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JOHN BUNYAN
Pregado em 19 de agosto de 1688

“Os quais não nasceram do sangue, nem da vontade da carne, nem da vontade 
do homem, mas de Deus”. (João 1:13)

Estas palavras dependem das que vem antes, por isto o Salvador as conduz de modo que se as entendam bem. Deste modo temos: “Veio para o que era seu, e os seus não o receberam. Mas, a todos quantos o receberam, deu-lhes o poder de serem feitos filhos de Deus, aos que crêem no seu nome; Os quais não nasceram do sangue, nem da vontade da carne, nem da vontade do homem, mas de Deus”.

Então alguns dos seus não o receberam quando Ele veio.

Segundo, outros dos seus O receberam e lhe deram as boas-vindas. Os que não O receberam também não receberam a estes; mas os que O recebem, Ele lhes dá poder para serem filhos de Deus. Agora, para que não se pense que isso seja por sorte ou méritos, Ele disse: “Os quais não nasceram do sangue, nem da vontade da carne, nem da vontade do homem, mas de Deus”. Os que não o receberam nasceram somente da carne e do sangue; mas os que O receberam, tem a Deus por Pai, eles recebem a doutrina de Cristo com um forte desejo.

Primeiro, Ele ensinou o que significa “sangue”. Os que crêem nascem como um herdeiro para uma herança; são nascidos de Deus; não são da carne; nem da vontade do homem, mas da vontade de Deus; não do sangue – isto é, não por sucessão; não nascido no Reino de Deus pela carne; não porque sou filho de um homem piedoso ou de uma mulher piedosa. Do sangue significa, (Atos 17:26) “E de um só sangue fez toda a geração dos homens”, mas quando aqui diz que “não nasceram do sangue”, ele rechaça todos os privilégios carnais dos quais eles se orgulhavam. Eles, os judeus, se orgulhavam de serem descendência de Abraão. Não, Ele disse, não é pelo sangue; não pense que por ter a Abraão por pai que haverá de nascer de Deus e assim ir ao Reino dos céus.    

Segundo, “nem da vontade da carne”. O que entendemos disto? Se tomarmos das inclinações veementes que estão no homem, teremos então a lascívia cumprindo os desejos da carne. Não se deve entender aqui que os homens nascem filhos de Deus por cumprir seus desejos luxuriosos; há de se entender aqui um sentido melhor. Não há somente nos homens carnais uma vontade para o vil, mas há neles, vez por outra, uma vontade de serem salvos também – uma vontade de ir para o céu também. Mas isto não lhe fará, não lhe dará o privilégio das coisas relativas ao Reino de Deus. Desejos naturais para as coisas eternas, não são um argumento que comprove que um homem irá para o céu quando morrer. Eu não sou dos que creem no livre arbítrio, eu o detesto; pois um homem por mais vil que seja desejará alguma vez em sua vida ser salvo somente quando sua vontade for mudada. Ele irá ler alguma coisa ou talvez orará, mas por si só não será suficiente – “Assim, pois, isto não depende do que quer, nem do que corre, mas de Deus, que se compadece” (Rm 9:16). Há um querer e um correr, sem embargo é sem propósito. “Mas Israel, que buscava a lei da justiça, não chegou à lei da justiça” (Rm 9:31). Aqui temos a compreensão de como o apóstolo negara que uma maneira virtuosa de viver fosse o caminho para o céu, sina de um homem sem a graça, ainda que tenha dons naturais, não obterá o privilégio de ir para o céu e ser filho de Deus. Ainda que um homem sem a graça tenha a vontade de ser salvo não pode ter esta vontade segundo Deus. A natureza reconhece somente as coisas da natureza; nenhum homem conhece as coisas de Deus se não for através do Espírito de Deus. Se o Espírito de Deus não mora em você, você ficará do lado de fora das portas do céu - “não nasceram do sangue, nem da vontade da carne, nem da vontade do homem, mas de Deus”. Se fora por nossa vontade, eu desejaria que todos fossem para o céu. Quantos há no mundo que oram por seus filhos e choram por eles, e estão prontos a morrer por eles e isto não os salvará? A vontade de Deus é a regra para tudo; é unicamente por meio de Jesus Cristo, “Os quais não nasceram do sangue, nem da vontade da carne, nem da vontade do homem, mas de Deus”.

Agora chegamos na parte da doutrina.

Os homens que efetivamente recebem a Cristo, são por isto nascidos de novo. Ele não disse que nasceram por causa disto, disse que nasceram por isto; nascido de Deus, para Deus, e das coisas de Deus, antes receberam a Deus para eterna salvação, “aquele que não nascer de novo, não pode ver o reino de Deus”. Agora se não nasceu de Deus, não o pode ver. Suponha que o Reino de Deus seja isto, não o pode ver antes de ser feito filho de Deus, suponha que seja o Evangelho, não o pode ver antes que seja trazido a um estado de regeneração; crer é a consequência do novo nascimento, “não nasceram do sangue, nem da vontade da carne, nem da vontade do homem, mas de Deus”.

Darei primeiro, uma descrição clara por meio de uma ou duas ilustrações. Um bebê antes de vir ao mundo está em uma prisão escura dentro do ventre de sua mãe; assim é o filho de Deus, antes de nascer de novo está na prisão do pecado, não vê nada do Reino de Deus, por isso se chama novo nascimento. A mesma alma tem uma forma ao amar sua condição carnal, e outra forma quando nasce de novo.

Segundo, assim é a comparação com um nascimento, tendo a semelhança de bebê no ventre de sua mãe, se compara a um homem que se levanta do sepulcro; e ser nascido de novo é ser levantado do sepulcro do pecado – “Desperta, tu que dormes, e levanta-te dentre os mortos, e Cristo te esclarecerá”. Ser levantado do sepulcro do pecado é ser gerado e nascido.

Há um famoso texto sobre Cristo – “o primogênito dentre os mortos” (Ap 1:5) , o primeiro a nascer dentre os mortos, o qual se refere a nossa regeneração – isto é, se nasceu de novo por buscar as coisas de cima, então há uma semelhança entre a ressurreição de Cristo e o novo nascimento; os quais nasceram, foram restaurados do mundo da escuridão, e trazidos do reino deste mundo obscuro ao Reino de Seu Filho amado, e nos fez viver uma nova vida; isto é ser nascido de novo; e o que é nascido do ventre de sua mãe é por meio da ajuda dela; todo o que é nascido de novo o é pelo Espírito de Deus.

Necessito dar algumas consequências de um novo nascimento.
Primeiro de tudo, se sabe, que um bebê chorará tão logo chegue ao mundo. Porque se não há choro, entende-se que ele está morto. Os que são nascidos de Deus, cristãos, se não choram, não tem vida espiritual. Se forem nascidos de Deus, choram; tão logo que são levantados da prisão obscura do pecado, não há nada mais a fazer senão chorar a Deus, “que preciso fazer para ser salvo?” Tão logo que Deus tocou no carcereiro, ele clama: “que é necessário que eu faça para me salvar?” Quantos cristãos professos há por aí que nunca clamam? Os negócios não deixam orar, as diversões não deixam orar, mas se nascesse de novo clamariam.

Segundo, não somente é natural que um bebê chore, mas deve também desejar o leite, não pode viver sem ele; então Pedro tem um comprovante verdadeiro de um recém-nascido; ele deseja o leite não adulterado da Palavra de Deus para que cresça. Se for nascido de Deus há de manifestar o desejo pelo leite espiritual de Deus. Deseja o leite das promessas? Um homem vive de uma forma quando está no mundo e de outra quando é trazido a Jesus Cristo (Is 66:11) “Para que mameis, e vos farteis dos peitos das suas consolações”.

Se for nascido de novo, não há nada que o satisfaça até que o leite da Palavra de Deus chegue a sua alma. (Is 66:11) “Para que mameis, e vos farteis dos peitos das suas consolações”. Que é uma promessa para um homem carnal? Uma casa de prostitutas é mais doce para ele; mas se é nascido de Deus não pode viver sem  o leite da Palavra de Deus. Que é o leite materno para um cavalo? Mas que é para uma mulher? Dá consolo noite e dia, dá socorro noite e dia. E que coisa lamentável é os que resistem a isso. Fazer caso das coisas celestiais, diz o homem carnal, é vaidade; mas para um filho de Deus, este é o seu consolo.

Terceiro, um recém-nascido não tem outras formas de mantê-lo aquecido além das que tinha dentro do ventre de sua mãe, senão morreria. Há de ter algo para mantê-lo vivo; Cristo tem consolo preparado por Ele; assim os que são nascidos de novo hão de ter alguma promessa dEle para manter-se vivos.
Os que estão em um estado carnal, se consolam, se aquecem com outras coisas; mas os que são nascidos de novo não podem viver sem alguma promessa de Cristo para manter-se vivos.

E quando as mulheres estão esperando seus bebês, que coisas tão finas elas preparam! E coisas tão finas Cristo tem preparado para envolver todos os que são nascidos de novo! Para que todos os que são nascidos de novo sejam envolvidos de ouro! As mulheres vestem seus filhos para que todos vejam o quão bonitos estão, assim é em Ezequiel 16:11,  “E te enfeitei com adornos, e te pus braceletes nas mãos e um colar ao redor do teu pescoço.E te pus um pendente na testa, e brincos nas orelhas, e uma coroa de glória na cabeça”. E Ele disse no versículo 13, “e foste próspera, até chegares a realeza”. Isto não é um modo de fixar nenhuma meta sem a justiça de Cristo.

Quarto, um filho quando está sob os cuidados de sua mãe ela terá prazer em ter o que será para consolo do seu filho; assim é com os filhos de Deus, são mantidos sob seus cuidados; “Para que mameis, e vos farteis dos peitos das suas consolações”. versículo 13: “Como alguém a quem consola sua mãe, assim eu vos consolarei”; Há uma ilustração sobre estas coisas que somente os que são nascidos de novo reconhecem.

Quinto, normalmente há algo de semelhante entre um pai e seu filho; talvez o menino se pareça com seu pai, assim os que são nascidos de novo tem alguma semelhança, tem a imagem de Cristo (Gl 4) cada um que nasce de Deus tem algo das feições do céu sobre ele. Normalmente homens amam seus filhos que se parecem mais com eles; assim é Deus com seus filhos; por isso se chamam filhos de Deus. Mas outros não se parecem com Ele por isso se chamam filhos do diabo. Cristo descreve os filhos do diabo por suas feições; os filhos do diabo tem suas obras; todas as obras de injustiça são obras do diabo. Se você é terreno leva a imagem do que é terreno; se é celestial leva a imagem do que é celestial.

Sexto, quando um homem tem um filho o educa segundo seus padrões, o ensino dos costumes da casa de seu pai; assim é com os que são nascidos de Deus; tem aprendido os costumes da verdadeira Igreja de Deus, ali tem aprendido a clamar, (meu Pai e meu Deus!); eles se criam assim na casa de Deus; aprendem o método e a forma na casa de Deus para ajustar sua vida neste mundo.

Sétimo, filhos, é natural para eles depender de seus pais para tudo o que desejarem. Se eles querem um par de sapatos, vão até ele e dizem; se querem pão, vão até ele e dizem; assim devem fazer os filhos de Deus. Quer o poder da graça? Peça a Deus. Quer poder para resistir as tentações do diabo? Peça a Deus. Quando o diabo o tentar, diga isso ao Pai celestial, derrame suas queixas diante de Deus. Isto é natural para os filhos de Deus; se alguém lhe faz mal, eles vão e dizem isso ao seu pai; assim é com os que são nascidos de Deus, quando enfrentam tentações vão e dizem a Deus.

A primeira aplicação disto tudo é que se examine para ver se é nascido de Deus ou não. Examine-se segundo o que é estabelecido para um filho natural e um filho da graça. Foi trazido da prisão obscura deste mundo a Cristo? Tem aprendido a clamar, “meu Pai”? (Jr 3:19), “Tu me chamarás meu pai”. Todos os filhos de Deus clamam. Você pode sossegar sem estar plenamente satisfeito com o leite da Palavra de Deus? Rogo que considere e que seja sincero consigo mesmo. Se não tem estas marcas, não é do Reino de Deus, nunca terá parte ali, ali não poderá entrar às escondidas. Eles dirão: “Senhor, Senhor, abre-nos. E ele, respondendo, disse: Em verdade vos digo que vos não conheço”. Não será filho de Deus, e não terá nenhuma herança celestial.

Às vezes damos de presente algo aos que não são nossos filhos, mas não nossos filhos terrenos. Não se dá uma porção entre os filhos se não vivem como filhos. Quando vemos a um filho do rei zombar de um mendigo pensamos que isto não é correto; assim se você é filho do Rei, viva como um filho do Rei. Se foi ressuscitado com Cristo busque as coisas de cima e não as de baixo. Quando se reúnem falam do que foi prometido pelo Pai; devem amar a vontade de seu Pai e estar felizes e contentes com as coisas que enfrentam neste mundo. Se forem filhos de Deus, vivem juntos em amor. Se o mundo os combate, não se importem, mas é uma triste coisa combater com as armas carnais. Se há isto entre vocês, é uma marca de criança má, não está de acordo com as regras que tem aprendido na Palavra de Deus.

Vê a alma que tem a imagem de Deus?  Amado, por Ele – Cristo – é que haveremos de ir ao céu um dia.
Sirvam uns aos outros; façam o bem uns aos outros; e se alguém fez mal a você, ore para que Deus faça justiça e ame os seus irmãos.
Por último se são filhos de Deus, aprendam esta lição: “cingindo os lombos do vosso entendimento... Como filhos obedientes, não vos conformando com as concupiscências que antes havia em vossa ignorância; Mas, como é santo aquele que vos chamou, sede vós também santos em toda a vossa maneira de viver”; considera que Deus é o seu Pai; e deseja que isto o leve a viver como filho de Deus, para que olhe a seu Pai em sua face com consolo todos os dias nesta vida.

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FONTE: www.discernimentobiblico.net 
Traduzido por Edmilson de Deus Teixeira 

01:17
John MacArthur
Bem, já que eu não tenho que pregar sobre nada a não ser o que eu queira prega uma vez que eu terminei o Novo Testamento, eu tenho tentado decidir pregar... em sequência, um novo tipo de experiência para mim, e eu estou trabalhando em um tipo de sequência que faça sentido em relação ao futuro. Mas, eu estou em tal ponto de liberdade em minha vida que eu sigo o que quer que esteja em meu coração. Essa é uma oportunidade maravilhosa para mim, e existe um assunto que vem me preocupando a muito tempo. E eu tenho tentado discutir em relação a esse assunto, mas essa não tem sido parte da pregação dos Evangelhos da forma em que ele pode ser agora. E esse assunto é o Espírito Santo. 

