pregação.

FONTE: http://www.jonathanedwards.com.br

00:36 2
C. H.Spurgeon
O povo que conhece ao seu Deus se tornará forte. - Daniel 11.32

   Todo crente sabe que conhecer a Deus é a melhor e mais sublime forma de conhecimento. Este conhecimento espiritual é uma fonte de fortalecimento para o crente. Fortalece a sua fé. As Escrituras constantemente se referem aos crentes como pessoas iluminadas e ensinadas pelo próprio Senhor. 

   As Escrituras afirmam que os crentes possuem a unção do Santo (ver 1 João 2.20) e que o ofício peculiar do Espírito Santo é guiá-los em toda a verdade; tudo para o incremento e a nutrição de sua fé. O conhecimento fortalece o amor, assim como revigora a fé. O conhecimento abre a porta; e, por meio desta porta, vemos nosso Salvador. Ou, empregando outra figura, o conhecimento pinta um retrato do Senhor Jesus. E, quando vemos esse retrato, passamos a amar a Jesus. Pelo menos em algum grau, não podemos amar um Cristo a quem não conhecemos. Se conhecemos pouco das excelências de Jesus, o que Ele fez e o que está fazendo agora por nós, não podemos amá-Lo tanto. No entanto, quanto mais conhecemos a Jesus, tanto mais nós O amamos.

   O conhecimento também revigora a esperança. Como podemos esperar algo, se não temos conhecimento da sua existência? 
A esperança pode ser o telescópio, mas, até que recebamos instruções, nossa ignorância se coloca na frente da lente, e nada podemos ver. O conhecimento remove o objeto interferente e quando olhamos através da brilhante lente, discernimos a glória a ser revelada e a antecipamos com confiança jubilante. 

   O conhecimento nos fornece razões para sermos pacientes. Como teremos paciência, a menos que saibamos algo da compaixão de Cristo e entendamos o bem que é sair da disciplina na qual nosso Pai celeste nos corrige? 
Não existe uma única virtude do crente que, nos desígnios de Deus, não será fomentada e trazida à perfeição por meio do conhecimento. Quão importante é que cresçamos não somente em graça, mas também "no conhecimento de nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo!" (2 Pedro 3.18).

Fonte: http://www.charleshaddonspurgeon.com

00:31 1
C. H. Spurgeon
Depois de terdes sofrido por um pouco, ele mesmo vos há de aperfeiçoar, firmar,
fortificar e fundamentar - 1 Pedro 5.10

   Você já contemplou o arco-íris quando ele se mostra no céu: gloriosas são suas cores e raras suas nuanças. E lindo, mas logo desaparece. O arco-íris não é permanente. Como pode acontecer isso? 
Como pode perdurar um glorioso espetáculo feito de transitórios raios de sol e passageiras gotas de chuva? 
As virtudes do caráter cristão não devem ser semelhantes ao arco-íris em sua beleza momentânea, mas, pelo contrário, devem ser firmes, estáveis, duradouros.

   Crente, procure fazer com que toda coisa boa que você possui seja permanente, firme. O seu caráter não deve assemelhar-se a uma escrita feita na areia, e sim a uma inscrição gravada na rocha. Não seja a sua fé "a construção de uma visão sem alicerce", mas que seja construída de um material capaz de suportar o terrível fogo que consumirá madeira, feno e palha (ver 1 Coríntios 3.12) do hipócrita. Seja uma pessoa arraigada e fundamentada no amor (ver Efésios 3.17).

   Sejam profundas suas convicções; seu amor, realce, seus desejos, sérios. E toda a sua vida deve estar tão bem firmada, que todas as rajadas de vento do inferno e as tempestades da terra jamais serão capazes de abalá-lo. Observe como obtemos esta bênção de ser firmado na fé (ver Colossenses 2.7). As palavras do apóstolo nos indicam o sofrer como o instrumento utilizado — "Depois de terdes sofrido por um pouco". Não adianta esperar que seremos bem fundamentados, se não nos sobrevier nenhum vento impetuoso. Todos aqueles velhos nós na raiz do carvalho e aqueles estranhos entrelaçamentos nos galhos falam de muitas tempestades que passaram sobre ele, e também são indicadores da profundidade na qual as raízes foram forçadas a abrir caminho. Assim o crente é enraizado forte e firmemente por meio das provações e tempestades da vida.

