01:17 1
“Aquietai-vos e sabei que eu sou Deus” (Salmo 46:10)

Este Salmo soa como um hino da igreja em tempos de grande turbulência e desolações no mundo. É por isso que a Igreja se gloria em Deus como seu amparo, sua força e socorro bem presente, mesmo em tempos de grandes tribulações e dificuldades. “Deus é o nosso refúgio e fortaleza, socorro bem presente na angústia. Portanto não temeremos, ainda que a terra se mude, e ainda que os montes se transportem para o meio dos mares. Ainda que as águas rujam e se perturbem, ainda que os montes se abalem pela sua braveza.” (Versículos 1, 2, 3).

A igreja se gloria em Deus, não apenas por Ele ser o seu ajudador, que a defende quando o resto do mundo se vê envolto em desgraças e calamidades, mas porque, como rio refrescante, lhe dá ânimo e alegria, mesmo em meio da calamidade pública. “Há um rio cujas correntes alegram a cidade de Deus, o santuário das moradas do Altíssimo. Deus está no meio dela; não se abalará. Deus a ajudará, já ao romper da manhã.” (vv. 4, 5). Nos versículos 6 e 8 se declara as profundas mudanças e calamidades que agitavam o mundo: “As nações estão em tumulto, os reinos caem, lança-lhe a sua voz, e a terra se derrete. Vinde, contemplai as obras do SENHOR, que trouxe desolação na terra.” No texto que se segue se expressa admiravelmente a maneira como Deus livra a igreja destas desgraças, especialmente dos desastres da guerra e da fúria de seus inimigos: “Ele faz cessar as guerras até ao fim da terra; quebra o arco e corta a lança; queima os carros no fogo”. Ou seja, Ele faz cessar as guerras quando são contra o Seu povo, Ele quebra o arco quando se verga contra Seus santos.

Segue então estas palavras:  “Aquietai-vos, e sabei que eu sou Deus”. A soberania de Deus se manifesta em suas grandes obras, as quais aparecem descritas nos versos anteriores. Aqueles mesmas terríveis desolações que Ele desencadeou em Seu desígnio de livrar Seu povo utilizando meios terríveis, mostram também a Sua grandeza e Seu Senhorio. Através de tudo isto, demonstração de poder e soberania, e assim ordena a todos estar quietos, e reconhecer que Ele é Deus. Porque disse: “sou exaltado entre as nações, sou exaltado na terra.”

Disto se pode derivar observações interessantes

1. O dever de ficar quieto diante de Deus, debaixo das mercês de Sua providência. Isto implica que devemos manter quietude de palavras, nos resignando de falar ou reclamar contra os desígnios da Providência, não obscurecendo a razão com palavras de ignorância, nem usando a linguagem pomposa da vaidade. Temos de manter a calma em nossas ações e em nossa  conduta, de modo que não contrariemos a Deus em seus desígnios. E em relação à disposição interior de nossos corações, devemos cultivar a calma e uma serena submissão de espírito à vontade soberana de Deus, seja ela qual for.

2. Podemos considerar fundamentos deste dever, isto é, a Divindade de Deus. O fato dEle ser Deus é razão mais do que suficiente para que devamos estar quietos diante dEle, sem o menor murmúrio, sem objeção, sem oposição, mas tranquilamente e com humildade submeter-nos a Ele. Como devemos cumprir este dever de estar quietos diante de Deus? Simplesmente com um sentido de Sua Divindade, compreendendo que o fundamento é o conhecimento de que Ele é Deus. Nossa submissão é o que corresponde aos seres racionais. Deus não requer que nos submetamos a Ele contra a razão, senão como vendo a razão e o fundamento de fazer assim. Daí que, a mera constatação de que Deus é Deus pode ser o suficiente para calar todas as objeções e oposição aos Seus Divinos e Soberanos desígnios.

Tudo isto pode ser visto considerando o seguinte:

1. Porquanto Ele é Deus, é um Ser absoluta e infinitamente perfeito, sendo impossível que pudesse incorrer em erro ou maldade. E, como é Eterno e não deve sua existência a nenhum outro, não pode em medida alguma ter limitações no seu ser nem em nenhum de Seus atributos. Se algo tem limites em sua natureza, deve haver alguma causa ou razão pelas quais estes limites estão ali. Assim se deduz que toda coisa limitada deve ter uma causa. Portanto, Aquele que não tem causa deve ser ilimitado. As obras de Deus mostram com toda evidência que Sua sabedoria e Seu poder São infinitos, pois quem fez todas as coisas do nada, que as sustenta, governa e as dirige a todo momento e em todas as eras, sem se cansar, tem que possuir um poder infinito. Igualmente tem que ser infinito em conhecimento, pois se Ele fez todas as coisas, e sem cessar sustenta e governa a todas, segue-se que Ele continuamente e num único olhar, vê e conhece perfeitamente todas as coisas, tanto as grandes como as pequenas.

O qual não é possível sem um conhecimento infinito. Sendo, pois, infinito em conhecimento e poder, Deus tem que ser perfeitamente santo. A falta de santidade supõe sempre defeito e pobreza de visão. Onde não há trevas nem engano, não pode faltar a santidade. É impossível que a maldade possa coexistir com a luz infinita. Deus, sendo infinito em poder e conhecimento, precisa ser totalmente autossuficiente. Portanto, é impossível que Ele possa cair em qualquer tentação ou cometer alguma falta. Não há nenhum motivo para que ele incorra em nada semelhante. Sempre que alguém é tentado a ceder ao incorreto, é para fins egoístas. Então, como poderia um ser Todo-poderoso – que não precisa de nada – ser tentado a fazer algo errado por fins egoístas? Portanto, é impossível a Deus, que é essencialmente santo, possa em sentido algum incorrer no mal.

2. Pelo fato de ser Deus, Ele é tão grande que está infinitamente além de toda compreensão. Portanto, é irracional de nossa parte pretender julgar Suas decisões, uma vez que estas são misteriosas. Se fosse um ser ao qual nós pudéssemos compreender, não seria Deus. Seria irracional não supor nada além do fato de que há muitas coisas na natureza de Deus, e em Suas obras e governo, que são para nós um mistério que jamais poderemos descobrir.

O que somos e que ideia temos de nós mesmos se esperamos que Deus e Seus desígnios possam estar ao nível de nosso entendimento? Somos infinitamente incapazes de tal coisa como compreender a Deus. Para nós seria menos irracional conceber que uma casca de noz pudesse conter um oceano. Jó 11 versículo 7 em diante diz: “Porventura alcançarás os caminhos de Deus, ou chegarás à perfeição do TodoPoderoso? Como as alturas dos céus é a sua sabedoria; que poderás tu fazer? É mais profunda do que o inferno, que poderás tu saber? Mais comprida é a sua medida do que a terra, e mais larga do que o mar”. Se pudéssemos perceber a distância entre Deus e nós, entenderíamos a razoabilidade da interrogação do apóstolo Paulo em Romanos 9.20: “… ó homem, quem és tu, que a Deus replicas?”.

Se cremos encontrar faltas no governo de Deus, estamos virtualmente supondo que somos capazes de ser seus conselheiros; quando na realidade seria mais conveniente, com grande humildade e adoração, clamar com o apóstolo (Romanos 11.33-36): “Ó profundidade das riquezas, tanto da sabedoria, como da ciência de Deus! Quão insondáveis são os seus juízos, e quão inescrutáveis os seus caminhos! Por que quem compreendeu a mente do Senhor? ou quem foi seu conselheiro? Ou quem lhe deu primeiro a ele, para que lhe seja recompensado? Porque dele e por ele, e para ele, são todas as coisas; glória, pois, a ele eternamente. Amém”.

Se houvesse meninos que levantassem a voz para criticar os órgãos legislativos de seu país ou para colocar em causa de juízo as decisões do poder executivo, não se estimaria que eles estavam se intrometendo em coisas demasiado elevadas para eles? E quem somos nós senão bebês? Pois nossas inteligências são infinitamente menores do que as dos bebês, em comparação com a sabedoria de Deus. O [mais] sensato para nós é levar isto em conta e ajustar nosso comportamento a isso. Diz o Salmo 131:1,2: “SENHOR, o meu coração não se elevou nem os meus olhos se levantaram; não me exercito em grandes matérias, nem em coisas muito elevadas para mim. Certamente que me tenho portado e sossegado como uma criança desmamada de sua mãe”.

Esta única compreensão da distância infinita entre Deus e nós, e entre o entendimento de Deus e do nosso, deveria ser suficiente para nos silenciar e para acatarmos com serenidade tudo o que Deus faz, não importa o quanto possa parecer misterioso ou ininteligível. 

Também não temos direito algum de esperar que Deus nos explique em particular a razão de Seus atos ou desígnios. Está mais do que justificado que Deus não nos dê, vermes do pó que somos, razão se seus assuntos, que assim possamos captar a distância que nos separa dEle, e Lhe adoremos e nos submetamos a Ele em humildade e reverência. Podemos ver a este respeito por que, quando Jó padecia sofrendo, por desígnio Divino, cruéis penas, Deus lhe respondeu não explicando as razões da sua misteriosa providência, mas fazendo-lhe ver sua condição de miserável verme, de nada; e quão distante ele estava da altura Deus. Essa atitude Divina estava em maior consonância com Deus do que haver entrado em algum debate com Jó, ou haver-lhe revelado o mistério de suas dificuldades.

E para Jó foi bom se submeter a Deus naquelas coisas que não conseguia entender, as quais quis trazer-lhe a resposta Divina. Convém que Deus habite na escuridão profunda, ou em luz que nenhum ser humano pode resistir, a qual ninguém viu nem pode ver. Nada há de estranho em que um Deus de infinita glória resplandeça com um brilho demasiado rutilante e poderoso para o olho humano. Porque mesmo os anjos, esses espíritos poderosos, aparecem cobrindo seus rostos perante esta luz (Isaías 6).

3. Sendo que Ele é Deus, todas as coisas são suas, portanto tem direito de dispor delas de acordo com Sua vontade e prazer. Todas as coisas deste mundo inferior são suas. “Pois o que está debaixo de todos os céus é meu” (Jó 41.11). “Eis que os céus e os céus dos céus são do Senhor teu Deus, a terra e tudo o que nela há” (Deuteronômio 10: 14). Todas as coisas são suas porque todas procedem dEle; são totalmente dEle e somente dEle.

Aquelas coisas feitas por homens não são inteiramente deles. Quando um homem edifica uma casa, não é completamente sua, nenhum dos materiais com que foi feita lhe deve a sua origem. Todas as criaturas são total e completamente fruto do poder de Deus.

É lógico, portanto, que todas sejam para ele e sujeitas à Sua vontade (Provérbios 16:4). Assim, como todas as coisas são de Deus, e todos são sustentadas por Ele, e se afundariam em ruína em um instante se Ele não as mantivesse. E todas são para Ele: “Porque dele e por ele, e para ele, são todas as coisas” (Romanos 11:36). “Porque nele foram criadas todas as coisas que há nos céus e na terra, visíveis e invisíveis, sejam tronos, sejam dominações, sejam principados, sejam potestades. Tudo foi criado por ele e para ele. E ele é antes de todas as coisas, e todas as coisas subsistem por ele” (Colossenses 1:16,17). Toda a humanidade é sua: suas vidas, seu alento, seu ser, “pois nele vivemos, nos movemos e somos.” Nossas almas e as nossas capacidades Lhe pertencem. “Eis que todas as almas são minhas; como o é a alma do pai, assim também a alma do filho é minha: a alma que pecar, essa morrerá.” (Ezequiel 18.4).

4. Posto que Ele é Deus, é digno de ser soberano sobre todas as coisas. Amiúde os homens possuem mais do que são dignos de possuir. Porém Deus não é somente dono de todo o universo, sendo que todo este procede e depende dEle, senão que tal é Sua perfeição, a excelência e dignidade de Sua natureza, que é digno de ser soberano sobre tudo. Ninguém deveria ousar a opor-se a que Deus exerça a soberania do universo como se não fosse digno disto, pois o ser soberano absoluto do universo não é glória ou honra demasiado grandes para Ele.