Depois de toda ênfase por tantos anos. 25 anos pregando nos 4 Evangelhos e, é claro dando muita ênfase a pessoa de Cristo, como deveria ser, muita ênfase sobre o caráter de Deus e a natureza de Deus na manifestação de Cristo como é visto nas Escrituras, já é hora de nós darmos honra a terceira Pessoa da Trindade, chamada de Espírito Santo.

O Espírito Santo é o mais esquecido, o mais mal representado, o mais ofendido, o mais abusado, e eu posso até mesmo dizer, o mais blasfemado dos membros da Trindade. Isso é uma coisa triste.

E quando o nosso Senhor purificou o templo, em João 2, Ele disse que tinha sensibilidade para com a atitude de Davi no salmo 69 (vs.) “O zelo da tua da tua casa me devorou e as afrontas dos que te afrontam caíram sobre mim”. E o que o nosso Senhor estava dizendo é: “Quando Deus é desonrado eu sinto a dor. Vocês fizeram da casa do Meu Pai, que deveria ser uma casa de oração, e a tornaram um covil de salteadores. Vocês corromperam a casa do Meu Pai, vocês blasfemam o nome do Meu Pai e desonram o Meu Pai. E eu posso dizer que há muito tempo eu venho sentindo essa mesma coisa, em relação ao Espírito Santo. Sim, eu me entristeço quando Deus é desonrado, é um pesar constante para mim, eu me entristeço quando Cristo é desonrado, mas, nesse tipo contemporâneo de “mundo cristão evangélico eclesiástico”, as pessoas estão um pouco menos dadas a desonrar o nome de Deus e o nome de Cristo, mas aparentemente  elas acham que podem desonrar e abusar à vontade do Espírito Santo, porque isso acontece bastante.

Eu não estou aqui para defender o Espírito Santo, Ele pode defender a Si mesmo, mas eu estou aqui para dizer que as afrontas que caem sobre o Seu nome santo, também caem sobre mim. E isso vem principalmente de igrejas pentecostais e carismáticos que acham quer têm o direito de abusar do Espírito Santo e até mesmo blasfemar do Seu santo nome. E elas fazem isso constantemente. Como elas fazem isso? Atribuindo  o Espírito Santo palavras que Ele não disse, obras que Ele não fez, e experiências que Ele não gerou. Atribuindo ao Espírito Santo aquilo que não é obra do Espírito Santo. Experiências humanas intermináveis, experiências emocionais, experiências bizarras e experiências demoníacas são consideradas como provenientes do Espírito Santo. Visões, revelações, vozes do céu, mensagens do Espírito através de meios transcendentais, sonhos, falar em línguas, profecias, experiências fora do corpo, viagens ao céu, unções, milagres, todas elas falsas, todas elas mentirosas, todas elas enganosas, falsamente atribuídas ao Espírito Santo.

Você sabe que Deus não quer ser adorado de formas ilegítimas. Deus quer ser adorado por quem Ele é, pelo o que Ele têm feito, da maneira como Ele tem declarado. A temporada de abuso ao Espírito Santo está aberta. Desonras ultrajantes ao Espírito Santo, afirmando que Ele está dizendo coisas, fazendo coisas e gerando coisas que absolutamente não têm nada a ver com o Espírito Santo. É um tipo imprudente de movimento, é um pecado vergonhoso e perigoso amontoar abusos como esses sobre o Espírito Santo. 

Na verdade a ideia de desonrar ao Espírito Santo deveria fazer qualquer pessoa estremecer. Eu acho que parece que as pessoas estão menos interessadas em afirmar que Deus está fazendo certas coisas ou dizendo certas coisas, ou que Cristo está fazendo coisas ou dizendo certas coisas, mas então elas estão dizendo, “O Espírito Santo fez isso, o Espírito Santo disse aquilo, o Espírito Santo está produzindo e gerando isso...”. Elas simplesmente parecem não ter nenhum limite sobre as coisas das quais elas culpam o Espírito Santo. 

Uma forma de seguir em frente com isso seria ver isso como um contraste em relação ao que nós vemos em Mateus 12, por exemplo. Os líderes de Israel cometeram o pecado imperdoável e qual foi esse pecado imperdoável? Foi atribuir a Satanás a obra do Espírito Santo. Lembram-se disso? Foi atribuir a Satanás a obra do Espírito Santo. Mateus 12:31, 32. O que está acontecendo atualmente é o oposto. Atribuir ao Espírito Santo a obra de Satanás. É isso que está acontecendo. Atribuir ao Espírito Santo. Satanás está vivo e trabalhando por meio do engano, falsos milagres, teologia ruim, visões mentirosas, sonhos mentirosos, revelações mentirosas, mestres enganadores que buscam dinheiro, poder e influência. Satanás está vivo e bem. E a obra de Satanás está sendo atribuída ao Espírito Santo. Essa é uma grave blasfêmia da mesma forma que atribuir a Satanás a obra do Espírito Santo é uma grave blasfêmia. Eu não posso nem mesmo começar a fornecer a vocês todos os exemplos. Você tem o suficiente da sua própria mente. Você pode ligar a sua TV e ver qualquer um que você escolher. E a fim de dar credibilidade a todas essas coisas e a todas essas mentiras, eles vinculam elas ao Espírito Santo como se isso fosse uma amostra grátis. Como se não houvesse nenhum preço a pagar por esse tipo de blasfêmia. 

A última onda disso, eu vou lhes dar um exemplo, que está ganhando força e que tem aparecido nos noticiários nacionais é uma nova forma de “charismania” que afronta o Espírito Santo que afronta o Espírito Santo chamada de “Nova Reforma Apostólica”. NRA, a Nova Reforma Apostólica. A propósito, ela não é nova, não é uma reforma e não é apostólica. Ela é como “castanhas de uva”, Ela não é castanha e nem uva. Ela é como a “Ciência Cristã”. Não é cristã e nem científica.  Mas ela é um movimento que cresce rapidamente sendo gerada por alguns dos mesmos falsos mestres perturbadores e falsos líderes que tem andado por aí na “charismania” por várias décadas, sempre desonrando o Espírito Santo, sempre desonrando as Escrituras, sempre alegando sinais miraculosos, maravilhas, visões, sonhos...

Peter Wagner, os profetas da cidade de Kansas, Mike Bickle, Cindy Jacobs, Lou Engle e por aí vai. De fato, isso está explodindo tão rápido, que eles têm uma rede englobando 50 estados envolvidos nisso agora. Isso é um novo tipo de “charismania” anabolizada. Um escritor disse, “charismania com injeção de adrenalina”. E aqui está alegação fundamental deles: que o Espírito Santo revelou a eles que o ano de 2001 nós entramos na segunda era apostólica. O que isso significa? Significa que os antigos ofícios perdidos de profetas e de apóstolos do Novo Testamento forma restaurados. Que o Espírito Santo tem concedido o poder de profecia e o poder e a autoridade de um apóstolo para certas pessoas nessa geração da igreja à partir de 2001. Parece muito estranho para mim que o Espírito Santo conceda isso a pessoas cuja teologia é anti-bíblica e totalmente detestável.

Eu tenho certeza de que o Espírito Santo não vindicaria falsos mestres. Então não é o Espírito Santo. Mas é isso que eles alegam. Mas o Espírito Santo é culpado de tudo isso. Essa é simplesmente a primeira novidade. Por exemplo, eles têm a mesma autoridade dos apóstolos, eles têm o mesmo poder que os apóstolos tinham através do Espírito Santo para fazer milagres e exercitar esse poder. E eles o recebem desde 2001. Alguns deles se colocaram na categoria de profetas e outros na categoria de apóstolos. Eles falam o que o Espírito Santo revela a eles, com a mesma autoridade que os apóstolos tinham. Essa autoridade e poder foram demonstrados ao mundo porque um desses apóstolos fez cessar a doença da vaca louca na Alemanha. Pelo menos é o que ele diz.

O movimento é caracterizado por um comportamento emocional excessivamente bizarro num lamaçal de todo tipo de revelações loucas e comportamentos... Peter Wagner é o pai disso tudo, visto que eles tem se envolvido em todo tipo de abominações ao longo dos anos, incluindo o movimento de crescimento da igreja que deu início ao movimento pragmático o qual, como nós sabemos, é tão ubíquo. A sua influência tem aumentado e recentemente alcançou a esfera política, e eu lhes digo como: A cerca de duas semanas atrás houve uma oração matinal na cidade de Houston, sobre a qual talvez você tenha lido. Foi um evento patrocinado pela Nova Reforma Apostólica e seus líderes, e o preletor principal e convidado foi Rick Parry, que é um candidato a presidente pelo  partido republicano. Nesses eventos patrocinados pela Nova Reforma Apostólica, dois pastores estavam liderando esse evento, eles são “apóstolos”. Eles recebem o apostolado por meio do Espírito Santo, eles ligaram para o gabinete de Rick Parry quando governador do estado do Texas e disseram a ele que o Senhor tinha revelado a eles, através do Espírito Santo, que o Texas é o estado que o Senhor escolheu para liderar os EUA no avivamento e num governo piedoso, e que Rick Parry deve desempenhar um papel fundamental nisso. E naquele evento, esses dois apóstolos do movimento da Nova Reforma Apostólica impuseram as mãos sobre Rick Parry, e oraram por ele. Eles alegam que Deus fala diretamente com eles, dando instruções específicas, e que se as pessoas não derem ouvidos a essa revelação divina dada por Deus através deles, haverá mais terremotos, mais ataques terroristas e uma condição econômica ainda pior. Porém, se nós ouvirmos, coisas boas vão acontecer porque nos deram um exemplo disso porque eles são aqueles que deram um pouco de chuva ao Texas, depois da seca.

Se você não soubesse disso, você pensaria que alguém abriu a porta dos fundos do hospício.

Um desses apóstolos disse que o partido democrático é controlado por Jezabel e 3 demônios menores. Eles veem demônios em lugares públicos, eles confrontam esses demônios e fazem isso em rituais trabalhosos marcados com estacas de ferro e prumos ao longo de todo o estado do Texas ficando estacas no chão, marcando certas coisas e reivindicando cada condado no Texas para Deus.

Um deles disse: “Nós fomos chamados para dominar o mundo”. Eles tem ido a cada loja maçônica no Texas para expulsar o demônio “Bale”, porque ele controla a maçonaria. Eles fizeram uma reunião em 2009 em Houston sob a unção do Espírito Santo. Jezabel estava visível. Eles viram Jezabel. Na verdade, uma deles chamada de Alice Paterson um desses apóstolos, que escreveu um livro “Bridging the Racial and Political Devide” que soa como um livro político, publicado em 2010, ela disse que viu Jezabel. E Jezabel levantou a sua saia, e quando Jezabel levantou a sua saia, (isso é uma citação) ela expôs um pequeno “dragão Bale” e outros demônios que eram pequenos espíritos covardes e medrosos agarrados nas pernas finas de Jezabel. (Fim da citação). Isso está no livro “Bridging the Racial and Political Devide”. 

E tudo isso atribuído ao Espírito Santo, que está revelando todas essas coisas. Ora, você sabe de onde vem tudo isso. Isso é atribuir novamente ao Espírito Santo a obra de Satanás. Eu não sei o que Rick Parry sabe, ele não sabe de tudo isso. Você sabe, num ano eleitoral você recebe orações de qualquer pessoa, especialmente se você não sabe do que se trata. Mas isso é apenas um exemplo das abominações que continuam a ser colocadas nas costas do Espírito Santo como se isso fosse coisas que Ele está fazendo. Isso é uma forma assustadora de blasfêmia contra o Espírito Santo. 

Existem outras formas, mas essa é simplesmente a última que está na mídia. Eu me lembro dos primeiros anos de ministério, quando eu sai do seminário. Eu me formei na faculdade e durante os meus anos de seminário e por muitos anos depois, eu viajei por aí e falei para grupos de jovens, para grupos na faculdade e todos os tipos de grupos diferentes, estudantes de ministérios e ministérios em igrejas, e inevitavelmente, um dos temas sobre o qual todo mundo queria que eu falasse era sobre o ministério do Espírito Santo. Isso era constante. Eu estava constantemente falando sobre o ministério do Espírito Santo. E todo mundo perguntava sobre a santificação. Como eu venço o pecado em minha vida? Como eu avanço espiritualmente, como eu cresço para ser mais parecido com Jesus Cristo? Como eu me separo do mundo? Como eu venço a te tentação? Qual é o caminho? Como eu manifesto o fruto do Espírito? Como eu posso andar no Espírito e não satisfazer a concupiscência da carne? Isso está bem claro na santificação no Novo Testamento e os jovens estavam fazendo essas perguntas. Isso era constante. Eu ia de conferência em conferência, em retiros e em vários lugares falando aos estudantes e inevitavelmente o assunto era, “como eu posso ser santificado? Como eu posso me tornar mais parecido com Cristo? Como eu posso vencer o pecado em minha vida? Como eu posso crescer na graça e no conhecimento de Cristo? O que significa ser cheio do Espírito Santo? O que significa ser batizado pelo o Espírito Santo, selado pelo Espírito, habitado interiormente pelo Espírito? Qual é o papel do Espírito em minha vida?” Eu não recebo mais perguntas como essas. Isso não parece ser o assunto das conversas em geral. Isso perece ser um assunto sobre o qual ninguém se importa.

O movimento carismático “roubou” o Espírito Santo e criou um bezerro de ouro (Êxodo 32:8). E eles estão dançando em torno do bezerro de ouro, como se ele fosse o Espírito Santo. É uma falsa forma do Espírito Santo. Eles exploraram o Espírito Santo de uma maneira que eles fazem isso de uma forma que não é criticada. Ninguém pode dizer nada contra eles. Isso é desagregador, sem amor, contencioso, é o que Benny Hinn falaria sobre mim, “Se dependesse de mim, eu pegaria a minha metralhadora do Espírito Santo e explodiria o cérebro dele”. Eles não permitem que você questione nada que falam sobre o Espírito Santo. Eles agregaram o Espírito Santo, e exigem que isso seja feito sem críticas, sem ser confrontado e eles prosseguem com a sua exploração, e assim o verdadeiro testemunho do Espírito Santo é empurrado e reprimido porque isso será desagregador, eles não vão gostar disso, isso vai ofender alguém. E assim a versão carismática do Espírito Santo, é esse bezerro de ouro que não é de Deus, não é Deus, o Espírito Santo, mas uma criação falsa e um ídolo em torno do qual eles dançam em seus exercícios desonrosos.