   Não desanime por causa dos rigorosos ventos de provação; pelo contrário, receba consolação, crendo que, por meio da disciplina severa, Deus está cumprindo em você a bênção descrita neste versículo.

Fonte: [Charles Haddon Spurgeon]

00:32 1
Muitos de nós simplesmente seguem uma rotina, sem pensar, sem inteligência. Soa estranho dizer isso num período como este na história da Igreja Cristã, mas na Igreja há muitos que não têm idéia da razão pela qual estão ali, exceto pelo fato de que foram habituados a freqüentar os cultos. Não fosse isso, não estariam ali. Nunca pensaram nessas coisas o bastante para romper o hábito; seguem uma rotina. Há pessoas que não pensam, pessoas sem entendimento, que não têm a mínima idéia do conflito espiritual, não têm a mínima idéia da crucial importância da Igreja Cristã numa hora como esta. Seguem o mesmo itinerário e fazem a mesmíssima coisa domingo após domingo, simplesmente como parte da rotina da vida. Entretanto lhes falta entendimento. E esse o tipo da coisa que o apóstolo tem em mente. Tais cristãos, é claro, já estão derrotados; são inúteis na batalha. Não têm valor nenhum no exército. Os cristãos ativos têm que carregá-los porque eles não conseguem mover-se; não estão prontos para alguma súbita mudança de tática. Eles são passageiros que temos que levar, e sempre são um grande empecilho para um exército. Eles têm sido um grande problema em toda a história das guerras.

Por outro lado, há também muitos que vivem em função das suas próprias atividades e que não têm ciência de que há um conflito espiritual. Para eles, o cristianismo é o que eles fazem. Isso faz parte do perigo de amoldar-se a um tipo. E triste ver pessoas que recentemente entraram na vida cristã dentro de um curto período de tempo repetindo frases e chavões. Não têm idéia do que significam; estão apenas imitando os outros; estão pegando o linguajar, as expressões e as atividades. E isso continua indefinidamente. Pode-se perceber que elas não estão vivamente conscientes da verdadeira situação.

Permitam-me admitir com sinceridade que estas exigências estritas se aplicam a todas as partes da Igreja, tanto aos pregadores como aos membros e freqüentadores. Não há nada que eu saiba que seja tão completamente oposto ao que o apóstolo está ensinando aqui como o pregador profissional, o homem que adota certo maneirismo e certo tom de voz, o chamado tom de voz clerical, e todas as outras características da"veste" sacral. O profissional no púlpito é uma grande maldição. Esse homem está realmente combatendo a favor do inimigo. É um traidor no exército do Deus vivo!

Tenhamos os nossos pés calçados com a preparação do evangelho da paz. Tratemos de saber o que estamos fazendo. O referido profissionalismo acha-se entre os liberais, e também entre os evangélicos. Alguns fingem, apresentando um artificial brilho e entusiasmo, uma espécie de "cristianismo muscular". Os que procedem assim estão se amoldando a um modelo. Não estão tendo entendimento, e revelam uma incapacidade de entender o profundo caráter da vida cristã. E há outros, às vezes jovens, que tentam parecer puritanos, como se vivessem há trezentos anos, e que falam na linguagem dos puritanos. Isso é igualmente mau. Vestir um casaco ou uma máscara ou agir por puro profissional ismo, é exatamente o oposto do que o apóstolo nos exorta a fazer.

Todas essas coisas são apenas manifestações daquele "estar em paz em Sião" enquanto uma tremenda batalha está sendo travada. Um cristianismo respeitável ou formal num tempo como este é inútil. É por isso que a Igreja está decaindo e exibindo nada mais do que um cristianismo respeitável, "Moralidade com um toque de emoção", como Matthew Arnold o descreveu, sem nenhum valor. Não me surpreende o fato de que o estado em que se acha a Igreja é o que é. Falta entendimento espiritual, ou, para usar a figura do apostolo, os pés estão pesadamente calçados com meras tradições e culto formal. Não há nada daquela mobilidade e agilidade que são essenciais numa época como esta.

