A EXISTÊNCIA DE DEUS - Stephen Charnock (1628–1680)

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A EXISTÊNCIA DE DEUS
Stephen Charnock
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Prefácio

O conhecimento de Deus é indispensável a qualquer outro conhecimento. A tolice que abunda hoje na religião, sem mencionar no mundo, é sintoma da ignorância básica acerca de Deus. Superficialidade é a ordem do dia. Entretanto, as gerações passadas pensaram e escreveram mais profundamente a respeito de Deus. Talvez um dos maiores autores, não inspirado, que discursou acerca deste vital assunto, foi Stephen Charnock (1628-1680), que escreveu Discursos Sobre A Existência e Atributos de Deus. Este homenageado tratado é especialmente valioso por causa da sua aplicação prática e pastoral. Fiz um resumo deste tratado nas páginas iniciais. Eu tentei ser tão transparente quanto possível, deixando assim que o Sr. Charnock falasse.

A Existência de Deus

No Salmo 14: 1 lemos: Disse o néscio no seu coração: Não há Deus. O Apóstolo Paulo faz referência a este mesmo Salmo em Romanos, no capítulo 3, para provar que todo homem, no mundo inteiro, é corrupto e pecador por natureza. Em nosso coração, cada um de nós, em algum sentido, é um ateísta.

No hebraico, a palavra traduzida por Deus, no Salmo 14: 1, não é Jeová, que fala de sua existência, mas Elohim, que o apresenta como sendo o Juiz. O homem natural acha isso muito ofensivo, ou seja, a idéia de que Deus esteja observando suas atitudes e que um dia o chamará a fim prestar contas dos seus pecados. Muitas pessoas estão dispostas a reconhecer a divindade, desde que não esteja relacionada com o Elohim das Escrituras. Mas a verdadeira religião não requer apenas que creiamos que Deus existe, mas que Ele existe com aquele caráter que as Escrituras revelam. Hebreus 11: 6 nos diz que devemos crer que Deus existe, e que Ele é galardoador daqueles que diligentemente o buscam.

Há três tipos de ateísmo. Primeiro, o ateísmo absoluto, que nega totalmente a existência de Deus. Segundo, o ateísmo providencial, que limita Deus ao céu e o mantém fora da terra. O deismo se enquadra nesta categoria. Terceiro, o ateísmo natural, que nega a natureza e perfeições atribuídos a Deus nas Escrituras. Este tipo de ateísmo é o mais comum e o mais sutil. Quantos membros de igreja confessam que só há um Deus, mas negam que Ele tenha a plenitude de caráter descrito em Sua Palavra!

Todo ateísta é um grande tolo. Ele se coloca contra toda razão, e em última instância, nega tudo. Sua consciência lhe diz que há um Deus, mas ele insiste em suprimir e negar este conhecimento (Romanos 1: 18). Ele terminará sem nada. Para que o homem seja completo, a religião é tão necessária quanto a razão. Para mostrar a tolice do ateísmo, vamos considerar alguns argumentos acerca da existência de Deus.

1. A prevalência da religião em todo o mundo prova a existência de um Deus.

A história nos mostra a inclinação religiosa do homem. Todas as sociedades estão permeadas com certo tipo religião. Negar a existência de Deus é negar aquilo que todos os homens sempre souberam. É uma grande tolice negar aquilo que está presente e ativo na consciência de todo homem. O fato de muitas sociedades crerem numa multiplicidade de deuses, não enfraquece este argumento. Isso simplesmente confirma a natureza religiosa do homem. O homem foi criado originalmente para ser um adorador. Quando ele pecou e caiu, o seu conceito sobre Deus ficou embotado, e embora continue sendo um adorador, ele faz isso através de falsos deuses.

De todas as grandes disputas na história humana, a existência de Deus tem sido uma das maiores. Muitos assuntos sobre religião foram debatidos de maneira acalorada, mas todos acreditavam na existência de um Deus. As poucas exceções a esta regra não negam seu princípio. O fato de algumas pessoas serem fisicamente cegas, não nos leva a concluir que a visão não seja um dos sentidos naturais da humanidade! Nem a existência de uns poucos ateístas ferrenhos, provam que o homem não seja naturalmente um adorador. O homem já teria se livrado desta consciência se pudesse, mas ela permanece constante. O reconhecimento da divindade é essencial à nossa existência. Até mesmo Satanás nunca procurou desarraigar este princípio quando tentou inicialmente o homem. Ao invés disso, quando tentou Eva, ele distorceu a Palavra e o caráter de Deus.

