O Gozo da Santidade - Joel Beeke

21:04
Joel R. Beek
Uma vida santa deveria ser repleta de gozo no Senhor, e não de amargura (Ne. 8.10). A ideia de que a santidade necessita de uma disposição melancólica é uma trágica distorção da Escritura. Por outro lado, as Escrituras afirmam que aqueles que cultivam a santidade experimentam alegria. Jesus disse: “Se guardardes os meus mandamentos, permanecereis no meu amor; assim como também eu tenho guardado os mandamentos de meu Pai, e no Seu amor permaneço. Tenho vos dito estas coisas para que o meu gozo esteja em vós, e o vosso gozo seja completo” (Jo.15.10-11). Aqueles que são obedientes - que procuram fazer da santidade um modo de vida - experimentarão o gozo que flui da comunhão com Deus: um gozo permanente, antecipado e supremo.

1) - O gozo supremo: comunhão com Deus. Não existe maior gozo do que ter comunhão com Deus. “Na tua presença há plenitude de alegria”. (Sl.16.11). O verdadeiro gozo é proveniente de Deus à medida em que somos capacitados a andar em comunhão com Ele. Quando nos afastamos de Deus por causa do pecado, precisamos retornar por meio de uma oração penitente a Ele, como fez Davi: “Restitui-me a alegria da tua salvação” (S1.51.12). As palavras que Jesus proferiu para o ladrão sobre a cruz representam a principal alegria de cada filho de Deus: “Em verdade te digo que hoje mesmo estarás comigo no paraíso”(Lc.23.43).

2) - O gozo permanente, contínuo: segurança constante. A verdadeira santidade obedece a Deus e a obediência sempre confia em Deus. Ela crê: “que todas as coisas cooperam para o bem daqueles que amam a Deus, daqueles que são chamados segundo o seu propósito” (Rm.8.28) - mesmo quando isso não pode ser percebido. Assim como os leais operários de tapetes persas, os quais entregam cegamente todos os tipos de cores ao supervisor que desenvolve o padrão, os santos mais íntimos de Deus são aqueles que entregam a Ele até as cores mais negras que Ele lhes pede, sabendo que o seu padrão será perfeito, apesar de toda a confusão de cores. Você experimenta esta confiança infantil, profunda, crendo nas palavras de Jesus: “O que eu faço não o sabes agora, compreendê-lo-ás depois" (Jo.13.7)? Isso é o gozo constante, estabilizador que está acima do entendimento. A santidade colhe um alegre contentamento: “grande fonte de lucro é a piedade com o contentamento” (1 Tm. 6.6).

3) - O gozo antecipado: recompensa graciosa e eterna. Jesus estava motivado a enfrentar Seus sofrimentos através da antecipação do gozo de Sua recompensa (Hb.12.1-2). Os crentes podem também esperar ansiosamente pela entrada no gozo de seu Senhor, à medida em que buscam a santidade durante seus vidas, no poder de Cristo. Pela graça, eles podem, alegremente, antecipar sua recompensa eterna: “Muito bem, servo bom e fiel... entre no gozo do Teu Senhor” (Mt.25.21). De acordo com a observação de John Whitlock: “Eis aqui o caminho e a finalidade da vida do cristão - seu caminho é a santidade; seu fim, a felicidade”.

A santidade é sua própria recompensa, pois a glória eterna é a santidade aperfeiçoada. ‘As almas dos crentes são aperfeiçoadas na santidade no momento da morte”(Breve Catecismo de Westminster, pergunta 37). Seus corpos serão também feitos imortais e compatíveis, perfeitos em santidade, completos na glorificação (1 Co. 15.49,53). Finalmente, o crente será aquilo que ele desejou ser desde a regeneração - perfeitamente santo no Deus triúno. Ele entrará na glória eterna de Jesus Cristo como um filho de Deus e co-herdeiro com Ele (Filipenses 3.20-21; Rm.8.17). Ele será finalmente semelhante a Cristo, santo e sem mácula ou ruga (Ef.5.25-27), magnificando e exaltando eternamente as bondades insondáveis da graça soberana de Deus. Na verdade, conforme afirmou Calvino: “o pensamento da grande nobreza que Deus nos infundiu deve estimular nosso desejo por santidade”.


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Fonte: Apenas um pequeno trecho do livro "Cultivando a Santidade".