A Igreja atual tem muita semelhança com Davi vestido com a armadura de Saul. Golias desafia Israel com sua armadura, sua lança e sua espada; e Israel se abala e treme, e não sabe o que fazer. Todos estão morrendo de medo deste homem que matou tantos. Então Davi, jovem, simples pastor, chega ao acampamento israelita, e, movido pelo Espírito de Deus, apresenta-se para responder ao desafio de Golias. Saul e os seus companheiros, sem os pés "calçados com a preparação do evangelho da paz", e pensando na velha terminologia em vez de pensarem espiritualmente, dizem: "Ele parece convencido de que poderá fazê-lo; vamos buscar a armadura de Saul e colocá-la nele". Acreditavam que a única maneira pela qual alguém poderia pelejar com Golias era com a armadura de Saul. Por isso a colocaram nele. Mas Davi percebeu logo que se fosse vestindo aquela armadura, seria morto. Mal podia mover-se, a armadura era pesada demais e grande demais para ele. E assim livrou-se dela. "Não vou conseguir lutar usando a armadura de Saul", disse ele; "tenho que usar o meu método de combate e, em nome do Deus vivo, é o que vou fazer." Pode-se dizer que Davi percebeu a importância de estar "calça¬do com a preparação do evangelho da paz". Ele queria ter mobilidade, e ser capaz de mover-se rapidamente e responder e reagir a cada movimento de Golias.

O que quero dizer é que os cristãos muitas vezes entram em dificuldade porque tentam lutar nesta batalha de um modo do qual não são capazes. Por exemplo, com freqüência encontro cristãos em dificuldade e dizendo: "Fiz um péssimo papel outro dia, numa discussão com algumas pessoas acerca de religião; realmente sinto que causei mais mal do que bem". "Bem", eu dizia, "que é que vocês estavam discutindo?" Eles me contavam que estavam discutindo o evolucionismo ou alguma outra questão de natureza científica. "Digam-me", dizia eu, "vocês receberam instrução e treinamento científicos?" "Ah, não", respondiam. "Muito bem", eu perguntava, "por que vocês entraram nesse tipo de discussão?" Não deviam fazer isso. Davi recusou-se a lutar usando a armadura de Saul. Se vocês não conhecem o assunto, não digam nada; ou digam: "Não sei". Guardem a batalha para aquilo que vocês conhecem. Insistam sempre em ter o controle sobre o lugar onde a batalha será travada. Não permitam que os seus amigos vistam vocês com a armadura de Saul. O dever de vocês é fazer aquilo de que são capazes. Tirem a sua funda e as suas pedras, e use essas coisas. Não tentem fazer algo que está além das suas forças.

Fonte: [Martyn Lloyd-Jones]

00:15
Houve tempo em que era verdade dizer que as multidões. . . reconheciam a veracidade do Evangelho. . . mas deixavam de pô-lo em prática. Pode ser que foram além e se opuseram às suas exigências morais e éticas mais estritas. Mas assim mesmo lhe estavam pagando tributo e erguendo barricadas de defesa para o pecado e a fraqueza delas mesmas. Naqueles dias o Evangelho era reconhecido como algo que apresenta o melhor modo de vida. . .

Essa foi a situação outrora. Já não é assim, porém. . . a atitude geral para com o Evangelho mudou completamente. . . hoje ele está sofrendo ativos ataques e oposição. Na verdade, chegamos a um estágio ulterior àquele; ele está sendo ridicularizado e menosprezado. A pretensão, hoje em dia, é que o Evangelho é uma coisa que nenhuma pessoa instruída e razoável pode aceitar ou crer. É posto na categoria de folclore e superstição. . . Tudo isso pode ser provado, contesta-se, pelo avanço do saber, pelo resultado dos descobrimentos científicos, e pela luz que a psicologia lançou sobre a natureza humana e seu estranho comportamento. Certos aspectos do ensino moral do Evangelho são aceitos e elogiados, havendo, contudo, quem rejeite até isso, mas, quanto às reivindicações centrais do Evangelho . . .todas estas coisas são rejeitadas com desdém e sarcasmo.

