Vinho na Escritura


O grande reformador João Calvino fez anotações sobre a palavra em seu comentário clássico de Gênesis. Vale a pena ler o que ele comenta sobre esse termo:

Quanto à palavra shakar, eles “se alegraram”, significa, ou que eles não costumavam beber vinho sempre, ou que houve mais do que uma tolerância comum quando estavam às suntuosas mesas estendidas para eles. Aqui, porém, o texto não implica nenhuma intemperança (de sorte que os beberrões não podem apelar para o exemplo dos santos pais como pretexto para o seu delito), mas o que houve foi uma honrosa e moderada liberalidade. Reconheço, na verdade, que a palavra tem sentido duplo, e muitas vezes é tomada num mau sentido, como em Gênesis 9.21, e em passagens semelhantes; mas no presente caso o propósito de Moisés é claro. Alguém poderia objetar que o uso frugal dos alimentos e da bebida é simplesmente que seja suficiente para a nutrição do nosso corpo. Respondo que, muito embora o alimento seja propriamente para suprir as nossas necessidades, todavia o uso legítimo dele pode ir um pouco mais longe. Pois não é em vão que o nosso alimento tem sabor, além de conter alimento nutritivo vital. Pois dessa forma o nosso Pai celestial docemente nos deleita com suas iguarias. E sua benignidade não é recomendada em vão no Salmo 104.15, onde se declara que ele cria “o vinho, que alegra o coração do homem”.

Fonte: John Calvin, Commentaries on the First Book of Moses Called Genesis, traduzido para o inglês por John King (Grand Rapids, Michigan: Eerdmans, 1948)