Todas as coisas no céu e terra, anjos e homens, não são nada comparados a Ele; Todos são como uma gota de água em um balde ou como um grão de areia na praia. É tão apropriado que cada coisa esteja em suas mãos, para que Ele delas disponha segundo lhe aprouver. Sua vontade e desejo são de importância infinitamente maior do que de todas as criaturas. É correto que Sua vontade seja feita, ainda que seja contrária a todos os demais seres, que Ele faça de si mesmo Seu próprio fim, e que disponha de todas as coisas para si. Deus é dotado de tais perfeições e excelências que possui o título de ser o soberano absoluto do mundo.

Certamente, é muito mais apropriado que todas as coisas estejam debaixo da direção de uma sabedoria irrepreensível e perfeita do que expostas a cair em confusão ou sujeitas a causas incontroláveis. Além disso, não é bom que nenhum negócio do governo de Deus possa permanecer sem a direção de Sua sábia providência, especialmente aquelas coisas de maior importância.

É absurdo supor que Deus pudesse estar obrigado a prevenir qualquer criatura de pecar e de expor-se a um castigo adequado. Se assim fosse, resultaria que não pode haver tal coisa como um governo moral de Deus sobre as indivíduos racionais, e seria arbitrário para Deus dar mandamentos já que Ele mesmo seria a parte comprometida a observar a conduta e estaria fora do lugar das promessas e das ameaças. Mas se Deus pode deixar que alguém peque e se exponha à punição, então resulta ser muito mais apropriado que o assunto seja tratado com sabedoria – quem em justiça deve a causa do pecado permanecer exposta a castigo e quem não – que permitir que venha pela confusão ou acaso.

Não é digno do Governador do universo deixar as coisas ao acaso, é natural para Ele governar todas as coisas por meio de sabedoria. E como Deus possui sabedoria que O autoriza a ser soberano, assim também tem o poder que lhe permite executar o que Sua sabedoria aconselha. Mais ainda, Ele é essencial e invariavelmente santo e justo, e infinitamente bom, por isso está perfeitamente qualificado para governar o mundo da melhor maneira possível.

Portanto, quando ele age como soberano do mundo, o indicado para nós é estarmos quietos e submeter-nos de boa vontade, sem objetar de forma alguma que Ele tenha a glória de Sua soberania, pelo contrário, consciente de Sua dignidade, reconhecê-la com gozo, dizendo: “Teu é o reino, o poder e a glória, para sempre”, e repetir com aqueles em Apocalipse 5:13: “Ao que está assentado sobre o trono… sejam dadas ações de graças, e honra, e glória, e poder…”

5. Porquanto Ele é Deus, será soberano e agirá como tal. Ele se assenta no trono de Sua soberania e o Seu reino é exercido sobre tudo. Em seu soberano poder e domínio será exaltado, como Ele mesmo declara: “Serei exaltado entre os gentios; serei exaltado sobre a terra”. Ele fará saber a todos que é o Supremo Senhor de toda a terra. Ele executa sua vontade com o exército do céu e os moradores da terra, e ninguém pode estorvar Sua mão. Não pode haver tal coisa como frustrar, prejudicar ou invalidar Seus desígnios, pois Ele é grande em pensamento e maravilhoso em ação. Seu conselho prevalecerá, e fará tudo o que lhe apraz.

Não há sabedoria, nem inteligência, nem talento em oposição ao Senhor. Qualquer coisa que Ele quer fazer durará para sempre; nada lhe será adicionado ou removido. Quando ele age, quem lhe fará reparos? Ele pode, se quiser, esmiuçar Seus inimigos. Se os homens se unem contra Ele para estorvar ou opor-se a Seus desígnios, Ele: “quebra o arco e corta a lança; queima os carros no fogo”. Ele mata e faz viver, derruba e edifica, segundo o conselho de Sua vontade. Ele diz em Isaías 45.6,7: “Para que se saiba desde o nascente do sol, e desde o poente, que fora de mim não há outro; eu sou o Senhor, e não há outro. Eu formo a luz, e crio as trevas; eu faço a paz, e crio o mal; eu, o Senhor, faço todas estas coisas.”

Nem os eminentes, nem ricos, nem sábios podem impedir ou torcer a vontade de Deus. Ele despede decepcionados os doutos e não presta homenagem aos aristocratas, nem concede privilégio aos ricos sobre os pobres. Existem muitos subterfúgios no coração humano; porém o conselho do Senhor e os pensamentos de Seu coração permanecem através de todas as gerações. Quando concede paz, quem pode causar problemas? E se Ele esconde o rosto, quem pode contemplá-lO? O que Ele derruba não pode ser reconstruído e ao que silencia assim permanece. Quando Ele Se propõe a algo, quem O impedirá? E quando estende Sua mão, que o fará recolhê-la? Não há, portanto, uma maneira de impedir que Deus seja soberano nem que aja como tal. “Logo, pois, compadece-se de quem quer, e endurece a quem quer”. (Romanos 9.18). Ele tem as chaves da morte e do inferno, e abre e não há quem feche; fecha e não há quem abra. Isso pode nos fazer ver a loucura de nos opormos aos soberanos desígnios de Deus, e quão sábios são aqueles que quietamente e de bom ânimo se submetem à Sua soberana vontade.

6. Como Ele é Deus, está em posição de se vingar daqueles que se opõem à Sua soberania. Ele é sábio de coração e forte em poder, quem poderá endurecer-se contra Deus e sair em paz? A isso deve responder todo o que intente contender com Ele. E ai do miserável que quiser pelejar contra Deus; poderá defender sua posição diante dEle? A qualquer de seus inimigos movidos de orgulho, o Senhor lhes mostrará que está acima deles. Virão a ser como palha ao vento, ou como gordura de carneiros; o fogo os consumirá e desaparecerão. “Não há indignação em mim. Quem me poria sarças e espinheiros diante de mim na guerra? Eu iria contra eles e juntamente os queimaria.” (Isaías 27:4)


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♦ Fonte: www.iglesiareformada.com
♦ Tradução: www.OEstandarteDeCristo.com

04:54
Durante a Reforma Protestante, Martinho Lutero escreveu um pequeno livreto intitulado “O Cativeiro Babilônico Da Igreja”. Nele, Lutero comparou o regime opressor de Roma no século XVI ao suplício de Israel, enquanto era mantido cativo às margens dos rios da Babilônia. 

Eu tenho freqüentemente me perguntado como Lutero se posicionaria em nossa presente era e no estado em que a igreja se encontra nos dias de hoje. Eu suspeito que ele escreveria para nosso tempo seu livro, sob o título "O Cativeiro Pelagiano da Igreja". Eu tenho tal suspeita pelo fato de que o próprio Lutero tenha considerado precisamente este como o livro mais importante que já redigiu, sua magnum opus, “A Escravidão da Vontade” (De Servo Arbítrio). 

Penso também que Lutero enxergaria a grande ameaça para a igreja de hoje devido ao Pelagianismo, em razão do que se desenrolou depois da Reforma. Historiadores tem dito que apesar de Lutero ter vencido a batalha contra Erasmus no século XVI, ele a perdeu no século XVII e foi afinal demolido no século XVIII, graças às conquistas obtidas pelo Pelagianismo e pelo Iluminismo. Ele veria a igreja de hoje enlaçada pelo Pelagianismo, tendo assim este inimigo da fé conseguido estabelecer uma fortaleza sobre nós. 

O Pelagianismo em sua forma pura foi pela primeira vez articulado pelo homem cujo nome cunhou seu ensino, um monge bretão do século Quarto. Pelágio envolveu-se em um feroz debate com Santo Agostinho, um debate provocado pela reação do monge à oração de Agostinho: "Ordena aquilo que Tu desejas, e conceda aquilo que Tu ordenas".  Pelágio insistia que uma obrigação moral necessariamente implicava em capacidade moral. Se Deus exigia dos homens que estes vivessem vidas perfeitas então estes homens deveriam ter a capacidade de viver tais vidas perfeitas. Isto levou Pelágio a sua completa negação do pecado original 1. Ele insistia que a queda de Adão tinha afetado somente o homem Adão; não haveria a realidade da natureza humana caída e herdada que afligiria a humanidade. Além disso, refutava a idéia da necessidade da graça como necessária para a salvação; afirmava que o homem seria capaz de ser salvo por suas obras sem a necessidade de assistência da graça. O pensamento de Pelágio foi: a graça pode facilitar a obediência, mas não seria uma condição necessária para tal. 

Agostinho triunfou em sua luta contra Pelágio, cujas visões foram conseqüentemente condenadas pela igreja. Ao condenar o Pelagianismo como heresia, a igreja veementemente confirmou a doutrina do pecado original. Na visão de Agostinho, isto sedimentou e alicerçou a noção de que apesar do homem caído ainda possuir um vontade livre no sentido que ele retém a capacidade de escolher, sua vontade é decaída e escravizada pelo pecado a tal ponto, em tamanha magnitude e extensão, que o homem não possui liberdade moral. O homem não pode não pecar. 

Depois do encerramento do conflito, visões modificadas de Pelagianismo voltaram a assombrar a igreja. Essas visões foram aglutinadas sob o nome de semi-Pelagianismo. O semi-Pelagianismo admitiu a Queda como real e uma real transferência do Pecado Original para a descendência de Adão. O homem está arruinado e caído, e precisa da graça a fim de que seja salvo. Contudo, esta visão insiste que nós não estamos tão decaídos a ponto de nos encontrarmos totalmente escravizados pelo pecado ou totalmente depravados em nossa natureza. Uma ilha de justiça permanece no homem decaído por meio da qual tal pessoa ainda possui poder moral para inclinar- se, por si mesmo, sem a intervenção da graça operativa, em direção às coisas de Deus. 

Apesar da igreja antiga ter condenado o semi-Pelagianismo tão vigorosamente quanto condenou o próprio Pelagianismo, ele de fato nunca morreu. No século dezesseis os magistrados reformadores ficaram convencidos que Roma havia se degenerado do puro Agostinianismo e abraçado o semi-Pelagianismo. Não é um detalhe histórico insignificante mencionar que o próprio Lutero tenha sido um monge da Ordem Agostiniana. Lutero viu em sua luta contra Erasmus e Roma, um retorno ao conflito titânico entre Agostinho e Pelágio. 

No século dezoito, o pensamento Reformado foi desafiado pelo surgimento do Arminianismo, uma nova forma de semi-Pelagianismo. O Arminianismo conseguiu capturar o pensamento de proeminentes homens, como por exemplo John Wesley. A cisão doutrinária entre Wesley e George Whitefield focava-se neste aspecto. Whitefield enfileirou-se então para o lado de Jonathan Edwards na defesa do Agostinianismo clássico durante o "Grande Avivamento" norte-americano.

O século XIX testemunhou o reavivamento do Pelagianismo puro através dos ensinamentos e da pregação de Charles Finney. Finney não dosou palavras acerca de seu Pelagianismo escancarado. Finney rejeitou a doutrina do Pecado Original (junto com a visão ortodoxa da Expiação e a doutrina da Justificação Somente pela Fé). Mas a tremenda bem-sucedida metodologia evangelística de Finney de tal forma marcou e envolveu seu nome, que ele se tornou um modelo reverenciado pelos modernos evangelistas e ainda hoje comumente é considerado um herói da Fé Evangélica, a despeito de sua completa rejeição à própria doutrina evangélica. 

Apesar da Fé Evangélica americana não ter abraçado o Pelagianismo puro e direto de Finney (fato que coube aos Liberais o fazerem), tal pensamento infectou profundamente o meio evangélico por meio do pensamento e da teologia semi-Pelagiana,a tal ponto que o semi-Pelagianismo é percebido ostensivamente nos dias modernos de forma aguda e profunda, em diversas camadas do pensamento teológico evangélico.  Apesar da maioria dos evangélicos não hesitarem em afirmar que o homem caiu, poucos abraçam a doutrina reformada da Total Depravação. 

Trinta anos atrás eu estava ensinando Teologia em uma faculdade evangélica que era pesadamente influenciada pelo semi-Pelagianismo. Eu estava trabalhando sobre os 5 pontos do Calvinismo usando o acróstico TULIP com uma classe com cerca de 30 alunos. Após apresentar uma extensa e detalhada exposição da doutrina da Total Depravação, eu perguntei à classe quantos deles estavam convencidos acerca da doutrina. Todos os 30 levantaram as mãos. 