Segundo o homem moderno, a salvação deve ser buscada no pleno uso das capacidades e poderes humanos que podem ser exercitados pelo saber e pela educação. O homem deve salvar-se a si próprio; o homem pode salvar-se a si próprio. . . E se alguém se aventura. . . a dizer que o Evangelho é a única esperança da humanidade. . . aos berros lhe dirão que ele é lunático ou doido.

Todavia, é precisa e exatamente isso que afirmamos hoje, como Paulo o fez há tanto tempo. . . Não hesitamos em proclamar que a única esperança dos homens está em crer no Evangelho de Cristo.

The Plight of Man and the Power of God, p. 76-9-

Fonte: [Martyn Lloyd-Jones]

15:44
Quão Discutida é a Predestinação!
  O exame sério desta grande doutrina da predestinação nos conduzirá aos mais profundos e inacessíveis temas que possam ocupar a mente dos homens - a natureza e os atributos, os propósitos e operações do infinito e incompreensível Jeováh - vistos de maneira especial em suas relações com o destino eterno de suas criaturas inteligentes. 

   A natureza peculiar do tema exige, e com razão, que sempre nos aproximemos e o consideremos com a mais profunda humildade, cautela e reverência, já que isto trata, por um lado, de um tema tão terrível e assustador como é o da miséria eterna de uma multidão incalculável de nossos semelhantes. 

   Muitos têm discutidos o tema neste espírito, mas também há outros que se dão à especulação presunçosa e irreverente. É possível, que não exista outro tema que tenha chamado mais atenção dos homens em todas as épocas. 

   Tal tema é discutido as suas implicações em todas as suas relações, tanto filosóficas, teológicas e práticas; e se há algum tema de especulação com relação ao qual nos for lícito dizer que tenha sido esgotado, é este.


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Extraído de William Cunningham, Historical Theological, vol. II, p. 418.
Traduzido por Ewerton B. Tokashiki
FONTE: http://textocalvinista.blogspot.com.br

14:48
É necessário que vejamos o pecado tal como o veremos no dia do juízo. Nesse dia todos verão a verdadeira face do pecado. Quando todas as nações estiverem reunidas ante o Grande Juiz do universo, então, apreciarão a pecaminosidade do pecado. Nesse momento o pecado será desmascarado e despojado de sua atrativa vestimenta; aparecerá mais sujo e mais vil que o próprio Inferno. O que antes parecia formoso e atraente, se manifestará feio e repugnante. A Bíblia descreve o pecado comparando-o com várias coisas: o vômito do cachorro, a ferida inflamada, a lepra, o esterco, a espuma do mar, etc. Também compara os pecadores com os porcos que revolvem-se na lama, bestas feras, animais irracionais (cabras, cães, bois), as inconstantes ondas do mar, estrelas errantes, árvores desarraigadas, etc. Por isso, é necessário pensar no pecado tal como o veremos no dia da morte. A consciência pode estar adormecida por um longo tempo, mas no dia da morte e do juízo ela se despertará e nos mostrará o dano e a amargura do pecado. Então devemos aprender a ver o pecado não como ele é apresentado pelo Diabo, mas como o veremos na eternidade.