A religião é inata ao homem. A lei de Deus está escrita em seus corações, e a nossa consciência dá testemunho disso (Romanos 2: 15). A natureza religiosa do homem não é recebida por mera tradição. As tradições se perdem através do tempo, mas esta consciência sobre Deus permanece em cada indivíduo.

Algumas pessoas argumentam que a religião foi inventada por engenheiros sociais a fim de manter o povo “na linha” e sob domínio. Mas aqueles que ensinam tal idéia não podem responder a seguinte questão: Quem são estes engenheiros da sociedade? Como eles chegaram neste comum acordo? Como eles poderiam ter concretizado este propósito de caráter universal e em todas as épocas? Como que eles fizeram para manter esta manipulação em segredo?

Alguns dizem que o medo é que primeiramente introduziu a religião. “Sentimentos de culpa fizeram que o homem criasse a idéia sobre Deus,” dizem eles. Eles pensam realmente de trás para frente. É o conhecimento de Deus que produz medo e culpa no homem pecador.

II. Toda a Criação Manifesta a Existência de Deus.

Romanos 1: 19-20 afirma esta verdade. Porquanto o que de Deus se pode conhecer neles se manifesta, porque Deus lho manifestou.

Porque as suas coisas invisíveis, desde a criação do mundo, tanto o seu eterno poder, como a sua divindade, se entendem, e claramente se vêem pelas coisas que estão criadas, para que eles fiquem inescusáveis.

Todas as coisas apontam para Deus em sua origem e produção. Todo efeito tem que ter uma causa. Por exemplo, toda construção tem o seu arquiteto e construtor. Negar isso é ficar inescusável! Tudo tem sua origem em algum lugar.

No final das contas, somos deixados somente com duas possibilidades, ou seja, ou Deus é eterno, ou a matéria é eterna. Já que é inconcebível que uma personalidade inteligente surja da matéria inanimada, a única posição racional é dizer que a matéria é o fruto de um ser inteligente, que chamamos de Deus, o qual criou todas as coisas a partir do nada.

Até mesmo o tempo tem sua origem. Tempo é movimento, e todo movimento tem um começo. Não há um movimento que seja perpétuo, nem mesmo no tempo. Tanto o tempo quanto o homem tem uma origem. A razão nos diz que há um começo, o ponto exato em que a causa colocou o efeito em ação. A causa é diferente do efeito, sendo superior a este em tudo. De outro modo, cairíamos em contradições inimagináveis. Tem que haver uma infinita e independente causa para todos os efeitos que vemos, e esta causa nada mais é do que o Deus da Bíblia.

Nada nem ninguém podem dar origem a si mesmo. É impossível que alguma coisa venha a agir antes mesmo de existir. Aquilo em que não há entendimento e ordem em si mesmo, não pode criar a si próprio. Se o homem criou-se a si mesmo, por que não se fez maior do que ele é? Por que ele limita-se a si mesmo à sua presente condição? Se um sapo pudesse criar-se a si mesmo, ele faria de si mesmo um sapo ou um homem? Um homem, é claro! Por que então o homem não parou de ser homem e fez de si mesmo algo melhor? Se o homem criou-se a si mesmo, por que ele morre? Por que ele não se fez eterno? Por que o homem de hoje não se cria a si mesmo?

Nenhum ser pode criar outro ser. Pois se isso ocorresse, este seria criador e não criatura. Os inventores podem criar novos compostos, entretanto, eles não estão verdadeiramente criando, pois não partiram do nada! Os pais podem gerar filhos, mas necessitam de um óvulo e um espermatozóide. Então, isto não pode ser devidamente chamado de “criação.”

Deus criou tudo do nada. Ele é a primeira causa de cada efeito subseqüente. Ele não crio-se a si mesmo, mas tem sua existência eterna e independente. Ele é auto-existente. Tem que haver uma causa original que não foi causada. E, além disso, esta causa final tem que ser infinitamente perfeita.

O conhecimento das nossas próprias imperfeições implica na existência de algo que seja perfeito. A perfeição necessariamente existe. E esta pessoa perfeita é Deus. Assim, Gênesis capítulo 1-3, por si só, já deveria satisfazer o intelecto mais elevado no que diz respeito à questão das origens.

Todas as coisas apontam para Deus em sua harmonia. Papel e tinta não se juntaram acidentalmente para criar a página que você está lendo. Muitas e diferentes mãos a desenharam e produziram. Quando você ouve uma sinfonia, entende que algum grande compositor projetou o conjunto de todas as partes de sua obra. Até os elementos contrários estão interligados de maneira harmoniosa. Por exemplo, a água, que é um líquido, é composta de dois gases, o hidrogênio e o oxigênio. Foi um sábio construtor que ordenou tal combinação. Sendo assim, toda criação em sua harmonia, mostra que há um design inteligente por detrás de tudo.