Eu sorri e disse: “Veremos...” 

Eu escrevi o número 30 no canto esquerdo do quadro-negro. Enquanto eu prosseguia com a doutrina da eleição incondicional, muitos dos estudantes então começaram a pular e reagir. Fui subtraindo do número original 30 os que iam manifestando sua insatisfação e desacordo. Quando atingi a doutrina da Expiação Limitada, o número tinha caído de trinta para três. 

Então eu tentei mostrar aos estudantes que se eles realmente abraçassem a doutrina da Total Depravação, então as outras doutrinas descritas nos 5 Pontos deveriam simplesmente na verdade ser consideradas como notas de rodapé. Os alunos logo descobriram que de fato eles realmente não acreditavam na total depravação do homem, no final das contas. Eles acreditavam em depravação, mas não no sentido total. Eles ainda desejavam reter a convicção sobre uma ilha de justiça que não tinha sido afetada pela Queda por meio da qual pecadores poderiam ainda manter uma capacidade moral para se inclinarem por si próprios a Deus. Eles acreditavam, sim, que a fim de ser regenerados, eles precisavam primeiro exercer fé por meio do exercício de suas vontades. Eles não criam que a divina e sobrenatural ação do Espírito Santo seria uma pré-condição necessária para fé. 

Erasmus havia vencido. 

Os autores da introdução ao ensaio sobre “A Escravidão da Vontade” escreveram: 
“Qualquer um que terminar este livro sem ter percebido que a teologia evangélica mantém-se em pé ou cai com a doutrina da Escravidão da Vontade, o leu inutilmente. A doutrina da justificação livre unicamente pela fé, que se tornou o olho do furacão de tamanha controvérsia surgida no período da Reforma Protestante, é considerada com freqüência como o coração da Teologia dos Reformadores, mas isto é dificilmente reciso. A verdade é que o pensamento de tais homens estava realmente concentrado sobre esta contenda...que a completa salvação do pecador tem lugar pela livre e soberana graça unicamente...é pois  a nossa salvação completamente da parte de Deus, ou a final de contas depende de algo que depende de nós mesmos? Aqueles que afirmam a segunda opção (os Arminianos o fazem) portanto negam a declarada incapacidade do homem advinda do pecado, e também confirmam que uma forma de semi-Pelagianismo é verdadeiro, de alguma maneira. Não é de se admirar, portanto, que a primitiva teologia Reformada condenou o Arminianismo, como sendo em princípio um retorno a Roma... e uma traição à Reforma... o Arminianismo foi, verdadeiramente, aos olhos dos Reformadores, uma renúncia ao Cristianismo do Novo Testamento em favor do Judaísmo neotestamentário; pelo fato de alguém se garantir a si mesmo por fé, não ser afinal diferente em nada do princípio de se repousar nas suas própria obras, sendo anti-Cristão tanto um pensamento quanto o outro”. 

Estas são palavras severas. Verdadeiramente para alguns são até palavras contenciosas. Mas de uma coisa eu estou certo: elas espelham e refletem com precisão os sentimentos de Agostinho e dos Reformadores. A questão da magnitude e extensão do Pecado Original está atrelado inseparavelmente à nossa compreensão da doutrina da Sola Fide. Os Reformadores compreenderam claramente que existe uma imprescindível ligação entre Sola Fide e Sola Gratia. Justificação unicamente pela fé significa pela graça unicamente.
Assim sendo, o semi-Pelagianismo em seu formato Erasmiano cria uma ruptura entre as duas e apaga o fator SOLA do temo Sola Gratia. 


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TRADUTOR: HERON J. B. DE MOURA
FONTE: www.monergismo.com

00:39
“As linhas caem-me em lugares deliciosos: sim, coube-me uma formosa herança.” (Salmos 16: 6.)
“Os seus caminhos são caminhos de delícias, e todas as suas veredas de paz.” (Provérbios 3:17)
  
As palavras que eu li para vocês, queridos amigos, do Salmo dezesseis, são própria e originalmente as palavras do Senhor Jesus Cristo. “As linhas caem-me em lugares deliciosos: sim, coube-me uma formosa herança.” Vocês observarão isto, se olharem para o décimo versículo do Salmo: “Pois não deixarás a minha alma no inferno, nem permitirás que o teu Santo veja corrupção.” Este versículo, vocês sabem, é repetidamente aplicado a Cristo no Novo Testamento. Vocês sabem, queridos irmãos, que Cristo, quando na terra, foi homem de dores, e experimentado nos trabalhos. Ele foi desprezado e rejeitado dos homens, um homem de dores, experimentado nos trabalhos, e nós escondemos, por assim  dizer, nossos rostos dEle. “Verdadeiramente ele tomou sobre si as nossas enfermidades, e as nossas dores levou sobre si; e nós o reputávamos por aflito, ferido de Deus, e oprimido.” (Isaías 53:4). 

E ainda assim, irmãos, é quase evidente que em todo o tempo de Sua vida havia uma santa alegria constante através dEle. Embora nunca nos tenha sido dito que Cristo sorriu, ainda é dito que “Ele se regozijou”. Vocês encontrarão sinais evidentes disto através dos Evangelhos, e mais através dos Salmos. Assim, embora Cristo fosse o fiador de um mundo culpado – mesmo que das entranhas da cruz houvesse uma coroa de espinhos prestes a estar em sua fronte, ainda assim Ele tinha um santo júbilo; sim, mesmo em sua morte Ele pôde dizer: “As linhas caem-me em lugares deliciosos: sim, coube-me uma formosa herança.” 

Assim como foi com Cristo, assim é com os seus seguidores. Você têm seus sofrimentos peculiares, crente, que o mundo não conhece; ainda assim você tem tido paz, bem saltitando de júbilo, então tal como o nosso Senhor, você pode dizer: “As linhas caem-me em lugares deliciosos: sim, coube-me uma formosa herança”. “Os caminhos de Cristo são caminhos de delícias, e todas as suas veredas de paz”.

Eu tomo estes de vós, para testemunhar que são crentes e aflitos, não é verdade que, em todos os seus sofrimentos singulares, vocês têm tido um júbilo singular? Cristo um dia disse aos seus discípulos: “Uma comida tenho para comer, que vós  não conheceis”. Então, nós temos uma alegria que o mundo não conhece  –  um júbilo que todas as tempestades e problemas temporais não podem perturbar. “As linhas caem-me em lugares deliciosos: sim, coube-me uma formosa herança.” 

Eu gostaria de mostrar-lhes a partir destas palavras, a real satisfação em ser um filho de Deus. Eu desejo mostrar-lhes:

1. Que os prazeres dos não-convertidos são falsos prazeres.
2. Que os deleites dos filhos de Deus são deleites reais. 


I. Os prazeres dos não convertidos são falsos prazeres, porque: 

1.  Eles não satisfazem. Eles aparentam satisfazer, mas eles não satisfazem. Quando satanás direciona vocês aos prazeres mundanos, ele diz: “As águas roubadas são doces, e o pão tomado às escondidas é agradável”. Mas quando vocês vêm a provar as águas roubadas, digam-me, não há nisto algo indesejável[?]. Observem Provérbios 14:13, “Até no riso o coração sente dor e o fim da alegria é tristeza”. Ah, irmãos, não é assim? Vocês que têm usufruído da maioria dos prazeres mundanos  –  a maioria  das  suas  diversões, não é verdade, que “até no riso o coração sente dor e o fim da alegria é tristeza”. Não é verdade que os seus  lábios e o seus corações frequentemente contrariam-se? Não éfrequentemente verdade que há uma nuvem de sofrimento em seu coração, quando há um sorriso em seu semblante? 

Quando vocês estão no meio de sua diversão, não é verdade que “Até no riso o coração sente dor e o fim da alegria é tristeza”? “Todo que beber desta água terá sede novamente.” “Disse eu no meu coração: Ora vem, eu te provarei com alegria; portanto goza o prazer; mas eis que também isso era vaidade.” (Eclesiastes 2:1). “Ao riso disse: Está  doido; e da alegria: De que serve esta?” (Eclesiastes 2:2). Ah, irmãos, enquanto vocês não forem convertidos, com um eterno inferno abaixo dos seus pés, assim deve ser, e este sempre será o caso de que “até no riso o coração sente dor e o fim da alegria é tristeza”. 
 
2. Elas são breves. Eu disse a vocês, no último Domingo, que os suas existências eram para ser eternas  –  suas  histórias  são  para  a  eternidade.  A  sua  história  sobre  este pequeno pedaço de terra é nada em comparação à sua história por toda a eternidade: isto é como um tique-taque de um relógio. Toda a alegria que um homem não-convertido verá é aqui – além é o inferno. Isto foi o que fez Moisés abandonar os prazeres do Egito. Ele era o filho da filha de Faraó, e ele possuía todos os prazeres que poderia desejar. A flauta e adufe [1] estavam em suas festas; ele tinha todas as companhias nas quais o mundo se deleitaria; mas, ah! Moisés descobriu, pelo ensino de Deus, que os prazeres do pecado são apenas temporários. 

Ele “Escolhendo antes ser maltratado com o povo de Deus, do que por um pouco de tempo ter o gozo do pecado”.  Ó pecador, você tem prazer, mas isto é apenas por um momento! Ó homem sem Cristo, você tem prazer, mas isto é apenas por um momento!
Observe Eclesiastes 7:6: “Porque qual o crepitar dos espinhos debaixo de uma panela, tal é o riso do tolo; [também isto é vaidade.]”

Vocês sabem, irmãos, quando vocês colocam espinhos debaixo de uma panela, se vocês não sabiam o contrário, vocês deveriam pensar que eles durariam por um longo período; mas isto é uma chama brilhante e logo acaba. Assim é o riso do tolo. Riam se vocês tem vontade; vivam com as suas companhias ímpias se desejam; vivam sem conhecimento de Cristo, e sem conhecer o Pai, se assim desejam; mas lembrem-se de que eu vos disse que o seu prazer é breve; sua candeia em breve se apagará. 
 
3. Eles são repentinamente interrompidos. É temível pensar em quão repentinamente eles são  interrompidos. Se o meu coração não fosse feito de pedra, eu choraria diante de vocês pelas coisas que estão acontecendo ao nosso redor. Considerem o Salmo 73:18-19:  “Certamente tu os puseste em lugares escorregadios; tu os lanças em destruição. Como caem na desolação, quase num momento! Ficam totalmente consumidos  de terrores”. Estes de vós que não são convertidos estão de pé em lugares escorregadios. Vocês sabem quando um homem está andando sobre o gelo, seu pé pode deslizar, e ele cai, sem nenhum aviso. Então, isto é com estes de vós que não são convertidos. Seus pés deslizarão repentinamente. 

Um jovem homem que está repousando nesta noite fria e morta, uma vez foi tão vivo quanto você no mundo, ele sentou aonde você senta, até que o mundo tornou-se tão mordaz a ele; e ele nos abandonou e foi para o mundo, mas os seus pés estavam situados em lugares escorregadios. Ele dificilmente podia falar comigo quando eu fui vê-lo, mas ele demonstrou com seus gestos que estava consumido de terror, e então ele disse: Você orará por mim em secreto, em família e na igreja? “Como caem em desolação, quase num momento! Ficam totalmente consumidos de terrores”. Eu vos digo, se você é um homem sem Cristo, seus prazeres serão repentinamente interrompidos. Você lembra o rico louco no Evangelho, Lucas 12:19: “E direi a minha alma: Alma, tens em depósito muitos bens para muitos anos; descansa, come, bebe e folga. Mas Deus lhe disse: Louco! esta noite te pedirão a tua alma; [e o que tens preparado, para quem será?].

Ó homem não-convertido, onde você estaria, se hoje Deus pedisse a sua alma? “Pesado foste na balança, e foste achado em falta”. “Louco! esta noite te pedirão a tua alma”. 
 
