00:42 1



Você pertence àquele pequeno grupo de pessoas que confessam ter fé verdadeira em Cristo e procuram, embora com fragilidade, segui-Lo neste mundo perverso? Penso que sei algumas coisas que se passam em seu coração. Talvez você esteja sentindo que não perseverará até ao fim e que, algum dia, abandonará a sua confissão. Com freqüência, você imagina coisas amargas a respeito de si mesmo e que não possui realmente a graça de Deus. Receio que miríades de verdadeiros crentes estão nesta condição; eles prosseguem, tremendo e duvidando, a sua caminhada em direção ao céu, acompanhados por “Desespero” e “Temeroso”; e, tal como o “Peregrino”, têm medo de que nunca chegarão à Cidade Celestial. No entanto, embora seja muito estranho, apesar dos seus gemidos, temores e dúvidas, eles não voltam atrás, para a cidade da qual saíram; eles seguem em frente e, mesmo desfalecidos, avançam e terminam bem.

Meu conselho para esses crentes é bem simples. Cultivem o hábito de firmar mais a sua fé em Jesus Cristo, procurando conhecer mais a plenitude que existe nEle, para todos os membros do seu povo. Não permaneçam a contemplar suas imperfeições e a dissecar seus pecados. Olhem para cima! Contemplem mais o seu Senhor ressurreto, que está nos céus, e procurem compreender ainda melhor que o Senhor Jesus não somente morreu por vocês, mas também ressuscitou e vive à direita de Deus, ministrando como Sumo Sacerdote, Advogado e Amigo todo-poderoso de vocês. Quando o apóstolo Pedro andou por sobre as águas, ele foi bem-sucedido enquanto seus olhos estavam fixos no seu Salvador e Senhor todo-poderoso. Mas, quando Pedro desviou o olhar para as ondas e o mar, levando em conta o peso de seu corpo, logo começou a afundar e clamou: “Salva-me, Senhor!” Não ficamos admirados ante o fato de que nosso Senhor gracioso disse, enquanto segurava a mão de Pedro e o libertava de um sepulcro de águas: “Homem de pequena fé, por que duvidaste?” Infelizmente, muitos de nós somos como Pedro, desviamos nosso olhar de Jesus, nossos corações desfalecem, e sentimos que estamos afundando. Ó Deus, ajuda-nos a estar sempre “olhando firmemente para o Autor e Consumador da fé” (Hb 12.2).

09:29 1
Quando falo sobre crescimento na graça, nem por um momento estou dizendo que os benefícios de um crente em Cristo podem crescer; não estou dizendo que o crente pode crescer em sua posição, segurança ou aceitação diante de Deus; que o crente pode ser mais justificado, mais perdoado, mais redimido e desfrutar de maior paz com Deus do que desde o primeiro momento em que ele creu. Afirmo categoricamente: a justificação de um crente é uma obra completa, perfeita, consumada; e o mais fraco dos crentes (embora ele não o saiba, nem o sinta) está tão completamente justificado quanto o mais forte deles. Declaro com firmeza: a nossa eleição, chamada e posição em Cristo não admitem qualquer progresso, aumento ou diminuição. Se alguém pensa que, por crescimento na graça, estou querendo dizer crescimento na justificação, está completamente enganado a respeito do assunto que estou considerando. Estou pronto a morrer na fogueira (se Deus me assistir), por causa da gloriosa verdade de que, no assunto da justificação diante de Deus, todo crente está completo em Cristo (Cl 2.10). Nada pode ser acrescentado à justificação do crente, desde o momento em que ele crê, e nada pode ser removido.

Quando eu falo sobre crescimento na graça, estou me referindo somente ao crescimento em grau, tamanho, força, vigor e poder das graças que o Espírito Santo implanta no coração de um crente. Estou dizendo categoricamente que todas aquelas graças admitem crescimento, progresso e aumento. Estou declarando com firmeza que o arrependimento, a fé, o amor, a esperança, a humildade, o zelo, a coragem e outras virtudes semelhantes podem ser maiores ou menores, fortes ou fracas, vigorosas ou débeis e podem variar muito em um mesmo crente, em diferentes épocas de sua vida. Quando eu falo sobre um crente que está crescendo na graça, estou dizendo apenas isto: os sentimentos dele em relação ao pecado estão se tornando mais profundos; a sua fé, mais forte; a sua esperança, mais brilhante; o seu amor, mais abrangente; sua disposição espiritual, mais sensível. Este crente sente mais o poder da piedade em seu próprio coração; manifesta mais piedade em sua vida; está progredindo de força em força, de fé em fé, de graça em graça. Deixo que outros descrevam a condição de tal crente, utilizando as palavras que lhe forem agradáveis. Eu mesmo penso que a melhor e mais verdadeira descrição de tal crente é esta: ele está crescendo na graça!

23:30

"Se, porém, não vos arrependerdes, todos igualmente perecereis" (Lucas 13.3).

À primeira vista, este versículo parece rude e severo. Posso imaginar alguns dizendo: "Isto é o evangelho? Estas são as boas notícias? São as boas novas sobre as quais falam os pastores? É um discurso árduo, quem o pode suportar?" (cf. Jo 6.60).

No entanto, de quem eram os lábios que proferiram estas palavras? Elas vieram dos lábios dAquele que nos ama com um amor que excede todo entendimento, o próprio Jesus Cristo, o Filho de Deus. Foram ditas por Aquele que nos amou tanto, que deixou o céu, desceu à terra, viveu de modo pobre e humilde durante 33 anos, por nossa causa; foi à cruz, morreu e foi sepultado por nossos pecados. As palavras que vieram de lábios como esses têm de ser, com certeza, palavras de amor.

Afinal de contas, há maior prova de amor do que avisar um amigo quanto ao perigo vindouro? O pai que vê seu filho caminhando em direção à beira de um precipício e, quando o vê, grita fortemente: "Pare, pare!", não é um pai que ama o filho? A mãe carinhosa que vê sua criança a ponto de ingerir algo venenoso e clama intensamente: "Pare, pare! Largue isso!", não é uma mãe que ama o filho? É a indiferença que deixa as pessoas sozinhas e permite que continuem seguindo o seu caminho. O amor, amor compassivo, adverte e ergue o clamor de alerta. O grito de "Fogo! Fogo!", à meia-noite, pode, às vezes, arrancar uma pessoa de seu sono - de modo rude, desagradável, severo. Mas, quem reclamaria se tal grito fosse o meio de salvar a vida daquela pessoa? As palavras "se não vos arrependerdes, todos igualmente perecereis" podem, à primeira vista, parecer severas e rudes. Contudo, são palavras de amor e podem ser o meio de livrar do inferno almas preciosas.

Consideremos agora a necessidade de arrependimento. Por que o arrependimento é necessário? O versículo citado no início deste artigo mostra claramente a necessidade de arrependimento. As palavras de nosso Senhor Jesus Cristo são claras, enfáticas e distintas: "Se não vos arrependerdes, todos igualmente perecereis". Todos, todos, sem exceção, necessitam de arrependimento para com Deus. O arrependimento não é necessário somente para bêbados, ladrões, assassinos, adúlteros, fornicadores e encarcerados. Não. Todos os nascidos da descendência de Adão - todos, sem exceção - precisam de arrependimento para com Deus. A rainha no trono, o pobre que trabalha em seu ofício, o rico em sua sala de visitas, a empregada na cozinha, o professor de ciências na universidade, o jovem pobre e ignorante que trabalha no arado - todos precisam, por natureza, de arrependimento. Todos são nascidos em pecado; todos necessitam arrepender-se e converter-se, se desejam ser salvos. Todos precisam ter seu coração mudado quanto ao pecado. Todos têm de se arrepender e crer no evangelho. "Se não vos converterdes e não vos tornardes como crianças, de modo algum entrareis no reino dos céus" (Mt 18.3). "Se não vos arrependerdes, todos igualmente perecereis."

O que torna necessário o arrependimento? Por que Deus usa uma linguagem tremendamente forte a respeito desta necessidade? Por que o arrependimento é necessário?

(a) Primeiramente, sem arrependimento não há perdão dos pecados. Ao dizer isso, tenho de guardar-me de mal-entendido. Peço-lhe enfaticamente que não me entenda erroneamente: lágrimas de arrependimento não removem pecados. Dizer que elas o fazem é teologia errada. Remover pecados é uma competência e uma obra exclusiva do sangue de Cristo. A contrição não produz qualquer expiação de pecado. Dizer que ela o faz é teologia pervertida. Nossa melhor contrição tem defeitos suficientes para nos lançar no inferno. "Somos reputados justos diante de Deus somente por causa de nosso Senhor Jesus Cristo, pela fé, e não por nossas obras ou merecimentos",1 não por nosso arrependimento, santidade, caridade aos pobres ou qualquer coisa desse tipo. Tudo isso é verdade. Contudo, não é menos verdade que a pessoa justificada sempre se arrepende e que um pecador perdoado sempre será uma pessoa que lamenta e abomina seus pecados.

Em Cristo, Deus está disposto a receber homens rebeldes e dar-lhes paz, se vierem a Ele, em nome de Cristo, não importando quão ímpios tenham sido. Contudo, Deus exige, com justiça, que o rebelde deponha suas armas. O Senhor Jesus Cristo está disposto a ter compaixão, perdoar, dar alívio, purificar, lavar, santificar e preparar para o céu. Todavia, Ele deseja ver o homem odiando os pecados para os quais deseja obter perdão. Se quiserem, alguns homens podem chamar isso de "legalidade". Se lhes agrada, que o chamem de "servidão". Eu fico ao lado das Escrituras. O testemunho da Palavra de Deus é claro, inconfundível. Pessoas justificadas sempre são pessoas penitentes. Sem arrependimento, não há perdão de pecados.

b) Em segundo, sem arrependimento não há felicidade nesta vida. Existem coisas como exultação, entusiasmo, sorrisos e contentamento, enquanto as pessoas desfrutam de boa saúde e têm dinheiro no bolso. Mas essas coisas não são a felicidade inabalável. Há uma consciência em todos os homens; e essa consciência tem de ser satisfeita. Portanto, enquanto a consciência sente que ainda não houve arrependimento do pecado e que este não foi perdoado, ela não terá quietude e não permitirá que a pessoa fique tranqüila em seu íntimo... 

c) Em terceiro, sem arrependimento não pode haver adequação para o céu, no mundo por vir. O céu é um lugar preparado, e aqueles que vão ao céu têm de ser um povo preparado. Nosso coração tem de estar em harmonia com as disposições do céu, pois, do contrário, o céu nos será um lugar infeliz. Nossa mente tem de estar em harmonia com a mente dos habitantes do céu, pois, do contrário, a comunhão das pessoas do céu nos seria intolerável... O que você faria no céu, se chegasse lá com um coração que ama o pecado? Com qual dos santos você conversaria? Ao lado de quem se assentaria? Com certeza, os anjos de Deus não entoariam música agradável ao coração daquele que não pode suportar os santos na terra e nunca louva o Cordeiro por seu amor redentor! Com certeza, a companhia dos patriarcas, dos apóstolos e dos profetas não seria satisfação para nenhum homem que agora não lê a sua Bíblia e não se interessa em saber o que os apóstolos e os profetas escreveram. Oh! não! Não! Não haveria felicidade no céu, se chegássemos ali com um coração impenitente...