E aqui estamos nós nessa interessante “teologia reformada “e nessa nova onda “evangélica” que está acontecendo e fala-se muito pouco sobre o Espírito Santo, muito pouca discussão sobre o Espírito Santo, nenhuma doutrina forte sobre a santificação, nenhum desejo consumidor por santidade, separação do mundo. Na verdade, para mim parece que muito desse novo movimento evangélico parece mais e mais mundano. Ele parece ser indiferente a obra do Espírito Santo. 

Se você entende o Evangelho corretamente você pode fazer tudo o que você quiser. Muito pouco interessante em falar sobre o que é o batismo do Espírito Santo, o que é o enchimento com o Espírito, o selamento do Espírito, o que significa andar no Espírito e não  satisfazer a concupiscência da carne (Romanos 13:14). O quer dizer a separação bíblica, a santidade pessoal, a santificação. Eles parecem que não estão interessados nessas coisas. 

Onde quer que o Espírito Santo esteja, aí existe humildade. Onde quer que  você veja a exaltação do homem, isso não é obra do Espírito Santo. Você pode olhar para um movimento que se diz evangélico, e se há uma exploração e exaltação do homem, isso não é obra do Espírito Santo. Onde o Espírito Santo opera, Jesus Cristo é exaltado e tudo mais se desvanece.

De todas as eras da história da igreja, essa é a mais suscetível de alimentar o orgulho. Porque? Porque existem muitas maneiras de você se colocar na frente da face das pessoas ao redor do planeta. Este é um tempo favorável para pessoas orgulhosas se engrandecerem ao máximo. Eles parecem simplesmente não estarem interessados na obra e no ministério do Espírito Santo. Existe até mesmo uma tolerância em relação a uma visão do Espírito Santo que é francamente herética. E isso é o que eu acho que você pode chamar de modalismo, eu sei que isso é um termo técnico mas isso simplesmente quer dizer que existe somente um deus, ele não é 3 pessoas, ele é um deus que aparece em 3 formas, não ao mesmo tempo, mas separadamente. Às vezes ele é o Pai, às vezes ele é o Filho, às vezes ele é o Espírito, ele nunca é 3 em 1. Essa é a visão de, por exemplo, T. D. Jackes, Sabelianismo modalista. Isso não parece incomodar muitas pessoas. Que ele tem um deus que não é o Deus da Bíblia. Que a visão dele do Espírito Santo é uma heresia. A visão dele do Pai e do Filho também é herética.

Nós temos que concertar essa visão. Nós temos que dar ao Espírito Santo a mesma adoração do Pai e do Filho. E essas coisas têm estado na minha mente, e outras coisas além dessas, mas eu acho que você captou o quadro. 

Nós realmente não temos examinado bem o ministério do Espírito Santo para ver porque nós precisamos adorar e nos concentrar em termos de dar a Ele o louvor e honra que Ele merece. O desinteresse pelo Espírito Santo é o que gera o pragmatismo. Nós temos trocado o sobrenatural, o ministério do Espírito Santo, pelo pragmatismo. Nós temos cometido o pecado dos gálatas. Em Gálatas 3, Paulo diz, “Tendo começado pelo Espírito, estai aperfeiçoando-vos pela carne?” Em outras palavras, não há como ser salvo a não ser pela obra do Espírito Santo. A gora que vocês estão salvos, vocês resolveram fazer pela carne, querem realizar tudo pela carne. O orgulho venceu a humildade e tudo isso é uma afronta ao Espírito Santo.

Onde está o manso, onde está o humilde e o modesto? Onde o Espírito Santo está, Cristo será exaltado. Será Cristo, e será Cristo novamente quem recebe todo o louvor, toda a honra e toda a glória. O Espírito Santo é ofendido se Cristo não é exaltado. A Sua obra é apagada quando a carne é engrandecida.

E assim nós poderíamos ter feito isso ao longo dos anos, e é claro que falamos o que o Novo Testamento ensina sobre o Espírito Santo e eventualmente nós cobriríamos tudo isso nos últimos 40 anos. Mas eu quero dar uma olhada no ministério do Espírito Santo durante as próximas semanas e eu não sei quanto tempo isso vai levar. Eu não tenho a menor ideia. E não tem problema, mas nós vamos para um capítulo ao invés de rodar por tudo quanto é lugar, porque eu não quero leva-los a um lugar qualquer. Nós vamos olhar para Romanos 8. E você pode simplesmente conservar isso em mente. Se você voltar para lá agora, você vai ficar um pouco frustrado. Mas, vá em frente, se isso deixar você mais confortável, abra a sua Bíblia. Eu não vou fazer isso, mas abra a sua Bíblia. Eu vou fazer algumas referências a Romanos 8, esse será o nosso capitulo. Porque nós não olhamos para ele por um momento? E deixe-me realçar o que eu vou pegar desse capítulo para aprender sobre o Espírito Santo. Está bem óbvio. Você vê isso em Romanos 8:2, se referindo ao Espírito. Você desce para o versículo 4 que fala do Espírito. O versículo 5 fala do Espírito. O versículo 6 fala do Espírito. O versículo 9 fala do Espírito. O versículo 11 fala do Espírito, e os 13, 14, 16... Esse é o capitulo do Espírito. Descendo até o versículo 26, o Espírito nos ajuda nas nossas fraquezas, e Ele é mencionado novamente intercedendo por nós, E assim, o Espírito Santo é o agente principal nesse capitulo 8 de Romanos.

Então ele nos dar a oportunidade de construir uma teologia sólida sobre o ministério e a obra do Espírito Santo. Nós podemos chamar esse capítulo de “A vida do Espírito Santo,” a vida no Espírito. Nós vamos passar ótimos momentos trabalhando nesse capítulo, como vocês verão. Mas antes de nós fazermos isso, eu apenas quero dar a vocês uma visão geral antes de nós entrarmos numa visão mais profunda.

O Espírito Santo não é uma força impessoal. Não é uma “coisa”. O espírito Santo não é uma influência. O Espírito Santo não é um tipo de “energia” que emana de Deus. O Espírito Santo é DEUS! Um membro da Trindade. Uma Pessoa. A completa essência de Deus. Com uma personalidade e identidade própria. As Escrituras são claras sobre isso. Ele é igual em natureza e atributos, eu vou repetir isso: Ele é igual ao Pai e ao Filho em natureza e atributos. Ele não é menor em nenhum sentido. Ele é totalmente Deus da mesma forma que o Pai e o Filho o são. 

Ele tem uma personalidade. Às vezes as pessoas se referem ao Espírito Santo como “isso”. Isso é impreciso. Ele tem intelecto, emoções e vontade. E as evidências disso nas Escrituras são amplas, em todo lugar. Por exemplo, “Ele conhece as coisas profundas de Deus” (1Corintios 2:10). Em outras palavras, Ele sonda toda a profundidade do conhecimento Divino. Ele possui o mesmo conhecimento do Pai e do Filho, isto está em 2 Coríntios 2. Ele ama os santos, e o seu amor é igual aquele amor que é característico de Cristo e de Deus. Romanos 5:5. Ele faz escolhas. Escolhas Divinas. Escolhas soberanas (1 Coríntios 12:11). Ele decide o que Ele vai dar, a que crente dar, em relação às capacitações espirituais. Ele fala! Ele fala a verdade. Sempre! Ele ora por nós. Romanos 8, como nós encontramos no versículo 26. Ele nos ensina todas as coisas (João 14:26). Ele é a unção que vem de Deus (João14 e 1João 2:27). E assim, nós não precisamos de um professor humano, pois Ele nos ensina todas  as coisas. João 16:13 diz que Ele nos guia. Aqui em Romanos 8 diz que Ele nos lidera visto que todas os que são guiados pelo o Espírito Santo de Deus, são filhos de Deus. Ele manda! Os Seus mandamentos são dados, por exemplo, em Atos 16:6 e 7. Ele comunga conosco, 2 Coríntios 13:14 fala sobre a comunhão do Espírito. Efésios 4:30 diz que Ele pode ser entristecido. Tudo isso indica que Ele é uma Pessoa. Ele pode ser entristecido. Atos 5:3, a Ele pode ser dita uma mentira, como fizeram Ananias e Safira, “Porque mentistes ao Espírito Santo?” Ele pode ser tentado! Está na mesma passagem. “Porque tentastes o Espírito Santo?” Ele pode ser tentado, irritado, você poderia dizer, segundo Isaías 63:10. Ele pode ser resistido! Atos 7:51, “Porque resistis ao Espírito Santo?” E em Marcos 3 e em Mateus 12 Ele pode ser blasfemado! 1 Tessalonicenses 5:19, Ele pode ser apagado, se os Seus esforços forem impedidos.

Tudo isso são evidência de que Ele é uma Pessoa.  Alguém que pensa, sente, age, toma decisões, como uma Pessoa normal faz. Também não existe dúvidas quanto a Sua Deidade. Que Ele é totalmente Deus. E eu lhes mostro apenas um exemplo disso, embora existam muitos. Volte por um momento para Atos capítulo 5 e vamos voltar para aquele rápido relato sobre Ananias e Safira, que mentiram para o Espírito Santo dizendo que eles tinham dado tudo que eles tinham recebido da venda da propriedade quando, na verdade, eles conservaram uma parte do dinheiro para eles mesmos. Então, no capítulo 3, Pedro os confronta no dia do Senhor, na igreja, “Porque encheu Satanás o teu coração para que mentisses ao Espírito Santo?” Olha só, “Porque encheu Satanás o teu coração para que mentisse ao Espírito Santo?” Agora desça para o versículo 4. No final dele. “Não mentistes aos homens, mas a Deus”. Deus é o Espírito Santo. O Espírito Santo é Deus. Ai está a Deidade do Espírito Santo. Absoluta e claramente indicada. 

Você tem formulas trinitárias em Mateus 28:19. “Batizando-os em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo”. Todos Eles membros da Santíssima Trindade, Eles não podem ser Membros separados. O modalismo é uma ideia ridícula de que às vezes Deus é Deus Pai, e então Ele se manifesta como Filho, e depois como o Espírito Santo. Como Você explica o batismo de Cristo onde Cristo é batizado, o Pai está dizendo, “Este é o Meu Filho amado”, e o Espírito está descendo em forma de pomba? (Mateus 3:16,17). Um pequeno problema para os “modalistas”, visto que os 3 se manifestam ao mesmo tempo. Ele é Deus. Como nós sabemos disso? Ele tem os atributos de Deus. Em Hebreus 9:14 diz que Ele é o Espírito eterno. Ele é tão eterno quanto Deus porque Ele é eternamente Deus. Ele é onisciente. E, mais uma vez, isso nos leva a João 16, 15 e também 14. Ele é a fonte de toda a verdade. Ele guia você em toda a verdade. Ele revela toda a verdade.

1 Coríntios 2. Ele conhece as coisas profundas de Deus que são conhecidas somente por Deus e por pelo o Espírito de Deus. Portanto, Ele é eterno e é onisciente. E Ele é onipotente. Quão poderoso é o Espírito? Ele tem o mesmo poder que Deus. Como nós sabemos disso? Ele é o criador de tudo que existe! Isto está em Gênesis. Certo? No princípio a Criação era sem forma e vazia (Gênesis 1:1-2). Era “tohu” e “bohu”. Havia um vazio e um nada. E o Espírito de Deus se movia sobre a face das águas, e a Criação teve início. Ainda mais espantoso é ver o poder da Sua Criação. Está no primeiro capítulo de Lucas, no verso 35, quando o anjo veio a Maria e disse, “O Espírito Santo descerá sobre ti”. E ouçam isso, e com Ele o poder do Altíssimo. Em outras palavras, o poder do Deus Altíssimo, El Elyon, o Deus Supremo e Soberano do universo. O poder do Deus supremo reside plenamente no Espírito Santo. É o poder do Deus altíssimo dispensando através do Espírito Santo. Ele criou tudo o que foi criado da mesma forma que o Pai criou, e o Filho criou. Onipotência. Onipresença. Salmos 139:7. “Para onde me irei do teu Espírito?” Lembram-se de quando o salmista disse isso? “Para onde me irei do teu Espírito?” Como eu posso achar um lugar no universo que esteja longe do teu Espírito? Não existe tal lugar. Ele está em todo lugar em todo o tempo. Em Romanos 1:4 Ele é chamado do o “Espírito de santidades”.

Deus é Santo, Santo, Santo! O Pai é Santo! O Filho é Santo! O Espírito é Santo! Isso é o “trihageon” de Isaías 6. Ele é o Espírito de santidade. Em 1 Pedro 4:14 Ele é chamado de o “Espírito da glória”. Ele é como o Deus da glória. Como a glória de Deus brilhando gloriosamente na face de Jesus Cristo (2 Coríntios 4:6). Ele é o Espírito da glória. Em 2 Coríntios 3:6 Ele é chamado de o “Espírito doador da vida”. Ele é a fonte da vida. E esses são os atributos que pertencem a Deus. E o Espírito Santo os possui. Portanto, o Espírito Santo é Deus. Sendo Deus, Ele deve ser adorado como Deus, honrado como Deus, tratado como Deus, da mesma forma que você trata Deus o Pai e Deus o Filho, Você deve tratar o Espírito Santo.

Como eu disse, as pessoas perecem ser um pouco mais relutantes em blasfemar o Pai e o Filho, mas elas não tem nenhum problema em fazer uma piada ou uma zombaria do nome do Espírito Santo.

Se você fala sobre os títulos que o Espírito Santo tem, esse tipo de acréscimo ajudará você entender um pouco mais, muitas vezes Ele é chamado Deus, eu li isso em Atos 5:4. Muitas vezes Ele é chamado Senhor (2 Coríntios 3:17). Por exemplo, 2 Coríntios 3:18, um dos meus versículos favoritos (Os que me conhecem sabem disso). Ele diz que quando nós contemplamos a glória do Senhor, sendo transformados na mesma imagem de glória, “como pelo Senhor, o Espírito”. O Senhor, o Espírito. O Espírito é o Senhor. Ele é chamado de Deus, e Ele é chamado de Senhor. Títulos da Deidade.