4. Deus o julgará por causa deles. É verdade Deus julgará você por causa de cada prazer que você teve separado de Cristo. Observem Eclesiastes 11:9: “Alegra-te, jovem, na tua mocidade, e recreie-se o teu coração nos dias da tua mocidade, e anda pelos caminhos do teu coração, e pela vista dos teus olhos; sabe, porém, que por todas estas coisas te trará Deus a juízo.” 

Deus trará você em juízo por cada palavra ímpia, por cada alegria e prazer que você teve separado de Cristo. Ó irmãos! É verdade que vocês estão vivendo sem ser perdoados? É verdade que vocês estão felizes  –  que vocês conseguem gozar de companhia social  – que vocês conseguem fruir de seus jogos – que vocês podem desfrutar de sua dança? É verdade, pecador, que você é feliz à parte de Deus, e pensa que Deus não trará você em juízo? Você pode lançar tanto desprezo sobre Cristo, em Seu sangue, em Sua justiça, em Seu livre oferecimento de misericórdia, e pensa que Deus não trará você a juízo? 

Você  diz  mui  frequentemente: Qual é o agravo? É uma companhia social  –  um  prazer inocente: qual é o dano? Eu direi a você qual é o dano: você está desprezando a Cristo, você  está desprezando o sangue  derramado no Calvário, e encontrando seus prazeres longe  dEle, e não é ofensa a Cristo que você encontre prazeres à parte dEle, mesmo supondo que seus prazeres não são em si pecaminosos? Eu não paro agora para indagar se eles estão certos ou errados; isto é tão infinita ofensa a Cristo, que eu espero que Deus não abra o chão aonde vocês dançam - quando vocês têm os seus divertimentos, e deixe que caiam no inferno. 
 
Eu permaneci por muito tempo nesta porção do assunto, mais do que eu intencionava. 


II.  Eu  venho  agora  falar, em Segundo lugar, sobre a verdadeira felicidade os filhos de Deus. “As linhas caem-me em lugares deliciosos: sim, coube-me uma formosa herança”. “Os seus caminhos são caminhos de delícias, e todas as suas veredas de paz.”

1. Eu considero, queridos irmãos, em primeiro lugar, que o júbilo de um crente é real por que ele é perdoado. Observem em Mateus 9:1-2: “E, entrando no barco, passou para o outro lado, e chegou à sua cidade. E eis que lhe trouxeram um paralítico, deitado numa cama. E Jesus, vendo a fé deles, disse ao paralítico: Filho, tem bom ânimo, perdoados te são os teus pecados”. O primeiro júbilo razoável  que  um  pecador  já  teve  é  quando  os seus  pecados  são  perdoados.  Você  não conhecerá  alegria  verdadeira  até  então.  Você não  conhecerá  felicidade  sólida  até  que  a  voz de Jesus  diga:  “Filho,  tem  bom  ânimo, perdoados te são os teus pecados”. “Tem ânimo, filha, a tua fé te salvou”. Não há júbilo comparado ao de ser perdoado – ser transportado das trevas para a maravilhosa luz. 

Há algo mui celestial nestas palavras. “Filho, tem bom ânimo, perdoados te são os teus pecados”. Estes de vós que têm crido em Cristo, vós sois perdoados. “Assim como está longe o oriente do ocidente,  assim  afasta  de  nós  as  nossas  transgressões.”  Os  seus pecados já foram todos perdoados, de muitos de vós que tem crido em Cristo. Se você de fato  descansa  em  Cristo, pecador, esta  noite  os  seus  pecados  te  serão  perdoados.  Ó irmãos, esta é a felicidade – este é o primeiro gole do cálice da bem-aventurança eterna – esta é a paz: “Ora o Deus de esperança vos encha de todo o gozo e paz em crença, para que abundeis em esperança pela virtude do Espírito Santo” (Romanos 15:13). Ó esta é a doce, feliz, prazerosa paz! “As linhas caem-me em lugares deliciosos: sim, coube-me uma formosa herança”. “Os seus caminhos são caminhos de delícias, e todas as suas veredas de paz.”

2. As alegrias de um crente são sólidas por que ele é santificado. Todo aquele que vem a Cristo recebe o Santo Espírito para habitar em seu coração. Esta é uma questão, se é mais doce ser perdoado, ou ser santificado. Eu diria que é mais doce ser santificado. “As linhas caem-me em lugares  deliciosos:  sim,  coube-me  uma  formosa  herança”.  Quando um recente fardo de pecado vem sobre a consciência, o crente sente que não conseguirá ser feliz sem ser feito santo. Eu tenho frequentemente visto um jovem crente afundado à beira do inferno pela descoberta de seu pecado. Quem pode confortar tal alma? Eu vos direi: “A  minha graça te basta, porque o meu poder se aperfeiçoa na fraqueza. De boa vontade,  pois,  me  gloriarei  nas  minhas  fraquezas,  para  que em mim  habite  o  poder  de Cristo.” Ó, estas são doces palavras para uma alma que começara a ver a praga de seu próprio  pecado. Se há aqui alguma alma como esta hoje à noite, eu poderia dizer: “A minha graça te basta”. Embora haja uma fonte de iniquidade a qual nunca cessará, até que você chegue entre os bem-aventurados, não se preocupe: “A minha graça te basta”. Isto é o suficiente para consolar qualquer alma. “As linhas caem-me em lugares deliciosos: sim, coube-me uma formosa herança”.

3. Novamente, as alegrias de um crente são sólidas, por que Cristo nos virá em [meio a] tempestades. Observem Mateus 14: 24-27: “E o barco estava já no meio do mar, açoitado pelas ondas; porque o vento era contrário; Mas, à quarta vigília da noite, dirigiu-se Jesus para eles, andando por cima do mar. E os discípulos, vendo-o andando sobre o mar, assustaram-se, dizendo: É um fantasma. E gritaram com medo. Jesus, porém, lhes falou logo, dizendo: Tende bom ânimo, sou eu, não temais”. 

Irmãos, este é apenas uma prefigura da maneira como Cristo encoraja os seus discípulos enquanto permanecem no mundo. Se você é de Cristo, se deparará com tempestades. O mundo será contrário, os seus próprios corações perversos serão contrários. Mas, ah! Ao mesmo tempo em que a tempestade é grandiosa, Cristo se aproxima do barco açoitado pela tempestade, à quarta vigília da noite, e diz: “Tende bom ânimo, sou eu, não temais”. Ah,  irmãos,  aqui  há  paz  novamente. “As linhas  caem-me  em  lugares  deliciosos:  sim, coube-me uma formosa herança”. Então, de novo, nós temos verdadeira e sólida paz. 

Eu não posso dizer que não teremos perseguições. “E também todos os que piamente querem viver em Cristo Jesus padecerão perseguições”.  Mas eu posso vos assegurar disto, que Cristo estará presente; Ele é o “socorro bem presente na hora da angústia”. Ah! Irmãos, eu sei que é assim, que se as tribulações estão reservadas para a Igreja da Escócia, que o pequeno rebanho de Cristo será salvo. Ele virá à quarta vigília da noite, e dirá: “Tende bom ânimo, sou eu, não temais”.  Se a tempestade nos faz colidir com a rocha – a Rocha Eterna, isto não nos fará nenhum mal. “As linhas caem-me em lugares deliciosos: sim, coube-me uma formosa herança”.

4. Mas, novamente, as alegrias de um crente são sólidas, porque elas são eternas. “Mas a vereda dos justos é como a luz da aurora, que vai brilhando mais e  mais até ser dia perfeito”  (Provérbios  4:18). A  alegria  daqueles  que  não  são  convertidos  são  apenas momentâneas. Os seus jogos, suas danças, suas festas sociais, em breve findarão. Não existem  jogos  no  inferno. Mas irmãos, o  jubilo daqueles  que  estão  em  Cristo  é  para sempre. Sua paz será eterna. É como um rio que aumenta em seu curso, até que seja lançado  no  oceano.  “Mas  aquele  que  beber  da  água  que  eu lhe  der nunca  terá  sede, porque  a  água  que  eu  lhe  der  se  fará  nele  uma  fonte  de  água  que salte para a  vida eterna” (João 4:14). Ó! Irmãos, certamente este júbilo é verdade que nunca acabará. “E Maria escolheu a boa parte, a qual não lhe será tirada” (Lucas 10:42). 

Todo o mais pode ser tirado de se você, seu dinheiro, amigos, etc., mas se uma vez você abraçou o Cordeiro de Deus, você tem esta boa parte, a qual nunca será tirada de você. Você  é  escolhido  para “uma  herança  incorruptível,  incontaminável,  e  que  não  se  pode murchar”. Então, nós podemos dizer sem temor algum: “As linhas caem-me em lugares deliciosos: sim, coube-me uma formosa herança”.

Eu gostaria que vocês aprendessem duas lições, deste assunto: 

1. Estes de vós, que são de Cristo, devem viver uma vida agradável no mundo. Se é verdade que vocês foram perdoados – se é verdade que a Sua Graça é suficiente para vocês, então, tendes bons motivos para viver uma vida prazerosa. Lembrem-se como vos é  prescrito  na  Bíblia  que  façam tudo  com  alegria.  “Deus  ama  ao  que  dá  com  alegria”. Deus não ama o serviço de escravos: “Porque não recebestes o espírito de escravidão, para outra vez estardes em temor,  mas recebestes o Espírito de adoção de filhos, pelo qual clamamos: Aba, Pai” (Romanos 8:15). 

Deus ordena a você repetidamente, que o que faças, o realize com todo o coração. Se você canta louvor, faça isto com todo o coração. Se você doa para a causa de Cristo, faça isto amavelmente; independente do que faça, o faça como quem tem o Espírito de Deus. Ó, é algo feliz labutar no serviço de Deus! Não faça isto com aquele olhar desdenhoso que  o  mundo  tem  no  Dia  do Senhor. Lembre-se  que  vocês  sofrem  alegremente.  Os apóstolos  sofreram  com  jubilo. Lembre-se  que eles  tiveram  as  suas  roupas  rasgadas  e suas  costas  dilaceradas,  ainda  assim  eles  cantaram louvores  a  Deus  na  prisão  à  meia noite. 

Irmãos, morramos ainda alegremente. É dito de Estevão, quando eles o apedrejaram, que “pondo-se de joelhos, clamou com grande voz: Senhor, não lhes imputes este pecado. E, tendo dito isto, adormeceu” (Atos 7:60). 

Ó feliz Estevão, é mais como uma criança caindo adormecida nos braços da mãe, pois é dito: “adormeceu”.  E,  ó!  Quanto  teria  brilhado  a  sua  face  cinco  minutos  depois.  Ele poderia esquecer todo o ódio deles; ele poderia esquecer todas as suas duras palavras; ele  poderia esquecer o seu  sofrimento.  Se nós  estamos  certos  de  sentar  no  trono  com Cristo, porque seríamos como escravos encarcerados aqui? Porque nós não deveríamos preferir partir e estar com Cristo, que é muito melhor? 

2. Por último, aprendam a absoluta tolice e insensatez daqueles de vós que estão sem Cristo.  Eu  sei que  estes  dentre  vós  que  estão  fora  de  Cristo,  pensam  que  nós  é  quem estamos  fora  da razão;  mas  se  há  algo  tão  verdadeiro  no  mundo,  eu  vos  suplico  que considerem se são vocês ou nós que estão loucos. Eu creio que vocês tem paz – que vocês têm alegria, que vocês têm prazer – que vocês têm conforto; mas não é verdade que vocês são pecadores não perdoados a caminho do inferno? Sua paz em breve terá fim;  mas  a  nossa  é  uma  notável  alegria,  e  ainda  que  vocês  a desprezem.  Vocês conhecem  a  razoabilidade  do  júbilo?  Nós  somos  felizes,  porque  quanto mais brava  a tempestade,  mais  próximo  está  Cristo.  Nós  somos  felizes  por  que  nós  temos  uma felicidade da qual Deus tem. É Deus quem nos fez felizes. 

Se isto é loucura, eu gostaria que todos vocês fossem loucos assim. Eu gostaria que esta cidade fosse louca assim. Eu gostaria que toda a raça humana fosse louca assim – então, o  mundo poderia ser feliz. Então, não desprezem esta felicidade. Muitos de vocês, que estão sentados aqui esta noite, sabem que nunca foram trazidos a Cristo, nunca foram lavados em Seu sangue. Ainda assim, como conseguem viver felizes? Olhem ao vosso redor,  quantos  estão  mortos  sem  Cristo? Irmãos, se vocês  vivem  como  eles,  vocês também morrerão sem Cristo, e vocês nunca entrarão onde Ele se encontra. Amém. 
 