Considere como um objeto criado serve a outro objeto também criado. O sol está precisamente posicionado em relação à terra, para transmitir a quantidade exata de calor, isso para que não venhamos a morrer de calor, ou perecermos congelados pelo frio.

Temos a quantidade certa de água e terra seca para sustentar toda a forma de vida sobre a terra. Esta regularidade e uniformidade em todo o mundo têm que ter um ordenador. O habitante primitivo de uma ilha que encontra um relógio, não somente admira o maquinário, mas também deduz que há um relojoeiro em algum lugar.

Além disso, a ordem e subserviência na criação são constantes e previsíveis. Não são acidentais, mas refletem a imutabilidade do próprio Criador.

A variedade e diversidade de coisas no mundo apontam para a sabedoria e bondade do Criador. Ele poderia ter feito tudo incolor, mas nos deu um amplo espectro de cores. Ele poderia ter feito nosso alimento insípido, mas nos deu uma ampla variedade de sabores.

Todas as coisas apontam para Deus em sua preservação. Nada pode preservar-se a si mesmo, tudo depende de uma autoridade maior para sua continuidade. Quem é o Sustentador? O salmista nos diz: Tu conservas os homens e os animais... Ó SENHOR, quão variadas são as tuas obras! Todas as coisas fizeste com sabedoria; cheia está a terra das tuas riquezas... Todos esperam de ti, que lhes dês o seu sustento em tempo oportuno...Dando-lho tu, eles o recolhem; abres a tua mão, e se enchem de bens... Envias o teu Espírito, e são criados, e assim renovas a face da terra (Salmo 36: 6; 104: 24, 27-28, 30).

III. A Existência do Homem prova a Existência de Deus.

Você não precisa ir muito longe, basta olhar no espelho para ver que há um argumento muito poderoso para a existência de um Deus!

Considere o seu corpo. Ele foi espantosa e maravilhosamente feito (Salmo 139: 15). Há ordem, disposição, e utilidade em cada parte. Considere qualquer órgão detalhadamente e você verá quão perfeitamente construído ele foi para sua função, e como ele ajuda o restante do corpo. Paulo faz menção da maravilhosa interdependência de todas as partes do corpo em I Coríntios 12. Como uma máquina muito bem ajustada, cada parte de nós testifica da habilidade do seu mestre e escultor.

Embora todos tenham as mesmas partes básicas, há uma maravilhosa diferença e variedade entre os homens. Pense na individualidade das impressões digitais. Ou pense em quantas combinações de olhos, narizes, e bocas encontramos no mundo. Sem esta variação, não poderíamos distinguir uma pessoa da outra. Ninguém pode deixar de ver claramente a mão de Deus em tudo isso.

Considere sua alma. Ela tem uma vasta capacidade de aprender e falar sobre coisas superiores a si mesmo, coisas que verdadeiramente estão muito além deste mundo. Ela possui duas grandes faculdades, a razão e a memória. Ela é muito veloz, e é capaz de percorrer o mundo todo em um só dia.

Há uma união entre a alma e o corpo do homem, pela qual ele passa a ser uma espécie de combinação. Se nós fossemos somente espírito, seríamos então uma espécie de anjo. Se fossemos somente corpo, seríamos um tipo de besta selvagem. Somos uma espantosa combinação de alma e barro. Ousaríamos dizer que tal combinação se auto-criou, ou é fruto de alguma forma inferior de espírito? Não, isso tudo provém de um maior e mais transcendente Espírito. Na verdade, o homem tem que ser muito ignorante acerca de si mesmo, antes de ser ignorante acerca de Deus!

Considere a operações da sua consciência. Sentimos que há um juiz acima de nós mesmos. Todo homem tem em si mesmo este “princípio de reflexão” com o qual ele olha para si mesmo e para o seu próximo. Estamos sempre fazendo uso disso, quer acusando ou defendendo um ao outro (Romanos 2: 15). Todo homem tem implantado em si mesmo a regra do certo ou errado. Aonde existe uma lei, existe também um legislador. E este legislador é Deus.

Temor surge dentro do homem quando este comete algum mal. Quanto mais perto ele chega perto da morte, mais transtornado fica. Ele sabe que há um Juiz Superior e acima dele, e tem pavor de encontrá-lo. Que outra razão haveria para o medo da morte? Quanto mais secreto for o pecado, mais a consciência o condena. Não é pelo fato de outros saberem, mas o de um ser muito superior saber de todas as coisas. Todo homem se pudesse, certamente se livraria deste sentimento de culpa.