Rogo-lhe, pelas misericórdias de Deus, que guarde no coração as coisas que acabei de dizer e pondere-as bem. Você vive em um mundo de engano, imposição e decepção. Não permita que ninguém o engane quanto à necessidade de arrependimento. Oh! que a igreja professa veja, saiba e sinta (mais do que o faz) a necessidade, a absoluta necessidade do verdadeiro arrependimento para com Deus! Há muitas coisas que não são necessárias. Riquezas e saúde são desnecessárias. Roupas finas não são necessárias. Amigos nobres não são indispensáveis. O favor do mundo é desnecessário. Muitos chegaram ao céu sem essas coisas. Talentos e erudição são dispensáveis. Milhões chegaram ao céu sem essas coisas. Milhares e milhares estão indo ao céu sem elas. Contudo, ninguém chegará ao céu sem o "arrependimento para com Deus e a fé em nosso Senhor Jesus Cristo" (At 20.21).

Não permita que ninguém o convença de que um sistema de doutrina em que o arrependimento para com Deus não tem lugar de grande proeminência merece ser chamado de evangelho. Não há evangelho, se o arrependimento não é um dos principais elementos. Tal evangelho é do homem, e não de Deus. Procede da terra, mas não do céu. Não é evangelho de maneira alguma. É antinomianismo e nada mais. Enquanto você estiver apegado e preso aos seus pecados, você terá os seus pecados, embora fale o quanto quiser sobre o evangelho. Os seus pecados ainda não estão perdoados. Você pode chamar isso de legalismo, se quiser. Pode dizer, se quiser: "Espero que tudo saia bem no final. Deus é misericordioso, Deus é amor, e Cristo morreu. Espero que irei ao céu no final". Não, eu lhe digo. Tudo não sairá bem. Você está errado diante de Deus... Está menosprezando o sangue da expiação. Ainda não tem parte ou herança em Cristo. Enquanto você não se arrepender de seus pecados, o evangelho de nosso Senhor Jesus Cristo não é evangelho para sua alma. Cristo é um Salvador do pecado, e não um Salvador paro o homem no pecado. Se um homem quer continuar em seus pecados, chegará o dia em que o misericordioso Salvador lhe dirá: "Apartai-vos de mim, malditos, para o fogo eterno, preparado para o diabo e seus anjos" (Mt 25.41).

Não permita que ninguém o engane, levando-o a supor que pode ser feliz neste mundo, sem arrepender-se. Oh! não!... Quanto mais você viver sem arrepender-se, tanto mais infeliz será o seu coração. Quando a velhice lhe sobrevier, e os cabelos grisalhos lhe encherem a cabeça; quando você for incapaz de ir aonde costumava ir e satisfazer-se no que outrora lhe dava prazer, a sua infelicidade e miséria irromperão como um homem armado... Escreva isto nas tábuas de seu coração: sem arrependimento, não há paz!

Espero ver muitas maravilhas no último dia! Desejo ver à direita do Senhor Jesus Cristo alguns daqueles que antes eu temia vê-los à sua esquerda. Verei à sua esquerda alguns do que eu supunha serem bons cristãos e esperava vê-los à direita. Todavia, há algo que, com certeza, não verei: à sua direita não verei nenhum homem que não se arrependeu.


Extraído de "Arrependimento", no livro Old Paths, reimpresso em inglês por Banner of Truth.
1. Trinta e Nova Artigos da Religião. Artigo XI, "A Justificação do Homem".

Copyright© Editora FIEL 2009.

00:07 2

“Que aproveita ao homem ganhar o mundo inteiro

e perder a sua alma?” (Marcos 8.36)

Estas palavras de nosso Senhor Jesus Cristo deveriam ressoar em nossos ouvidos como o retinir de uma trombeta. Elas se referem aos nossos melhores e mais elevados interesses. Dizem respeito à nossa alma.

Que pergunta solene está contida nestas palavras da Escritura! Que imensa soma de beneficio e de perda elas propõem ao nosso cálculo! Onde está aquele que é capaz de avaliá-la? Onde está o matemático que não ficaria perplexo com essa soma?  “Que aproveita ao homem ganhar o mundo inteiro e perder a sua alma?”

Desejo oferecer algumas observações para ressaltar e ilustrar a pergunta que o Senhor Jesus nos faz nesta passagem. Rogo a atenção séria de todos os que lêem este artigo... Oh! que todos os que assim o fizerem sintam mais profundamente do que nunca o valor de uma alma imortal. Descobrir o valor de nossa alma é o primeiro passo em direção ao céu.

Minha primeira observação é esta: todos nós temos uma alma imortal. Não me envergonho de começar... com estas palavras. Ouso dizer que elas parecem estranhas e tolas para alguns leitores. Ouso dizer que alguns exclamarão: “Quem não sabe de coisas como essas? Quem jamais pensou em duvidar que temos alma?” Mas não posso esquecer que o mundo está agora fixando sua atenção nas coisas materiais em uma proporção sobremodo extravagante. Vivemos numa era de progresso... Vivemos numa época em que as multidões estão cada vez mais absorvidas nas coisas terrenas... Vivemos num tempo em que há um falso esplendor nas coisas temporais e grande obscuridade nas coisas eternas... Em uma época como esta, como ministros de Cristo, temos o sagrado dever de retornar aos princípios elementares. Ai de nós, se não incutirmos nos homens esta pergunta de nosso Senhor a respeito da alma! Ai de nós, se não clamarmos: “O mundo não é tudo. A vida que agora temos na carne não é a única vida. Há uma vida por vir. Temos uma alma”.

00:31
C.H. Spurgeon
"Segundo a sua vontade ele nos gerou pela palavra da verdade, para que fôssemos como primícias das suas criaturas " (Tiago 1:18).

O apóstolo Paulo ensinou que a salvação é exclusivamente pela graça. Algumas pessoas dizem que Tiago não concordava com o apóstolo Paulo. Eles dizem que Tiago não ensina que o homem é salvo somente pela fé. Mas certamente, Tiago de fato concordava com Paulo. Ele sabia que tudo que há de bom no homem vem da graça de Deus. Tiago cria que o homem é salvo pela fé, e que a fé é dádiva de Deus. Ele escreveu: "Toda boa dádiva e todo o dom perfeito vem do alto, descendo do Pai das luzes..." (Tiago 1:17). Tiago não ensinou que as boas obras do homem de modo algum ajudam no que diz respeito a salvação, como algumas pessoas afirmam que ele ensinou. Ele dá toda a honra e a glória a Deus.

Eu também quero trazer honra e glória a Deus ao considerar este texto com vocês. O texto fala somente às pessoas que são salvas. Portanto devemos fazer antes de tudo uma divisão. Nem todos os homens são salvos. Nem todos são filhos de Deus. Precisamos sondar nossos corações e perguntar a nós mesmos se somos verdadeiros crentes em Jesus Cristo. Um dia Deus irá fazer uma separação entre os homens. Ele colocará aqueles que são crentes à sua mão direita. Essas pessoas irão aos céus. Ele colocará aqueles que não são crentes em Jesus à Sua mão esquerda. Essas pessoas irão para o inferno.

Vamos falar primeiro a respeito das pessoas mencionadas no texto, os filhos de Deus. Em seguida falaremos das responsabilidades que temos por sermos filhos de Deus.

1. 0 privilégio que pertence aos filhos de Deus é que eles foram regenerados, nascidos de novo pelo Espírito Santo, através da Palavra de Deus. "Segundo a sua vontade, ele nos gerou pela palavra da verdade" (1 Ped. 1:23). Recebemos muitas bênçãos depois de nascermos de novo. Todas essas bênçãos vêm através da absoluta e graciosa vontade de Deus. Deus não está obrigado a nos abençoar. Ele pode fazer como quiser. Ele pode decidir não nos abençoar de modo algum. Tudo que podemos reivindicar de Deus é justiça, o que significa que Deus deve nos punir pelos nossos pecados.

Estamos nas mãos de Deus, esperando saber o que Ele vai fazer. Se Deus assim desejar, Ele pode salvar toda a humanidade. Ou se Ele quiser, Ele pode decidir não salvar ninguém. Se Deus desejar, Ele pode, na Sua misericórdia, salvar um homem e deixar outro para sofrer a punição pelo seu pecado. Não há injustiça alguma da parte de Deus se Ele assim fizer. É direito soberano de Deus fazer o que Lhe aprouver. Deus diz na Bíblia: "... compadecer-me-ei de quem me compadecer, e terei misericórdia de quem eu tiver misericórdia" (Rom. 9:15-16).

Alguns ficam muito zangados com este ensinamento. A ira deles não muda o fato de que a verdade da soberania de Deus mantém-se firme como uma rocha. Deus não tem que explicar ao homem o que Ele faz. Ele faz o que quer, nos céus e na terra.