>>>>>>>> Noite de Quinta-feira, 22 de Setembro de 1842.


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Fonte: Archive.org
Tradução: OEstandarteDeCristo.com

18:30
George Whitefield
Mateus 18:3 – “E disse: Em verdade vos digo que, se não vos converterdes e não vos fizerdes como meninos, de modo algum entrareis no reino dos céus”.

Eu  suponho  que  eu  possa  tomar  isto  por  garantido, que  todos  vós,  dentre  os quais  eu estou agora a pregar o Reino de Deus, estão plenamente convencidos, que é ordenado a todos  os  homens morrer  uma  vez,  e  vós  todos  realmente  acreditam  que  após  a  morte vem o juízo, e que as consequências deste julgamento serão: que deveis ser condenados a habitar na escuridão e trevas, ou ascender e habitar com o Deus bendito, eternamente. Eu posso tomar isto pois admitido também, que qualquer que possa ser a sua prática na vida  comum,  aqui  há  não  um,  que  embora  sempre  tão extravagante e depravado,  não espere ir para aquele lugar, que as Escrituras chamam de Céu, quando morrer.

E, penso eu, se eu conheço algo de meu próprio coração, meus desejos do coração, tão bem quanto a minha oração a Deus, por todos vós, é que eu possa vê-los estabelecidos no reino de nosso Pai celestial. Mas então, embora nós todos esperemos ir para o céu quando morrermos, no entanto, se nós pudermos julgar pela vida das pessoas, e nosso Senhor diz que “pelos seus frutos os conhecereis”, eu receio que será encontrado, que aqueles milhares e dezenas de milhares, que esperam ir para este bendito lugar após a morte, não estão agora em um caminho para ele [o céu], enquanto eles vivem. Embora nós chamemos a nós mesmos de Cristãos, e poderíamos considerar uma afronta sobre nós, se alguém duvidasse se somos Cristãos ou não; ainda há muitos, que carregam o nome de Cristo, que ainda não agem de acordo com o que é o verdadeiro Cristianismo. Por isso, é que se vocês questionam a muitos, sobre em que são fundamentadas as suas esperanças do céu, eles o dirão, que eles pertencem a esta, ou aquela, ou a outra denominação, e partido de Cristãos, no qual a Cristandade está agora tristemente dividida. 

Se  vocês  questionarem  a  outros,  sobre em  que  fundamento  eles  têm  construído  a  sua esperança  do  céu,  eles  o  falarão  que  foram  batizados,  que  seus  pais  e  mães,  os apresentaram ao Senhor Jesus Cristo em suas infâncias; e, porém, em vez de lutar sob o estandarte  de  Cristo,  eles têm  lutado  contra  Ele,  quase  sempre  desde  que  foram batizados, ainda assim, por que eles foram admitidos na igreja, e seus nomes estão no Livro de Registro da paróquia, portanto eles nos farão crer, que os seus nomes também estão escritos no Livro da Vida. Mas muitos, que não construirão as suas esperanças de salvação sobre tal lamentável podre fundamento como este, ainda assim, se eles são, o que  nós  comumente  chamamos,  negativamente  [de]  boas  pessoas;  se  eles  vivem  de forma  que  seus  vizinhos  não  podem  dizer  que  eles  fazem  mal  a  alguém,  eles  não duvidam apenas  que  eles  serão  felizes  quando  morrerem;  não,  eu  tenho  encontrado muitas em tal morte, como a escritura diz, “sem qualquer mão em sua morte”.

E  se  uma  pessoa  é  o  que  o  mundo  chama  de  um  homem  moral  honesto,  se  ele  age justamente, e, o que o mundo chama, ama um pouco de misericórdia, não é e depois é amável, estende a mão para o pobre, recebe o sacramento uma vez ou duas vezes por ano, e é exteriormente sóbrio e honesto; o mundo olha para tal alguém como um Cristão de fato, e sem dúvida nós devemos julgar caridosamente como um todo tal pessoa. Há muitos semelhantes, que caminham em um rol de deveres, um modelo de performances, que pensam que eles irão para o céu; mas se você os examinar, embora eles tenham um Cristo em suas cabeças, eles não têm a Cristo em seus corações.

O Senhor Jesus Cristo sabia disto muito bem; ele sabia quão desesperadamente corrupto e ímpio eram os corações dos homens; ele sabia muito bem quantos poderiam ir para o inferno mesmo pelos próprios portões do céu, quantos poderiam subir mesmo às portas, e ir tão perto como a bater nela, e ainda após sermos rejeitados com um “em verdade eu não vos conheço”. O Senhor, portanto, claramente nos relata, que grande mudança deve ser ocorrida em  nós, e o que deve ser feito por  nós, antes  de  nós  termos  quaisquer esperanças bem fundamentadas de entrar no reino do céu. Por isso, Ele diz a Nicodemos “que não nascer da água e do Espírito, não pode entrar no reino de Deus”. E de todas as declarações solenes de nosso Senhor, eu quero dizer sobre esta, talvez as palavras do texto são  uma  das  mais  solenes,  “se  não”  (diz  Cristo),  vos  converterdes  e  não  vos fizerdes como meninos, de modo algum entrareis no reino dos céus”. 

As  palavras,  se  vocês  observarem  o  contexto  anterior,  são  claramente  dirigidas  aos discípulos; pois  é-nos  dito:  “Naquela  mesma  hora  chegaram  os  discípulos  ao  pé  de Jesus”. E, eu penso que isto é claro a partir de muitas porções da Escritura, que estes discípulos, para quem nosso Senhor dirigiu a Si mesmo neste momento, eram, de certa forma, anteriormente convertidos. Se eu considerar  as  palavras  estritamente,  elas  são aplicáveis apenas àqueles, que já têm alguma, embora apenas fraca, fé em Cristo. Nosso Senhor quer dizer que, que embora eles já houvessem provado a Graça de Deus, ainda havia tanto do velho homem, tanto pecado interior, e corrupção, ainda permanecendo em seus corações, que a menos que eles fossem mais convertidos do que eram, sem uma grande  mudança  ocorrida  em  suas  almas,  e  santificação  contínua,  eles  poderiam  dar apenas  mui  pequena  evidência  de  seu  pertencimento  ao  Seu  reino,  que  não  devia  ser estabelecido  em  grandeza  exterior,  como  eles  supunham,  mas  era  para  ser  um  reino espiritual, começado ali, mas completado no reino de Deus vindouro. 

Mas,  embora  as  palavras  tenham  uma  peculiar  referência  aos  discípulos  de  nosso Senhor; ainda  como  nosso  Senhor  fez  tal  declaração  como  esta  em  outros  lugares  da Escritura, especialmente no discurso a Nicodemos eu creio que as palavras possam ser justamente  aplicadas aos  santos  e  pecadores;  e  como  eu  suponho  há  dois  tipos  de pessoas  aqui,  alguns  que conhecem  a  Cristo,  e  alguns  de  vós  que  não  O  conhecem, alguns que são convertidos, e alguns que são estranhos à conversão, eu tentarei falar, de forma  que  se  Deus  Se  agradar  em  me auxiliar,  e  vos  der  um  ouvido  que  ouça  e  um coração obediente, tanto santos como pecadores podem ter sua porção. 

Primeiramente,  eu  tentarei  demonstrar-vos  em  que  aspecto  nós  devemos  compreender esta assertiva de nosso Senhor, “nós devemos nos converter e nos fazer como meninos”. Eu  irei,  depois, em  Segundo  lugar,  falar  àqueles  que  professam  um  pouco  deste temperamento semelhante à criança, e por fim, falarei a vós, que não tendes razão para pensar que esta mudança alguma vez já ocorreu em vossas almas. 

Primeiramente,  eu  tentarei  mostrar-vos,  o  que  devemos  entender  pelo  que  diz  nosso Senhor: “que, se não vos converterdes e não vos fizerdes como meninos, de modo algum entrareis no reino dos céus”. Mas, penso eu, antes de falar sobre este ponto, pode ser apropriado observar uma ou duas particularidades. 

1. Eu penso, que as palavras claramente implicam, que antes que eu ou vocês possam ter  qualquer bem  fundamentada,  esperança  bíblica,  de  ser  feliz  em  um  estado  futuro, deve haver alguma grande, alguma notável, e maravilhosa mudança ocorrida em nossas almas.  Eu  creio,  que  não  há uma  pessoa  adulta  na  congregação,  [que]  apenas prontamente confessará, que uma grande mudança ocorreu em seus corpos, desde que vieram ao mundo, e eram crianças embaladas sobre os joelhos das mães. É verdade, vós não  tendes  mais  membros  do  que  tinham  então,  mas  como eles  estão  modificados! Embora  vocês  sejam  em  um  aspecto  o  mesmo  que  éreis  antes,  pelo número  de  seus membros,  e  como  pelo  formato  de  seu  corpo,  ainda  se  uma  pessoa  que  os conheceu quando  vocês  estavam  em  seus  berços,  esteve  ausente  de  vós  por  alguns  anos,  e  os visse  quando  crescidos,  então  de  mil em  um  se  ela  poderia  conhecer-vos  de  todo,  vós estais tão modificados, tão diferentes do que éreis, quando vós éreis pequenos. E como as palavras nitidamente implicam, que ali há uma grande mudança sobre nossos corpos, desde que éramos crianças, assim antes de nós podermos ir para o céu, deve haver uma tão grande mudança ocorrida em nossas almas. 

Nossas almas consideradas em um sentido físico ainda são as mesmas, não deve haver mudança filosófica  forjada  nelas.  Mas  então,  como  por  nosso  temperamento,  hábito  e conduta,  nós devemos  ser  tão  transformados  e  modificados,  que  aqueles  que  nos conheceram noutro tempo, quando em estado de pecado, e antes que conhecêssemos a Cristo, e são familiares a nós agora, devem ver uma tal mudança, que eles possam ficar tão admirados disto, como uma pessoa diante da alteração ocorrida em uma pessoa que ela não viu por vinte anos, desde a sua infância. 

2.  Mas  eu  penso  ser  apropriado  observar  algo  mais,  por  que  este  texto  é  a  grande fortaleza de Arminianos, e outros. Eles aprendem do Diabo a tomar textos para propagar maus princípios: quando o Diabo teve uma ideia para tentar Jesus Cristo, pois Cristo citou a Escritura, portanto Satanás fez isto também. E tais pessoas, com sua doutrina e maus princípios podem ir descer ao máximo, poderiam fracamente persuadir almas incautas e instáveis, que eles se fundamentam na palavra de Deus. Embora a doutrina do pecado original  seja  uma  doutrina  escrita  em  tais  legíveis caracteres  na  palavra  de  Deus,  que aquele que corre a pode ler; e embora, eu penso, tudo fora de nós, e tudo dentro de nós, nitidamente proclamam que nós somos criaturas caídas; ainda que os próprios pagãos, que  não  tem  nenhuma  outra  luz,  mas  a  tênue  luz da  razão  desassistida, queixaram-se disto,  pois  eles  sentiram  a  ferida,  e  descobriram  a  doença,  mas  eram  ignorantes em relação à causa disto; ainda há muitas pessoas daquelas que foram batizadas em nome de  Cristo, que  ousam  falar  contra  a  doutrina  do  pecado  original,  e  são  raivosas  com aqueles ministros de má índole, que pintam o homem em tais cores escuras.

Eles dizem: “Não  pode  ser  que  as  crianças  venham  ao  mundo  com  a  culpa  do  pecado  de Adão pendendo sobre elas”. Por quê? Desejo-lhes provar isto a partir da Escritura, e eles irão insistir neste próprio texto: “se não vos converterdes e não vos fizerdes como meninos, de modo algum entrareis no reino dos céus”.