Existem outros títulos que Ele tem. Ele é chamado de o “Espírito de Deus”, Gênesis 1:2, “o Espírito de Deus se movia sobre as águas”. Mateus 3:16. Ele é chamado de o “Espírito do Senhor” em Lucas 4. Ele é chamado de o “Espírito dEle’, isto é, de Deus, Números 11:29. Ele é chamado de o “Espírito de Yaweh” (Jeová) em Juízes 3:10. Ele é chamado de o “Espírito do Senhor Deus” em Isaias 61. Ele é chamado de o “Espírito do vosso Pai” em Mateus 10:20, e de o “Espírito do Deus vivo” 2 Coríntios 3:3.

Ele recebe todos os títulos que pertencem a Deidade. Esse é o ponto aqui. Ele é chamado de o “Espírito de Jesus” em Atos 16:7. De o “Espírito de Cristo” bem aqui, em Romanos 8:9. E em Gálatas 4:6, de o “Espírito do Seu Filho”. Filipenses 1:19: o “Espírito de Jesus Cristo”. Isso é uma indicação clara de que Ele é plenamente Deus! Sabe, quanto mais eu penso nisso e examino isso como eu venho fazendo nos últimos dias, mais meu coração dói pelo Espírito Santo ser tratado equivocadamente.

Eu digo mais uma vez, eu não estou aqui para defender o Espírito Santo, Ele pode defender a Si mesmo. Mas eu estou aqui para dizer a você que não quer ser sugado em meio a essa zombaria do bendito Espírito Santo. Você quer adorá-Lo por quem Ele é. Às vezes as pessoas me dizem, “nós podemos orar ao Espírito Santo?” É claro! É claro, Ele é Deus! “Nós não temos que orar somente ao Pai?” Não! Ore ao Pai, ore ao Espírito, ore ao Filho, ore aos 3.  Ore a 2 dEles. “Podemos adorar o Espírito Santo?” Absolutamente, incline-se e adore o Espírito Santo. Da mesma forma com Cristo e com o Pai. 

Você não diria uma palavra contra o Pai. Você não diria uma palavra contra o Filho. Não diria uma palavra contra o Espírito Santo. Não atribua nada a Deus que não é verdade à respeito dEle. Não atribua nada a Cristo que não é verdade à respeito dEle, não atribua nada ao Espírito Santo que não seja verdade à respeito dEle. Se nós nos livrássemos disso, isso mudaria a face da Igreja!

Quando você pensa sobre as obras do Espírito Santo, você tem que começar com a Criação, e então, no Velho Testamento você O vê convencendo pessoas. Lembre-se de Gênesis 6, “O meu Espírito não contenderá para sempre com o homem”. Ele contende para trazer convicção da mesma forma que eu li em João 16, quando o Espírito vem para convencer o mundo do pecado, da justiça e do juízo.

No Velho Testamento você O vê habitando em certas pessoas para determinadas tarefas, Ele regenerava pessoas no Velho Testamento, pois você não poderia ser regenerado a não ser por um milagre Divino. 

Ele é o Espírito que concede vida! O Espírito vivificante. Ele é esse Espírito. Então no Velho Testamento Ele é visto como o Criador, Ele é visto como o Regenerador daqueles que creem. Ele visto como Aquele que convence o homem do pecado. Ele é visto como Aquele que capacita o homem a servir. Leia Êxodo 31, Juízes 3, Juízes 6. O Espírito de Deus vinha capacitar pessoas para servirem. É por isso que Davi no Salmo 51 sobre o seu pecado, disse: “Não retires de mim o Teu Santo Espírito”. Ele não estava falando sobre o fato de que, de repente, o Espírito Santo que havia regenerado e fortalecido para a sua vida espiritual, tinha ido embora. Ele estava falando em relação aquela obra especial do Espírito Santo na Ele vinha sobre determinadas pessoas para determinados ministérios. Capacitando os homens a fazer certas coisas.

Mas a única coisa que destaca na perspectiva do Seu ministério no Velho Testamento em relação ao Novo Testamento é que Ele é o autor das Escrituras. Nenhuma Escritura é de particular interpretação, disse Pedro (2 Pedro 1:20). Nenhuma interpretação pessoal, mas homens santos de Deus foram movidos pelo Espírito de Deus. Foi assim que todo o Velho Testamento foi escrito. O Espírito Santo é o Autor, através da instrumentalidade humana. Também foi assim que o Novo Testamento foi escrito. É Deus “soprando”. A palavra “soprar” é “pneuma”.  É o Espírito de Deus que escreve as Santas Escrituras. Você pode encontrar lugares nas Escrituras que falam do Espírito Santo dizendo isso, e do Espírito Santo dizendo aquilo. Ele é o Autor das Escrituras. As Escrituras são “sopradas” (inspiradas) por Deus. Elas são a revelação de Deus por meio do Espírito Santo. Um exemplo, em Atos 1:16. “Convinha que se cumprisse a Escritura que o Espírito Santo predisse”. Toda vez que as Escrituras dizem algo, é o Espírito Santo dizendo isso.

À propósito, nós lemos em João 15 e 16 que a incumbência principal do Espírito Santo é glorificar a Cristo, certo? “Ele é o Espírito da verdade, mas ele testifica de mim, Ele Me glorifica”. E quando nós lemos as Escrituras, é isso que elas fazem. Mesmo no Velho Testamento. É por isso que Lucas 24 diz, “e começando por Moisés, e por todos os profetas, explicava-lhes o que dele se achava em todas as Escrituras”. Escritas no Velho Testamento. Tudo ao longo do Velho Testamento, bem como no Novo. O Espírito Santo que é o Autor, está apontando para Cristo! E assim onde quer que você veja uma obra que é realmente ministério do Espírito Santo você vai ver o homem se humilhando, e Cristo sendo exaltado.

E então, na vida de Cristo você vê o ministério do Espírito Santo. Ele está ali O vivificando. Ele está no Batismo dEle. O Espírito Santo descendo como pomba sobre Ele. Ele está no princípio do ministério dEle. O Espírito Santo vem sobre Ele e Ele inicia o Seu ministério público aos seus 30 anos. O Espírito Santo está ali na tentação dEle. Vocês se lembram que o Espírito Santo O conduziu ao deserto (Mateus 4:1) e através daquela tentação, e não por cima dela. Ele é Aquele que unge em Atos 10:38. Houve uma pregação sobre Ele, e eles disseram, “Ele foi ungido com o Espírito Santo”. O Espírito Santo veio sobre Ele. Foi por isso que Ele disse, “se vocês negam que as obras que Eu faço vem de Deus, vocês blasfemam contra o Espírito Santo”. “Porque é o Espírito Santo operando através de Mim”. Você sabe que, na verdade, era o Espírito Santo que ensinava através de Cristo? Isso demonstra o quão esvaziado de Si mesmo Ele estava. Ele se submeteu até mesmo no ensino ao que o Espírito Santo fazia por meio dEle.

João 3:34: “Porque aquele que Deus enviou fala as palavras de Deus, pois Deus não lhe dá o Espírito por medida”. Ele fala as palavras de Deus porque Ele tem o Espírito operando através dEle. Os milagres que Cristo fez e a mensagem que Ele pregou foi ministério do Espírito Santo através dEle. Ele estava em perfeito acordo com Ele. Mas era a mensagem do Pai através do Espírito. É o Espírito que era o poder por trás dos Seus milagres, e é por isso que era uma blasfêmia dizer que eles vinha de Satanás. 

Você sabia que até mesmo a morte dEle, até a morte de Jesus Cristo, da qual nós falamos tão frequentemente, foi uma obra do Espírito Santo. Eu não sei se você já pensou sobre isso, mas você vai pensar agora. Hebreus 9:14. “Quando mais o sangue de Cristo (ouçam isso), o sangue de Cristo, que pelo Espírito eterno se ofereceu a si mesmo imaculado a Deus”. Ele fez todos os milagres pelo poder do Espírito, e até a morte dEle foi pelo poder do Espírito. O Seu nascimento foi pelo poder do Espírito, a Sua vida foi pelo poder do Espírito, os Seus milagres foram pelo poder do Espírito, o Seu ensino foi pelo o poder do Espírito, e até mesmo a Sua morte foi pelo poder do Espírito Santo. E a ressurreição? Olhem em Romanos 8, o versículo 11. O Espírito dEle (do Pai) ressuscitou Jesus dentre os mortos. 

Quando você começa a abraçar o ministério do Espírito Santo... É incrível! Assombroso! Abrangente! E nós nem chegamos ao que diz respeito a nós. Então vamos fazer isso. O que Ele está fazendo no mundo? O que o Espírito Santo está fazendo no mundo? Bem, Ele convence do pecado, da justiça e do juízo. Gênesis 6:3: Ele contende com os pecadores. Então Ele é o poder “convencedor”. De acordo com 2 Tessalonicenses 2:13-14: Ele chama os pecadores, isso é um chamado eficaz, Ele realmente os chama. Além disso, Ele regenera! João 3: “Necessário vos é nascer de novo”. E assim, no mundo, Ele convence, Ele chama, Ele concede vida regenerada.

Ele dá testemunho dá verdade de Cristo. Atos 5:30-32. Então é o ministério do Espírito Santo que vem ao pecador, convence ao pecador, chama o pecador, quando o pecador compreende as glórias de Cristo, e Ele regenera o pecador. Agora o que Ele está fazendo no crente. Ele glorifica a Cristo. Exalta a Cristo. Através da Palavra. Mas além disso, Ele habita dentro do crente. Romanos 8:9. “O Espírito de Deus habita em nós”.  Paulo diz em 1 Coríntios 6, “Vós sois o templo do Espírito Santo”. Ele habita dentro de nós.

Agora eu estou falando pessoalmente aqui. Efésios 5:18 diz, “Enchei-vos do Espírito”. Ele nos enche, o que é uma poderosa declaração. Como o vento que enche as velas e move um navio. Isso é uma analogia. Ele nos sela. Ele nos guarda em segurança para a eternidade, diz Efésios 1. Ele nos outorga o fruto. O fruto do Espírito Santo. Amor, alegria, paz, longanimidade, benignidade, bondade, fé, mansidão e domínio próprio. Nos concede o amor (Romanos 5:5). Ele nos concede os dons do Espírito (Romanos 12). 1Coríntios 12: Vários dons divididos igualmente entre o Seu povo. Ele ensina. Ele nos guia em toda a verdade. Nos guia em todo o entendimento das Escrituras. A unção que nós temos de Deus para conhecermos todas as coisas. Romanos 8:26: Ele ora (Intercede) por nós. Gálatas 5:17: Ele guerreia contra a nossa carne e o pecado, em nosso favor. João 14:16: Ele nos consola. Romanos 8:14: eu já mencionei isso anteriormente, Ele nos guia e nos lidera. Gálatas 3: Ele nos santifica. Atos 1:8: Ele nos dá poder para testemunhar e evangelizar. O Espírito Santo faz todas essas coisas. Nós devemos saber compreender tudo isso. Admirável. Coisas preciosas.

Houve um tempo em que isso era uma parte extremamente importante do ministério cristão. Do pensamento cristão. Tentar escrever um livro sobre o ministério definido do Espírito Santo atualmente e encontrar um lugar para ele numa livraria cristã pode ser uma tentativa frustrante.

Se você fosse corrigir todos os erros que tem por aí... Eu não espero, a não ser entre nós, e a quem nós podemos influenciar, impedir essa terrível onda de abusos do Espírito Santo, mas eu acho que nós, como Igreja e como crentes, precisamos dar honra ao Espírito Santo da maneira como Ele é digno de ser honrado. E substituir essa abordagem frívola, superficial e abusiva, e mais do que isso, sair da penumbra... Para que Ele não seja o membro da Trindade esquecido, que nunca receba adoração que lhe é devida. Toda a questão de você viver a sua vida cristã é uma obra do Espírito Santo. Todo os ministérios são dons espirituais. Tudo o que eu faço, tudo o que você faz, tudo que qualquer pessoa faz no Reino e no corpo de Cristo que tem qualquer efeito ou impacto ou qualquer proposito, qualquer objetivo ou qualquer sucesso, é obra do Espírito Santo. Como nós podemos ignorar isso? E substituir isso por essas loucas! Isso O desonra. Bem, isso nos leva a Romanos 8, e na próxima semana eu retornarei a esse capítulo.



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O texto é baseado numa transcrição desta Pregação: http://youtu.be/-6gukrM7Z7w
Título original do vídeo: "A Blasfêmia Moderna Contra o Espírito Santo"
Legenda e Tradução por Claudio Pinheiro da Silva

As citações bíblicas desta tradução são da versão ACRF (Almeida Corrigida e Revisada Fiel).
Transcrição por Necilia Paula │ Revisado por  William Teixeira

18:04
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Algumas Citações deste Sermão:

"Salomão foi um grande rei, mas aqui está [Alguém] maior do que Salomão. Salomão foi Christus Domini, mas aqui está Christus Dominus. Aquele era o ungido do Senhor, mas este é o Senhor Ele mesmo ungido."

"Como viveremos com Cristo, se com Cristo, não morrermos (Romanos 6:8)? – mortos para o pecado, mas vivos para a justiça. Como Eliseu reviveu o filho da sunamita: “E subiu à cama e deitou-se sobre o menino, e, pondo a sua boca sobre a boca dele, e os seus olhos sobre os olhos dele, e as suas mãos sobre as mãos dele, se estendeu sobre ele; e a carne do menino aqueceu” (2 Reis 4:34). Desta forma, o Senhor Jesus, para nos restaurar, que estávamos mortos em nossos delitos e pecados, propagou e aplicou toda a Sua paixão a nós: coloca Sua boca de bênção sobre a nossa boca de blasfêmia; Seus olhos de santidade sobre os nossos olhos de concupiscência, e Suas mãos de misericórdia sobre nossas mãos de crueldade; e estende a Sua graciosa Pessoa sobre os nossos miseráveis “eus”, até que começamos a ficar aquecidos, a recuperar a vida, e o Espírito Santo [entra] dentro de nós."

"Visto que Cristo fez tudo isso para ti e para mim, então ore com Agostinho: “Senhor, me dê um coração para desejar-Te, desejando por busca-Te, buscando para encontrar-Te, encontrando para amar-Te – amando, para não mais ofender-Te”.