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Extraído de Thomas Brooks, Remedios Preciosos Contra las Artimañas del Diablo, pág. 10
Traduzido por Ewerton B. Tokashiki
Fonte: http://textocalvinista.blogspot.com.br

14:39
A mensagem básica da Bíblia também provê evidência para convencer-nos de que os autores escreveram não os próprios pensamentos, mas os pensamentos de Deus. Qual é a mensagem central da Bíblia? Ela é a narração da completa ruína em pecado, da sua incapacidade de se salvar, e do poder de Deus em salvá-lo apenas pela graça. Esta é uma humilhante mensagem que a mente humana naturalmente não poderia pensar. Quando entregue a si mesmo, o homem sempre inventou outra espécie de religião. Todas as religiões de origem humana ensinam que o homem não é completamente pecaminoso que ele pode, de algum modo, salvar a si mesmo. A Bíblia ensina que o homem está morto em pecado, incapaz de salvar a si mesmo, e que somente pode ser salvo pela graça de Deus. Isto é contrário ao orgulhoso pensamento do homem natural. Não admitimos naturalmente a nossa humilhação, as falhas e incapacidade. Ao ensinar acerca do nosso pecado e necessidade de salvação, está evidenciado que os autores da Bíblia não estavam sob o controle de seus próprios espíritos, mas sob o Espírito Santo de Deus (2 Pedro 1:21).


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Extraído de Calvin Knox Cummings, Confessing Christ, p. 15.
Traduzido por Ewerton B. Tokashiki
Fonte: http://textocalvinista.blogspot.com.br

14:37 2
Elas têm mudado seus corações. Alguns por lerem as Escrituras têm se tornado outras pessoas; tem sido feitos santos e graciosos. Por lerem outros livros o coração é inflamado, mas por lerem as escrituras ele é transformado. 2. Co. 3:3. “Estando já manifestos como cartas de Cristo, produzida pelo vosso ministério, escrita não com tinta, mas pelo Espírito do Deus vivente”. A Palavra foi escrita dentro de seus corações, e elas são provenientes da carta de Cristo, de tal modo que outros podem ler Cristo neles. Se você colocar um selo sobre a escultura, e colocar um carimbo nele, haverá uma notável virtude neste selo; então quando o selo da Palavra tem um carimbo da graça celestial, há necessidade de haver um poder agindo com a Palavra, não menos que divino. Isto conforta seus corações. Quantos cristãos têm passado por rios de lágrimas, a Palavra tem gotejado como mel, e docemente revive-os. O principal conforto do cristão é extrair as fontes de salvação. Rm. 15:4. “é pela consolação das Escrituras, tenhamos esperança”. Quando a pobre alma está pronta para a morte, não há nada para confortá-la senão o estímulo das Escrituras. Quando está doente a Palavra revitaliza-o 2 Co.4:17. “Porque a nossa leve e momentânea tribulação produz para nós eterno peso de glória”. Quando está deserta a Palavra pinga-nos o óleo dourado da alegria. Lm. 3:31. “O Senhor não rejeitará para sempre”. Ele modifica sua providência, não seu propósito; ele tem os olhos de um inimigo, mas o coração de um pai. Assim a Palavra tem o poder de confortar o coração. Sl.119:50 “O que me consola na minha angústia é isto, que a tua Palavra me vivifica”. Como vida é transmitida pelas artérias do corpo, assim os confortos divinos são transmitidos através das promessas da Palavra. Agora as Escrituras tem esta alegria, o poder de confortar o coração deles, mostra claramente que eles são de Deus, e que foi ele que colocou o leite da consolação em seus seios.


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Extraído de Thomas Watson, A Body of Divinity, p. 29.
Traduzido por Ewerton B. Tokashiki
Fonte: http://textocalvinista.blogspot.com.br

14:34 2
O coração representa o centro unificador de toda a existência do homem, o ponto de concentração espiritual de todo o nosso ser, o aspecto interior reflexivo que estabelece a direção a todas as relações da nossa vida. É a vertente de todos os nossos desejos, pensamentos, sentimentos, do nosso agir, e de toda expressão da vida. É a fonte principal da que flui todo o movimento do intelecto do homem, das suas emoções e da sua vontade, como também toda "faculdade", ou modo da nossa existência. Em resumo, o coração é o mini-eu. O que possui o meu coração, me possui totalmente.


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Extraído de Gordon J. Spykman, Teologia Reformacional, p. 242
Traduzido por Ewerton B. Tokashiki
Fonte: http://textocalvinista.blogspot.com.br

Reforma Radical

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