Agora o argumento deles é conduzido assim: “Está implícito nas palavras do texto que as criancinhas são inocentes, e que vieram ao mundo como um  mero pedaço de papel em branco, caso contrário, nosso Senhor deve argumentar  absurdamente,  pois  nunca  intencionaria  dizer,  que  nós  devemos  ser convertidos, e nos fazermos como criaturas ímpias; isto não seria conversão.”

Mas,  meus  queridos  amigos,  isto  é  fazer  com  que  Jesus  Cristo  diga  o  que  ele  nunca intencionou, e o que não pode ser deduzido a partir de suas palavras. Que criancinhas são culpadas, eu digo, que elas são concebidas e nascidas em pecado, é claro a partir de todo o teor do Livro de Deus. Davi era um homem segundo o coração do próprio Deus, ainda assim, ele diz: “eu fui concebido em pecado”. Jeremias falado sobre o coração de todos, diz: “Enganoso é o coração, mais do que todas as coisas, e perverso”. Os servos de Deus de forma unânime declaram, (e Paulo cita isto a partir de um deles), que “todos se desviaram, tornaram-se juntamente inúteis; não há ninguém que faça o bem, não há nem um sequer”. E eu apelo a qualquer um de vós, que são mães e pais, se vocês não discernem  o  pecado  ou  corrupção  original  em  suas  crianças,  tão  logo  elas  venham  ao mundo;  e  enquanto  elas  crescem,  se  vocês  não  descobrem  vontade-própria,  e  uma aversão  à piedade.  Qual  é  a  razão  para  que  as  suas  crianças  sejam  tão  contrárias  à instrução,  senão porque  elas  trazem  inimizade  ao  mundo  com  elas,  contra  um  bom  e gracioso Deus? 

Então, assim, é claro a partir da Escritura e fato, que crianças são nascidas em pecado, e consequentemente são filhos da ira. E de minha parte, eu penso, que a morte de cada criança  é  uma clara  prova  do  pecado  original;  a  doença e  a  morte  entraram  no  mundo pelo  pecado,  e  não parece  consistente  com  a  bondade  e  justiça  de  Deus,  deixar  uma pequena  criança  doente  ou morrer,  a  menos  que  o  primeiro  pecado  de  Adão  fosse imputado a ela. Se alguém acusar a Deus de injustiça por imputar o pecado de Adão a uma  criancinha,  contemplem  que  temos  obtido  um segundo  Adão,  para  trazer  nossas crianças a Ele. Portanto, quando o nosso Senhor diz: “se não vos converterdes e não vos fizerdes como meninos,” nós não devemos entender, como se o nosso Senhor indicasse, que pequenas crianças são perfeitamente inocentes; mas em uma comparação, e como eu vos mostrarei aos poucos, em um sentido racional. Crianças pequenas são inocentes, compare-os com as pessoas crescidas; porém as considere como elas são, e como elas vêm ao mundo, elas têm corações que são sensuais, e mentes que são carnais. 

E eu menciono isto com a maior preocupação, pois eu verdadeiramente creio, a menos que pais sejam convencidos disto, eles nunca tomarão o devido cuidado com a educação de seus filhos. Se pais fossem convencidos, de que os corações das crianças eram tão maus como são, vocês nunca se afeiçoariam em deixá-los ir a bailes, encontros, e jogos, a tendência natural disto é corromper as suas mentes, e fazê-los filhos do Diabo. Se pais fossem convencidos disto, eu creio que eles orariam mais, quando eles trazem os seus filhos  para  ser  batizados,  e  não  fariam  disto  uma  mera  questão  de formalidade.  E  eu acredito,  se  eles  realmente  fossem  convencidos,  que  seus  filhos  foram concebidos  em pecado, eles sempre elevariam aquela petição, antes que seus filhos viessem ao mundo, a qual eu ouvi que uma boa mulher sempre fazia: “Senhor Jesus, nunca me deixe ter um filho para o inferno ou o Diabo”. Oh! Isto não deve ser receado, que milhares de crianças aparecerão, naquele grandioso dia, diante de Deus, e na presença de anjos e homens se dirá:  Pai  e  mãe, ao  lado da  impiedade  de  meu  próprio  coração,  eu  devo  minha condenação à vossa má educação [em relação] a mim. Tendo como premissa estas duas particularidades, agora eu avançarei em mostrar em que sentido nós devemos realmente compreender  as  palavras,  que  nós  devemos  ser  convertidos e nos  tornarmos  como pequenas crianças. 

O  Evangelista  nos  diz: “Naquela  mesma  hora  chegaram  os  discípulos  ao  pé  de  Jesus, dizendo:  Quem  é  o  maior  no  reino  dos  céus?”  Estes  discípulos  assimilaram  a  noção comum prevalecente,  que  o  Senhor  Jesus  Cristo  devia  ser  um  príncipe  temporal;  eles [não]  sonhavam com  nada,  senão  em  tornarem-se  ministros  de  estado,  sentarem-se  à direita  de  Cristo  em  Seu reino,  e  governarem  o  povo  de  Deus;  eles  pensavam  ser qualificados para ofícios de estado, como geralmente as pessoas ignorantes são aptas a conceber sobre si mesmos. Bem, eles dizem: “Quem é o maior no reino dos céus?” Qual de nós terá a principal gerência de assuntos públicos? Uma bela questão para uns pobres pescadores,  que  malmente  sabiam  como  arrastar  as  suas redes para  a  praia,  quanto menos  como  governar  um  reino.  Nosso  Senhor,  portanto,  no  segundo versículo,  para mortifica-los,  chama  um  pequeno  menino,  e  o  coloca  no  meio  deles.  Esta ação era  tal como  se  nosso  Senhor  dissesse:  “Pobres  criaturas!  Suas  imaginações  são muito elevadas; vocês disputam quem será o maior no reino dos céus; eu farei esta criancinha pregar para vocês, ou eu pregarei para vocês através dela. Em verdade, eu vos digo, (Eu que  sou  a  própria verdade,  eu  conheço  a maneira  que  meus  súditos  devem  entrar  em meu reino; eu vos digo: vós estais tão longe de estar em um correto temperamento para o meu  reino,  que)  se  não  vos converterdes  e  não  vos  fizerdes  como  meninos,  de  modo algum entrareis no reino dos céus (a menos que vós sejais, falando comparativamente, como  perdidos  para  o  mundo,  como  perdidos para  coroas,  cetros,  e  reinos,  e  coisas terrenas, como esta pobre pequena criança que Eu tenho em minha mão) de modo algum entrareis no meu reino”. 

Assim,  aquilo  que  nosso  Senhor  está  falando,  não  é  da  inocência  daquela  pequena criança, se vocês consideram a relação que eles se encontram em Deus, e como eles são em si mesmos, quando trazidos ao mundo; mas o que o nosso Senhor quer dizer é, que quanto à ambição e luxúria após o mundo, nós devemos, neste sentido, nos tornar como criancinhas.  Nunca  houve  um  pequeno menino  ou  menina  aqui  nesta  congregação? Pergunte a uma pobre pequena criança, que apenas possa falar, sobre coroa, cetro, ou reino, a pobre criatura não tem noção sobre isto: dê a um menininho ou menininha uma pequena  coisa  para  brincar,  ele  deixa  o  mundo  para  outras pessoas.  Agora,  neste sentido, nós devemos ser convertidos, e nos tornar como meninos; ou seja, nós devemos ser como alheios ao mundo, comparativamente falando, como uma pequena criança. 

Não me entenda mal, eu não estou persuadindo-os a fechar suas vendas, ou deixar seus negócios;  eu não  os  estou  persuadindo,  que  se  vos  sois  Cristãos,  deveis  vos  tornar eremitas, e retirar-vos do mundo; não podeis deixar seus ímpios corações para trás de vós,  quando  deixais  o  mundo;  pois eu encontro,  quando  eu  estou  sozinho,  meu  ímpio coração me seguiu, indo onde irei. Não, a religião de Jesus é uma religião social. Mas, embora Jesus Cristo não nos chame para sair do mundo, fechar nossas vendas, e deixar nossas crianças serem providas por milagres; ainda isto deve ser dito para a honra [da] Cristandade, se nós somos realmente convertidos, nós seremos perdidos para o mundo. Embora  nós  estejamos  envolvidos  nele,  e  somos  obrigados  a  trabalhar  por  nossas crianças; embora  sejamos  obrigados  a  seguir  comércios  e  negócios,  e  ser  úteis  à sociedade, ainda se nós somos cristãos reais, nós devemos ser perdidos para o mundo; embora eu não pretenda dizer que todos os Cristãos verdadeiros atingiram o mesmo nível de mentalidade espiritual. Este é o significado primário destas palavras, que nós devemos ser convertidos e nos tonar como criancinhas; no entanto, eu suponho que as palavras devem ser compreendidas em outros sentidos. 

Quando  nosso  Senhor  diz,  nós  devemos  nos  converter  e  nos  fazer  como  meninos, eu suponho que  Ele  intencione  também,  que  nós  devemos  ser  sensíveis  às  nossas fraquezas, comparativamente  falando,  como  uma  pequena  criança,  como  uma  pobre fraca criatura; como alguém que deve ir à escola e aprender alguma nova lição todos os dias;  e  tão  simples  e  ignorante; alguém  sem  culpa,  não  tendo  aprendido  a  abominável arte, chamada dissimulação. 

Agora, em todos estes sentidos, eu creio que devemos entender as  palavras do texto – São criancinhas sensíveis de suas fraquezas? Elas devem ser conduzidas pela mão? Nós devemos cuidar delas ou elas cairão? Então, se nós somos convertidos, se a Graça de Deus realmente está em nossos corações, meus queridos amigos, independente do que possamos  ter  pensado  de  nós  mesmos  uma vez;  nós  não  diremos  mais:  “Rico  sou,  e estou  enriquecido,  e  de  nada  tenho  falta”;  nós devemos  ser  interiormente  pobres;  nós devemos nos sentir que somos “desgraçado, e miserável, e pobre, e cego, e nu”. E como uma  criancinha  ceder  a  sua  mão  para  ser  guiada  por  um  pai  ou um  protetor,  assim aqueles  que  são  verdadeiramente  convertidos,  e  são  Cristãos  reais, entregarão  o  seu coração, os seus entendimentos, suas vontades, suas afeições, para serem guiados pela palavra, providência, e pelo Espírito de Deus. Por isso é que, o Apóstolo, falando sobre os filhos de Deus, diz: “Porque todos os que são guiados pelo Espírito de Deus esses são (e esteja certo de que ele quer dizer que somente eles são) filhos de Deus”. E como pequenas crianças pensam de si mesmas que são criaturas ignorantes, assim aqueles que são convertidos,  consideram  a  si  mesmos ignorantes  assim  também.  Por  isso,  que  João, falando para Cristãos, os chama filhinhos; “Meus filhinhos, estas coisas vos escrevo”. 

E o rebanho de Cristo é chamado de pequeno rebanho, não apenas porque é pequeno em número, mas também devido àqueles que são membros de Seu rebanho, são de fato pequenos  aos  seus  próprios olhos.  Portanto,  aquele  grande  homem,  aquele  grande apóstolo dos Gentios, aquele pai espiritual de tantos milhares de almas, aquele homem, que na opinião do Dr. Goodwin, “corresponde mais próximo ao Deus-homem, o Senhor Jesus Cristo, em glória”, aquele vaso escolhido, o Apóstolo Paulo, quando falou sobre si mesmo, disse: “A mim, o mínimo de todos os santos, me foi dada esta graça de anunciar entre os gentios, por meio do evangelho, as riquezas incompreensíveis de Cristo”. Talvez algum de vocês, quando leem estas palavras, estarão aptos a pensar que Paulo não falou a verdade, que ele não sentiu realmente o que ele disse; porque vocês julgam o coração de  Paulo pelos seus  próprios  corações  orgulhosos:  mas  quanto  mais  vós  obtendes  da  graça  de  Deus, e quanto mais  vós  sois  participantes  da  vida  divina,  mais  vós  vereis  a vossa própria mediocridade e vileza, e serão menores aos seus próprios olhos.