"Seis vezes, nós lemos que Cristo derramou Seu sangue: 1. Quando Ele foi circuncidado aos oito anos de idade, Seu sangue foi derramado. 2. Em Sua agonia no jardim, onde Ele suou gotas de sangue. 3. Em Sua flagelação, quando os algozes implacáveis buscaram sangue de seus lados sagrados. 4. Quando Ele foi coroado de espinhos, esses espinhos afiados feriram e atormentaram a bendita cabeça e derramou sangue. 5. Em Sua crucificação, quando Suas mãos e pés foram perfurados, o sangue jorrou. 6. Por fim, após Sua morte, “um dos soldados lhe furou o lado com uma lança, e logo saiu sangue e água” (João 19:34). Todos os Seus membros sangraram, para mostrar que Ele sangrou por todos os Seus membros. Nem uma gota deste sangue foi derramado por Ele mesmo, tudo [disto era] por nós: por Seus inimigos, perseguidores, crucificadores – nós mesmos."

"Considerem-nO, Deus Todo-Poderoso, tomando sobre Si a natureza humana. Este é o primeiro degrau de descida. “E o Verbo se fez carne, e habitou entre nós” (João 1:14). E “Deus enviou seu Filho, nascido de mulher” (Gálatas 4:4). Isto foi feito por revestir-se de nossa natureza, não por retirar a Sua própria. A Humanidade é unida à Divindade, mas a Divindade não é desassociada de si mesma. Ele é tanto Deus quanto homem, ainda assim, apenas um Cristo: um, não por confusão de substância, mas por unidade de Pessoa. Agora, nisto este eterno Deus tornou-se homem, Ele sofreu mais do que um homem pode sofrer, seja vivendo ou morrendo. Que o homem pudesse ter se tornado em um animal, em um verme, em pó, em nada, não é tão grande depreciação quanto que o Deus glorioso pudesse se tornar em homem."

"Veio Ele a Jerusalém, a qual Ele honrou com Sua presença, instruiu com Seus sermões, maravilhou com Seus milagres, molhou e orvalhou com Suas lágrimas? Ele O rejeitaram! “quis eu... tu não quiseste” (Mateus 23:37). Veio Ele a Sua parentela? Eles O ridicularizaram e difamaram, como se eles estivessem com vergonha de Sua aliança. Veio Ele aos Seus discípulos? Eles “tornaram para trás, e já não andavam com ele” (João 6: 66). Permanecerão ainda os Seus discípulos com Ele? Então eles dizem: “Senhor, para quem iremos nós? Tu tens as palavras da vida eterna” (João 6:68). Ainda assim, por fim, um O traiu, outro O negou, todos O abandonaram!"

Os discípulos são apenas homens fracos, os Judeus apenas cruéis perseguidores, os demônios apenas inimigos maliciosos; todos estes fazem apenas o seu tipo. Mas o mais baixo degrau é [que] Deus O abandonou; e em Seus sentimentos, Ele é esquecido do Altíssimo. Pesem todas estas circunstâncias, e vocês verdadeiramente contemplarão a Pessoa que deu a Si mesmo por nós.

"Ele mesmo, Aquele que era tanto Deus quanto homem; que assim participando de ambas as naturezas, nossa mortalidade e imortalidade de Deus, Ele pode ser um perfeito mediador. Ele veio entre os homens mortais e Deus imortal, mortal com os homens e somente como Deus. Como homem Ele sofreu, como Deus Ele satisfez; como Deus e homem Ele salvou. Ele entregou a Si mesmo: Ele mesmo totalmente e Ele mesmo, somente."

"Os raios de sol brilham sobre uma árvore, o machado corta a árvore, ainda assim não pode ferir os raios do sol. Desta forma, a Divindade ainda permanece ilesa, apesar de o machado da morte ter [cortado] abaixo a humanidade. Seu corpo sofreu ambos, o sofrimento e a espada; Sua alma [sofreu] tristeza, não a espada; Sua deidade não [sofreu] nem tristeza, nem a espada. A Divindade estava em pessoa aflita, ainda que não em dor."

"E então? Será preciso a ajuda de homens? Como é Cristo, o Salvador perfeito, se qualquer ato de nossa redenção é deixado para o desempenho de santo ou anjo? Não, as nossas almas devem morrer se o sangue de Jesus não puder salvá-las. E seja qual for o erro espirituoso [que] possa disputar pelos méritos dos santos, a consciência angustiada brada: “Cristo, e ninguém senão Cristo!... Cristo, e Cristo somente; Jesus, e apenas Jesus; misericórdia, misericórdia, perdão, consolo, por causa de nosso Salvador!” “E em nenhum outro há salvação, porque também debaixo do céu nenhum outro nome há, dado entre os homens, pelo qual devamos ser salvos” (Atos 4:12)."

"Cristo entregou a Si mesmo à morte por nossos pecados para que Ele pudesse nos livrar da morte e de nossos pecados. Ele veio não só para destruir o Diabo, mas para “destruir as obras do diabo” (1 João 3:8). Nem Ele retira apenas do pecado o poder de nos condenar, mas também o poder para nos governar e reinar em nós (Romanos 6:6, 12). Assim que a morte de Cristo, como responde à justiça de Deus por nossos pecados, assim deve matar em nós a vontade de pecar."

[Citações do Sermão “The Passion Of Christ” (A Paixão de Cristo), por Thomas Adams].

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Fonte: www.ChapelLibrary.org
Tradução: www.OEstandarteDeCristo.com

17:37
Jonathan Edwards
“Logo, pois, compadece-se de quem quer, e endurece a quem quer”
(Romanos 9:18)

O apóstolo, no início deste capítulo, expressa sua grande preocupação e tristeza de coração pela nação dos Judeus, que foram rejeitados por Deus. Isso o leva a observar a diferença que Deus fez por eleição entre alguns dos Judeus e outros, e entre a maior parte daquele povo e os Cristãos Gentios. Ao falar isso, ele entra em uma discussão no ponto mais específico da Soberania de Deus na eleição de alguns para a vida eterna, e rejeição dos outros, do que é encontrado em qualquer outra parte da Bíblia; no curso da qual ele cita várias passagens do Antigo Testamento, confirmando e ilustrando esta Doutrina. No versículo 9, ele nos remete ao que Deus disse a Abraão, mostrando a Eleição de Isaque ao invés de Ismael – “Porque a palavra da promessa é esta: Por este tempo virei, e Sara terá um filho”, então o que Deus disse a Rebeca, mostrando a sua eleição de Jacó ao invés de Esaú; “O maior servirá ao menor”. No verso 13, a uma passagem de Malaquias: “Amei a Jacó, e odiei a Esaú”. No verso 15, para o que Deus disse a Moisés: “Compadecer-me-ei de quem me compadecer, e terei misericórdia de quem eu tiver misericórdia”. E o verso anterior do texto, para o que Deus diz a Faraó: “Porque diz a Escritura a Faraó: Para isto mesmo te levantei; para em ti mostrar o meu poder, e para que o meu nome seja anunciado em toda a terra”. Nisto que o apóstolo diz no texto, ele parece ter respeito especialmente aos dois últimos trechos citados: o que Deus disse a Moisés no versículo 15, e para o que ele disse a Faraó no versículo imediatamente anterior. Deus disse a Moisés: “Terei misericórdia de quem eu tiver misericórdia”. A isso o apóstolo se refere na primeira parte do texto. E nós sabemos quão frequentemente é dito de Faraó, que Deus endureceu o seu coração. E assim o apóstolo parece ter se referido na última parte do texto: “e endurece a quem quer”. Podemos observar no texto:

1. O tratamento diferente de Deus para com os homens. Ele se compadece de alguns, e endurece a outros. Quando Deus é mencionado aqui como endurecendo alguns dos filhos dos homens, não é preciso entender que Deus por qualquer eficiência positiva endurece o coração de qualquer homem. Não há ato positivo em Deus, como se opor a qualquer poder para endurecer o coração. Supor tal coisa seria fazer de Deus o autor imediato do pecado. É dito de Deus a endurecer o coração dos homens em duas formas: através da retenção das poderosas influências do seu Espírito, sem o qual seu coração permanecerá endurecido, e crescendo cada vez mais em dureza; neste sentido, ele os endurece, devido a deixá-los endurecer. E, novamente, ao ordenar as coisas na Sua Providência, que, por meio do abuso de Sua corrupção, tornam-se ocasião de seu endurecimento. Assim, Deus envia Sua palavra e ordenanças aos homens que, pelo seu abuso, provoca uma ocasião de seu endurecimento. Assim, o apóstolo disse, que ele era para alguns “um cheiro de morte para morte” [2 Coríntios 2:16]. Assim, Deus é representado como enviando Isaías sobre esta incumbência, para engordar o coração deste povo, e fazer-lhe pesados os ouvidos, e fechar-lhe os olhos; para que ele não veja com os seus olhos, e não ouça com os seus ouvidos, nem entenda com o seu coração, nem se converta e seja sarado (Isaías 6:10). A pregação de Isaías era, em si, de uma tendência contrária, para torná-los melhores. Mas o seu abuso desta a tornava uma ocasião de seu endurecimento. Como Deus é dito aqui endurecendo os homens, assim é dito que Ele pôs um espírito de mentira na boca dos falsos profetas (2 Crônicas 18:22). Ou seja, Ele tolerou um espírito de mentira entrar neles. E assim Ele se diz ter ordenado Simei amaldiçoar Davi (2 Samuel 16:10). Não que Ele diretamente lhe ordenara; pois é contrário aos mandamentos de Deus. Deus proíbe expressamente amaldiçoar o governante do povo (Êxodo 22:28). Mas Ele, naquele tempo, suportou a corrupção das obras de Simei, e ordenou aquela ocasião agitada como uma manifestação do seu descontentamento contra Davi.

2. O fundamento de seu diferente tratamento para com a humanidade: a saber, Sua Soberana Vontade e Prazer. “Terei misericórdia de quem eu tiver misericórdia”. Isso não significa, simplesmente, que Deus nunca mostra misericórdia ou a nega contra a Sua vontade, ou que Ele está sempre disposto a fazê-lo quando Ele faz isso. Um sujeito disposto ou servo, quando ele obedece as ordens de seu senhor, ele pode nunca fazer qualquer coisa contra a sua vontade, mas ele pode não fazer de bom grado e com prazer; embora ele não possa dizer que fez a sua vontade no sentido do texto. Mas a expressão implica que é mera vontade de Deus e Vontade Soberana, que supremamente ordena este acontecimento. A vontade Divina não possui restrição, limitação ou obrigação.

Doutrina. Deus exerce Sua Soberania na salvação eterna dos homens. Ele não somente é Soberano e tem o direito soberano de dispor e ordenar cada acontecimento; e Ele não somente pode proceder de uma maneira Soberana, se quisesse, e ninguém poderia acusar este seu direito como excessivo; mas Ele realmente faz isso; Ele exerce o direito que Ele tem. No seguinte discurso, proponho a mostrar:

I. O que é a Soberania de Deus.
II. Em que a Soberania de Deus na Salvação dos homens implica.
III. Que Deus realmente exerce sua Soberania nesta matéria.
IV. As razões para este exercício.

I. Irei mostrar o que é a Soberania de Deus.

A Soberania de Deus é o Seu direito absoluto, independente de dispor de todas as criaturas de acordo com Seu próprio prazer. Vou considerar esta definição por suas partes:

A Vontade de Deus é chamada de o Seu mero prazer.

1. Em oposição a qualquer restrição. Os homens podem fazer as coisas de forma voluntária, e ainda pode haver um grau de restrição. De um homem pode ser dito fazer uma coisa voluntariamente, isto é, ele mesmo faz; e, considerando todas as coisas, ele pode optar por fazê-la; no entanto, ele pode fazê-la por medo, e a coisa em si considerada ser cansativa para ele, e dolorosamente contra a sua inclinação. Quando os homens fazem coisas assim, não pode ser dito que eles as fizeram de acordo com seu mero prazer.

2. Em oposição a ela estar sob a vontade de outrem. Um servo pode cumprir as ordens de seu mestre, e pode fazer isto por vontade própria, e alegremente, e pode deleitar-se a fazer a vontade do seu senhor; mas quando ele faz isso, ele não o faz de seu próprio mero prazer. Os santos fazem a vontade de Deus livremente. Eles optam por fazê-la; ela é sua comida e bebida. No entanto, eles não a fazem de seu mero prazer e vontade arbitrária; porque a sua vontade está sob a direção de uma Vontade Superior.

3. Em oposição a qualquer obrigação própria. Um homem pode fazer uma coisa que ele é obrigado a fazer, muito livremente; mas não pode ser dito que ele agiu a partir de sua própria mera vontade e prazer. Aquele que age a partir de seu próprio mero prazer, está em plena liberdade; mas aquele que está sob qualquer obrigação propriamente dita, não está em liberdade, mas está obrigado. Ora, a Soberania de Deus supõe, que Ele tem o direito de dispor de todas as Suas criaturas de acordo com seu mero prazer no sentido explicado. E o seu direito é absoluto e independente. Os homens podem ter o direito de dispor de algumas coisas de acordo com seu prazer. Mas o direito não é absoluto e ilimitado. Os homens podem dizer que têm o direito de dispor de seus próprios bens como bem entenderem. Mas o direito não é absoluto; é possui limites e obrigações. Eles têm o direito de dispor de seus próprios bens como bem entenderem, desde que não faça isso contrária à lei do Estado a que estão sujeitos, ou contrária à Lei de Deus. O direito dos homens de dispor de suas coisas como querem, não é absoluto, porque não é independente. Eles não possuem um direito independente, mas em algumas coisas dependem da comunidade a que pertencem, para o direito que eles têm; e em tudo dependem de Deus. Eles recebem todo o direito que eles têm de qualquer coisa de Deus. Mas a Soberania de Deus implica que Ele tem um direito absoluto, ilimitado e independente de dispor das suas criaturas como Ele quiser.