É claro que o homem pode silenciar sua consciência, corromper, e até mesmo cauterizar, mas Deus pode despertá-la a qualquer momento que Ele queira. Nós temos menos controle sobre a nossa consciência do que qualquer outra faculdade. O trabalho da consciência não pode se totalmente abalado pelo homem. Mas os ímpios são como o mar bravo, porque não se pode aquietar, e as suas águas lançam de si lama e lodo (Isaías 57: 20). Devemos parar de tentar ser homens que tentam abafar a consciência.

Por outro lado, praticar o que é justo e bom faz com que o homem tenha uma boa consciência. As consciências de outros homens também aprovarão estas boas obras.

Considere a amplidão dos desejos do homem. Ele está sempre insatisfeito com tudo o que está abaixo de si mesmo. Estamos sempre preparados para olhar para o alto, acima de nós mesmos, para algo a mais, algo perfeito. Não podemos encontrar total satisfação naquilo que nos é inferior ou imperfeito. Nosso apetite por coisas superiores demonstra um defeito que temos atualmente. Na verdade, somos inquietos, até que nos acheguemos e descansemos em Deus.

IV. Ocorrências Incomuns no Mundo Provam a Existência de Deus.

Ocorrências como julgamentos excepcionais, que normalmente acompanham pecados excepcionais, demonstram a justiça de Deus. O SENHOR é conhecido pelo juízo que fez; enlaçado foi o ímpio nas obras de suas mãos (Salmo 9: 16).

Pense na mulher de Ló que foi transformada em uma estátua de sal, ou Herodes, que foi comido por vermes.

Os milagres também manifestam um poder maior do que a própria natureza em si mesma. A natureza não pode sobrepor-se a si mesma e produzir milagres. Milagres nada mais são do que o dedo de Deus. Nada, senão um Deus vivo, é que pode ser o responsável por eventos semelhantes ao da ressurreição de Cristo dentre os mortos. As profecias que se cumpriram dão testemunho da existência de Deus. Somente Deus, que está no céu, e conhece todas as coisas e tem todo poder, poderia dizer de antemão o que Ele faria, e cumprir isso detalhadamente. As Escrituras estão repletas de exemplos desta divina providência.

O que esta doutrina significa para nós? Por que precisamos aprender estas verdades?

I. O Ateísmo é uma Doutrina Destruidora.

Ela tende a destruir o mundo como um todo. O verdadeiro fundamento de uma sociedade bem ordenada, repousa no conhecimento e no temor a Deus. Sem Deus não pode haver nenhum padrão absoluto de certo ou errado. A consciência dos homens fica cauterizada. Cada um segue os seus próprios desejos egoístas, sem nenhum freio. O Homem se torna um monstro. A sociedade se torna uma selva de anarquia e tirania. A terra se transforma num inferno. Como o ateísmo é cruel.

O ateísmo destrói os próprios ateístas. Ao se remover toda ameaça de punição e recompensa, o homem é reduzido ao nível de um mero animal. Em tais casos, a esperança se acaba, e toda a possibilidade da verdadeira felicidade fica perdida. O único propósito para se viver é a gratificação monetária, independente dos meios desonestos utilizados para que isso possa ser alcançado.

Por outro lado, quanto mais consciente o homem é de Deus, mais inocente, inofensivo, e útil ele é para o mundo.

II. A Presença do Ateísmo em nossos dias é Lamentável.

Ele é uma loucura que reduz o homem a nada. O ateísmo remove o significado e o propósito da vida, nos deixando com absolutamente nada, a não ser com uma escolha cega. Ele não faz do homem um homem completo. Como é triste ver pessoas educadas e inteligentes caírem na mentira! Mas não se engane, o diabo não é um ateísta. Da mesma maneira, as almas que estão sofrendo o castigo de Deus no inferno, agora não têm dúvidas a respeito da existência de Deus. Para que você não seja enganado pela ilusão do ateísmo, considere os pontos a seguir.

Ninguém pode provar que Deus não exista. Tentar fazer isso é um grande absurdo. Alguém poderia questionar: “Mas eu não consigo ver Deus.” Se pudéssemos vê-Lo, então ele não seria de forma alguma infinito, e nem Deus realmente.

Não podemos ver o vento, mas não duvidamos da sua operação. Não entendemos muito a respeito da luz, mas somente um tolo questionaria a sua existência.