Por isso, que o Sr. Flavel, em seu livro chamado, Plantação Espiritualizada, compara os jovens Cristãos a milho verde, que antes de estar maduro, sobe muito alto, mas há pouca solidez nele: ao passo que, um velho Cristão é como milho maduro; não levanta muito a cabeça,  mas,  então,  é mais pesado,  e  apto  para  ser  ceifado  e  colocado  no  celeiro  do fazendeiro. Jovens Cristãos também são como pequenos riachos; vós sabeis que riachos são superficiais, ainda assim fazem grande barulho; mas um velho Cristão, ele faz não muito barulho, ele prossegue docemente, como um rio profundo a correr para o oceano.

E como uma criancinha é vista como uma criatura inocente, e comumente fala a verdade; assim  se nós  somos  convertidos,  e  nos  tornamos  como  meninos,  nós  devemos  ser sinceros  bem  como inocentes.  O  que  disse  o  querido  Redentor  quando  viu  Natanael? Como esta fosse uma visão rara Ele contemplou, e poderiam haver outros contemplando isto:  “Eis  aqui  um  verdadeiro israelita:”  Por  quê?  “Em  quem  não  há  dolo”.  Não  me compreenda  mal;  eu  não  estou  dizendo que  Cristão  não  devam  ser  prudentes,  eles devem orar muito a Deus por prudência, caso contrário, eles podem seguir as ilusões do Diabo, e pela sua imprudência dar toques errados na arca de Deus. Esta foi a lamentação de um grande homem: “Deus me deu muitos dons, mas Deus não me deu prudência”. 

Portanto, quando eu digo, que um Cristão deve ser inocente, eu não quero dizer, que ele deva expor a si mesmo, e descansar desprotegido ao ataque de todos: nós deveríamos orar pela sabedoria da serpente; embora nós iremos geralmente aprender esta prudência pelos nossos erros e imprudências: e nós devemos fazer algum avanço na Cristandade, antes que nós conheçamos nossa imprudência. Uma pessoa realmente convertida, pode dizer,  como  é  relatado  sobre  um  filósofo:  “Eu  anelo  que houvesse  uma  janela  no  meu peito,  para  que todos  pudessem  ver  a  retidão  de  meu  coração  e intenções”.  E  embora haja tanto do velho homem em nós, ainda assim, se nós somos realmente convertidos, não haverá em nós nenhuma culpa consentida, nós devemos ser inocentes. E esta é a razão pela qual o pobre Cristão é tão frequentemente iludido; ele julga as outras pessoas por si mesmo, tendo um coração honesto, ele pensa que todos são tão honestos quanto ele mesmo, e, portanto, é uma vítima para qualquer um. Eu poderia discorrer sobre cada um  destes  pontos,  esta  é uma  copiosa  e  importante  verdade;  mas  eu  não  pretendo multiplicar muitas marcas e raciocínios. 

E,  portanto,  como  eu  tenho  algo  a  dizer  pela  forma  de  aplicação  pessoal,  deem-me  a permissão,  portanto,  com  a  máxima  ternura,  e  ao  mesmo  tempo  com  fidelidade,  de chamá-los, meus queridos amigos. Meu texto é introduzido em uma forma terrível,  “Em verdade  vos  digo;”  e o  que  Jesus  disse  depois,  Ele diz  agora  para  vocês,  para  mim,  e  para  tantos  quanto  se assentarem  debaixo  da  pregação  do  Evangelho,  e  para  tantos quanto  os  que  o  nosso  Senhor chamará.  Deixem-me  exortá-los  a  ver  se  vós  sois convertidos; se tal grande e poderosa mudança ocorreu sobre alguma das vossas almas. Como eu vos disse, assim vos digo novamente, vós todos esperais ir para o céu, e eu oro ao Deus Todo-Poderoso que vós todos possam estar ali: quando eu vejo tal congregação como  esta,  se  meu  coração  está em  uma  estrutura  apropriada,  eu  sinto a mim  mesmo pronto a entregar a minha vida, para ser instrumento apenas para salvar uma alma. Isto faz  meu  coração  sangrar  dentro  de  mim,  isto  me  faz,  algumas  vezes,  mais  relutante  a pregar, com receio de que esta palavra que eu espero que fará bem, possa aumentar a condenação de alguém, e  talvez  de  uma  grande  parte  do  auditório,  por  meio  de  sua própria  incredulidade. Permitam-me  lidar  fielmente  com  as  vossas  almas.  Eu  tenho  a vossa garantia em minha mão: Cristo disse isto, Jesus a sustentará, isto é como as leis dos Medos e dos Persas, não são revogadas. Ouça, ó homem! Ouça, ó mulher! Aquele que tem ouvidos para ouvir, que ouça o que o Senhor Jesus Cristo diz: “Em verdade vos digo que, se não vos converterdes e não vos fizerdes como meninos, de modo  algum entrareis no reino dos céus”.

Embora  este  seja  um  Sábado  à  noite,  e  estais  agora  vos  preparando  para  o  Sabbath, pois, como  vocês  sabem,  vocês  podem  mesmo  nunca  ver  o  Sabbath.  Vocês  tem  tido terríveis provas  disto  recentemente;  uma  mulher  morreu  apenas  ontem,  um  homem morreu no dia anterior, outro foi morto por algo que caiu de um cavalo, e isto pode ser em mais vinte e quatro horas, muitos de vocês podem ser levados a um estado inalterável.

Agora, então, por causa de Deus, por causa de suas próprias almas, se vós tendes uma intenção de habitar com Deus, e não podem suportar o pensamento de habitar no fogo eterno, antes eu vou algo além, silenciosamente leve uma oração, ou diga Amém para a oração  que  eu  colocaria  em  seus lábios:  “Senhor,  sonda-me  e  conhece-me,  Senhor, examine o meu coração, e deixe a minha consciência falar: Oh, deixe-me saber se eu sou convertido ou não!” O que dizeis vós, meus queridos ouvintes? O que dizeis vós, meus companheiros de pecadores? O que dizeis vós,  meus culpados irmãos? Deus, por Seu Santo Espírito, tem realizado uma tal mudança em seus corações? Eu não vos pergunto se Deus vos tornou anjos[!] Pois eu sei que nunca serão; eu apenas vos pergunto: se vós tendes alguma esperança bem fundamentada para pensar que Deus vos tornou em novas criaturas em Cristo  Jesus?  Assim,  renovou  e  transformou  as  suas  naturezas,  para  que vocês  possam  dizer, eu  humildemente  espero,  que  como  o  habitual  temperamento  e tendência de minha mente, que meu coração é livre de impiedade; eu tenho um marido, eu tenho uma esposa, eu tenho filhos também, eu mantenho uma venda, eu me preocupo com meus negócios; mas eu amo aquelas criaturas por causa de Deus, e faço tudo para Cristo: e se Deus agora me levasse embora, de acordo com o habitual temperamento de minha alma, eu posso dizer, Senhor, eu estou pronto; e não obstante eu ame as criaturas, espero que eu possa dizer: “Quem tenho eu no céu senão a ti? Quem tenho eu no céu, ó  meu Deus e meu Redentor, que eu deseje em comparação a Ti?” Vocês podem agradecer a Deus pelas criaturas, e dizer, ao mesmo tempo, que aqueles não são o meu Cristo? 

Eu falo em uma linguagem clara, vocês conhecem a minha forma de pregação: Eu não quero bancar o orador, eu não quero ser considerado um erudito; eu quero falar de forma que eu possa alcançar corações de pessoas miseráveis; O que dizeis vós, meus queridos ouvintes? Vós sois sensíveis à vossa iniquidade? Vós sentis que sois pobres, miseráveis, cegos  e  nus,  por  natureza?  Vós  concedereis os  seus  corações,  suas  afeições,  suas vontades,  seus  entendimentos,  para  serem  guiados  pelo Espírito  de  Deus,  como  uma pequena criança concede a sua mão para ser guiada pelos seus pais? Vós sois pequenos aos seus próprios olhos? Vós pensais miseravelmente de si mesmos? E vocês querem aprender algo novo a cada dia? Eu menciono estas marcas, porque eu estou habilitado a crer que elas são mais adaptadas para a grande maioria de suas capacidades. A grande maioria  de  vocês não  tem  aquela  demonstração  de  afeição  que  vós  algumas  vezes tinham,  portanto  vós  estais abandonando  todas  as  suas  evidências,  e  fazendo  um caminho para a vinda do Diabo ao seu coração. Vocês não estão trazidos para o monte como  costumavam  ser,  portanto,  vós  concluís  que não  tendes absolutamente  nenhuma graça. Mas se o Senhor Jesus Cristo te esvaziou, e te humilhou, se Ele está concedendo a ti que veja e saiba que tu não és nada; embora tu não estejas crescendo para cima, tu estais crescendo para baixo; e embora tu não tenhas tanto gozo, mas teu coração está esvaziando para ser mais abundantemente preenchido progressivamente. Pode algum de vocês seguir-me? Então, dê graças a Deus, e tenha consolo nisto. 

Se tu és assim convertido, e te tornou um a pequena criança, eu te recebo, em o nome do Senhor Jesus, na querida família de Deus; eu te acolho, em o nome do querido Redentor, na  companhia  dos filhos de  Deus.  Oh,  vós, queridas  almas,  embora  o  mundo  não  veja nada  em  vocês,  embora não  haja  nenhuma  diferença  exterior  entre  vocês  e  os  outros, ainda assim eu olho para vocês em outra luz, mesmo como muitos filhos e filhas de rei. Salve! Em o nome de Deus, eu desejo a cada um de vocês da alegria de minha alma, vós filhos e filhas do Rei dos reis. 

Vocês  não  exercitarão  doravante  um  temperamento  semelhante  ao  de  criança?  Tal pensamento não  derrete  os  vossos  corações,  quando  eu  os  digo,  que  o  grande  Deus, quem  poderia  ter condenado  vocês  ao  inferno  devido  os  seus  pecados  secretos,  que ninguém conhecia, senão Deus e as suas próprias almas, e quem poderia ter condenado vocês por tempos incontáveis, lançou o manto de Seu amor sobre vocês; Sua voz tem sido, deixe aquele homem, deixe aquela mulher viver, pois eu encontrei um resgate. Oh, vós não clamarão: Por que eu, Senhor?

Se o rei George envia para algum de seus filhos, e você ouvisse que eles deveriam ser  filhos adotivos, quão altamente honrado você poderia pensar que seus filhos devem ser? Que  grande condescendência  foi  que  a  filha  de  Faraó  tomasse  a  Moisés,  uma  pobre criança exposta em um cesto de juncos, e o criasse como seu filho? Mas, o que é esta bem-aventurança em comparação com a tua, que era outro dia um filho do Diabo, mas agora, pela graça da conversão foi feito filho de Deus? Vós sois convertidos? Vós fostes feitos como pequenas crianças? Então, o que devemos fazer? Meus queridos ouvintes, sejam obedientes a Deus, lembrem-se que Deus é o seu pai; e como cada um de vocês deve  saber  que incômoda  cruz  é  ter  um  filho  ímpio,  desobediente;  se  não  quereis que vossos filhos sejam desobedientes a vós, por causa de Cristo não sejam desobedientes ao vosso pai celestial. Se Deus é o seu pai, obedeça-O: se Deus é o seu pai, sirva-O; ame-O de todo o seu coração, ame-O com todo o seu poder, com toda a sua alma, e com toda a sua força.
 
Se Deus é o seu pai, fuja de tudo o que possa desagrada-Lo; e ande dignamente diante deste Deus, que o chamou para Seu reino e glória. Se vós sois convertidos e feitos como pequenas crianças, então comportem-se como filhinhos: eles anseiam pela mama, e com isto estarão contentes.

Vós sois bebês recém-nascidos? Então, desejem o verdadeiro leite da palavra, para que vós  possais crescer  por  meio  dela.  Eu  não  quero  que  palhas  arminianas  possam  vos derrubar; vós sois filhos e filhas de rei, e tendes um gosto mais refinado; vocês devem ter as  doutrinas  da  graça; e bendito  seja  Deus  que  vocês  residem  em  um  país,  onde  a verdadeira  palavra  é  tão claramente pregada.  Vós  sois  crianças?  Então  cresçam  na graça, e no conhecimento de vosso Senhor e Salvador Jesus Cristo. Há algum de vós que não  cresce?  Vós  não  lamentais  aquelas  crianças, e choram  sobre  ela;  vós  não  dizeis, meu filho nunca será saudável para nada no mundo? Bem, vos aflige ver uma criança que não crescerá; quanto mais isto deve afligir o coração de Cristo vê-los crescer tão pouco? Serão para sempre crianças? Estarão sempre aprendendo os princípios do Cristianismo, e nunca avançarão em direção ao alvo, pelo preço da alta chamada de Deus em Cristo Jesus? Deus não permita. Deixe a linguagem de seu coração ser:  “Senhor, ajude-me a crescer, ajude-me a aprender mais, ensina-me a viver de modo que meu progresso possa ser conhecido por todos!” 