Agora, me proporei a inquerir:

II. O que a Soberania de Deus na salvação dos homens implica. Em resposta a esta pergunta, eu observo, isso implica que Deus pode conceder a salvação em qualquer um dos filhos dos homens, ou recusá-lo, sem qualquer prejuízo para a glória de qualquer um de seus atributos, exceto quando Ele tem se agradado de declarar, que Ele vai ou não concedê-la. Isto não pode ser dito absolutamente, como o caso está agora, que Deus pode, sem qualquer prejuízo para a honra de qualquer um de seus atributos, conceder a salvação para qualquer um dos filhos dos homens, ou recusá-lo; porque, em relação a alguns, Deus se agradou a declarar, que Ele queira ou que Ele não queira conceder a Salvação a eles; a assim obrigar a Si mesmo em relação à Sua própria promessa. E em relação a alguns ele se agradou de declarar, que Ele nunca vai conceder salvação a eles; a saber, aqueles que cometeram o pecado contra o Espírito Santo. Assim, conforme o caso está agora, ele está obrigado; ele não pode dar a salvação em um caso, ou recusá-lo em outro, sem prejuízo para a honra de Sua Verdade. Mas Deus exerceu Sua Soberania ao fazer estas declara-ções. Deus não era obrigado a prometer que iria salvar todos os que creem em Cristo; nem ele foi obrigado a declarar que aquele que cometeu o pecado contra o Espírito Santo nunca será perdoado. Mas agradou-Lhe assim declarar. E se não fosse por isso, isto é, que Deus tomou prazer de obrigar-Se, nestes casos, Ele ainda pode conceder ou recusar a Salvação, sem prejuízo de qualquer um de Seus atributos. Se isto fosse por si só, prejudicial a qualquer um dos seus atributos o conceder ou recusar a salvação, então Deus não faria este ato como Soberano absoluto. Porque então deixa de ser uma coisa meramente arbitrária. Isto deixou de ser uma questão de liberdade absoluta, e se tornou uma questão de necessidade ou obrigação. Pois Deus não pode fazer qualquer coisa em prejuízo de qualquer um de seus atributos, ou ao contrário ao que é em Si mesmo, Excelente e Glorioso. Portanto,

1. Deus pode, sem prejuízo para a glória de qualquer um de seus atributos, conceder a salvação para qualquer um dos filhos dos homens, exceto para aqueles que cometeram o pecado contra o Espírito Santo. Semelhante, foi o caso, quando o homem caiu, e diante disso Deus revelou o Seu eterno propósito e um plano para resgatar os homens por Jesus Cristo. Provavelmente era encarado pelos anjos como uma coisa totalmente inconsistente com os atributos de Deus salvar qualquer um dos filhos dos homens. Era totalmente inconsistente com a honra dos atributos Divinos salvar qualquer um dos filhos caídos dos homens, como eram em si mesmos. Isto não poderia ter sido feito se Deus não tivesse idealizado uma forma consistente com a honra de Sua Santidade, Majestade, Justiça e Verdade. Mas uma vez que Deus no Evangelho, revelou que nada é demasiado difícil para ele fazer, nada está além do alcance de Seu Poder, Sabedoria e Suficiência; e uma vez que Cristo operou a Obra da Redenção, e cumpriu a Lei, obedecendo-a, não há ninguém da humanidade a quem não possa salvar sem qualquer prejuízo de qualquer de Seus atributos, exceto aqueles que cometeram o pecado contra o Espírito Santo. E aqueles Ele poderia salvar sem contrariar qualquer de seus atributos, se ele não tivesse tido o prazer de declarar que Ele não o faria. Não era porque ele não poderia tê-los salvo de forma consistente com a Sua Justiça, e de forma consistente com a Sua Lei, ou porque o seu atributo da Misericórdia não era grande o suficiente, ou o sangue de Cristo não é suficiente para purificar deste pecado. Mas aprouve a Ele por razões sábias declarar que este pecado nunca será perdoado neste mundo nem no mundo por vir. E agora é contrário à Verdade de Deus salvar tais. Mas por outro lado, não há pecador, mesmo que seja tão grande, que Deus não possa salvá-lo, sem prejuízo de qualquer atributo; se Ele tem sido um assassino, adúltero, ou perjuro, ou idólatra, ou blasfemo, Deus pode salvá-lo, se Ele quiser, e em nenhum aspecto prejudicar a Sua Glória. Embora as pessoas tenham pecado por muito tempo, tenham sido obstinadas, tenham cometido pecados hediondos mil vezes, até mês-mo que eles envelheceram em pecado, e pecaram sob grandes agravos: deixar os agravos ser o que puderem; se eles pecaram mesmo sob tão grande luz; se eles se desviaram, e pecaram mesmo contra as numerosas e solenes advertências e esforços do Espírito, e misericórdias de Sua Providência Comum, embora o perigo de tais seja muito maior do que o de outros pecadores, ainda assim Deus pode salvá-los se isto Lhe agrada, por causa de Cristo, sem qualquer prejuízo a qualquer um de Seus atributos. Ele pode ter misericórdia de quem tiver misericórdia. Ele pode ter misericórdia do maior dos pecadores, se Ele quiser, e a glória de nenhum de Seus atributos será minimamente manchada. Tal é a suficiência da Satisfação e Justiça de Cristo, que nenhum dos atributos Divinos se interpõe no caminho da salvação de qualquer um deles. Assim, a glória de qualquer atributo não sofre absoluta-mente nenhum dano por Cristo salvar alguns daqueles que O crucificaram.

2. Deus pode salvar qualquer um deles, sem prejuízo da honra de Sua santidade. Deus é um ser infinitamente santo. Os céus não são puros aos seus olhos. Ele é tão puro de olhos que não pode contemplar o mal, e não pode olhar para a iniquidade. E se Deus devesse, de qualquer maneira o pecado tolerar, e não desse testemunhos próprios de Seu ódio, e desprazer em relação a ele, seria um prejuízo para a honra da Sua Santidade. Mas Deus pode salvar o maior pecador, sem dar a menor aprovação ao pecado. Se Ele salva alguém, que por muito tempo ficou sob os apelos do Evangelho, e pecou em agravos terríveis; se Ele salva aquele que, contra a luz, tem sido um pirata ou blasfemo, ele pode fazê-lo sem dar qualquer aprovação de sua maldade; porque sua aversão e descontentamento contra ela já foram suficientemente manifestados nos sofrimentos de Cristo. Foi um testemunho suficiente da aversão de Deus mesmo contra a maior maldade que Cristo, o Filho Eterno de Deus, morreu por isso. Nada pode demonstrar a aversão infinita de Deus por qualquer maldade mais do que isso. Se o próprio homem ímpio deverá ser lançado no Inferno, e deverá suportar os tormentos mais extremos que serão sempre sofridos ali, isto não seria uma maior manifestação da aversão de Deus pelo pecado, do que os sofrimentos do Filho de Deus por causa do pecado.

3. Deus pode salvar qualquer um dos filhos dos homens, sem prejuízo da honra de Sua Majestade. Se os homens têm afrontado Deus, sempre e tanto; se lançaram sempre tanto desprezo em Sua autoridade; ainda assim, Deus pode salvá-los, se Ele quiser, e a honra de Sua Majestade não sofre o mínimo dano. Se Deus salvar aqueles que O têm ofendido, sem satisfação, a honra de Sua Majestade sofreria dano. Pois, quando o desprezo é lançado sobre Sua Infinita Majestade, Sua honra sofre dano, e o desprezo deixa uma obscuridade sobre a honra da Majestade Divina, se o dano não for reparado. Mas os sofrimentos de Cristo repararam integralmente o dano. Deixe o desprezo ser sempre tão grande, no entanto se tão honrável pessoa como Cristo se compromete a ser um Mediador para o ofensor, e na mediação sofrer em seu lugar, é totalmente reparado o dano causado pelo maior pecador à Majestade do Céu.

4. Deus pode salvar qualquer pecador em consistência com a Sua Justiça. A Justiça de Deus exige a punição do pecado. Deus é o Juiz Supremo do mundo, e Ele deve julgar o mundo de acordo com as regras da Justiça. Não é o papel de um juiz mostrar favor à pessoa julgada; mas Ele deve determinar de acordo com a regra da Justiça, sem se afastar para a direita nem para a esquerda. Deus não mostra misericórdia como Juiz, mas como um Soberano. E, portanto, quando a Misericórdia procurou a salvação dos pecadores, o inqué-rito foi a forma de fazer o exercício da Misericórdia de Deus como um Soberano, e de Sua estrita Justiça como Juiz, juntamente concordam. E isso é feito através dos sofrimentos de Cristo, nos quais o pecado é punido completamente, e a Justiça satisfeita. Cristo sofreu o suficiente para a punição dos pecados do maior pecador que já viveu. Para que Deus, quando for julgar, possa agir de acordo com uma regra de estrita Justiça, e ainda assim absolver o pecador, se ele está em Cristo. A justiça não pode exigir mais pelos pecados de qualquer homem, do que os sofrimentos de uma das pessoas da Trindade, como Cristo sofreu. Romanos 3:25-26: “Ao qual Deus propôs para propiciação pela fé no seu sangue, para demonstrar a sua justiça pela remissão dos pecados dantes cometidos, sob a paciência de Deus; para demonstração da sua justiça neste tempo presente, para que ele seja justo e justificador daquele que tem fé em Jesus”.

5. Deus pode salvar qualquer pecador, sem qualquer prejuízo para a honra de Sua Verdade. Deus aprovou em Sua palavra, que o pecado deve ser punido com a morte, que deve ser entendida não apenas como a primeira, mas como a segunda morte. Deus pode salvar o maior pecador de forma consistente com esta Sua verdade ameaçadora. Porque o pecado é punido nos sofrimentos de Cristo, na medida em que Ele é o nosso Fiador, e por isso é legalmente a mesma pessoa, e sustenta a nossa culpa, e nos Seus sofrimentos suportou o nosso castigo. Pode-se objetar que Deus disse: “Se tu comes, tu morrerás” [Gênesis 2:17]; como se a mesma pessoa que pecou deve ser punida; e, portanto, por que a verdade de Deus não O obriga a isso? Eu respondo, que a palavra, então, não se destinava restritamente a ele, que em sua própria pessoa pecou. Adão provavelmente compreendeu que a sua posteridade foi incluída, se eles pecassem na sua própria pessoa ou não. Se eles pecaram em Adão, a veracidade dessas palavras, “se comeres”, significa-va, se comeres em ti mesmo, ou confiando em ti mesmo. E, portanto, a última palavra, “morrerás”, também suficientemente permite uma tal construção como: “tu morrerás em ti mesmo, ou na tua garantia”. Isaías 42:21: “O Senhor se agradava dele por amor da sua justiça; engrandeceu-o pela lei, e o fez glorioso”. Mas, Deus pode recusar a salvação a qualquer pecador que seja, sem prejuízo à honra de qualquer um de seus atributos.

Não há uma pessoa qualquer que esteja em uma condição natural, a quem Deus não pode recusar-Se a conceder a Salvação, sem prejuízo de qualquer parte da Sua glória. Deixe que uma pessoa natural seja sábia ou insensata, de um temperamento natural bom ou mau, de parentesco inferior ou honroso, seja nascido de pais ímpios ou piedosos; que ela seja uma pessoa moral ou imoral, tudo de bom que ele possa ter feito, embora ele tenha sido religioso, tenha feito muitas orações, e quaisquer sofrimentos que tenha tido para que ele pudesse ser salvo; qualquer que seja a preocupação e angústia que ele possa temer de que ele será condenado; ou qualquer circunstância em que ele possa estar; Deus pode negar-lhe a Salvação sem o menor menosprezo a nenhuma das suas perfeições. Sua glória não será em qualquer instância ser minimamente obscurecida por isto.

1. Deus pode negar a Salvação a qualquer pessoa natural, sem qualquer prejuízo para a honra de Sua Justiça. Se Ele faz isso, não há injustiça nem deslealdade nEle. Não há homem natural vivo, deixe seu caso ser o que quiser, mas Deus pode negar-lhe a salvação, e lançá-lo no inferno, e ainda assim não ser acusado da menor injustiça ou deslealdade em qualquer aspecto que seja. Isto é evidente, porque todos eles têm merecido o inferno, e não é nenhuma injustiça um juiz justo infligir a qualquer homem o que ele merece. E como ele tem merecido a condenação, e ele nunca fez qualquer coisa para remover a responsabilidade, ou para expiar o pecado. Ele nunca fez qualquer coisa pela qual ele colocasse quaisquer obrigações em Deus não para puni-lo como ele merece.

2. Deus pode negar a salvação a qualquer pessoa não convertida qualquer que seja, sem qualquer prejuízo para a honra da Sua Bondade. Os pecadores são, por vezes, prontos para lisonjearem-se que, embora possa não ser contrário à Justiça de Deus condená-los, mas isto não será consistente com a glória da Sua Misericórdia. Eles pensam que será desonroso para a misericórdia de Deus lançá-los no inferno, e não ter nenhuma piedade ou compaixão deles. Eles pensam que isso seria muito duro e severo, que não caberia a um Deus de infinita Graça e terna Compaixão. Mas Deus pode negar a salvação a qualquer pessoa natural, sem qualquer depreciação à Sua Misericórdia e Bondade. Aquilo, que não é contrário à Justiça de Deus, não é contrária à Sua Misericórdia. Se a condenação for justa, então a Misericórdia pode escolher Seu próprio objeto. Eles confundem a natureza da misericórdia de Deus, e pensam que é um atributo, que, em alguns casos, está contrário à Sua Justiça. Não, a misericórdia de Deus é adornada por ela, como está no vigésimo terceiro versículo do contexto. “Para que também desse a conhecer as riquezas da sua glória nos vasos de misericórdia, que para glória já dantes preparou”. [Romanos 9:23]

3. Isto não é de forma alguma prejudicial para a honra da Fidelidade de Deus. Porque Deus não tem, de modo algum obrigado a Si mesmo em relação a homem natural, pela Sua Palavra, para conceder Salvação a ele. Homens em uma condição natural não são os filhos da promessa; mas estão expostos à maldição da Lei, o que não seria o caso se tivessem qualquer promessa à qual apegarem-se.


III. Deus realmente exerce a Sua Soberania na Salvação dos homens.

Vamos mostrar como Ele exerce esse direito em diferentes particularidades.