Cada criatura viva, em toda a criação, testifica contra o ateísmo. Literalmente, bilhões de argumentos poderiam ser utilizados para refutar este disparate.

Deus envia de tempos em tempos sua providência especial, para agir como um mensageiro na consciência do homem, e manter viva a intuição nata da existência de Deus. Finalmente, não pode haver um ateísmo puro. Lá no fundo, todos sabem da existência de um Deus. Num certo sentido, todos os pecadores são ateístas, como já dissemos anteriormente, porém em outro sentido, nenhum pecador é um ateísta. Os que se auto-intitulam ateístas, desejam apenas que Deus não existisse, e tentam viver de acordo com isso.

Os homens tentam ser ateístas porque possuem uma culpa secreta, que brota do conhecimento dos seus próprios pecados. Eles desejam viver livremente em seus pecados, sem qualquer restrição da parte dos trovões de suas consciências. Eles tentam se livrar do julgo da escravidão a Deus e encontrar uma nova forma de liberdade, mas apenas se tornam mais escravos do pecado. A única liberdade que o ateísmo ganha é a liberdade de enganar-se a si mesmo. Como o pecado é enganador!

Se o ateísta estiver errado, ele perderá tudo. Se ele estiver certo, não ganhará nada. Sendo assim, até mesmo do ponto de vista humano, o ateísmo é irracional.

O ateísmo é desonesto e faz do homem um inimigo da sua própria alma e felicidade. Os cristãos precisam ter grande compaixão, para não desprezarem um homem que despreza a sua própria alma. Embora os ateístas não sejam dignos do nosso cuidado, vamos cuidar e nos compadecer deles.

III. Se é uma Grande Tolice Negar a Existência de Deus, então seria Sábio Reconhecer a Sua Existência.

Assim como Satanás primeiramente atacou o caráter de Deus no Jardim do Éden, ele agora também ataca o próprio ser de Deus com mais veemência. Mas você poderia duvidar da sua própria existência, assim como duvida da existência de Deus. Ele é. E Ele é tudo o que as Escrituras afirmam que Ele é, ou seja, Senhor, Governador, e Soberano sobre todo o universo.

Este conhecimento é necessário para que o adoremos corretamente. Nossa adoração crescerá na medida em que o nosso conceito sobre Deus cresce também. Você não pode adorar alguém cuja existência você duvida.

Sem este conhecimento, não podemos dirigir nossas vidas corretamente, e vamos nos entregar a todos os pecados possíveis.

Sem este conhecimento, não podemos encontrar conforto em nossas vidas. Mas em Deus desfrutamos de refúgio e forças (Salmo 46: 1). Como poderíamos manter nossa sanidade neste mundo mal sem Ele! E mais, na medida em que nós duvidamos, mais ficamos sem conforto.

Sem este conhecimento não podemos ter uma crença firme nas Escrituras. Dizer não a Deus é dizer não a Bíblia! Sem a Bíblia ficamos sem fundamento para qualquer coisa!

Portanto, vamos estudar Deus na criação assim como nas Escrituras. Embora o vejamos mais claramente na Palavra escrita, ainda assim não deveríamos negligenciar sua evidência na criação. Ele é o autor de ambos. As Escrituras freqüentemente nos apontam para a natureza, sendo que nenhum dos dois se contradiz.

Além disso, vamos enxergar a Deus em nossa própria experiência. A experiência é um excelente professor. Embora você não possa ver a sua essência, você pode ver a bondade dele em sua vida. Da mesma forma, você não pode duvidar da existência de alguém que porventura não conheça pessoalmente! A comunhão pessoal com Deus fala mais alto quanto a sua existência do que todas as evidências externas da criação. Há realmente algo sobrenatural a respeito do verdadeiro cristianismo, que somente o coração renovado conhece.

IV. Se Professamos crer na Existência de Deus, e lhe Negarmos Adoração, Caímos na mesma Tolice dos Ateístas.

Aquele que professa crer em Deus, mas não o adora, é um ateísta para a Sua honra, se não o for para o Seu ser. Desde que vivemos e nos movemos nEle, deveríamos viver e nos mover para Ele e por Ele. É lógico que a nossa mais nobre faculdade deveria estar envolvida com aquilo que é mais excelente. Deus deveria fazer parte de todos os nossos pensamentos (Salmo 10: 4). Portanto, lembre-se sempre dEle, e medite muito sobre Ele. Um Deus esquecido é tão bom quanto um Deus que não existe.

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Autor: Stephen Charnock 
Compilado para o seculo 21: Daniel A. Chamberlin
Tradução: Eduardo Cadete 2011 
Fonte: www.PalavraPrudente.com.br