A doutrina da soberania de Deus traz grande alegria aos que crêem nEle. Nós nos regozijamos no amor de Deus que nos escolheu para sermos Seus filhos. Deus deixa as pessoas que Ele não escolheu seguirem seus próprios caminhos e perecerem no final. Ele teve misericórdia de nós porque assim o quis, mesmo antes de nós começarmos a orar e procurá-lO. Este propósito eletivo de Deus é precioso. No mundo precisamos pleitear, até com pessoas ricas, antes que elas nos dêem alguma coisa. Não tivemos que implorar a Deus. Todas as coisas preciosas que Ele nos deu, foi "segundo a sua vontade". Deus Se apraz na misericórdia, em dar livremente. O nome de Deus é amor e a natureza de Deus é amor. É natural ao sol enviar luz. É coisa natural Deus enviar a luz de Sua eterna graça.

Louvemos ao Senhor que nos amou quando estávamos mortos em nossas transgressões e pecados. Glorifiquemo-lO pela Sua misericórdia livremente demonstrada a nós. Não merecíamos a misericórdia de Deus. Freqüentemente desprezamos essa miseri¬córdia. Alguns de nós resistimos a misericórdia de Deus por longo tempo. Curvemo-nos então humildemente diante do trono de Deus. Vamos agradecer-Lhe pelas Suas misericórdias que duram para sempre. Quão maravilhoso é que, devido Deus assim o desejar, Ele teve compaixão de nós. O grande privilégio que Deus nos concedeu é que, através do poder divino do Espírito Santo, já nascemos de novo.

Nosso primeiro nascimento foi natural. Deus nos fez e nossos corpos são Sua maravilhosa criação. Nosso segundo nascimento foi espiritual. Nascemos de novo, regenerados pelo poder divino do Espírito Santo. Nosso segundo nascimento é uma obra de Deus, tão grande quanto o nosso primeiro nascimento, nossa criação natural. "Segundo a sua vontade" Deus nos deu uma nova vida, e nos fez novas criaturas. Acaso temos a certeza de que nascemos de novo? Sabemos que somos novas criaturas em Cristo?

Talvez às vezes tenhamos dúvidas se somos nascidos de novo. Mas o homem que nasceu de novo sabe que há uma mudança nele. Há vezes quando até aquelas pessoas que duvidam da sua salvação têm certeza que passaram da morte para a vida. Sonde seu próprio coração. Deixe que esta oração venha de seus lábios e coração: "Sonda-me, ó Deus, e prova-me". Devo advertir-lhes que se nada mais têm do que a natureza pode lhes dar, vocês perecerão. Viver uma vida boa e bem comportada não lhes dará uma entrada para o reino de Deus. "Necessário vos é nascer de novo" (João 3:7). Estas palavras estão no portão do céu. Até mesmo as pessoas mais destacadas na Igreja e na nação devem nascer de novo, para serem admitidas no céu. Não importa se vocês viveram uma boa vida ou se desobedeceram abertamente a lei de Deus — precisam nascer de novo. O Espírito Santo deve operar esta transformação sobrenatu¬ral em vocês. Esta mudança é o resultado do eterno propósito, poder e amor de Deus.

Aqueles que têm parte deste precioso privilégio são felizes. Embora estivessem mortos em transgressões e em pecado, agora eles estão vivos. Embora fossem carnais e terrenos, agora são espirituais. Eles estavam distanciados, mas agora foram trazidos para perto de Deus. Todos estes privilégios são exclusivamente devidos à soberana vontade de Deus. Se vocês nasceram de novo, agradeçam a Deus de todo o coração e humilhem-se diante dEle.

A maneira que esta mudança foi operada em nossos corações é claramente expressa: "Segundo a sua vontade, ele nos gerou pela palavra da verdade" (Tiago 1:18). Homens são geralmente salvos ao ouvirem o evangelho pregado. Alguns afirmam que a pregação da verdade é eficaz para salvar o homem. Isto não é totalmente verdadeiro. A verdade de Deus pode ser fielmente pregada e ninguém ser convertido. Outros dizem que o Espírito de Deus regenera as pessoas sem se utilizar da Palavra de Deus. Isto também não pode ser verdadeiro. A Bíblia nunca diz que o homem pode ser salvo sem a Palavra de Deus. A Palavra e o Espírito sempre operam juntos. A Bíblia diz: "Porque a palavra de Deus é viva e eficaz, e mais penetrante do que espada alguma de dois gumes..." (Heb. 4:12). As Escrituras ensinam claramente que o Espírito de Deus opera através da Palavra de Deus. A Palavra não opera sem o Espírito. "Portanto, o que Deus ajuntou não o separe o homem" (Mar. 10:9). Amigo, você foi salvo pela leitura da Palavra de Deus? A Palavra de Deus é o poder de Deus para a salvação de todo aquele que crê.

O que é esta Palavra de Deus que traz vida nova à pessoa? A palavra é a pregação da doutrina da cruz. Ninguém jamais nasceu de novo através da pregação da lei. A lei pode tornar um homem mais humilde. A lei pode quebrantar e ferir o homem. Ela poderá mostrar-lhe a punição que receberá como pecador. Contudo, a lei jamais lhe trará vida nova. A Bíblia diz: "... Deus estava em Cristo reconciliando consigo o mundo, não lhes imputando os seus pecados" (II Cor. 5:19). Algumas pessoas removem o sacrifício de Cristo do evangelho. Elas condenam o texto: "... o sangue de Jesus Cristo, seu Filho, nos purifica de todo pecado" (I João 1:7). Não deixam nada de evangelho. A palavra "sangue" é uma das mais solenes e importantes palavras em todas as Escrituras. As pessoas não serão salvas se esta doutrina não for pregada.

Se a pregação do evangelho trouxe salvação a você, então pregue-o aos outros. Fale a cada um do fato que Cristo morreu pelos pecadores. Afirme em todo lugar que qualquer um que crer no Senhor Jesus Cristo terá vida eterna. Diga às pessoas que Jesus Cristo foi o substituto dos culpados. Diga-lhes que Ele sofreu pelos pecadores; que a espada da justiça abateu o Pastor para que as ovelhas pudessem ser livres. Declare aos seus ouvintes como o Redentor sofreu a ira de Seu Pai para que os filhos dEle jamais tenham que enfrentar a Sua ira.

Nós crentes em Jesus devemos olhar para trás com gratidão e esperança pelo que Deus fez. "Segundo a sua vontade, ele nos gerou pela palavra da verdade".

2. Devemos pensar na obrigação que pesa sobre aqueles que têm o privilégio de serem salvos.

(I). Uma regra do governo de Deus tanto para aqueles que estão sob o evangelho como os que estão sob a lei, é que muito é esperado da pessoa a quem muito é dado. Nosso texto diz: "Segundo a sua vontade, ele nos gerou pela palavra da verdade, para que fôssemos como primícias das suas criatu¬ras".

Deus coloca aqueles que Ele salvou em primeiro lugar. Ele lhes dá mais dignidade do que ao resto das criaturas. O Seu povo escolhido é o Seu tesouro especial. Creio que as pessoas mais pobres dentre o povo de Deus são mais importantes do que os homens mais eminentes da terra que não são convertidos. Deus vê Seus santos como jóias na Sua coroa. Ele vê o resto da humanidade como pedras comuns. Deus tem grande prazer em Seu povo. O Seu povo é muito especial para Ele. Portanto o povo de Deus é um povo privilegiado. Contudo, privilégios especiais acarretam obrigações especiais. Quero falar-lhes a respeito dessas obrigações.

Deuteronômio 26:1-4 nos diz que em Israel os primeiros frutos eram recolhidos das colheitas. Em seguida eles eram entregues a Deus. No Novo Testamento, Tiago nos diz que Deus nos salvou para que possamos nos oferecer como uma oferta, como primícias, a Deus. Os israelitas traziam uma cesta das primeiras espigas de trigo, para oferecê-las em sacrifício ao Senhor. Esta oferta das primícias foi ordenada por Deus e é uma obrigação dos crentes de hoje. Temos que entregar ao Senhor uma parte de todo o dinheiro que ganhamos. Espero que vocês já estejam fazendo isso. Não quero falar agora a respeito de dar dinheiro ao Senhor. Tudo que vocês tiverem, e todo o seu tempo pertencem a Deus. Quero, entretanto, falar-lhes a respeito de si mesmos. Toda pessoa redimida deve concordar que foi comprada por um preço. Dizer que é redimido significa que pertence a Cristo. Estão vocês, de fato, vivendo dia após dia como aqueles que vivem para Cristo? Podem dizer honestamente: "Para mim o viver é Cristo"? (Fil. 1:21). Se você não pode dizer isso, meu amigo, você está se portando desonestamente como cristão. Deve examinar seu coração para descobrir o que está errado.

O principal propósito da vida do autêntico cristão deve ser o de tentar expandir o reino de Cristo. O cristão deve também procurar demonstrar a glória de Cristo em sua vida. Se vocês empenham seu tempo servindo a si mesmos, então não são servos de Deus. Se Cristo realmente vive em vocês, desejarão viver para Ele. Muitas pessoas dizem que são cristãs, mas não vivem como cristãs. Elas servem a Deus limitando-se a freqüentar a igreja. A Bíblia nos diz que as nossas obras para Cristo que não são verdadeiras serão queimadas por completo como se fossem madeira, palha ou resto¬lho. Até mesmo pregadores podem pregar a mensagem de Cristo com falta de sinceridade. Eles podem estar pregando somente para demonstrarem suas próprias habilidades. Tais pregadores trazem desonra ao nome de Cristo.

Venhamos a Cristo e confessemos nossas faltas. Peçamos graça para que em dias futuros possamos viver somente para Ele, que é o nosso "culto racional" (Rom. 12:1). Nossos espíritos, almas e corpos pertencem a Ele.