Vós sois filhos de Deus? Vós sois convertidos, e feitos como pequenas crianças? Então, lidem com Deus como seus filhinhos fazem com vocês, tão logo eles alguma vez desejem algo, ou se algum colega os  machucar,  eu apelo  a  vocês  mesmos  se  eles  não  correm diretamente para os seus pais. Bem vós sois filhos de Deus? O Diabo os incomoda? O mundo os perturba? Vá contar ao seu pai sobre isto, vá diretamente e lamente-se a Deus. Talvez, você possa dizer: eu não consigo pronunciar belas palavras: mas algum de vocês espera  belas  palavras  de  seus  filhos?  Se  eles veem chorando, e  podem  falar  apenas meias  palavras,  os  seus  corações  não  se  apiedam  sobre  eles?  E  Deus não  é  mais inefavelmente  piedoso  para  vocês?  Se  vós  conseguis  fazer  apenas  gestos  para  Ele: “Assim  como  um  pai  se  compadece  de  seus  filhos,  assim  o  Senhor  se  compadece daqueles que o temem”. Eu vos peço, portanto, sejam preciosos com o seu Pai, dizendo: “Aba, Pai”, Satanás me atormenta, o mundo me perturba, os filhos de minha própria mãe estão com raiva de mim; Pai celestial, peleje a minha causa! O Senhor, então, falará com você, de uma forma ou de outra. 

Vós sois convertidos, e feitos como criancinhas, entraram na família de Deus? Então, se assegurem, que o vosso Pai celestial irá corrigi-los agora e depois: “porque, que filho há a quem  o  pai  não corrija?  Mas,  se  estais  sem  disciplina,  da  qual  todos  são  feitos participantes, sois então bastardos, e não filhos”. Isto é registrado sobre o bispo Latimer 1 , que  na  casa  que  ele  veio hospedar-se,  ele ouviu  o  dono  da  casa dizer:  eu agradeço a Deus que eu nunca tive uma cruz em minha vida; Oh, disse ele, então, eu não ficarei aqui. Eu acredito que não há um filho de Deus, quando em um bom estado, apenas orou por grande humildade; eles oraram por grande fé, eles oraram por grande amor, eles oraram por  todas  as  graças  do  Espírito:  Vós  sabeis,  quando elevais  estas  orações,  que  vós também  dizeis,  Senhor  envia-nos  grandes  problemas:  pois como é  possível  a  vos conhecer grande fé, humildade e amor, sem que Deus os coloque em grandes aflições, para  que  possais  saber  se  já  as  tendes  ou  não.  Eu  menciono  isto,  porque  a  grande maioria dos filhos de Deus (eu estou certo que isto foi uma tentação a mim, muitas vezes, quando  eu estive  sob  a  vara  da  aflição  de  Deus)  quando  eles  têm  grandes  aflições, pensam que Deus está abandonando-os. 

Se,  portanto,  vós  sois  filhos  de  Deus;  se  sois  convertidos  e  feitos  como  pequenas crianças; não esperais que Deus será como um pai tolo; não, Ele é um Deus zeloso, Ele ama  muito  a  sua criança  para  lhe  poupar  a  vara.  Como  Ele  corrigiu  Mirian?  Como  Ele corrigiu Moisés? Como em todas as eras, Deus corrigiu seus mais queridos filhos? Logo, se sois convertidos, e feitos como pequenas crianças, se Deus retirou um filho, ou sua matéria, se Deus experimentou amigos para abandoná-los, e se você está abandonado como se fosse por Deus e pelo homem, diga, Senhor, eu Te agradeço! Eu sou um filho perverso, ou Deus não me atingiria tão frequente e duramente. Não blasfeme o seu Pai celestial,  mas  culpe  a  si  mesmo;  Ele  é  um  Deus  amoroso,  e  um  terno  Pai, “Em  toda  a nossa angústia, ele foi angustiado”, portanto, quando Deus falara a Moisés, ele falara de uma sarça, tal como para dizer: “Moisés, esta sarça representa o meu povo; como esta sarça está ardendo  em  fogo,  assim  meus  filhos  arderão  em  aflição;  mas  Eu  estou  na sarça;  se  a  sarça queima,  eu  queimarei  com  ela;  Eu  estarei  com  eles  na  fornalha;  Eu estarei com eles na água, e embora a água venha sobre eles; ela não os submergirá”. 

Vós sois filhos? Vós sois convertidos e feitos como filhinhos? Então, vós não esperareis ir para casa e ver o vosso Pai? Oh, felizes aqueles que foram para o lar antes de vocês; felizes aqueles que estão lá no alto, felizes aqueles que ascenderam acima deste campo de batalha. Eu não sei o que vocês pensam disto, mas desde que eu ouvi aqueles, sobre cujos  corações  Deus  se  agradou  em  operar, partirem  para  a  glória,  eu  sou  em  alguns momentos  cheio  de  sofrimento,  que  Deus  não  se agradou  de  deixar-me  ir  para  casa também. Como vocês podem ver tanta frieza entre o povo de Deus? Como vós podeis ver o povo de Deus como a lua, crescente e minguante? Quem pode apenas desejar estar para sempre com o Senhor? Graças a Deus, que o tempo vem em breve; graças a Deus, que Ele virá e não tardará. Não sejais impacientes, Deus em seu próprio tempo buscar-vos-á para casa. E embora vó sejais levados à breve concessão agora, embora alguns de vocês podem estar suas estreitas circunstâncias, ainda assim, não murmure; um Deus, e o Evangelho de Cristo, com pão escuro, são grandes riquezas. Na casa de Teu Pai há pão  suficiente  e  de  sobra;  embora  tu  sejas agora  atormentado,  ainda  assim,  progressivamente serás confortado; os anjos considerarão como uma honra carregar-te ao seio de Abraão, embora tu sejas apenas um Lázaro aqui. Pela estrutura do meu coração, eu estou muito inclinado a falar consoladoramente ao povo de Deus. 

Mas  eu  somente  menciono  mais  uma  coisa,  e  é  isso,  se  vós  sois  convertidos,  e  feitos como pequenas crianças, então por causa de Deus, tenham cuidado em fazer o que as crianças costumeiramente fazem; elas são muito hábeis a brigar umas com as outras. Oh, ameis uns aos outros: “e quem está em amor está em Deus, e Deus nele”. José sabia que seus  irmãos  estavam  em perigo  de  brigar, portanto,  quando  ele  os  deixou,  disse:  “Não contendais pelo caminho”. Vós sois filhos do mesmo Pai; vós estais indo para o mesmo lugar; por que vós iríeis diferir? Oh, o mundo tem o suficiente contra nós, o Diabo tem o suficiente contra nós, sem nossa disputa um contra o outro; Oh, andem em amor. Se eu não pudesse pregar mais, se eu não fosse capaz de resistir até o final de meu sermão, eu diria  como  João,  quando  ele  envelheceu e  não  podia  pregar: “Filhinhos, amai  uns  aos outros”. Se vós sois filhos de Deus, então amem uns aos outros. Não há nada que mais me aflija, do que diferenças entre o povo de Deus. Oh, apressem aquele tempo, quando nós deveremos também ir para o céu, e nunca mais brigaremos!

Quisera  Deus  que  eu  pudesse  falar  a  todos  vocês  nesta  linguagem  consoladora;  mas meu mestre me diz, eu não devo “dar aos cães as coisas santas, nem deitar aos porcos as vossas pérolas”, portanto, embora eu estive falando consoladoramente, ainda assim o que eu disse, especialmente nesta última parte da pregação, pertence aos filhos; é pão dos filhos, isto pertence ao povo de Deus. Se algum de vós não tem a graça, sem Cristo, criaturas  não-convertidas,  eu  vos ordeno  não  tocar nisto, eu  proíbo  isto  em  o  nome  de Deus; há uma espada flamejante em volta de todo caminho para mantê-los à parte deste pão da vida, até que vós convertam a Jesus Cristo. 

E, portanto, como eu suponho que muitos de vocês não são convertidos, e [que] vão para a  casa sem a  graça!  E  vão  para  os  seus  quartos,  e  para  baixo  com  seus  corações teimosos perante Deus; se vós não o fizestes antes, permita que seja esta noite. Ou, não esperem  até  ir  para  casa;  comece agora,  enquanto permanecendo  aqui;  ore  a  Deus,  e deixe que a linguagem do teu coração seja: “Senhor, converta-me! Senhor faça-me uma pequena  criança,  Senhor  Jesus  não  permita  que  eu seja  banido  de  Teu  reino!”  Meus queridos amigos, há um grande acordo mais implícito nas palavras, do que é expressado: quando Cristo diz: “de modo algum entrareis no reino dos céus” isto é mais para dizer: “vós certamente ireis para o inferno, vós certamente sereis condenados, e habitarão na escuridão e trevas para sempre, vós ireis para onde o verme não morre, e onde o fogo não se apaga”.  O  Senhor  imprima  isto  sobre  vossas  almas!  Que  uma  flecha  (como alguém  me escreveu  em  uma  carta)  mergulhada  no  sangue  de  Cristo,  alcance  cada coração  de  pecador não-convertido!  Que  Deus  execute  o  texto  a  cada  uma  de  vossas almas! É somente Ele que pode fazer isto! Se vós confessais os vossos pecados, e os abandonarem, e se apossarem do Senhor Jesus Cristo, o Espírito de Deus será dado a vocês;  se  vocês  desejam  ir  e  dizer,  converta-me,  Oh meu  Deus!  Tu  não  sabes,  oh homem, o que o retornar a Deus pode ser para ti. 

Se eu pensasse que a pregação seria para o propósito, se eu pensasse que argumentos vos  induziriam a  vir,  eu  continuaria  minha  pregação  até  a  meia-noite.  E,  não obstante, alguns de vocês possam me  odiar  sem  um  motivo,  quisera  Deus  que  cada  um  nesta congregação  fosse  tão preocupado com  ele  mesmo,  como  no  momento  (bendito  seja Deus) eu mesmo me sinto preocupado por ele. Oh, que minha cabeça fossem águas, Oh, que meus olhos fossem uma fonte de lágrimas, para que eu pudesse chorar sobre uma geração não-convertida, desgraçada, ímpia, e adúltera. 

Almas preciosas, por causa de Deus pensem no que acontecerá convosco ao morrer, se vocês morrem sem ser convertidos; se vós partis daqui sem a veste de casamento, Deus golpeá-los-á sem discursos, e vós sereis banidos de Sua presença para todo o sempre. Eu sei que vós não conseguireis habitar com as chamas eternas; observe, então, eu vos mostro  um  caminho  de  fuga:  Jesus  é  o  caminho, Jesus é  a  verdade,  o  Senhor  Jesus Cristo  é  a  ressurreição  e  a  vida.  É  o  Seu  Espírito  que  deve  vos converter,  venham  a Cristo,  e  vós  o  tereis;  e  que  Deus,  por  causa  de  Cristo,  o  conceda  a vocês,  e  vos converta,  para  que  nós  todos  possamos  nos  encontrar,  e  nunca  nos  separarmos novamente, em Seu reino celestial; ainda pelo Senhor Jesus, Amém e Amém. 

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[Sermão  editado  por  Christian  Classics  Ethereal;  extraído  da  coletânea  “Selected  Sermons  of
George WhiteField”, p. 234 - 245 | Título Original deste Sermão: “Marks of a True Conversion”] 

Fonte: www.ccel.org
Fonte: OEstandarteDeCristo.com
Tradução: Camila Rebeca Almeida
Revisão: William Teixeira

Reforma Radical

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