1. Ao chamar um povo ou nação, e dando-lhes os meios da Graça, e deixando outros sem estes. De acordo com a determinação Divina, a Salvação é oferecida em conexão com os meios de Graça. Às vezes, Deus pode fazer uso de meios muito improváveis, e conceder a Salvação dos homens que estão sob mui grandes desvantagens; mas Ele não concede Graça sem absolutamente nenhum meio. Mas Deus exerce Sua soberania ao conceder esses meios. Toda a humanidade está, por natureza, em circunstância semelhante diante de Deus. No entanto, Deus distingue grandemente alguns dos outros pelos meios e vantagens que Ele de concede. Os selvagens, que vivem em partes remotas do continente, e estão sob a mais grosseira escuridão pagã, bem como os habitantes da África, estão, naturalmente, em circunstâncias exatamente semelhantes para com Deus como nós nesta terra. Eles não estão mais alienados ou distantes de Deus em sua natureza do que nós; e Deus não tem mais a acusa-los. E ainda que grande diferença Deus fez entre nós e eles! Nisso, Ele exerceu Sua Soberania. Ele fez isso no passado, quando ele escolheu apenas um povo, para torná-los Seu povo da Aliança, e dar-lhes os meios de graça, e deixou todos os outros, e os entregou à escuridão pagã e à tirania do Diabo, a perecer de geração em geração por muitas centenas de anos. A terra que no passado estava povoada por muitas grandes e poderosas nações. Havia os Egípcios, um povo famoso por sua sabedoria. Havia também os Assírios e Caldeus, que eram grandes, e nações sábias e poderosas. Havia os Persas, que por sua força e política sujeitaram uma grande parte do mundo. Havia as nações renomadas dos Gregos e Romanos, que eram famosos por todo o mundo por seus excelentes governos civis, por sua sabedoria e habilidade nas artes da paz e da guerra, e que por sua destreza militar em suas subjugarão e reinaram sobre o mundo. Aqueles foram rejeitados. Deus não os escolheu para serem o Seu povo, mas deixou-os por muitas eras em grosseira escuridão pagã, a perecer por falta de visão; e escolheu um único povo, a posteridade de Jacó, para ser o Seu próprio povo, e para dar-lhes os meios de Graça. Salmo 147:19-20: “Mostra a sua palavra a Jacó, os seus estatutos e os seus juízos a Israel. Não fez assim a nenhuma outra nação; e quanto aos seus juízos, não os conhecem”. Esta nação era um povo pequeno e desprezível em comparação com muitas outras pessoas. Deuteronômio 7:7: “O Senhor não tomou prazer em vós, nem vos escolheu, porque a vossa multidão era mais do que a de todos os outros povos”. Deuteronômio 9:6. “Sabe, pois, que não é por causa da tua justiça que o Senhor teu Deus te dá esta boa terra para possuí-la, pois tu és povo obstinado”. Deus lhes dá a entender, que não era por nenhuma outra causa, senão o Seu Livre Amor Eletivo, que O levou a escolhê-los para ser Seu povo. Essa razão é dada: por que Deus os amava; foi porque Ele os amava (Deuteronômio 7:8). Que é o mesmo que dizer que foi agradável à Sua Vontade Soberana, colocar o Seu Amor sobre você.

Deus também mostrou a Sua Soberania na escolha das pessoas, quando outras nações foram rejeitadas, que vieram dos mesmos progenitores. Assim, os filhos de Isaque foram escolhidos, quando a posteridade de Ismael e dos outros filhos de Abraão foram rejeitadas. Assim os filhos de Jacó foram escolhidos, quando a posteridade de Esaú foi rejeitada: como o apóstolo observa no sétimo verso, “Nem por serem descendência de Abraão são todos filhos; mas: Em Isaque será chamada a tua descendência” [Romanos 9:7]. E novamente nos versículos 10–13. “E não somente esta, mas também Rebeca, quando concebeu de um, de Isaque, nosso pai; porque, não tendo eles ainda nascido, nem tendo feito bem ou mal (para que o propósito de Deus, segundo a eleição, ficasse firme, não por causa das obras, mas por aquele que chama), foi-lhe dito a ela: O maior servirá ao menor. Como está escrito: Amei a Jacó, e odiei a Esaú”. O apóstolo não se refere apenas à eleição das pessoas de Isaque e de Jacó ao invés de Ismael e Esaú; mas de sua posteridade. Na passagem, já citada de Malaquias, Deus tem o respeito às nações, que foram os descendentes de Esaú e Jacó; Malaquias 1:2-3. “Eu vos tenho amado, diz o Senhor. Mas vós dizeis: Em que nos tens amado? Não era Esaú irmão de Jacó? disse o Senhor; todavia amei a Jacó, e odiei a Esaú; e fiz dos seus montes uma desolação, e dei a sua herança aos chacais do deserto”. Deus mostrou a Sua Soberania, quando Cristo veio, ao rejeitar os Judeus, e chamar os gentios. Deus rejeitou essa nação que eram os filhos de Abraão segundo a carne, e que tinha sido seu próprio povo por tantos séculos, e que exclusiva-mente possuía o único Deus verdadeiro, e escolheu o pagão idólatra ao invés deles, e os chamou para ser Seu povo. Quando o Messias veio e nasceu de sua nação, e a quem tanto esperavam, Ele foi rejeitado por eles. Ele veio para os seus, e os seus não o receberam (João 1:11). Quando a dispensação gloriosa do Evangelho veio, Deus passou pelos Judeus, e chamou aqueles que tinham sido pagãos, para desfrutar dos privilégios do mesmo. Eles foram quebrados, para que os gentios fossem enxertados em seu lugar (Romanos 11:17). Agora é chamada amada, a que não era amada. E mais são os filhos da mulher solitária, do que os filhos da casada (Isaías 54:1). Os filhos naturais de Abraão, são rejeitadas, e Deus levanta filhos a Abraão de pedras. Essa nação, que foi tão honrada por Deus, tem sido agora, por muitas eras, rejeitada, e permanece dispersa por todo o mundo, um monumento notável da Vingança Divina. E agora Deus distingue grandemente algumas nações dos gentios em relação a outras, e tudo de acordo com a Sua Vontade Soberana.

2. Deus exerce Sua Soberania nas vantagens que Ele concede a pessoas particulares. Todos precisam de Salvação da mesma forma, e todos são, naturalmente, não merecedores dela; mas ele dá algumas maiores vantagens para a salvação a uns do que a outros. Para alguns, Ele designa o seu lugar em famílias piedosas e religiosas, onde eles podem ser bem instruídos e educados, e têm pais religiosos para dedicar-lhes a Deus, e fazer muitas orações por eles. Deus coloca alguns sob um ministério mais poderoso do que os outros, e em locais onde há mais das efusões do Espírito de Deus. Para alguns, Ele dá muito mais dos esforços e influências despertadoras do Espírito, do que para outros. Isto acontece de acordo com a Sua mera Vontade Soberana.

3. Deus exerce Sua Soberania algumas vezes concedendo salvação aos pequenos e medíocres, e a nega aos sábios e grandes. Cristo em Sua Soberania passa pelas portas de príncipes e nobres, e entra alguma casa e ali faz morada, e tem comunhão com os seus obscuros habitantes. Deus em Sua Soberania reteve a Salvação do homem rico, que se regalava esplendidamente todos os dias, e a concedeu ao pobre Lázaro, que estava sentado mendigando em seu portão. Deus desta forma lança o desprezo sobre os príncipes, e em todo o seu esplendor fulgurante. Então, Deus às vezes passa por homens sábios, homens de grande entendimento, eruditos e grandes estudiosos, e dá Salvação aos outros de fraco entendimento, que só compreendem algumas das partes mais claras das Escrituras, e os princípios fundamentais da Religião Cristã. Sim, parece haver poucos grandes homens chamados, em relação aos outros. E Deus em sua ordenação faz que assim se manifeste a Sua Soberania. 1 Coríntios. 1:26–28. “Porque, vede, irmãos, a vossa vocação, que não são muitos os sábios segundo a carne, nem muitos os poderosos, nem muitos os nobres que são chamados. Mas Deus escolheu as coisas loucas deste mundo para confundir as sábias; e Deus escolheu as coisas fracas deste mundo para confundir as fortes; e Deus escolheu as coisas vis deste mundo, e as desprezíveis, e as que não são, para aniquilar as que são”.

4. Concedendo salvação em alguns que tiveram poucas vantagens. Às vezes Deus vai abençoar meios fracos para produzir efeitos surpreendentes, quando mais excelentes meios não são bem sucedidos. Deus, às vezes, retêm a Salvação daqueles que são os filhos de pais muito piedosos, e a concede a outros, que foram criados em famílias ímpias. Assim, lemos de um bom Abias na família de Jeroboão, e de um piedoso Ezequias, filho de ímpio Acaz; e de um piedoso Josias, filho de um ímpio Amon. Mas, ao contrário, de um perverso Amnon e Absalão, filhos de santo Davi, e de um vil Manassés, filho de um bom Ezequias. Às vezes, alguns, que tiveram meios eminentes de Graça, são rejeitadas, e deixados a perecer, e outros, sob muito menos vantagens, são salvos. Assim, os escribas e fariseus, que tinham tanta luz e conhecimento das Escrituras, foram em sua maioria rejeitados, e os pobres publicanos ignorantes salvo. A maior parte das pessoas, entre os quais Cristo estava muito familiarizado, e a quem O ouviram pregar, e o viram fazer milagres cotidianamente, foram deixados; e a mulher de Samaria foi tomada, e muitos outros samaritanos, ao mesmo tempo, que só ouviram pregar Cristo quando Ele ocasionalmente passou por sua cidade. Assim, a mulher de Canaã, que não era do país dos Judeus, foi tomada e viu Jesus Cristo uma única vez. Então os Judeus, que tinham visto e ouvido Cristo, e visto Seus milagres, e por quem os apóstolos trabalharam tanto, não foram salvos. Mas os Gentios, muitos deles, que, por assim dizer, não ouviram as boas novas de Salvação senão transitoriamente, abraçando-as, foram convertidos.

5. Deus exerce Sua Soberania em chamar alguns para a Salvação, que têm sido muito horrendamente ímpios, e deixando outros, que foram pessoas morais e religiosas. Os Fariseus eram uma seita muito rigorosa entre os Judeus. Sua religião era extraordinária. Eles não eram como os demais homens, roubadores, injustos ou adúlteros (Lucas 18:11). Havia moralidade neles. Eles jejuavam duas vezes por semana, e davam o dízimo de tudo que possuíam. Eles eram religiosos. Mas ainda assim eles foram em sua maioria rejeitados, e os publicanos, e as meretrizes, e um tipo abertamente vicioso de pessoas entraram no reino de Deus diante deles (Mateus 21:31). O apóstolo descreve a sua justiça, enquanto fariseu: “segundo o zelo, perseguidor da igreja, segundo a justiça que há na lei, irrepreensível” (Filipenses 3:6).

O jovem rico veio e ajoelhou-se diante de Cristo, dizendo: “Bom Mestre, que farei para herdar a vida eterna?”. Ele era uma pessoa moral. Quando Cristo ordenou-lhe guardar os mandamentos, ele disse, e em seu próprio ponto de vista, com sinceridade: “Mestre, tudo isso guardei desde a minha mocidade” [Marcos 10:20]. Ele, obviamente, tinha sido criado em uma boa família, e era um jovem de tais maneiras amáveis e conduta correta, que é dito, “E Jesus, olhando para ele, o amou” [Marcos 10:21]. Ainda assim, ele foi deixado; enquanto o ladrão, que foi crucificado com Cristo, foi escolhido e chamado, mesmo na cruz. Às vezes Deus mostra Sua Soberania, mostrando misericórdia para com o principal dos pecadores, por aqueles que foram assassinos, profanadores e blasfemos. E mesmo quando eles estão velhos, alguns são chamados na última hora. Deus, por vezes, mostra a Soberania de Sua Graça ao mostrar misericórdia para com alguns, que passaram a maior parte de suas vidas a serviço de Satanás, e tem pouco para gastar no serviço de Deus.

6. Na Salvação de alguns daqueles que buscam a Salvação, e não outros. Alguns dos que buscam a salvação, como se sabe, tanto a partir das Escrituras e da observação das Escrituras são logo convertidos; enquanto outros procuram um longo tempo, e não a obtêm finalmente. Deus ajuda alguns a atravessarem as montanhas e as dificuldades que estão no caminho; ele subjuga Satã, e os livra de suas tentações, mas os outros são arruinados pelas tentações com as quais eles se encontram. Alguns nunca são completamente despertos; enquanto para outros, Deus tem o prazer de dar as convicções completas. Alguns são deixados aos seus corações inconstantes; a outros, Deus os sustenta até o fim. Alguns são libertos de uma confiança em sua própria justiça; outros nunca superam essa obstrução em seu caminho, enquanto eles vivem. E alguns são convertidos e salvos sem nunca terem empregado tão grandes esforços como alguns que, não obstante, perecem.


IV. Venho agora para dar as razões, por que Deus, assim, exerce Sua Soberania na Salvação eterna dos filhos dos homens.

1. É agradável para o desígnio de Deus na criação do universo exercer cada atributo, e, assim, manifestar a glória de cada um deles. O Desígnio de Deus na Criação foi o de glorificar a Si mesmo, ou fazer manifesta a glória essencial de Sua natureza. Foi ajustado que Sua Infinita Glória deveria brilhar; e era o desígnio original de Deus fazer uma manifestação de Sua Glória, como ela é. Não que era Seu desígnio manifestar toda a Sua glória para a apreensão das criaturas; pois é impossível que as mentes das criaturas possam compreendê-la. Mas foi o Seu Desígnio fazer uma verdadeira manifestação de Sua Glória, como representante de todos os Seus atributos. Se Deus glorifica um atributo, e não outro, quão defeituosa seria a manifestação da Sua glória; e a representação não estaria completa. Se todos os atributos de Deus não são manifestados, a glória de nenhum deles se manifesta como ela é; pois os atributos Divinos refletem a glória uns dos outros. 

 Assim, se a sabedoria de Deus se manifestar, e não a Sua santidade, a glória de Sua sabedoria não iria se manifestar como ela é; pois uma parte da glória do atributo da Sabedoria Divina é que ela é uma Sabedoria sagrada. Semelhantemente, se a Sua Santidade se manifestar, e não a Sua sabedoria, a glória de Sua Santidade não iria se manifestar como ela é; pois uma coisa que pertence a glória da Santidade de Deus é que ela é uma Santidade sábia. Assim é com relação aos atributos de Misericórdia e Justiça. A glória da misericórdia de Deus não aparece como ele é, a não ser que seja manifesta como uma Misericórdia justa, ou como uma Misericórdia consistente com a justiça. E assim é com respeito à Soberania de Deus, ela reflete a glória de todos os Seus outros atributos. Faz parte da glória da Misericórdia de Deus, que é Misericórdia Soberana. Portanto, todos os atributos de Deus refletem a glória uns dos outros. 