(II). A oferta das primícias no Velho Testamento era volun: tária. Não era obrigatório trazer as primícias. Entretanto, se a pessoa não trouxesse as primícias, ela perdia a bênção de Deus. Se trouxesse as primícias, Deus a amava porque era uma pessoa que dava prazerosamente. Peço que vocês se entreguem a Deus com a mesma disposição. Aos cristãos que não se entregaram verdadeiramente, eu digo: "Rogo-vos pois, irmãos, pela compaixão de Deus, que apresenteis os vossos corpos em sacrifício vivo, santo e agradável a Deus, que é o vosso culto racional" (Rom. 12:1). Rogar é uma palavra bem forte. Mas de fato eu "rogo" que vocês se entreguem a Deus. Em breve deixaremos este mundo. Lamentaremos então que perdemos oportunidades de servir ao Senhor. Vocês estão fazendo tudo que podem por Cristo? Jovens, vocês têm certeza que estão usando todas as habilidades que Deus lhes deu? Há algo mais que podem fazer por Cristo? Podemos continuar vivendo vidas vulga¬res. No entanto, tudo pode ser feito para a glória de Deus, até o comer e o beber. Qualquer que seja o nosso trabalho, devemos fazê--lo diligentemente e no temor de Deus. Então nosso serviço será aceito por Deus como se fôssemos pregadores do evangelho, os quais estão a serviço de Cristo em tempo integral. Venham como são e entreguem-se com tudo que possuem com alegria a Deus. Façam de vocês mesmos um "sacrifício vivo".

Observem em Deuteronômio 26:4 que o homem trazia as espigas de trigo numa cesta. Ele trazia de livre vontade, porém não era ele quem as oferecia a Deus. "E o sacerdote tomará o cesto da tua mão, e o porá diante do altar do Senhor teu Deus". Nossa oferta deve também ser entregue a Deus por meio de um mediador. Não podemos nos oferecer diretamente a Deus. Devemos vir a Deus através do nosso Mediador, o Senhor Jesus Cristo. Nada que podemos fazer é em si mesmo aceitável a Deus. Cristo deve cobrir tudo que fazemos com Seu próprio mérito. Devemos trazer nossos corações e nossas obras ao Senhor Jesus Cristo, que é o nosso Sumo Sacerdote. Devemos pedir a Cristo que nos tome da maneira que somos e nos ofereça diante do trono eterno de Deus. Quando Cristo faz isso, somos feitos "agradáveis no amado" (Ef. 1:6). Somos aceitos por causa do sangue e da justiça de Cristo.

Depois que as primícias foram oferecidas, parece que o adorador em Deuteronômio, capítulo 26, fazia uma confissão do que ele devia a Deus. O judeu lá permanecia com suas espigas de trigo. Ele confessava que seu pai era "Siro". Por "Siro" ele queria dizer "Abraão". Os descendentes de Abraão emigraram ao Egito. Lá, Deus multiplicou-os e eles se tornaram a nação de Israel. Deus libertou e trouxe os filhos de Israel do Egito, através do deserto, para a terra que Ele lhes havia prometido. O adorador lembrava-se então que à parte da bondade de Deus ele nada tinha. Ele dizia a Deus: "... tudo vem de ti, e da tua mão to damos" (I Crôn. 29:14). Nós também devemos lembrar de tudo que Deus nos tem feito. Por isso, devemos nos entregar de novo e tudo que temos a Deus.

Que privilégio é conhecer o Senhor Jesus Cristo como Salvador por muitos anos. Tivemos muitas experiências em nossas vidas. Fomos muito ingratos e omissos. Mas Deus tem demonstrado fidelidade e benevolência a nós que nada merecemos. Louvemos a Deus pelo Seu amor, pela Sua imutabilidade e pela Sua graça perdoadora. Lembrem-se de todos os pecados que lhes foram perdoados e de toda a graça que receberam. Lembrem-se de todas as orações que foram respondidas. Pensem em todas as provações das quais foram libertos. Pensem em todos os conflitos em que Deus lhes ajudou a ser vitoriosos e ofereçam-se como sacrifícios vivos a Deus. Se você, amigo, nunca negou nada de si para Cristo, faça-o agora. Quanto mais negar a si mesmo e fizer mais por Cristo, tanto mais feliz você será. A religião será um peso ao cristão indiferente, um costume a ser suportado, não um banquete a ser desfrutado.

O adorador seguia seu caminho após ter apresentado seu feixe de trigo. Deuteronômio diz que seu coração ficará alegre, e que ele será abençoado. O fato de que as primícias foram dadas a Deus significava que toda a colheita seria abençoada. Da mesma forma, os crentes hoje em dia são abençoados por Deus e são eles próprios uma bênção para os seus semelhantes.

A Bíblia diz: "Deus tenha misericórdia de nós e nos abençoe, e faça resplandecer o seu rosto sobre nós. Para que se conheça na terra o teu caminho, e em todas as nações a tua salvação" (Sal. 67:1-2). Bênçãos são dadas às nações através do povo de Deus. Lem¬brem-se da promessa: "Eu serei para Israel como orvalho; ele florescerá como o lírio, e espalhará as suas raízes como o Líbano" (Os. 14:5). Quando vocês se entregarem completamente a Deus, as pessoas ao seu redor serão abençoadas pela graça que Deus lhes dará. O verdadeiro avivamento começa em casa. Tirem primeiro as ervas daninhas de seus próprios jardins. Capinem seus jardins para que deles possam crescer flores. Se vocês querem que a graça de Deus passe às suas famílias, cuidem para que a graça de Deus esteja em suas próprias vidas. Entreguem-se ao Senhor agora, assim como as cestas de espigas de trigo eram entregues a Ele nos dias do Velho Testamento.

Até aqui estive falando aos filhos de Deus. Não posso falar, porém, da mesma maneira aos que não são filhos de Deus. Se o seu coração, meu ouvinte, não está correto diante de Deus, você não pode fazer oferta alguma a Ele. Deus não aceitaria nenhuma oferta a Ele oferecida que venha de um incrédulo.

No entanto, digo o que você pode fazer, por meio da graça de Deus. Você não pode trazer nada a Ele, mas pode pedir-Lhe algo. Você não pode ser um doador porém pode ser um receptor. Pode receber o amor de Cristo. Cristo apela a você que traga seu coração vazio e necessitado a Ele. Seu mandamento é: "Creia, e viverá". Crer é confiar em Cristo para lhe salvar. Ninguém que já creu em Cristo constatou que Ele não cumpriu a Sua promessa. Que você seja guiado pelo Espírito Santo a vir em confiança ao Salvador, Àquele que uma vez foi morto, mas que agora vive. Daí você dará a Deus todo o seu coração. Você irá então viver para Aquele que morreu por você.


Retirado do livro "SERMÕES SOBRE A SALVAÇÃO: C. H. Spurgeon"
Digitalizado e doado por:
Alcimar Da Silva Rodrigues

00:07
Jim Elliff

Jim Elliff
Uma Hora Íntima com Deus

Jim Elliff

Pr. Jim Elliff é o fundador e presidente da organização Christian Comunicators Worldwide (CCW). Obteve seu mestrado pelo Southwestern Baptist Theological Seminary. É membro da diretoria da FIRE (Fellowship of Independent Reformed Evangelicals) e é fundador do ministério Christ Fellowship, uma igreja constituída de congregações nos lares; é autor de vários livros, alguns deles publicados em português pela Editora Fiel. Jim é casado com Pam e o casal tem três filhos.
O Senhor nos convida a conhecê-Lo melhor. Que privilégio! Se a alegria celestial consiste em estar na presença do Senhor, sem qualquer pecado a obstruir-nos, certamente buscar a presença dEle agora tem de ser aquilo que mais almejamos.

Você sente necessidade de orar? Uma pessoa que não tem essa necessidade não pode estar vivendo pela fé. Deixar de orar é o mesmo que dizer: “Sou suficiente em mim mesmo para fazer tudo o que as pessoas me pedem”. Isto é realmente verdadeiro? Por meio de sua persistente auto-suficiência, você não ofende a Deus? A Bíblia afirma: “Sem fé é impossível agradar a Deus” (Hb 11.6).

As seguintes sugestões têm o propósito de ajudá-lo a gastar um tempo mais longo na oração e na meditação com Deus. Você pode ter esse tempo sozinho ou com outros crentes. A ordem das sugestões não é essencial; todavia, elas fornecerão um recurso proveitoso para se obter progresso espiritual. Esse instrumento pode ser utilizado diariamente ou em ocasiões especiais de comunhão com Deus. Alguns talvez desejarão seguir essa hora com leitura bíblica mais intensa.

Às vezes, será bom ajoelhar-se ou prostrar-se diante do Senhor — “Vinde, adoremos e prostremo-nos; ajoelhemos diante do Senhor, que nos criou” (Sl 95.6). Orar enquanto caminhamos também se mostrará proveitoso ou assentar-se quieto em uma cadeira confortável, de modo que focalizemos todos os nossos pensamentos em Deus. Certifique-se de encontrar um lugar tranqüilo.

1. Aproxime-se em Nome de Cristo

O encontro que temos com o Pai está completamente fundamentado nos méritos de Cristo. 

Em outras palavras, somente porque Cristo viveu de maneira perfeita, morreu para a satisfação do Pai e ressuscitou vitoriosa- mente por nós, temos o privilégio de nos achegarmos à presença de Deus. Devido ao fato de que o Pai aceita o Filho, o Pai nos aceita nEle. Deus, o Pai, nos tornou aceitáveis em Cristo.

Não o diga simplesmente em palavras, mas realmente creia em Cristo como seu mediador. Expresse em alguns detalhes a sua de- pendência da dignidade de Cristo e da sua obra vicária em nosso favor.

“Mas, agora, em Cristo Jesus, vós, que antes estáveis longe, fostes aproximados pelo sangue de Cristo. Porque, por ele, ambos temos acesso ao Pai em um Espírito” (Ef 2.13, 18).

2. Deleite-se nEle

Expresse sua admiração e deleite em Deus. Louve-O por seu caráter e seu poder. Nesta ocasião, não O adore por causa das atividades em sua vida, mas centralize-se na pessoa e nos atributos dEle: seu amor, sua paciência, sua infinitude, seu poder, sua santidade, sua graça, seu conhecimento, sua sabedoria, sua bondade, etc.

“Agrada-te do Senhor, e ele satisfará os desejos do teu coração” (Sl 37. 4).

3. Expresse-Lhe Seus Anseios

Conte para Deus o que você deseja mais do que todas as outras coisas. Expresse seus mais profundos anseios por comunhão com Ele e por santidade de vida ou qualquer outro anseio que houver em seu coração. Esse não é um tempo para orar a respeito de todas as coisas que você necessita, e sim de tornar conhecidos os seus mais profundos e permanentes desejos.

Talvez você queira transformar Efésios 1.15-23 em seu guia. 

“Como suspira a corça pelas correntes das águas, assim, por ti, ó Deus, suspira a minha alma. A minha alma tem sede de Deus, do Deus vivo” (Sl 42.1-2).

4. Leia um Salmo

Talvez você deseje ler um salmo para o dia, de acordo com o dia do mês. Acrescente 30 ao número do dia do mês, para conhecer os cinco salmos que poderiam ser lidos naquele dia. Por exemplo, no dia 15, os salmos seriam 15, 45, 75, 105 e 135). Pode ser proveitoso ler em voz alta o salmo escolhido.

5. Louve-O com Cânticos

Utilize um hinário, recorde cânticos ou hinos de memória ou componha seu próprio hino a partir das Escrituras.

“Celebrai com júbilo ao Senhor, todas as terras. Servi ao Senhor com alegria, apresentai-vos diante dele com cântico” (Sl 100.1-2).

6. Interceda Pelos Outros

Lembre-se…

Daqueles que lhe pediram sua oração em favor deles;
Dos líderes de sua igreja;
Dos missionários que você conhece;
Das autoridades de seu país;
Dos que ainda não são salvos;
De seus amigos;
Daqueles que estão em problemas, aflição, etc.

“Quanto a mim, longe de mim que eu peque contra o Senhor, deixando de orar por vós; antes, vos ensinarei o caminho bom e direito” (1 Sm 12.23).

7. Coloque seu Dia Diante do Senhor

Se você estiver orando pela manhã, talvez queira apresentar todos os aspectos do dia ao Senhor, citando um item de cada vez — “Senhor, dá-me paciência para com minha irmã, quando ela vier à mesa para o café, ajude-me a mostrar-lhe amor e bondade”; “Senhor, quando eu tentar realizar aquele negócio às duas horas da tarde, ajude-me a falar como um cristão deve fazê-lo e dê-me sabedoria”. Ao citar cronologicamente cada possível acontecimento de seu dia, você está aprendendo a confiar em Deus quanto aos detalhes de sua vida.

“Confia no Senhor de todo o teu coração e não te estribes no teu próprio entendimento. Reconhece-o em todos os teus caminhos, e ele endireitará as tuas veredas” (Pv 3.5-6).

8. Faça-Lhe Súplicas Sobre Outras Necessidades Especiais

Existem assuntos que exigem atenção em sua própria vida e na vida de outros, tais como a igreja ou a sua família. Conte esses assuntos a Deus e suplique-Lhe orientação, livramento, sabedoria ou qualquer outra coisa que você necessite. Nesse tempo de comunhão, você desejará lidar com algum arrependimento que Deus esteja exigindo. Confie que Ele lhe concederá graça para ser vitorioso. “Sê, pois, zeloso e arrepende-te” (Ap 3.19). Suplique com fé e verdadeira humildade.

“Acheguemo-nos, portanto, confiadamente, junto ao trono da graça, a fim de recebermos misericórdia e acharmos graça para socorro em ocasião oportuna” (Hb 4.16); “Pedi e recebe- reis, para que a vossa alegria seja completa” (Jo 16. 24).

9. Medite na Palavra de Deus

Meditar significa ponderar, refletir, contemplar, pensar demoradamente a Palavra de Deus. Se este é seu único tempo de ler a Bíblia, continue lendo a passagem de seu plano de leitura. Leia pelo menos um capítulo das Escrituras. Procure os versículos-chaves e medite sobre eles, pedindo a Deus que lhe mostre o que significam. Marque-os em sua Bíblia e rogue a Deus que lhe ajude a lembrar o que Ele está querendo mostrar-lhe. Peça ao Senhor que lhe dê uma maneira humilde de compartilhar essas verdades com outras pessoas. Leia para obedecer.

Se você estiver em um grupo de pessoas, permita que haja um tempo em que cada um poderá ler a Palavra. O líder talvez queira sugerir a passagem a ser lida pelo grupo. Se houver tempo, opiniões podem ser compartilhadas com os outros.

“Bem-aventurado o homem que não anda no conselho dos ímpios, não se detém no caminho dos pecadores, nem se assenta na roda dos escarnecedores. Antes, o seu prazer está na lei do Senhor, e na sua lei medita de dia e de noite. Ele é como árvore plantada junto a corrente de águas, que, no devido tempo, dá o seu fruto, e cuja folhagem não mucha; e tudo quanto ele faz será bem sucedido” (Sl 1.1-3).

10. Expresse gratidão a Deus

Ainda que haja dificuldades em sua vida, o Senhor tem sido bondoso para você. Expresse-lhe sua apreciação por atos específicos de bondade que Ele tem feito à luz daquilo que você realmente mereceria.

“Por meio de Jesus, pois, ofereçamos a Deus, sempre, sacrifício de louvor, que é o fruto de lábios que confessam o seu nome” (Hb 13. 15).
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02:15 1
Jim Elliff

O que Você Faz com a Imoralidade

Jim Elliff

Pr. Jim Elliff é o fundador e presidente da organização Christian Comunicators Worldwide (CCW). Obteve seu mestrado pelo Southwestern Baptist Theological Seminary. É membro da diretoria da FIRE (Fellowship of Independent Reformed Evangelicals) e é fundador do ministério Christ Fellowship, uma igreja constituída de congregações nos lares; é autor de vários livros, alguns deles publicados em português pela Editora Fiel. Jim é casado com Pam e o casal tem três filhos.

Quando o apóstolo Paulo ouviu que havia imoralidade na igreja de Corinto, ficou perplexo. A imoralidade era tal, que até a sensibilidade do mundo pagão seria ofendida — Há “quem se atreva a possuir a mulher de seu próprio pai” (1 Co 5.1). Todavia, a admiração de Paulo se devia, em grande parte, ao fato de que a igreja tolerou isso como um símbolo de honra. A igreja havia distorcido de tal modo o significado do amor, que se orgulhava de aceitar tais pessoas. “Contudo, andais vós ensoberbecidos e não chegastes a lamentar...?”, exclamou Paulo.

Este episódio revelador na história da igreja primitiva, encontrado em 1 Coríntios 5, não poderia ser mais relevante.Como disse Paulo: “Não é boa a vossa jactância”. A idéia de que algumas associações de cristãos professos conduz atualmente à luta em favor de uniões de pessoas do mesmo sexo, homossexualidade no sacerdócio e outras práticas que mitigam contra a pureza sexual e os laços do matrimônio certamente evocaria a justa indignação de Paulo, se estivesse vivo hoje.

A igreja não é um clube de voluntários formado de pessoas de qualquer convicção ou comportamento, uma entidade sem caráter, pronta a aceitar qualquer pessoa que deseja se unir no regozijo e excitação. É uma sociedade séria que possui limites. É para aqueles que foram vivificados por Deus, confessaram essa mudança publicamente, por meio do batismo, e estão comprometidos a andar em obediência e arrependimento todos os dias de sua vida. A igreja é uma união repleta de amor, não apenas de sentimentalismo — um amor que exige santidade (2 Tm 1.9; Gl 5.13; Rm 6.1).

Paulo apresenta uma lista dos limites da comunhão cristã nesta passagem. Entre os que a igreja deveria remover e com os quais não se deveria associar, estava “alguém que, dizendo-se irmão, for impuro, ou avarento, ou idólatra, ou maldizente, ou beberrão, ou roubador...”

Então, o que devemos fazer quando encontramos imoralidade dentro da igreja? Não pode haver engano quanto à resposta:

* Seja “tirado do vosso meio quem tamanho ultraje praticou”.
* Seja “entregue a Satanás”. (Isto significa: ao ser removido de seu meio, a igreja deixa tal pessoa no mundo e sob o controle de Satanás.)
* “Já em carta vos escrevi que não vos associásseis com os impuros.”
* “Com esse tal, nem ainda comais.”
* “Expulsai... de entre vós o malfeitor.”

No caso de pecados tão notórios como a imoralidade, a disciplina da igreja tem de ser imediata e decisiva. Por quê?

“Não sabeis que um pouco de fermento leveda a massa toda?” é a explicação. Quanto mais o fermento permanece em uma massa de farinha, tanto mais ele se espalha. Paulo usou a festa da Páscoa, do Antigo Testamento, para estabelecer seu argumento. Naquela festa, todo o fermento era removido dos lares, visto que era um símbolo do pecado. Paulo disse que o Cordeiro pascal havia sido imolado (ou seja, Cristo fora crucificado). Como igreja, devemos celebrar “a festa” (ou seja, viver constantemente em Cristo) sem o velho fermento da maldade.

Paulo defende apaixonadamente a pureza da igreja. Por um lado, exercer a disciplina é o melhor para a pessoa. É realmente a única atitude amável, neste caso. Permitir que o membro de uma igreja continue no pecado é semelhante a permitir que uma criança prejudique a si mesma e a seus irmãos, sem receber correção. Mas, por outro lado, exercemos disciplina porque Deus chamou a igreja à pureza.

Quando um frango está podre e cheio de vermes, você não fará o melhor se colocar um frango saudável na mesma sacola? É claro que não. O frango estragado e cheio de bichos sempre deteriora o saudável; nunca ocorre o contrário. Paulo escreveu na mesma carta: “As más conversações corrompem os bons costumes”.

Você têm caído neste velho problema da igreja de Corinto: orgulhar-se da tolerância indiscriminada?

Um pastor disse: “Jamais consegui levar nossa igreja a disciplinar seus membros. Hoje, existem tantas pessoas imorais entre nós, que discipliná-las causaria um grande conflito”. Esta mentalidade é exatamente a razão por que tantas igrejas são ineficazes em mudar a cultura e em trazer pessoas a um estilo de vida diferente.

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00:18

Desejo que você pertença à verdadeira igreja, fora da qual não existe salvação. Não estou perguntando: “Aonde você vai aos domingos?” Simplesmente quero saber: “Você pertence à verdadeira igreja?” Onde se encontra esta igreja? Quais suas características? Que marcas podem identificá-la? Talvez você faça estas perguntas. Preste atenção, lhe apresentarei algumas respostas.