A Glória de um atributo não pode ser manifestada, como é, sem a manifestação de outro. Um atributo é defeituoso sem outro, e, por conseguinte, a manifestação será defeituosa. Por isso, foi da vontade de Deus manifestar todos os Seus atributos. A glória declarativa de Deus nas Escrituras é muitas vezes chamada de: o nome de Deus, porque ele declara Sua natureza. Mas, se o Seu nome não significar a Sua natureza como ela é, ou não declarar qualquer atributo, ele não é um verdadeiro nome. A Soberania de Deus é um dos seus atributos, e uma parte da Sua glória. A glória de Deus eminentemente aparece em Sua Soberania absoluta sobre todas as criaturas, grandes e pequenas. Se a glória de um príncipe está em seu poder e domínio, então a glória de Deus é a Sua Soberania absoluta. Aqui aparece a infinita grandeza e majestade de Deus acima de todas as criaturas. Portanto, é da vontade de Deus manifestar a Sua Soberania. E a Sua Soberania, assim como seus outros atributos, é manifestada nos exercícios do mesmo. Ele glorifica o Seu Poder no exercício do Poder. Ele glorifica Sua Misericórdia no exercício da Misericórdia. Da mesma forma, Ele glorifica a Sua Soberania no exercício da Soberania.

2. A mais excelente criatura está sob Deus, que é Soberano; e quanto maior for a matéria em que ela aparece, mais gloriosa é a Sua Soberania. A Soberania de Deus em seu Ser Soberano sobre os homens, é mais gloriosa do que o ser Soberano sobre as criaturas inferiores. E a Sua Soberania sobre anjos é ainda mais gloriosa que a Sua Soberania sobre os homens. Pois quanto mais nobre a criatura é, ainda maior e mais alto Deus se manifestou em Sua Soberania sobre ela. É uma honra maior para um homem ter o domínio sobre os homens, do que de animais; e uma ainda maior honra de ter domínio sobre príncipes, nobres e reis, do que sobre os homens comuns. Então a glória da Soberania de Deus aparece em que ele é Soberano sobre as almas dos homens, que são criaturas tão nobres e excelentes. Deus, portanto, vai exercer a Sua Soberania sobre eles. E quanto mais o domínio de alguém se estende sobre um outro, maior será a honra. Se um homem tem domínio sobre outro apenas em alguns casos, ele não está ali muito exaltado, como em ter domínio absoluto sobre sua vida e fortuna, e tudo o que ele tem. Assim, a Soberania de Deus sobre os homens se mostra gloriosa no que se estende a todas as coisas que lhes dizem respeito. Ele pode dispor delas em relação a tudo o que lhes diz respeito, de acordo com o Seu próprio prazer. Sua Soberania se mostra gloriosa no que abrange os seus assun-tos mais importantes, até mesmo no estado eterno e condição das almas dos homens. Aqui vemos que a Soberania de Deus é sem obrigações ou limites, na medida em que abrange a um caso de tamanha importância infinita. Deus, portanto, assim como é o seu Desígnio manifestar a Sua própria Glória, irá exercer a Sua Soberania em relação aos homens, sobre as Suas almas e corpos, mesmo na mais importante questão de Sua Salvação eterna. Ele tem misericórdia de quem quer ter misericórdia, e endurece a quem quer.


APLICAÇÃO.

1. Assim aprendemos que somos absolutamente dependentes de Deus nesta grande questão da Salvação eterna de nossas almas. Somos dependentes não só da Sua Sabedoria para planejar uma maneira de realizá-la, e de Seu Poder para efetuá-la, mas nós somos dependentes de Sua mera vontade e prazer no caso. Nós dependemos da Vontade Soberana de Deus para todas as coisas que pertencem a ela, desde a fundação até à pedra do pináculo. Foi da Vontade Soberana de Deus, que Ele planejasse uma maneira de salvar qualquer um dentre a humanidade, e nos desse Jesus Cristo, Seu Filho unigênito, para ser o nosso Redentor. Por que Ele olhou para nós, e nos enviou um Salvador, e não aos anjos caídos? Foi por causa da Vontade Soberana de Deus. Foi de Seu soberano prazer que meios empregar. O Seu oferecer-nos a Bíblia, as ordenanças da religião, isto é de Sua soberana graça. O Seu oferecimento destes meios para nós, mais do que quaisquer outros, o Seu oferecimento de influências de despertamento por meio de Seu Espírito, e Sua concessão de Graça Divina, todos são de Seu soberano prazer. Quando ele diz: “Haja luz na alma de um alguém”, esta é uma palavra de Poder infinito e Soberana Graça. 

2. Vamos com a maior humildade adorar a Soberania terrível e absoluta de Deus. Como acabamos de mostrar, é um atributo eminente do Ser Divino, que Ele é soberano sobre esses excelentes seres tais como as almas dos homens, e que, em todos os aspectos, inclusive no de Sua Salvação eterna. A grandeza infinita de Deus, e a Sua exaltação acima de nós, não aparece em nada mais, do que em Sua Soberania. Fala-se dela na Escritura como uma grande parte da Sua glória. Deuteronômio 32:39: “Vede agora que eu, eu o sou, e mais nenhum deus há além de mim; eu mato, e eu faço viver; eu firo, e eu saro, e ninguém há que escape da minha mão”. Salmo 115:3. “Mas o nosso Deus está nos céus; fez tudo o que lhe agradou”. Daniel 4:34-35: “Cujo domínio é um domínio sempiterno, e cujo reino é de geração em geração. E todos os moradores da terra são reputados em nada, e segundo a sua vontade ele opera com o exército do céu e os moradores da terra; não há quem possa estorvar a sua mão, e lhe diga: Que fazes?”.

Nosso Senhor Jesus Cristo louvou e glorificou o Pai pelo exercício de Sua Soberania na Salvação dos homens. Mateus 11:25-26: “Naquele tempo, respondendo Jesus, disse: Graças te dou, ó Pai, Senhor do céu e da terra, que ocultaste estas coisas aos sábios e entendidos, e as revelaste aos pequeninos. Sim, ó Pai, porque assim te aprouve”. Vamos, portanto, dar a Deus a glória da Sua Soberania, assim como adorar Aquele, cuja soberana vontade ordena todas as coisas, vendo-nos como nada em comparação com Ele. Domínio e Soberania exigem reverência humilde e honra. A Soberania absoluta, universal e ilimitada de Deus requer, que devamos adorá-lo com toda a humildade possível e reverência. É impossível que possamos exceder em humildade e reverência diante deste Ser, que pode dispor de nós por toda a eternidade, como que lhe agrada.

3. Aqueles que estão em um estado de salvação atribuem à Graça Soberana somente, e dão todo o louvor Ele, que os faz diferente dos outros. Piedade não é motivo para se gloriar, a não ser em Deus. 1 Coríntios. 1:29-31: “Para que nenhuma carne se glorie perante ele. Mas vós sois dele, em Jesus Cristo, o qual para nós foi feito por Deus sabedoria, e justiça, e santificação, e redenção; para que, como está escrito: Aquele que se gloria glorie-se no Senhor”. Tal não é, por qualquer meio, em qualquer grau atribuído à sua piedade, seu estado e condições seguras e felizes, a qualquer diferença natural entre eles e os outros homens, ou a qualquer força ou justiça própria. Eles não têm nenhum motivo para exaltar-se, no mínimo grau; mas Deus é o Ser a quem eles devem exaltar. Eles devem exaltar a Deus, o Pai, que os escolheu em Cristo, que pôs o Seu Amor sobre eles, e deu-lhes a salvação, antes deles nascerem e mesmo antes que o mundo existisse.

Se perguntarem, por que Deus colocou Seu Amor sobre eles, e os escolheu, em vez de outros, se eles pensam que podem ver qualquer causa fora de Deus estão muito enganados. Eles devem exaltar a Deus o Filho, que levou seus nomes em Seu coração, quando Ele veio ao mundo, e foi pendurado na Cruz, e no qual somente eles possuem justiça e força. Eles devem exaltar a Deus, o Espírito Santo, que por Graça Soberana os chamou das trevas para a Sua maravilhosa luz; que por Sua própria operação imediata e livre, levou-os a uma compreensão do mal e do perigo do pecado, e os resgatou de sua própria justiça, e abriu-lhes os olhos para descobrirem a Glória de Deus, e as maravilhosas riquezas de Deus em Jesus Cristo, e os santificou, e os fez novas criaturas. 

Quando eles ouvirem da maldade dos outros, ou olharem para pessoas viciosas, eles devem pensar quão ímpios uma vez foram, e quanto eles provocaram a Deus, e como eles mereciam para sempre serem deixado por ele a perecer no pecado, e que é somente a Graça Soberana que tem feito a diferença. Em 1 Coríntios 6:10 estão enumerados muitos tipos de pecadores: fornicadores, idólatras, adúlteros, efeminados, abusadores de si mesmos com a humanidade. E então, no versículo décimo primeiro, o apóstolo lhes diz: “E é o que alguns têm sido; mas haveis sido lavados, mas haveis sido santificados, mas haveis sido justificados em nome do Senhor Jesus, e pelo Espírito do nosso Deus”. O povo de Deus tem o maior motivo de gratidão, maior razões para amar a Deus, que tem lhes concedido tal grande e inefável Misericórdia por Sua mera Vontade Soberana.

4. Assim aprendemos por que causa temos de admirar a Graça de Deus, pois Ele condescendeu a se tornar vinculado a nós por Pacto; pois Ele, que é, naturalmente, em Seu Supremo Domínio sobre nós, que é o nosso proprietário absoluto, e pode fazer conosco o que lhe agrada, e não tem qualquer obrigação para conosco; pois deve, por assim dizer, abrir mão de Sua liberdade absoluta, e deixar de ser meramente Soberano em Suas dispensas para com os crentes, quando uma vez eles têm crido em Cristo, e devem, para Sua consolação mais abundante, se obrigado. Para que eles possam pleitear a Salvação deste Soberano; eles podem exigi-la por meio de Cristo, como uma dívida. E seria prejudicial para a glória dos atributos de Deus, negá-la a eles; seria contrário à Sua Justiça e Fidelidade. Que condescendência maravilhosa é a de tal Ser, assim, ao tornar-se vinculado a nós, vermes do pó, para o nosso consolo! Ele se comprometeu, por Sua Palavra, à Sua promessa. Mas ele não estava satisfeito com isso; mas para que possamos ter consolação ainda mais forte, ele tem-se obrigado por Seu juramento. Hebreus: 6:13-20: “Porque, quando Deus fez a promessa a Abraão, como não tinha outro maior por quem jurasse, jurou por si mesmo, dizendo: Certamente, abençoando te abençoarei, e multiplicando te multiplicarei. E assim, esperando com paciência, alcançou a promessa. Porque os homens certamente juram por alguém superior a eles, e o juramento para confirmação é, para eles, o fim de toda a contenda. Por isso, querendo Deus mostrar mais abundantemente a imutabilidade do seu conselho aos herdeiros da promessa, se interpôs com juramento; para que por duas coisas imutáveis, nas quais é impossível que Deus minta, tenhamos a firme consolação, nós, os que pomos o nosso refúgio em reter a esperança proposta; a qual temos como âncora da alma, segura e firme, e que penetra até ao interior do véu, onde Jesus, nosso precursor, entrou por nós, feito eternamente sumo sacerdote, segundo a ordem de Melquisedeque”.

Vamos, portanto, laborar em nos submeter à Soberania de Deus. Deus insiste, que a Sua Soberania seja reconhecida por nós mesmo neste grande assunto, um assunto que tão de perto e infinitamente nos interessa, como a nossa própria Salvação eterna. Esta é a pedra de tropeço na qual milhares caem e perecem; e se continuarmos discutindo com Deus sobre a Sua Soberania, isto será nossa ruína eterna. É absolutamente necessário que nós devamos nos submeter a Deus, como nosso Soberano absoluto, e o Soberano sobre as nossas almas; como alguém que pode ter misericórdia de quem quer ter misericórdia, e endurecer a quem Ele quiser.

5. E, por último. Podemos fazer uso dessa doutrina para proteger aqueles que buscam a Salvação de dois extremos opostos – presunção e desânimo. Não presuma sobre a misericórdia de Deus, e assim incentivar-se no pecado. Muitos ouvem que a misericórdia de Deus é infinita, e, portanto, acham que, se eles demorarem a procurar a Salvação para o presente, e buscá-la-ão no futuro, pois assim Deus concederá Sua Graça a eles. Mas considero que, embora a Graça de Deus seja suficiente, no entanto, ele é Soberano, e agirá por Seu próprio prazer se Ele irá salvar ou não. Se você adiar a Salvação até daqui por diante, a Salvação não estará em Seu poder. Será como um Deus soberano se agradar, se você deverá obtê-la ou não. Vendo, pois, que neste caso você está tão absolutamente dependente de Deus, é melhor seguir sua direção na busca, isto é, ouvir a sua voz hoje: “Hoje, se ouvirdes a sua voz, não endureçais seu coração”. Cuidado também com o desânimo. Acautelai-vos dos pensamentos de desespero, porque você é um grande pecador, porque você tem perseverado tanto tempo no pecado, tem-se desviado, e resistido ao Espírito Santo. Lembre-se disto, deixe que seu caso seja o que for e você sempre tão grande pecador, se você não tiver cometido o pecado contra o Espírito Santo, Deus pode conceder misericórdia de você sem o menor prejuízo para a honra da Sua Santidade, que você tem ofendido, ou à honra de Sua Majestade, que você tem insultado, ou de Sua Justiça, que você se tem feito seu inimigo, ou de Sua verdade, ou de qualquer um de Seus atributos. Deixe você ser o que você puder, pecador, Deus pode, se Ele quiser, glorificar grandemente a Si mesmo na Sua salvação.



[Sermão IV de Dezessete Sermões Ocasionais, nas Obras de Jonathan Edwards, Volume II, The Banner of Truth Trust, Reimpresso 1995, pp 849-854].

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Fonte: www.Ccel.Org
Do E-book: "A Soberania de Deus na Salvação dos Homens", por Jonathan Edwards
Tradução: OEstandarteDeCristo.com

Reforma Radical

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