1. A verdadeira igreja é constituída de todos os crentes no Senhor Jesus. É formada por todos os eleitos — homens e mulheres convertidos, verdadeiros cristãos. Em todo aquele que é capaz de reconhecer a eleição de Deus, o Pai, a aspersão do sangue de Deus, o Filho e a obra santificadora de Deus, o Espírito Santo — neste podemos ver um membro da verdadeira igreja de Cristo.

2. A verdadeira igreja possui membros que manifestam as mesmas características. Todos foram nascidos de novo por intermédio do Espírito Santo; possuem “o arrependimento para com Deus e a fé em nosso Senhor, Jesus Cristo”, bem como santidade em sua vida e conversa. Todos odeiam o pecado e amam a Cristo. (Adoram-No de maneiras e formas diferentes: alguns utilizam orações escritas, outros, as suas próprias palavras; alguns adoram ajoelhados, outros, em pé; mas todos adoram com todo o seu coração.) São guiados pelo Espírito Santo, edificam sua vida espiritual sobre o mesmo fundamento e aprendem sua religião de um único Livro — a Bíblia. Todos centralizam-se na mesma pessoa — Jesus Cristo; podem agora cantar unânimes, com inteireza de coração: “Aleluia!”, e responder a uma voz: “Amém, Amém”.

3. É uma igreja que não depende de qualquer ministro do evangelho, ainda que ela valoriza muito aqueles que o pregam a seus membros. A vida espiritual deles não está atrelada à sua membresia na igreja local, ou ao seu batismo, ou à sua participação na Ceia do Senhor, embora valorizem grandemente estas coisas, quando elas são realizadas. A verdadeira igreja possui apenas um Cabeça, Pastor e Bispo — Jesus Cristo. Somente Ele, por intermédio de seu Espírito, recebe os membros desta igreja, embora os ministros do evangelho mostremlhes a porta. Enquanto Ele não abrir a porta, nenhum homem poderá fazêlo — nem bispos, nem presbíteros, nem concílios ou sínodos. Quando o homem se arrepende e crê no evangelho, neste momento ele se torna membro desta igreja. Assim como o ladrão arrependido, o homem que se arrepende e crê talvez não tenha ocasião para ser batizado. Mas ele tem algo que é superior a qualquer batismo: o batismo do Espírito. Talvez ele não possa receber o pão e o vinho na Ceia do Senhor, mas se alimenta do corpo e do sangue de Cristo por meio da fé que a cada dia ele manifesta; e nenhum pastor ou sacerdote é capaz de impedi-lo. Homens consagrados ao ministério podem excomungá-lo e privá-lo da participação nas ordenanças exteriores da igreja professa; no entanto, todos os homens do mundo não são capazes de expulsá-lo da verdadeira igreja. A existência da verdadeira igreja não depende de formas, cerimônias, grandes edifícios, púlpitos, vestes, instrumentos musicais, talentos, dinheiro, reis, governos, magistrados ou qualquer atos de favor da parte dos homens. Ela tem sobrevivido e permanecido mesmo quando todas essas coisas lhe foram retiradas. A verdadeira igreja tem sido expulsa para os desertos ou para as cavernas e antros da terra, por aqueles que deveriam ter sido seus amigos. Sua existência não depende de nada, exceto da presença de Cristo e do Espírito Santo. E, se Eles estão sempre ao lado da igreja, esta não poderá desaparecer.

4. A verdadeira igreja tem o direito bíblico de honra e privilégios no presente e as promessas da glória eterna, no futuro. Ela é o corpo e o rebanho de Cristo, a família e a casa de Deus; é o edifício construído por Deus e o templo do Espírito Santo. Ela é a igreja dos primogênitos, cujos nomes estão arrolados nos céus. A verdadeira igreja é o sacerdócio real, a nação eleita, o povo que pertence exclusivamente a Deus, a herança adquirida, a habitação de Deus, a luz do mundo, o sal e o trigo da terra. É a “santa igreja católica”, do credo apostólico, a “igreja católica e apostólica”, do credo niceno. A verdadeira igreja é aquela para a qual o Senhor Jesus prometeu: “As portas do inferno não prevalecerão contra ela”; e: “Eis que estou convosco todos os dias até à consumação do século” (Mt 16.18; 28.20).

5. É a única que possui verdadeira unidade. Seus membros concordam unanimemente em todas as grandes verdades do cristianismo, pois o Espírito Santo os instrui. No que diz respeito à pessoa de Deus, de Cristo e do Espírito Santo e no que se refere ao pecado, a seus próprios corações, à fé, ao arrependimento, à necessidade de santidade, ao valor da Bíblia, à importância da oração, à ressurreição e ao julgamento vindouro — em todos estes assuntos, eles possuem o mesmo pensamento. Converse com três ou quatros dentre eles, que não conhecem um ao outro, dos mais remotos lugares da terra; verifique separadamente suas opiniões sobre estes assuntos: descobrirá que todos demonstram o mesmo entendimento.

6. É a única igreja que possui a verdadeira santificação. Seus membros são santos, não apenas porque professam e têm esse nome ou porque, devido à sua caridade, os outros o reputam como santos. Eles realmente são santos em atitudes, vida e verdade. Todos eles se conformam à imagem de Jesus Cristo. Nenhum homem ímpio pertence a esta igreja.

7. É a única igreja verdadeiramente católica. Não pertence a um povo ou a uma nação. Seus membros se encontram em todas as partes do mundo, onde quer que o evangelho seja recebido pelas pessoas e estas creiam nele. Não está confinada às fronteiras de qualquer país ou enclausurada no âmbito de quaisquer formas de governo. Nesta igreja, não existe qualquer diferença entre judeus e gentios, pretos e brancos, episcopais e presbiterianos — a fé em Cristo é tudo que importa. O membros da verdadeira igreja serão reunidos do norte, do sul, do leste e do oeste; procederão de todas as línguas e nações — Em Cristo, eles serão um.

8. É a única igreja verdadeiramente apostólica. Está edificada sobre os fundamentos dos apóstolos e mantém as doutrinas que eles pregaram. Os dois grandes alvos de seus membros são a fé e a prática dos apóstolos. E seus membros consideram como “bronze que soa” e “címbalo que retine” a pessoa que professa seguir os ensinos dos apóstolos e não possui esses dois grandes alvos.

9. É a única igreja que com certeza permanecerá até ao fim. Nada pode destruí-la ou vencê-la. Seus membros são perseguidos, aprisionados, oprimidos, decapitados, afligidos e lançados ao fogo; mas a verdadeira igreja jamais foi extinta. Ela sempre ressurgiu de suas tribulações; sobreviveu ao fogo e a água. Quando desarraigada de um país, ela brotou em outro. Os faraós, Herodes, Neros e as Marias Sanguinárias têm se esforçado em vão para destruir essa igreja. Assassinam os seus milhares de membros e, em seguida, morrem, indo para seu próprio lugar. A verdadeira igreja sobrevive a todos eles e os vê perecer, cada um a seu tempo. Ela é uma bigorna que já quebrou e ainda destruirá muitos martelos neste mundo; é uma sarça que está sempre ardendo em fogo, mas não se consome.

10. É a única igreja cujos membros jamais perecerão. Uma vez que se tornem parte dessa igreja, os pecadores estão salvos por toda a eternidade; jamais serão lançados fora. A eleição da parte do Pai, a contínua intercessão do Filho e o poder santificador do Espírito Santo os cerca e protege tal como um jardim fechado. Nenhum dos ossos do corpo místico de Cristo jamais será quebrado; nenhuma ovelha do rebanho de Cristo jamais será arrebatada de suas mãos.

11. A verdadeira igreja realiza a obra de Cristo na terra. Seus membros constituem um pequeno rebanho; comparados aos filhos do mundo, seus membros são poucos em número. Um ou dois aqui, dois ou três ali; um pequeno grupo aqui, outro ali. Mas estes membros são aqueles que transtornam o mundo. Eles, por meio de suas orações, mudam o destino dos povos; são trabalhadores enérgicos na obra de propagar o conhecimento da verdadeira e pura religião; são o escudo, a defesa, a coluna e o suporte de qualquer país ao qual pertencem.

12. É a igreja que será realmente gloriosa no final de todas as coisas. Quando toda a glória terrena houver desaparecido, a igreja será apresentada sem mácula diante do trono de Deus. As potestades, os principados e poderes deste mundo se tornarão em nada. As dignidades, as posições elevadas e a sabedoria humana — todas passarão; mas, no final, a igreja dos primogênitos resplandecerá como as estrelas do firmamento e será apresentada com júbilo diante do trono do Pai, no dia da manifestação visível de Cristo. Quando as jóias do Senhor Jesus estiverem completas e os filhos de Deus se tornarem manifestos, episcopais, presbiterianos e congregacionais não serão mencionados; somente uma igreja será conhecida naquele dia, a igreja dos eleitos.

Leitor, esta é a verdadeira igreja à qual o homem tem de pertencer, se deseja ser salvo. Enquanto você não pertencer a esta igreja, sua alma estará perdida. Talvez você tenha a forma, a casca e a aparência da religião, mas não possui a essência e a vida. Sim, é provável que você desfrute de muitos privilégios visíveis, de bastante luz e de conhecimento — mas, se não pertence ao corpo de Cristo, sua luz, privilégios e conhecimento não lhe salvarão a alma. Infelizmente, hoje prevalece muita ignorância sobre este assunto. Os homens imaginam que, se fazem parte desta ou daquela igreja, ou recebem a comunhão, ou passam por esta ou aquela cerimônia, tudo está bem com sua alma. Isto é iludir-se completamente e cometer um terrível engano. Nem todas as pessoas da nação de Israel eram, de fato, israelitas; nem todos os que professam ser membros do corpo de Cristo são verdadeiramente crentes. Preste atenção: você pode ser um convicto anglicano, batista, metodista, presbiteriano, etc., e, apesar disso, não pertencer à verdadeira igreja. E, se não pertence, seria melhor não haver nascido.

01:20
John Newton
A Missão da Igreja
A missão da igreja não é reformar o mundo, nem erradicar as suas práticas más. Nosso único propósito é pregar o evangelho de Cristo. Se homens e mulheres chegarem a amar o Salvador, não há dúvida de que a conduta exterior deles será transformada. As seguintes palavras foram ditas por John Newton em uma conferência de pastores, em janeiro de 1778. Ele estava falando sobre como a igreja pode realizar transformações morais no mundo. Seus comentários se mostram tão apropriados hoje como o foram na sua época.

“O evangelho de Cristo, o glorioso evangelho do Deus bendito, é o único instrumento eficaz para transformar a humanidade. O homem que possui e sabe como utilizar esta grande e maravilhosa ferramenta, se posso fazer esta comparação, conseguirá facilmente aquilo que, de outro modo, seria impossível. O evangelho remove as dificuldades intransponíveis à capacidade humana: faz o cego ver e o surdo ouvir; amolece o coração de pedra; ressuscita aquele que estava morto em ofensas e pecados para um vida de retidão.

Nenhuma outra força, exceto a do evangelho, é suficiente para remover os imensos fardos de culpa de uma consciência despertada; para aquietar o ardor de paixões incontroláveis; para levantar uma alma mundana atolada no lamaçal da sensualidade e da avareza, para uma vida divina e espiritual, uma vida de comunhão com Deus.

Nenhum sistema, exceto o evangelho, é capaz de transmitir motivos, encorajamentos e perspectivas suficientes para resistir e frustrar todas as armadilhas e tentações com as quais o espírito deste mundo, com suas carrancas ou com seus sorrisos, se esforça para intimidar e afastar-nos do caminho do dever. Mas o evangelho, entendido corretamente e recebido com alegria, trará vigor ao desanimado e coragem ao temeroso. Tornará generoso o mesquinho, moldará a lamúria em bondade, amansará a fúria de nosso íntimo. Em resumo, o evangelho dilata o coração egoísta, enchendo-o com um espírito de amor para com Deus, de obediência alegre e irrestrita para com a vontade dEle, bem como de benevolência para com os homens.”

00:04
Parábola de um Homem do Mar - John Newton
Parábola de um Homem do Mar

Imaginemos certo número de navios, em diferentes ocasiões e provenientes de lugares diversos, dirigindo-se ao mesmo porto. Há algumas coisas em que todos eles se igualariam: a bússola pela qual se orientam, o porto que têm em vista e as regras gerais de navegação seriam as mesmas. Em outros particulares, eles difeririam. Talvez não houvesse dois deles que tivessem de enfrentar a mesma distribuição de ventos e as mesmas condições atmosféricas. Alguns vemos partir com vento favorável, mas, quando já pensavam que a travessia seria completada em segurança, eis que são batidos por rajadas adversas. Depois de suportar muitos reveses e perigos e freqüentes expectativas de naufrágio, escapam por pouco e alcançam o porto.

Outros encontram as maiores dificuldades no começo da viagem. Partem em meio a uma tempestade, e por muitas vezes são obrigados a recuar; finalmente sua viagem encontra ventos favoráveis, e aportam com uma carga rica e abundante. Alguns são duramente assediados por fragatas e inimigos, sendo obrigados a lutar para abrir passagem. Outros se defrontam com poucas coisas notáveis em sua travessia.

Não sucede assim na vida espiritual? Todos os crentes verdadeiros orientam-se pelas mesmas regras e obedecem às mesmas coisas: a Palavra de Deus é uma bússola; Jesus é tanto sua estrela polar como seu sol de justiça; seus corações e seus rostos estão todos voltados na direção de Sião. Os crentes verdadeiros são como um só corpo, animado por um único Espírito; apesar disso, a sua experiência, baseada nesses princípios comuns, está longe de ser uni- forme. O Senhor, no seu primeiro chamamento e nos seus atos
providenciais subseqüentes, atenta para a situação, o temperamento e os talentos de cada um, bem como para os serviços ou provas especiais que lhes designou. Todos são provados ocasionalmente, a despeito de que alguns atravessam o mar da vida muito mais suavemente do que outros. Mas Aquele que “anda sobre as asas do vento e mede as águas na concha de sua mão” não permitirá que alguém sob seu encargo pereça na tempestade, embora, por algum tempo, seja possível que muitos deles cheguem ao ponto de perder as esperanças.

Não devemos, portanto, fazer da experiência alheia, em todos os sentidos, uma regra para nós mesmos, nem fazer da nossa própria experiência uma regra para os outros. Trata-se de erros comuns, os quais geram muitos outros enganos. Meu caso foi extraordinário; quase não pude encontrar outro semelhante ao meu. Poucos, bem poucos, se têm recuperado de tão terrível estado. Os poucos que têm sido assim favorecidos geralmente têm passado pelas mais severas provas; mas, depois que o Senhor lhes proporciona a paz, suas vidas daí por diante usualmente têm sido mais zelosas, reluzentes e exemplares.

00:01 1
John MacArthur

Nada Além da Verdade - John MacArthur
Nada Além da Verdade

John MacArhtur, autor de mais de 150 livros e conferencista internacional, é pastor da Grace Comunity Church, em Sum Valley, Califórnia, desde 1969; é presidente do Master's College and Seminary e do ministério "Grace to You"; John e sua esposa Patrícia têm quatro filhos e quatorze netos.

Deus nunca teve a intenção de ser adorado pelas pessoas sem que elas utilizassem suas mentes para isso. A verdadeira espiritualidade começa com uma compreensão precisa da verdade. Embora eu veja que muitos cristãos contemporâneos estejam trilhando os caminhos da experiência mística e da fantasia.

Uma ilustração disso é o que li, uma vez, num artigo do jornal Los Angeles Times:

PASADENA, Calif. – Por detrás da bandeira militante da “guerra espiritual”, um grupo crescente de evangélicos e líderes cristãos carismáticos estão preparando um grande ataque ao que eles chamam de poderes cósmicos das trevas. Fascinados com a idéia de que Satanás comanda uma hierarquia de demônios territoriais, algumas organizações missionárias e pastores de grandes igrejas estão planejando estratégias para “derrubar as fortalezas” dos espíritos malignos, que supostamente estão no controle de cidades e países. Alguns propagadores desse movimento inexperiente já alegaram que reuniões de oração com esse foco removeram a maldição do Triângulo das Bermudas; levaram o guru Baghwan Shree Rajneesh à decadência, em 1985, e produziram uma diminuição da criminalidade por um período de duas semanas, bem como do trânsito na rodovia de Los Angeles, durante as Olimpíadas de 1984. O professor do Seminário Fuller, C. Peter Wagner, que escreveu vastamente sobre esse assunto, liderou a então chamada reunião de cúpula sobre a guerra espiritual no nível cósmico... na cidade de Passadena, em Calif. Muitos homens e mulheres participaram dessa reunião, inclusive um casal do Texas, que liderava um grupo denominado “Generais da Intercessão”, e um homem vindo do Oregon, que conduzia “campos de treinamento em guerra espiritual”. Em seu comentário de abertura, Wagner afirmou: "Se você não souber o que está fazendo, e poucos... possuem essa habilidade necessária, Satanás o engolirá no café da manhã".

Receio que esse tipo de mentalidade seja apenas um exemplo de como a igreja tem se tornado vítima do Movimento da Nova Era, uma forma sutil e disfarçada do misticismo hindu. É a crença em tudo e a crença na nulidade, sem distinção entre a fantasia e a realidade.

Muitas das igrejas cristãs professas estão em perfeita harmonia com o espírito de anti-intelectualismo do Movimento da Nova Era. Por exemplo, a Igreja Católica Romana enfatiza o ritual mecânico – um anti-intelectualismo, no qual a cerimônia mística substitui a adoração com inteligência. E, nesse ponto, as Escrituras passam a ser subservientes à igreja.

Os protestantes liberais tem enfatizado a reforma social – um anti-intelectualismo político produzido pelo desespero de tentar encontrar a verdade, sem que haja submissão à autoridade das Escrituras como o padrão para se governar a igreja.

Os carismáticos têm enfatizado, por um longo período, o subjetivismo – um anti-intelectualismo baseado na experiência, que é o produto de uma teologia deficiente e do manejo negligente das Escrituras.

Essas coisas tendem a contribuir para um cristianismo irracional, místico, que é a antítese do desígnio de Deus para sua igreja.

É por essa razão que estou tão preocupado. Um professor de seminário alega que se não aprendermos algumas técnicas misteriosas sobre guerra espiritual, Satanás nos engolirá no café da manhã! Isso é verdade? O apóstolo Pedro diz: "O diabo, vosso adversário, anda em derredor, como leão que ruge procurando alguém para devorar" (1 Pedro 5:8). Mas o contexto é sobre um chamado à sobriedade e à vigilância, não uma estratégia para uma guerra cósmica mística.

Alguns sugerem que tudo o que precisamos fazer é amarrar Satanás, dizendo: "Satanás, você está amarrado", e ele será preso. Eles citam Mateus 12.29, em que Jesus diz: "Ou como pode alguém entrar na casa do valente e roubar-lhe os bens sem primeiro amarrá-lo? E, então, lhe saqueará a casa". 

Mas Jesus estava afastando a tola acusação dos fariseus de que Ele fazia sua obra pelo poder de Satanás (vv. 27-28), não estava dando um roteiro sobre como os crentes poderiam “amarrar”a Satanás. Ele usa a ilustração de um ladrão, que planejando roubar a casa do homem valente, no momento em que o valente nela se encontrava, deveria primeiro amarrá-lo ou correria o risco de ser preso e espancado. O ponto principal para Jesus era demonstrar, para os fariseus e para todo Israel, o seu poder sobre Satanás e o reino do maligno. Somente Deus tem o poder e a autoridade para entrar na casa do próprio Satanás e ser bem-sucedido em amarrá-lo e forçá-lo a sair de sua propriedade. Satanás barrou até mesmo o caminho de Paulo (1 Tessalonicences 2:18). Será que podemos assumir que Paulo não conhecia a fórmula certa?

Não existe uma frase mágica ou um mantra que possamos recitar para amarrar a Satanás, mas Deus não nos deixou sem uma estratégia divina para lidar com ele. A estratégia de Deus está centrada na verdade objetiva e não na experiência subjetiva. Começa com a sã doutrina e não com uma técnica cabalística. Apesar de ser uma ironia o fato de que aqueles que mais falam sobre a guerra contra Satanás minimizem a importância da doutrina.

Em Efésios 6:11 Paulo declara: "Revesti-vos de toda a armadura de Deus, para poderdes ficar firmes contra as ciladas do diabo". Qual é a nossa armadura? Ela consiste no cinto da verdade (não apenas em conhecermos a verdade, mas em sermos comprometidos com ela), a couraça da justiça, os calçados do evangelho da paz (a confiança de que temos paz para com Deus), o escudo da fé, o capacete da salvação (confiança em nossa segurança em Cristo) e a espada do Espírito, que é a Palavra de Deus. Não há alusão alguma a nenhuma daquelas técnicas secretas. Em vez disso, o texto fala de uma compreensão clara da verdade bíblica e de um firme comprometimento com essa verdade e a santidade.

Quando resistimos a Satanás, ficando firmes na armadura da verdade de Deus, Satanás foge. Tiago 4:7 afirma: "Resisti ao diabo, e ele fugirá de vós". Pedro disse: "Resisti-lhe firmes na fé"(1 Pedro 5:9, ênfase acrescentada); firmes na fé cristã, que é a verdade revelada. O que é a verdade objetiva e não alguma força cósmica que não podemos ver. Visto que Satanás é enganador e mentiroso, podermos resistir-lhe com sucesso somente se conhecermos e obedecermos a verdade.

Paulo disse: "Porque, embora andando na carne, não militamos segundo a carne. Porque as armas da nossa milícia não são carnais, e sim poderosas em Deus, para destruir fortalezas, anulando nós sofismas e toda altivez que se levante contra o conhecimento de Deus, e levando cativo todo pensamento à obediência de Cristo" (2 Coríntios 10:3-5). Reafirmando, não combatemos Satanás com palavras mágicas e poderes imaginários; confiamos no poder da verdade de Deus à medida que ela leva até mesmo os nossos pensamentos cativos ao Senhor. Essa é a vitória genuína e cabal sobre os poderes satânicos.

Não importa como Satanás ataque, a solução é sempre a mesma. Permanecemos na verdade. Não precisamos aprender estratégias misteriosas para lutar contra Satanás. A verdade de Deus é a arma suprema contra o pai das mentiras (cf. João 8:44). Somente quando conhecemos a verdade e nos comprometemos a obedecê-la é que permanecemos fortes.

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Traduzido por: Waléria Coicev
Copyright © John MacArthur & Grace to You
© Editora FIEL 2009.
Traduzido do original em inglês: And Nothing but the Truth, com a permissão do ministério Grace to You.

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John MacArthur
Adoração Significativa

Se você visitar Londres, não terá qualquer problema em reconhecer a Catedral de São Paulo. Ela é considerada uma das dez mais belas construções do mundo e domina os céus de Londres. Aquela venerável construção permanece como um monumento ao seu criador — o astrônomo e arquiteto Christopher Wren. A Cadetral de São Paulo é a mais famosa realização de Christopher Wren, mas existe uma interessante história a respeito de uma construção menos famosa que ele projetou.

Wren recebeu a incumbência de projetar o interior da Câmara Municipal, em Windsor, ao oeste do centro de Londres. Seu projeto exigia colunas largas para suportar o teto elevado. Quando a construção foi terminada, os vereadores vistoriaram o edifício e expressaram preocupação a respeito de um problema: as colunas. O problema não era que eles estavam preocupados com a utilidade das colunas; eles apenas queriam um número maior de colunas.

A solução de Wren foi tão maldosa quanto a sua inspiração. Ele fez exatamente como lhe haviam pedido, instalando quatro novas colunas e satisfazendo as exigências de seus críticos. Aquelas colunas permanecem na Câmara Municipal, em Windsor, até hoje; e não são difíceis de identificar. Elas são as únicas que não suportam qualquer peso e, na realidade, nem alcançam o teto. Aquelas colunas são imitações. Wren as instalou para satisfazerem um único propósito — proporcionar melhor aparência. Elas são um embelezamento construído para agradar os olhos. No que diz respeito a suportar o edifício e a fortalecer a estrutura, elas se mostram tão úteis quanto os quadros pendurados nas paredes.

Embora me entristeça ao dizer isto, creio que muitas igrejas têm construído as suas próprias colunas decorativas, especialmente no culto. Vocês já observaram que na adoração congregacional —aquilo que os crentes fazem quando se reúnem — não é difícil achar crentes que a adoração tenha deixado vazios? Alguma coisa está faltando — alguma coisa importante.

Será que estamos colhendo as conseqüências de abandonarmos o modelo bíblico de adoração e construindo um modelo simplesmente decorativo? É possível que tenhamos construído uma fachada que não oferece qualquer suporte, não sustenta qualquer peso e está muito aquém de alcançar as alturas que Deus projetou e desejou que caracterizassem a adoração?

A verdadeira e genuína adoração não é uma opção para o povo de Deus. Não é uma sugestão; não é uma proposição do tipo “pegar ou largar”. A adoração no Dia do Senhor deveria ser a maior alegria de nossa semana. É a nossa oportunidade de engajarmos nossa mente nas coisas de Deus; de nos regozijarmos com o povo de Deus; de nos aquecermos na presença dEle; de bebermos corporativamente da sua Palavra; de dedicarmos nossos talentos e recursos; de encorajarmos e sermos encorajados e de Lhe oferecermos os nossos louvores.

A ênfase na adoração bíblica e nos elementos que constituem um culto rico e transformador tem sido substituída, em anos recentes, por aquilo que é superficial. A substância tem sido trocada por aquilo que é a sombra. O conteúdo foi lançado fora, para dar lugar ao estilo. O significado foi banido, o método tomou-lhe o lugar. O culto talvez pareça correto, mas traz consigo pouco valor espiritual.

Essa tendência talvez seja mais evidente em uma área muito íntima ao meu coração — o ensino da Palavra de Deus. Os exemplos mais óbvios são igrejas que menosprezam francamente a Bíblia e o ensino do seu verdadeiro significado, ao mesmo tempo que enfatizam o ritual e a tradição.

No entanto, esse é um exemplo muito fácil de citarmos. O que podemos dizer sobre as igrejas evangélicas, conservadoras que tomaram um caminho um pouco diferente, mas igualmente perigoso?

Os cultos, que antes centralizavam-se no ensino da Bíblia, têm sido substituídos por entretenimento ostentoso e mini-sermões. A luz das Escrituras tem sido perdida e em seu lugar há luzes de shows e efeitos especiais. A presença do pastor no palco é mais examinada do que o seu sermão. O tempo que antes era reservado ao ensino do pastor tem sido reduzido a alguns desprezíveis minutos de humor e bate-papo. Isto parece uma coluna decorativa que não suporta muito peso e nunca alcança o teto.

As ordenanças constituem outra área que foi deixada de lado nos cultos. Por ordenanças, eu me refiro ao batismo em água e à Ceia do Senhor — a comunhão. A Bíblia é clara. O batismo e a comunhão são integrais à vida da igreja e devem ter um papel elevado na adoração.

Mas algumas igrejas abandonaram completamente o batismo e a Ceia do Senhor, relegando-as aos cultos do meio da semana, quando provavelmente ofendem menos os incrédulos. Além disso, o significado do batismo e da Ceia do Senhor raramente é ensinado; e isto os condena à morte lenta nas mãos da obscuridade e da negligência.

Talvez você fique surpreso com a outra área que perdeu muito do seu significado na adoração. É um assunto sobre o qual não falo com freqüência, mas tem sido vital à minha igreja e ao seu ministério. Creio que a música tem perdido o seu devido lugar na adoração e tornou-se uma coluna ornamental. Em vez de nos conduzir a uma resposta ativa e pessoal à verdade de Deus, a música se tornou um barulho de segundo plano cujo objetivo é manter-nos ocupados, enquanto os pratos de coleta são passados. Em vez de elevar nossos pensamentos a respeito de Deus, além do nível que podemos fazê-lo sozinhos, a música se tornou uma rotina sem significado que raramente observamos. Em vez de desprender nos das pompas da vida diária e de atrair nossos pensamentos para o alto, a música se tornou um intervalo colocado antes da pregação. Em vez de glorificar a Deus, a música se tornou um estimulante para o ego de alguns cantores. Em vez de envolver nossas mentes na verdade a respeito de quem Deus é e do que Ele tem feito, a música é um carrossel emocional onde subimos e descemos quando queremos.

Mas o segredo de tornarmos mais significativa a música da adoração é uma questão de escolhermos músicas antigas e/ou músicas de estilo diferente? Não necessariamente. Martinho Lutero disse que a música é um servo criado e outorgado por Deus. Lutero estava correto. A música em si mesma — as notas, os sons, o ritmo — é apenas um instrumento para ajudar-nos a transmitir a verdade. Enquanto o estilo não contradiz nem obscurece a verdade, e a mensagem está correta, a música é uma questão de preferência.

O verdadeiro âmago da música é o seu significado — é a verdade contida em sua melodia. A verdade é a fonte da qual jorra toda a verdadeira adoração. A verdade é aquilo que torna a música uma coluna de sustentação e não apenas um ornamento na igreja. Quando a nossa música está fundamentada na verdade, ela eleva nossos pensamentos a Deus; impulsiona nosso coração em direção ao céu, de um modo que nenhuma outra coisa pode fazê-lo. A música nos emociona e, ao mesmo tempo, escava profundamente o solo empedernido de nosso coração. Acima de tudo, a música nos faz deixar de olhar para nós mesmos e atribui a glória a Deus. A música eleva nossa consciência da santidade de Deus e intensifica tanto o nosso senso de completa indignidade como o nosso senso de desventura.

Certamente, a música pode e deve produzir emoções. No entanto, as emoções devem surgir em resposta à verdade, e não ao custo da verdade. Por si mesmas, as emoções nunca se qualificam como adoração.

Tenho receio de que, enquanto não reconhecermos o devido lugar da música e nos treinarmos para escolhê-la e utilizá-la com cuidado, a música permanecerá como nada mais do que um simples ornamento, contribuindo muito pouco para a edificação da igreja. E o que é pior: teremos perdido o verdadeiro poder que a adoração tem a oferecer — o poder que transforma nossas vidas e nos atrai a maior intimidade com Deus.

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Reforma Radical

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